Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 41
Dance With The Devil - Part 3


Notas iniciais do capítulo

O Confronto final se dá, mas as decisões irão salvá-los ou assombrá-los? VOLTEEEI VADIAS!



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Pelo canto do olho, Paul assistia discretamente o sofrimento do companheiro, este estando debruçado sobre as próprias pernas enrijecidas e portanto uma expressão de agonia para poucos.. A aparência de Tim se agravava com a face intensamente avermelhada, de veias saltando no pescoço prestes a explodir. A Boca aberta arreganhou os dentes por onde escorreu uma tira grossa de saliva, soluçando roucamente ao ir perdendo todo o ar e força para gritar. O único som que era emitido do fundo de sua garganta, era uma mistura de estalos roucos com ameaças de tosse e possíveis ânsias de vômito, num choro interminável e contorções horrendas pelo corpo todo.

— Que merda aconteceu com você? - Indagou Paul, nervoso, em desdenho ao sofrimento alheio com olhadas rápidas e desinteressadas no parceiro. - Hein?... Me responde.

Mas ele não conseguia, mantinha a expressão congelada na vermelhidão de agonia, com baba descendo pelo queixo e deixando um ponto molhado em seu joelho.

— Eu estou falando com você! - Retornou com grosseria, tascando a mão no namorado num golpe de "Acorde!" - E foi ali, que ouviu-se um grito de reação. Curto e rouco, mas um grito automático ao ser tocado com violência. Sua contorção se desfez no que o garoto respirou fundo como se puxasse a alma de volta para o corpo, reerguendo-se novamente e se recostando sobre o banco jogando a cabeça para trás. Parecia clamar aos céus o fim de sua dor. E Foi com rápidas olhadas de curiosidade mórbida e de modo irritado, que Paul notou a gravidade da situação. O Cotovelo esquerdo mutilado de Timothy. Pousado sobre sua coxa, onde pela ponta do membro escorria uma grande quantidade sangue que já manchara o assento antes que o Jornalista Assassino pudesse ter prestado atenção. Uma lasca de osso punha-se para fora da pele com um filete de carne pendurado. Uma fratura exposta e esburacada, vítima de um dos tiros de Claire.

— Ohhh que merda! Que merda! Aaaaarrrrgh!!!! - Sacudiu-se no banco enfurecido, esmurrando o volante soltando buzinas. - O que eu faço com você agora?!! Hã?... O que eu faço, me diz?!
— Paaaaull!!!!...... - Berrou o menino em súplica. - Me ajuda!
— Te ajudar? Você sabe o que isso significa? Sabe, seu Verme?!!
— Aahhhhhhhhhhhh!!!!!! - Aquele grito estridente tomou conta do carro.
— Olha aí, ta deixando sangue por todo o carro! Sabe que eu vou ter que limpar depois de matar esses dois, não é?
— Me ajudaaaaaa!! - Berrou novamente mal prestando atenção ao que ele dizia.
— Age sem permissão, fode com a situação, agora carrega uma bala de um revólver registrado e sai deixando DNA... Ah, quer saber? Sai da minha frente! - Se enfureceu esticando o braço em sua direção, mas não para tocá-lo, mas sim para alcançar a porta do passageiro.
— O que está fazendo? - Questionou o menino abrindo os olhos como podia, não se dando conta da situação.
— Sai fora do meu carro, você é um peso morto.
— O quê?! - Retrucou assustado e quase sem fôlego.
— Sai do carro!
— Paaaauullll
— Sai, caralho! - Levantou o pino destravando a porta, em seguida descendo os dedos com agilidade ao puxar a maçaneta interna. Ouviu-se um "Click" quando uma brecha fora vista pelo vão da porta agora entre aberta.
— Por favor, não faz isso comigo! - Chorou apertando o braço, evitando tocar na parte mutilada.
— Cala essa boca! - Proferiu-lhe um soco no ombro, querendo afastá-lo de si.
— Não faz isso, para!
— Sai! - Repetiu o soco... E mais outro, e outro. Com uma mão no volante, Paul usava a outra livre para esmurrar o garoto carro à fora. Seu parceiro em súplica e sem forças, protestava aos gritos roucos sobre os golpes conforme sentia seu corpo deslizar para a beirada.
— Não! Nããão!!
— Cala a boca!! - O Empurrou fortemente uma última e eficaz vez, vendo-o bater de lado contra a porta que se abriu conforme seu torso se inclinou, debruçando-se inevitavelmente para a estrada. Seus berros ainda eram nítidos quando o menino em agonia despencou para fora do carro esticando uma das mãos na tentativa inútil de agarrar o namorado pela blusa, tentando não sucumbir. A ponta de seus dedos não duraram um segundo na manga de Paul, no que se afastaram de modo repentino na queda brusca quando suas pernas foram ao ar, com ele desaparecendo num empurrão final do Psicopata em um rolamento contorcido, finalizando com um solavanco vindo por baixo do carro após uma das rodas aparentemente passar por cima de um de seus membros. O Assassino, mantinha o foco na direção ao não esboçar nenhuma reação ao sentir passar por cima de uma parte do parceiro.

