Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 16
College Holocaust


Notas iniciais do capítulo

Olá galera! Espero que estejam preparados para o episódio dessa semana! Está delicioso!



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Aquela tarde foi tomada por uma confusão sem precedentes. O Grande pátio principal era agora coberto por pessoas num gramado que mal se dava para ver de tão lotado que estava. Os estudantes de Pendleton após todo aquele escândalo, finalmente começavam a se dispersar rumo as suas aulas ou dormitórios. Também pudera, quem não quisesse ser abordado para responder perguntas inconvenientes da equipe de segurança da faculdade que corresse, já! A polícia local também havia sido acionada. E era com muita tensão que Cath respondia tudo o que lhe era perguntando com lágrimas nos olhos, ao lado de Kenny que mantinha seu braço em volta de seu ombro, cabisbaixo feito um herói caído levando esporro de um policial que conversava grosseiramente com eles, que mantinha na mão um papel e uma caneta que usava para apontar para seus rostos, reprovando seus atos.

Reese, um pouco distante ainda do "Casal", Estava junto a Paul que exibia seu gravador para um membro da diretoria da Universidade que vinha acompanhado por dois oficiais, prontos para indiciar o jovem, ou parabenizá-lo por sua ação. Era visível como Reese estava preocupada com seu destino nesta história. Seu olhar era o de uma mulher temendo por sua credibilidade, por seu emprego que a sustentava e a Lei que estaria contra eles. Paul não demonstrava medo algum. Mas o modo como olhava para Reese a toda hora expressavam sua real preocupação para com a moça. Ter fingido o desmaio e sendo cúmplice de uma agressão ao Heitor não foi o ponto mais alto do dia da segurança, que agora estava na corda bamba entre justiceira, e Justiceira demitida. Seu futuro na universidade? Incerto.

Claire observava as duas cenas tendo que esticar o pescoço por conta da intensa movimentação de jovens que bloqueavam sua visão de tempos em tempos. Sua expressão era de satisfação, mas sabia muito bem da encrenca que havia se metido, embora não se arrependesse. Em pé ao lado de uma viatura com Edward, ela mantinha os braços cruzados ouvindo os murmúrios dos que passavam para lá e para cá, dizendo uns pro outros como Paul havia salvo a Universidade, como ele era fodão. A Diaba, não aceitava não ter o mesmo nível de reconhecimento. Passavam direto por ela como se fosse uma ninguém, não tendo conhecimento de seu envolvimento no ocorrido. Nem ela nem Edward eram iluminados pelos Holofotes de uma rápida fama no campus, embora estivessem sujeitos à mesma punição desagradável que poderiam receber caso o Plano de Paul e Kenny viesse por água abaixo.

Impaciente e revoltada com a covardia de Gigi, que estava fora de seu campo de visão aos prantos em algum canto qualquer por aí, do qual Claire não tinha conhecimento de onde. Imaginava a loirinha choramingando para algum policial dizendo coisas como "Eles me obrigaram" "Eu fui enganada" e "Não é culpa minha". Seu sangue subia de revolta levando-a a uma respiração profunda onde seus ombros subiram e desceram estremecendo num suspiro. Edward como sempre, é quem notou seu desconforto emocional, passando a mão em sua cintura aproximando-a mais de si:

—Você não está bem.
—Acertou.
—Tenta ficar calma. A Gravação de Paul vai provar que o Heitor era um safado. Você vai ver, vamos sair livres dessa.


Claire esboçou uma risada. Mas não foi um riso comum, foi um riso triste e desesperado:

—Não acredito nisso, Edward.
—No quê?
—Tem alguém matando todo mundo aqui no campus. E nós somos os vilões por tentar fazer alguma coisa... que mundo é esse?!
—Você sabe como as regras de um lugar interferem no que a gente fez.
—Quebramos um milhão de regras hoje, concordo, Mas nada que chegue aos pés de assassinato. Devíamos estar sendo carregados nos ombros de um bando de atletas gritando nosso nome, e não aqui esperando para saber se vamos ser presos ou expulsos. Isso tá errado!
—Te entendo.
—Olha, eu não tô mais aguentando isso, sério. Ashville foi uma coisa.. mas isso..
—Pode crer.
—Espero que o Heitor apodreça no inferno. Falando nisso, cadê ele?
—Eu também não sei. Não o vi ainda. Devem ter levado ele para ser interrogado longe dos estudantes.
—Faz sentido. Senão estaria sendo linchado isso sim. Nossa, tadinha da Reese. A Gente não devia ter envolvido ela nisso. Olha pra ela coitada.. ela pode perder o emprego.
—Reese vai ficar bem. Vai dar udo certo.
—Ah.. falar é fácil.
—Confia em mim. Confie em nós. Tenho fé que a justiça vai falar mais alto.
—A justiça, ou as vadias? Porque tem algumas vindo pra cá nesse exato momento. -Disse Claire retirando o braço de Ed de si, cruzando os braços e erguendo o queixo feito uma verdadeira piranha de colegial, como se voltasse aos velhos tempos onde estava pronta para estapear a vagabunda que lhe furou a fila do lanche na cantina. Um dos motivos de sua grande saudade de Ashville High School, era o modo como se via como "A Dona" dali. Mas aqui, era uma incógnita, desconhecida e destemida. Ver Quinn e Rachel caminhando em sua direção desviando dos estudantes que passavam de um lado pro outro a fez se sentir no colegial novamente. Embora as duas meninas se aproximassem de modo sereno, que não pareciam trazer uma briga com elas. Claire estranhou, mas não perdeu a pose.


Quando chegaram mais perto, Quinn soltou a mão de Rachel da qual segurava para puxá-la entre a multidão a fim de não perder a amiga de vista. Deixou-a para trás enquanto Rachel parou dando uma rápida e fria encarada na Diaba, em seguida lhe deu as costas como se recusasse participar do que Quinn estava prestes a fazer.

A morena enfim a alcançou, ficando de frente à Claire e sua pose de "Gangster", fitando-a com preocupação dizendo:

—Oi, Claire.
—Oi. -Respondeu seca.
—Eu preciso falar com você.
—Só você? E a sobrinha da Rihanna ali? Vieram para tretar? Porque não estou no clima.
—Não.. o que aconteceu entre você e a Rachel não tem nada a ver comigo. Eu não quero brigar, só quero que você me ouça, por favor...

Claire teve de ceder. A menina falava com ela em tom manso, de olhos tristes. A Diaba não resistiu a aquele rostinho de cão abandonado. Descruzou os braços mostrando que lhe daria uma chance. Desfez a expressão de "Vadia":

—Ok... Quinn, não é?
—Isso.
—Fala, querida.
—Primeiro, eu tenho uma pergunta para te fazer.
—Vesh.. lá vem.
—Você parece preocupada. -Disse Edward.
—É.. Eu sei. -Concordou a garota, abaixando a cabeça por um instante.
—Tá, garota eu não tenho o dia todo. Posso ser presa a qualquer momento, desembucha. -Disse para apressá-la, estalando os dedos mostrando sua impaciência.
—Tá bem. Claire...
—Sim?
—Por que você foi até a casa da Lambda Kappa na noite passada?
—Você quer a verdade ou uma versão distorcida?
—A Verdade, por favor.
—Bem, eu.. -Deu uma olhada significativa para Edward, como se lhe pedisse permissão para contar. O Garoto lhe acenou sutilmente um sim com a cabeça. -Eu e Edward.. nós temos um passado. O problema é que o passado voltou para nos assombrar.
—Não entendi.
—Assim, sabemos que tem um assassino no campus.
—Certo.
—E fomos até lá porque achamos que você e as outras meninas naquela casa podiam estar em perigo.
—Como é?!
—Sim, querida. Olha eu sei que pareço uma doida varrida que merecia estar numa camisa de força, mas me escuta. Eu comecei a pensar nas mortes, e é uma longa história por isso vou resumir. Eu presumi que o assassino estivesse atacando as casas de fraternidade. Zeta Beta, e depois DKY, Eu achei que havia um padrão ali. Por isso fui até a Lambda Kappa. Sabia que se o assassino estivesse mesmo indo atrás das fraternidades, a sua casa seria a próxima. Edward foi até lá comigo. Nós fomos para nos certificar se estávamos certos ou errados.

O menino balançou a cabeça repetidamente concordando com o que Claire