Ao que tentavam alcançá-los, Claire e Edward viram de relance algo se "Desprender" do carro vermelho que perseguiam. Ela pôs a cabeça para fora da janela de imediato ao perceber que se tratava de um ser humano. A Imagem do frágil e magrinho Timmy rolando ensanguentado e tendo uma das pernas acertadas pela roda traseira lhe perturbou pela gráfica violência. Colocou a mão na boca instantaneamente em espanto:

— Oh, meu Deus, Edward!! - Alertou-o de olhos vidrados no rápido acontecimento enquanto passavam direto pelo corpo que rolou em alta velocidade para o acostamento, ficando para trás.
— O que foi isso?
— Puta Merda!
— Quer parar?
— Nem morta, continua! - Retrucou, embora sentisse na consciência uma sensação estranha ao deixar o garoto para trás. Ele sobreviveria? Escaparia de tudo ou morreria na beira da estrada ferido? Muitas possibilidades e nenhuma resposta. E Mesmo com vontade de talvez pedir para que o amigo freasse ou retornasse... Ainda sim não saberia ao certo o que fazer com o garoto e a situação, escolhendo por se obrigar a recobrar a atenção à perseguição. E assim prosseguiram.

Pancadas e raspadas no asfalto ríspido calaram seu gritos enquanto rolou de olhos fechados e nenhuma reação ou controle sobre o próprio corpo, que seguia sem sua orientação num mundo que girava dolorosamente. Foi entre muita dor e desesperança que Timothy foi freado ao bater com as costas num pau fincado na beira do acostamento, separando a estrada de um terreno rural com arames farpados. Poeira ainda se aglomerava a sua volta levantando-se no impacto e no raspar de seu corpo agora abandonado no meio do trajeto. Achou que estivesse morto e para sua surpresa, não estava. Residia Caído atordoado e estendido no chão sujo com terra seca lhe cobrindo o braço esquerdo, grudando no mesmo e sobre a ferida infame, embora não parasse o sangramento intenso. Abriu os olhos e respirou em profunda tristeza. Traído, mal tratado e enganado. Nunca fora parte importante no plano de Paul e muito menos um amor sincero. Apenas uma companhia útil que lhe serviu como podia e depois foi jogado fora feito lixo, percebia isso agora.

Ergueu o torso ainda com o rosto comprimido e dentes rangentes, com um galo na testa e lábios inchados cobertos de sangue. Cuspiu fortemente ao sentir a aglomeração do líquido quente e vermelho em sua boca. Não ousava mexer o braço e muito menos olhar o ferimento. O medo de ver ou não o quão feio estava e a gravidade do machucado lhe assustavam mais que qualquer coisa no momento. Sem opção, sentou-se no acostamento assistindo dois pontos distantes se afastarem no pôr do sol continuando a "Corrida" sem ele. Lágrimas não saíam por falta de emoções que pudessem ser processadas no momento, apenas um olhar cabisbaixo e conformado com a própria morte decepcionante que poderia vir de forma iminente. Sua perna esquerda também projetava dor, mesmo não estando quebrada, milagrosamente. Talvez estar rolando enquanto a roda traseira passou por cima dela ajudou que o esmagamento não fosse tão escruciante. Mas sentia o dano ao tentar fazer qualquer movimento com a mesma e ter fisgadas e pressões horríveis na região. Um pouco tonto talvez, mas não morto.

Juntou forças com sua mão direita ralada e com pedacinhos de pele arrancados pelo asfalto durante o rolamento para se segurar na única coisa por ali que o ajudaria a se erguer por completo, um dos fios do arame farpado. Tinha perdido as forças e a integridade mas não a lógica, tateando o mesmo procurando por brechas entre as farpas, afim de firmar a mão num ponto liso do fio. E assim o fez, gemendo. Com a perna boa tomou o impulso necessário para se levantar, mesmo com tamanha dificuldade. Estava com o lado esquerdo comprometido como um velho que sofreu derrame. Se levantou soltando gritos curtos e mal alcançados por conta da voz frágil e cheia de falhas. Portando a aparência de um cadáver ambulante num rosto inexpressivo e inchado com os hematomas, quase já não mais contemplando ou desejando coisa alguma.

Ao ficar de pé, soluçou com mandíbulas trêmulas não se importando em limpar a boca que derramava um espesso filete de sangue e baba, do qual escorria e pingava pelo queixo. Seu primeiro passo foi em desequilíbrio, torto, do qual lhe deu um susto achando que fosse cair ao ter o tornozelo entortado por falta de força ou atenção para firmar o pé, ação do qual recobrou quase que de imediato, feito uma criança que aprende a andar. A respiração pesada não lhe dava ritmo, movendo-se lento a acabado, arrastando a sola do tênis pelo concreto por não conseguir erguer a perna o suficiente para dar o que pode ser chamado de passo. Arrastando um pé na fente do outro, o menino ensanguentado se moveu adentrando de volta a uma das pistas da estrada, com o torso inclinado para frente e o braço não ferido balançando mole e sem nenhuma motorização controlada, sendo como um peso a ser carregado.

Fitando nada além do asfalto, balbuciou:

— Me ajuda... - Engoliu o que pareceu ser uma mistura de sangue e saliva. - Me ajuda... Por favor, alguém me socorre... - Ao menos era isso o que pensava ter dito. A Língua inchada por conta de mordidas involuntárias acontecidas no rolamento não se movia o suficiente para proferir palavras nítidas.

Foi quando o vento do entardecer bateu contra si refrescando-o miseravelmente. Se virou como pôde ficando de frente à rajada, ainda mole e cadavérico com sangue preenchendo as palmas das mãos e pingando sobre a ponta dos dedos, deixando uma linha vermelha no asfalto por onde passava. Parou quase no meio entre as duas pistas, erguendo a cabeça ao vento dando-se conta de sua solidão, quando seus ouvidos que ainda recobravam o que lhe restara deste mundo, perceberam o rugido de um motor. Tentou abrir os olhos e piscá-los um pouco mais afim de dar nitidez ao que via, havia o que com certeza era um veículo se aproximando ao fundo em velocidade considerável, vindo da mesma direção que antes seguiam na perseguição. Levantou o braço direito pondo a mão aos céus fazendo um sinal.

— Me... Me ajudem.... - Tornou a balbuciar.

O que ele não sabia, ou o que ele não poderia saber ou discernir era a o que vinha correndo a 97km por hora. A Viatura azul com as sirenes desligadas, tendo o logo "Pendleton Security" estampado nas portas. Dentro do carro, a menina amedrontada e ansiosa percebeu a figura distante parada na estrada:

— Reese, aquilo é o que eu tô pensando?!
— O branquelo maluco ali?
— É o Edward??!! Ai meu Deus, pare!!
— Não é ele, garota. Seu namorado tem um cabelo mais longo e é mais robusto. Aquilo ali parece mais um figurante de "The Walking Dead".
— Então, quem é?... - Espremeu os olhos tentando reconhecer a figura atavés do pára-brisas. Agora a 40 metros de distância, tinha certeza de que não era Ed. Notou a fragilidade daquele corpo magro lutando para se manter de pé. Lembrou-se também de Paul e do menino que o acompanhava como um "Amigo" quando o restante do grupo ainda estava vivo e planejando sua revanche contra o mascarado. No desespero, não se recobrou do nome e nem de uma palavra trocada com ele, mas lembrou-se de Edward e Claire no gramado do pátio decidindo sobre quem ia perseguir a Reese e quem cuidaria dos "Dois" fugitivos. Além é claro do discurso medonho e ridículo de Clarice, soltou: - É o namorado do Paul!
— O que você quer, menina? - Disse Reese, confusa ao desacelerar.
— Não pare!!! - Exclamou jogando a perna esquerda ao lado da motorista, pisando em cima de seu sapato afundando o acelerador.
— Universitária maluca, o que está fazendo?! - Berrou a segurança em susto com a atitude da garota.
— Vaaaaaaaaiii!!! - Pressionou ainda mais o acelerador, levando tapas da mulher enfurecida e assustada enquanto o ponteiro do cilindro subia dando um ronco mais pesado ao motor.
— Pare com isso! Pare! Você não é normal, tire o pé daí!!
— Chega, Reese! - Ela resistia aos golpes em nervosismo.
— Nós vamos bater nele!
— Eu seeeeeeei!!!! - Insistiu em fúria agarrando o volante impedindo que ela mudasse a direção. Repetidos gritos vieram da Segurança ao que ela arregalou os olhos e abriu a boca para gritar diante do que se seguiria.
— Pare, pare, pare, pare, pareeeeeeeee!!!!!!!

— Olá?.... - Murmurou Timmy balançando bobamente o braço em pedido de socorro ao carro que se aproximava. Um olho roxo e o outro entre aberto, agora eram preenchidos por um respingo de sangue que descia por entre seus cabelos atingindo a testa e as pálpebras. Fechou os olhos ao sentir o sangue caindo sobre eles, mas não parou de se arrastar para frente ou acenar, prosseguiu de maneira morta-viva. - Por favor, me ajude... - Insistiu ainda que o som forte do motor ficasse mais alto a cada milésimo de segundo.

— O que você está fazendo?! - Reese se impulsionou para trás se afundando no banco numa espécie de recuo indesejado enquanto Kirstin, irada, permaneceu com o pé fundo no acelerador e segurando firme o volante.
— Morre!! - Exclamou ela sem intenções de parar.


Timothy ainda balbuciou mais uma vez com a língua inchada e pingando sangue:

— Socorro... - Suas últimas palavras ao dar de frente com o para-choque azul que vinha disparado em sua direção. O Baque se deu violento e rápido acertando seus dois joelhos, que se dobraram para trás numa fratura instantânea horrivelmente alta. Seu torso se deslizou para frente batendo contra o capô, escorregando sobre o mesmo ao terminar com a cabeça batendo contra o para-brisas, arrancando gritos das duas moças no impacto que no vidro, fez-se uma rachadura imediata em formato redondo, que ficou pintada de sangue quando sua face se deu contra o vidro sendo parcialmente esmagada, deixando outras marcas de trincado no mesmo ao desaparecer sobre a capota, sendo lançado a 7 metros do chão rodopiando no ar enquanto a viatura passou por debaixo de si.

— O que você fez?!!! - Berrou Reese, em pânico. Mas Kirstin não esboçou arrependimento ou compaixão.

A Garota retirou sua perna de cima da Segurança, liberando o acelerador e o volante ao voltar-se raivosa para o acento do passageiro, de olhos fixos no retrovisor que por sua vez, lhe deu a visão do corpo magro e mole despencando no asfalto lá trás sob um esguicho sangrento.

— Matei o desgraçado... - Disse ofegante, assistindo o sangue escorrer pelo para-brisas trincado.

E assim a viatura seguiu, largando para trás o cadáver de Timothy estabacado no asfalto. Com o osso do cotovelo para fora e face parcialmente esmagada no lado direito, sem um nariz um olho ligeiramente saltado. O Garoto jazia retorcido no piche sob uma poça de sangue.


Era aflita que Claire assistia por sua janela o modo como a traseira do carro de Paul se chacoalhava, balançando sobre o próprio eixo e forçando-se sobre o pneu estourado que arrancava faíscas no asfalto. Viu como estavam cada vez mais perto do assassino, quase ficando lado a lado... Era óbvio que o Jornalista estava perdendo velocidade. Lançou a visão ao horizonte da longa estrada, observando ao fundo uma mancha verde escura e volumosa que carregava consigo o ronco distante de um motor grosseiro. Notou um tipo de dois escapamentos verticais emitindo fumaça, posicionado um de cada lado do veículo. Era uma cabine de caminhão. E dado ao cinzento corpanzil que o seguia, notou tratar-se de uma carreta. O Caminhão vinha no sentido contrário a ambos, habitando o mesmo lado da pista dela e do amigo que por sua vez, seguiam na faixa da contramão se opondo a Paul e sua gradativa lentidão. A Diaba se inclinou sobre o amigo fitando o cilindro no painel, percebendo como o ponteiro desceu rapidamente aos 50km e subiu em seguida, apontando para os 60. Em urgência, clamou:

— Edward!
— O que foi?
— Desacelera, agora!
— Achei que quisesse ficar na cola dele. Não era esse seu plano?
— Não... Tive uma outra ideia.
— Não gosto das suas "Ideias"
— Você vai odiar essa.
— Não precisa nem me convencer, então. O que é, louca?
— É o seguinte...


— Oh, merda!! Aaarrgh, caralho! - Vociferou Paul sacudindo-se sobre o volante em ira. Socou a direção repetidas vezes deixando buzinas escaparem em seus xingamentos. - Filho da puta, que ódio! - Acertou o painel de punho fechado por conta de estar perdendo velocidade. Não adiantava afundar o pé no acelerador, pois o impulso causaria uma desestabilização que o tiraria da estrada. Precisava fazer tal ação antes que Edward o acertasse mais uma vez. - Aquela Maldita... Todas elas! - Apertou os olhos, enfurecido firmando-os numa raiva distante em um ponto qualquer forçando os dedos entrelaçados sobre o volante. E com isso, acabou inevitavelmente avistando o veículo a quase 100 metros, aproximando-se na direção contrária. Era grande, carregava uma carreta cinza bem longa. Foi neste momento que seu semblante de ira se transformou num malicioso sorriso. Olhou para o lado contemplando o capô de Edward quase o alcançando, percebendo em como o mesmo havia acelerado um pouquinho, como se quisesse se manter ao seu lado. Paul interpretou a repentina aceleração do oponente como uma forma de aviso de ultrapassagem.

— Ah, não... Você não vai me passar, desgraçado. - Sabendo que não conseguiria tomar velocidade o suficiente de forma segura para ir mais rápido que Edward e talvez fechá-lo, Paul pensou que se pelo menos mantivesse o ritmo, conseguiria força-los a frear e virar as pressas para a pista certa quando o caminhão estivesse perto demais, mantendo-os atrás de si ou se tivesse sorte, os veria perder o controle na ação. O Caminhão era para ele, uma grata surpresa. Algo que obrigaria a Vagabunda e o Idiota a diminuírem a velocidade para trocar de pista e assim, ele seguiria na frente. Obviamente resolveu não avisá-los sobre o veículo, ainda que para seu desconhecimento, ambos também pensaram em usa-lo a seu favor. - Será que você vão sair dessa, queridinhos?


— Entendeu?! - Exclamou Ripley.
— Tá, entendi. Só não acho que é uma boa ideia.
— Tá questionando minha loucura?
— Claro que sim! Claire, nem dá pra saber se isso vai dar certo. E se não conseguirmos tirar ele dali e tudo for pra merda? Já pensou nisso? Vamos estar nos arriscando pra fazer algo que pode resultar nas nossas mortes! E Francamente, depois de tudo o que passamos, não estou ansioso pra morrer.
— Para de ser idiota! Vai dar certo sim. Olha só pra ele, ta bambo! Ele não vai conseguir manusear bem aquele volante com o susto que vai levar. Essa é a nossa deixa.
— Só pensa mais um pouco!
— Pensar?! Não dá tempo, Edward. Em menos de um minuto aquele caminhão vai acertar a gente em cheio a menos que façamos alguma coisa.
— "Alguma coisa" Maluca, nesse caso!
— Exatamente! O normal nunca funciona.
— Claire... Na primeira vez eu até compreendia. Aquela ideia absurda de ir até a mansão dos Stone pra encontrar o Steve.. Já era idiotice por si só. Mas fazia sentido. Eram nossos amigos e estávamos todos juntos uns pelos outros. Mas agora... Será que isso é mesmo problema nosso? Nunca teríamos ficado na mira do assassino se tivéssemos ficado quietos. Mas não, você quis bancar a heroína e chamar a atenção de toda aquela gente. Você nunca foi a boazinha que salva vidas, sinceramente não entendo essa sua necessidade de querer matar o Paul tanto assim.
— Ah, não entende? Pois você parecia entender muito bem quando me gritou e me mandou entrar no carro pra perseguir o desgraçado.
— Não é assim, você sabe. Já fomos longe demais. Ele não vai conseguir escapar nem se quiser. O próprio Tim, prova isso.
— Acho que você não está entendendo a gravidade disso tudo ou simplesmente teve uma amnésia súbita! Eles nos usou com aquelas vítimas, Edward. Ele queria o tempo todo que nos envolvêssemos com aquele povo. Ele saiu matando um monte de gente inocente a mando da desgraçada da Juliett. Pode parecer que não, mas éramos os alvos desde o início. Se a gente não tivesse se preparado e entrado no jogo, seríamos pegos de surpresa e com certeza mortos sem aviso naquele dormitório.
— Eu sei!
— Então por que age como se tivesse esquecido?!
— Eu estou com medo, ok?!
— "Medo"... Eu desprezo o medo! O medo só me fez perder tudo o que eu tinha, tudo o que eu conhecia, tudo o que eu sempre quis não se tornou realidade. E Agora serei pra sempre assombrada por causa daquela maldita na cadeira de rodas e como se não bastasse, Paul... Que é um dos mínions dela, tenho certeza! Juliett pode estar morta mas o mal que ela criou ainda perambula por aí. Você pode pensar o que quiser agora. Mas eu não vou dormir se deixarmos ele escapar!
— Claire... Não importa... Estou com você.
— Ótimo!
— Mas não vou me arriscar.
— Aff...
— Escuta, deixa eu terminar.
— Fala.
— Não vou me arriscar a ser acertado por aquele caminhão. E é por isso que vou fazer exatamente o que você quer. E reze pra dar certo porque se morrermos, eu mesmo vou me encarregar de te torturar no inferno.
— Já pode ir lubrificando o tridente.
— Ok...

Assim que ela recobrou a atenção à frente, tomou um susto sobre o quanto o caminhão estava perto. Era uma questão de 20 segundos no máximo até que o pior acontecesse. Ali, já se deu para ouvir alto e claro a buzina grave e longa do motorista, que anunciou o alerta aos que se opunham em sua direção, seguindo rentes um ao lado do outro na pista.

— Ai, caralho... Se prepara, Ed.
— Não tem como!..
— Respira!
— Não dá! - Reclamou ofegante e desesperado.
— Puxa... E Solta... Puxa.. E Solta... - Balançou as mãos em sinal de leveza.
— Alma dentro.. Alma fora.. Alma dentro... Alma fora..
— Pare de ser besta, ele está perto demais! - Berrou ao se congelar de medo e tensão. O Tempo pareceu parar quando agarrou com força no ante-braço de Graim, que engoliu seco em uma reação pálida. A Luz alaranjada do Sol ao fundo fora obstruída pelo que agora era uma silhueta negra do caminhão, mais próximo do que deveria. O Grito agudo e desesperador da sobrevivente não conseguiu ser mais alto que a buzina da carreta ou o cantar dos seus gigantescos pneus que se forçaram a frear diante de um impacto iminente, levantando fumaça do asfalto em um derrapar amedrontador. Gotas de suor pingaram sobre a testa de Edward que no susto, ameaçou escorregar as mãos do volante ao sentir a unhas da amiga lhe cravando na pele. Era hora de agir, ainda que ele mesmo se sentisse perdendo o controle da direção. Chegou a girar o volante um pouco para a direita afim de escapar da mira do monstro de lata, mas Paul em seu eterno impulso demoníaco, encarou fixamente a caminhonete ao seu lado no que desacelerou levemente, querendo deixá-los fazer uma ultrapassagem impossível. Não haveria tempo ou velocidade para que Edward pudesse passar pelo carro vermelho do Psicopata e adentrar à pista ao lado. Forçar a transferência significaria um impacto em vão no jornalista que não o tiraria da mira do para-choque do caminhão à tempo. Teria que frear para fazer a transferência ficando atrás dele...

— Vai, vai, vaaaaaaaaii!!! - Gritou Claire em incentivo, puxando-lhe o braço para que o volante fosse girado, Mas Edward resistiu à sua força, mesmo diante da contagem regressiva para a morte certa. Se viam congelados com o coração na garganta enquanto viam a carreta se desestabilizar com a freada repentina e escorregadia, com ela pendendo para o acostamento começando a deslizar de lado sobre o escândalo de seus Pneus mesmo com a cabine intacta em sua direção.

Até que o momento chegou. A oportunidade que Ed precisava, quando Paul já imaginando que os dois não tinham mais saída naquele segundo, pressionou o acelerador ganhando mais velocidade do que deveria, afim de deixá-los para trás e assistir seu inevitável impacto pelo retrovisor. Sua traseira já se via paralela ao para-choque da caminhonete de Graim, quando ele sem aviso e sob alta pressão do medo, girou o volante enfim. Sua investida certeira não só os deslizaram para a faixa ao lado, como também a lateral de seu para-choque frontal se deu num impacto com a traseira de Paul, numa batida que estremeceu a todos num forte solavanco. Acelerando a todo custo, a caminhonete transitou para o outro lado da pista acabando por empurrar o assassino ao ter acertado-o em seu lado esquerdo na traseira, forçando-o dar de forma involuntária um cavalo de pau, sendo arrastado ao girar sobre o próprio eixo, junto ao seu Pneu debilitado que emitiu o som horrível do aro exposto riscando o asfalto sob faíscas flamejantes.

— Merda!!!! - Exclamou o jovem assassino ao perder a visão da pista, assistindo a paisagem girar diante de seu rosto.

No que Edward acelerou com mais força empurrando o carro do inimigo para o lado, o mesmo rodopiou mais nitidamente enquanto a lataria da caminhonete raspou sobre a lateral de Paul enquanto ele performou um giro de quase 180 graus, ameaçando ficar de frente à Caminhonete e ser empurrado de ré ao futuro término de seu giro. Mas Graim não deixou isso acontecer, meteu o pé no acelerador impulsionando as costas contra o acento ao se preparar para o impacto. Confiante em sua decisão de uma questão de segundos, acabou batendo com tremenda força sobre a lateral do Psicopata, que o mesmo rodopiou de vez acabando por escorregar aos giros para o outro lado da pista.

Um segundo... Um segundo marcou o tempo que Paul Westwood teve para fazer sua primeira expressão de terror ao se ver deslizando em círculos para a faixa ao lado sob a sombra da carreta.

O Tempo acabou, assim como sua saída. Foi com intenso entusiasmo e boquiaberta que Claire saltou do banco ao se virar para contemplar o inevitável. Um estrondo saído do inferno surgiu bem ao lado deles na visão que a janela de Ed oferecia, quando viram o carro vermelho rodopiante desaparecer de suas vistas assim que o enorme caminhão tomou o espaço. Uma batida retalhadora foi ouvida ao mesmo tempo em que Graim afundou o pé no freio, derrapando de lado na pista e parando atravessado nela ao deixar marcas em meia lua de seus pneus no asfalto. Ambos esticaram os pescoços ao assistirem a carreta se afastando ao deslizar sobre o acostamento, prestes a tombar embora a cabine se mantivesse firme carregando consigo impactos repetitivos do carro de Paul capotando em um rolamento mortal, arrastado o veículo metros à fio no sentido contrário.

Até que por fim, o imenso caminhão finalmente conseguiu parar no chamado "Tarde demais", quando a carreta tombou acostamento à fora, derrubando a cerca de arame farpado que separava a estrada de uma zona rural e posteriormente, levando a cabine consigo. Ambas sucumbiram em um forte impacto que levantou poeira. De rodas ainda girando e caída de lado, jazia o caminhão. O mesmo não podia ser dito de Paul, que terminara de capotar a poucos metros à frente terminando seu rolamento de rodas para cima e capô esmagado. Extremamente amassado em com o para-brisas traseiro e dianteiro estourados.

Claire tocou no ombro do amigo em um suspiro:

— E não é que essa palhaçada deu certo?

Ele se virou a ela, catatônico, pálido e gelado. Seu maxilar ainda tremia de choque quando disse:

— Eu vou te matar...

Ela engoliu seco:

— Quem sabe depois? Agora estou ocupada. - Remexeu-se no acento ao desatar o cinto. Puxou a maçaneta lateral da porta liberando sua saída. - Fui!


Paul rastejou sobre o que antes era o teto do carro, movimentando-se em cima de cacos de vidro soltando gemidos de dor. Havia sangue lhe marcando a testa e os ante-braços. A Cada braçada, mirava seu destino no asfalto à frente. Um definho de ser humano com o dente frontal superior quebrado pela metade, o nariz inchado portado uma mancha roxa redonda, abrigando dentro do círculo escuro uma linha vermelha por onde sangue descia. Deitou-se de lado afim de ver suas pernas, ambas moles e sem forças sendo um peso a mais para puxar. O nadador mostrava sua força no torso, impulsionando-se para frente impiedosamente, mesmo sobre as pontadas do vidro espalhado embaixo de seu corpo.

Determinada e enfurecida, Claire Ripley fazia sua caminhada no centro da estrada, pisando sobre a faixa amarela que separava as duas pistas. Andou ao lado da carreta tombada sem jogar seu olhar a ela, mantendo firme seu foco em dar de frente com o assassino, desejando que estivesse morto. Apertou o passo por conta da ansiedade, jogando os cabelos escuros ao vento em pose de uma rainha sádica prestes a condenar um súdito à forca. Como queria ver o rosto de Paul sem luz... Ah, como queria.

Sua caminhada ansiosa acabou tendo um intervalo com o susto repentino de uma batida vinda de sua direita. Parou direcionando-se a tal, podendo avistar um braço posto para fora da janela da tombada cabine do caminhão. Uma mão gorducha e masculina se apoiou sobre a lataria à fora, e logo, outro braço surgiu fazendo o mesmo tendo um baque contra a parte de fora da porta. Assim que um impulso se mostrou, emergiu um boné desbotado sobre a cabeça de um homem barbudo. Uma de suas narinas sangrava levemente e a marca roxa em cima de seu olho esquerdo era forte. O Sujeito arregalou os olhos ao se dar com a mocinha de vestidinho curto, completamente ilesa do lado de fora lhe encarando seriamente. A impagável reação no rosto do caminhoneiro era de um espanto raivoso que a xingava de todas as maneiras entre seus lábios trêmulos e mudos. Mas Claire, que naquele momento não foi capaz de reconhecer o ódio do motorista tombado sobre ela, afirmou com zero caridade:

— Não se preocupe moço, eu estou bem! - Acenou um tchauzinho ao se voltar a sua trajetória, deixando o pobre homem ferido com centenas de palavrões entalados na garganta para trás.

Paul se arrastou mais um pouco e em alívio, metade de seu torso já se encontrava para fora do veículo capotado. Esticou a mão pressionando-a contra o asfalto ainda deitado, marcando o chão com sangue em seu esforço ao rastejar. Assim que ergueu a cabeça para ver a estrada e a imensidão vazia a sua volta, sua vista foi bloqueada por um par de tênis Adidas brancos e pernas brancas, grossas e lisas. Levantou o olhar acompanhando a figura diante de si em tremendo desânimo, terminando com a maléfica encarada de Claire que, com ambas as mãos nas cinturas o julgava de modo infernal.

— Mas você não tá morto ainda? - Questionou indignada. - Puta merda, Serial Killers são como baratas! Se fosse eu dentro desse carro, estaria paraplégica.

O Garoto fechou os olhos forçando lágrimas a escorrerem, deitando o rosto sobre o asfalto. Em resposta, a Diaba fez bico e fingiu uma carinha triste:

— Awnn.. Seria uma pena. Você sente suas pernas? - Foi um pouco mais para o lado, contornando o jovem, que a virou a cabeça como pôde tentando acompanhar os passos que o circulavam. - Hein? Você sente isso? - Esticou o pé, cutucando-o na coxa.

Ele não demonstrou reação, permanecendo em respiração ofegante com a bochecha colada no asfalto exibindo os dentes avermelhados em ódio.

— Sente? - O empurrou de leve com a ponta do tênis. Se deliciou ao assisti-lo lutar para se rastejar pra fora do carro, pendendo a cabeça para o lado ao analisar seu sofrimento assim como a figura mascarada costumava fazer quando a encarava. E assim que viu os joelhos de Paul se dobrarem quando ele puxou uma das pernas ao se arrastar, tomou um impulso nervoso. - Sente isso?! - Proferiu-lhe um forte chute na altura da cintura, arrancando-lhe um urro grave, seguido por uma tosse que surgiu com um respingo de saliva e sangue que grosseiramente pingaram de seus lábios, esticando-se para fora da boca feito uma gosma. - Pode sofrer à vontade, eu nem ligo! - Sorriu sarcástica. - Retalhou um bando de meninas de fraternidade, um professor, mentiu pra mim e me usou como isca. Entrou no meu quarto, acabou com as minhas coisas e agora vai ficar aí se fazendo de vítima? Ah, tá.

Em um momento de fúria, o Jornalista mostrou os dentes ao fazer tremendo esforço mostrando uma agilidade assustadora, arrastando-se às pressas esticando um dos braços, agarrou ali no asfalto um caco de vidro em formato pontiagudo do tamanho de sua mão. O Pegou feroz sem se importar com um possível corte, ignorando a dor e o sangue que se instalou em sua palma ao apertá-lo com tanta força. Claire riu de lado caminhando até ele:

— Ah, não... Eu acho que não... - Em passos largos, o contornou rapidamente surgindo em sua frente. Ele claramente não esperava por isso, dado a sua reação de susto que mal se deu por concretizada, ao que a Diaba chutou de seus dedos aquele pedaço pontudo de vidro, arremessando-o pelo asfalto deixando-o fora de alcance. Paul se agitou imediatamente, gemendo de aflição ao dar a volta ainda no chão, onde rolou aos urros de raiva afastando-se dela até parar de bruços. Sua ação foi interrompida ali quando Claire se abaixou velozmente o agarrando por trás pela gola da camiseta. Ela não teve a sorte de contemplar a expressão de medo do rapaz ao sentir ser pego, mas com sua força de uma mulher irada, torceu aquele pedaço de sua camisa posicionando-o bem entre seus dedos num aperto firme. Respirou fundo e com força, puxou-o com tudo o que tinha dentro de si. O impulso foi forte, o Assassino foi erguido do chão apenas para de costas no chão. E lá estava ela arrastando-o feito um saco velho de tralhas, levando-o consigo pela pista aos puxões:

— Tentou correr mas não tinha como se esconder... Agora é tarde demais, queridinho, vai ser olho por olho. - Ele era definitivamente mais pesado do que parecia, ainda mais estando todo mole. Teve de fazer um esforço a mais para continuar puxando e assim que forçou seu braço mais uma vez ao tentar trazê-lo, seus dedinhos magros se desprenderam da camiseta, acabou por deixá-lo escapar. Se assustou virando-se no mesmo instante encontrando uma cena que para ela foi particularmente hilária, lá estava ele engatinhando desesperado de maneira ridícula. Ela não conteve o riso suspirando de alívio, tratando se segui-lo sem muito alarme, mostrando ser capaz de alcançá-lo facilmente. E assim o fez:

— Não acredito... Hey, onde pensa que está indo, tonto? Me dá um tempo, cara! Até parece que eu não sou uma Scream Queen e não vou puxar você de volta! - Debruçou-se sobre ele colocando uma perna em cada lado do seu corpo, e o pegou pelos ombros virando-o violentamente para que caísse novamente no chão. E assim ele o fez sem muitas forças batendo com as costas no asfalto, encarando-a perplexo e temendo seu destino. Com aquele sorriso medonho, ela aproximou o rosto do dele fazendo um sinal com um indicador:

— Vem cá! - E de surpresa, tascou-lhe um belo de um tapa na face arrancando um grito afeminado de Paul, que pôs as mãos sobre o rosto afim de se proteger dos próximos possíveis golpes. - Você errou a partir do momento em que inventou de se meter com uma garota! Agora eu estou a beira de um colapso sem volta, não é hilário?! Foge não! - O Pegou pelo braço, forçando-o a rolar para o lado ficando de bruços novamente. Ripley se prontificou a sentar-se sobre sua cintura de punho fechado e sem pestanejar, lhe acertou com um profundo soco nas costas.

— Urgh!! - Urrou ele ao perder o ar.
— Cadê sua faca? - Mandou outro soco, mais acima. Desta vez ele se estremeceu tossindo seco agitando as pernas. A Mão magra retornava fechada para mais um forte golpe em cheio no meio das costas, no que ele se esticou buscando desesperadamente por ar em tremenda agitação. - Que é, não aguenta? - Debochou ela. Mas para sua surpresa desagradável, o rapaz se remexeu embaixo de si quase derrubando-a ao tornar a ficar de barriga pra cima. Claire pendeu pro lado num susto pousando a mão no chão como apoio, e quando se recobrou ele já estava frente a si, esticando uma das mãos de forma feroz acabando por agarrar-lhe pelos cabelos, dando um puxão. Com um grito agudo, ela protestou debruçando-se mais sobre ele ao ser puxada, mirando suas mãos em seu pescoço fácil de alcançar. E assim passou a tentar asfixiá-lo.

Com os dedos envoltos na garganta do psicopata, Claire passava a ficar vermelha junto com ele, mas de raiva, grunhindo roucamente de forma raivosa e intensificando seu rosnado aos poucos até ele se transformar num irado grito agudo e aparentemente infinito, no que pressionava os dedões contra o pomo de Adão de Paul, assistindo-o se engasgar de olhos imensos e boca aberta por onde não passava ar. Lembrou-se de ter feito o mesmo com Juliett perto do fim e de como amarelou em matá-la... Mas isso não aconteceria desta vez! Forçou ainda mais os polegares, sentindo a garganta do menino afundar sobre sua força até que ele enfim perdeu as forças nos dedos e soltou seu cabelo. Ele já encarava o céu em pedido de socorro com a luz ameaçando deixar seus olhos enquanto se debatia de modo incansável. Até que, sem aviso, lançou seu punho de surpresa acertando um soco no olho de Ripley, que por instinto se jogou para trás na defensiva, obrigando-se a sair de cima do assassino, que recobrou o fôlego com ânsia, puxando o ar sobre um rouco grunhido de sua traqueia.

— Ah, não desta vez... - Reclamou ela cobrindo o olho acertado, rodeando o chão em volta as pressas, procurando por algo útil. A única coisa que o "Acidente" tinha a oferecer, eram cacos de vidro. Se abaixou pegando o primeiro em formato pontudo que viu. Recobrou a posição ficando ereta piscando o olho que lacrimejando, ardia. Segurou aquele pedaço de vidro extremamente cortante com cuidado, erguendo-o como uma faca ao seguir na direção do rastejante Paul, que se afastava raspando as costas no chão, sacudindo as mãos sobre o rosto temendo ser acertado. E num grito de fúria, Claire partiu pra cima sem piedade e pronta para furá-lo na garganta ou no primeiro local oportuno quando de repente, um berro vindo de trás lhe interrompeu, assustando-a:

— Pare!!!!!!

Se estremeceu em surpresa ao desistir da investida sob a voz que lhe comandara. Ofegante, deu meia volta descobrindo o autor do protesto, Era Edward parado a poucos metros dela em um semblante melancólico. Praticamente implorando para que ela desistisse.

— Claire, não...
— Você ficou louco?!! Ele tem que morrer!
— Não! Não cabe a você ou a mim acabar com a vida dele assim!
— Ah, Edward... Vai fazer discurso pro Green Peace porque eu não tô afim de lição de moral agora. - Deu as costas ameaçando retomar seu ataque.
— Você sabe que não consegue!

Neste momento ela parou. Cabisbaixa e em choque, será que ele tinha razão?

— Não, Ed! Você me salvou da última acabando com a raça da Juliett e do Steve, agora é minha vez! Todo Slasher acaba assim, o assassino tem que morrer!
— Eu fiz aquilo porque estava cego de raiva pelo Dylan... E me arrependi depois. Eu preferia ver aqueles dois presos pro resto da vida e sofrendo, do que ter acabado com a agonia deles assim tão fácil..
— Não!
— Pensa bem! Ele vai ter o que merece. Uma vida reclusa que nem vida é. Daqui pra frente é ó sofrimento pra ele. Quer mesmo acabar com a dor dele tão fácil?
— Eu.. Eu não sei!
— Claire. Você é forte. Mais forte do que eu, e por isso sabe o que fazer. Você tem muito mais auto-controle do que pensa. Você pode matar ele agora e acabou, ou... Pode deixar ele ser pego e ajudar as autoridades a arrancarem informações dele! Você mesma disse, tem muito mais pirados por aí do que ele. Eles não podem escapar tão fácil, pensa!
— Pare com isso!
— Claire, pensa!
— Eu estou pensando!... Estou pensando em como minhas amigas foram massacradas! Estou pensando em como uma delas nunca foi minha amiga, e que por causa dela isso ainda não acabou! Ele... Esse filho de uma puta é a chave, ele é o legado! Se ele morrer, o plano da Juliett morre junto e isso tem um fim!
— Mas, você sabe da segunda opção... Se ele morrer, outro assassino vai assumir a liderança. Não saberemos quem é, onde vai aparecer... Mais vítimas inocentes vão surgir e você nunca vai se perdoar por ter deixado isso acontecer... Se espalhar..
— Da última vez eu devia ter matado a Juliett, não posso vacilar agora!
— Você não vai vacilar.. Vai vencer! Ele é a chave, mas não para o fim do massacre. Mas sim pra ajudar a polícia a chegar no fundo desse esquema e ter uma chance de acabar com essa onda de mortes!
— Que merda, eu te odeio por ter razão! - Tremeu o punho ainda segurando o vidro, decidindo entre furá-lo por puro prazer ou não.
— O que vai ser?

E se deu o dilema. Matar Paul não colocaria um fim na onda de assassinos, muito menos ajudaria a vingar Alissa, Stacy e os outros. Porém, isso iria satisfazê-la. E ali, com aquela ponta apontada para cima, seu impulso poderia descer... Ou desistir.


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Notas finais do capítulo

AINDA FALTA O EPÍLOGO! Ou seja, só mais um e prometo que vai sair loguinho! Também deixo de aviso que estarei deixando o Nyah, agora SCREAM SURVIVAL será só postada no Wattpad. É isso meus amores, amo vocês. Voltem para o último episodio que ainda vai ser postado aqui! Comente o que achou e muito obrigado aos que acompanham! Louise, Lucas, amo vocês! ♥



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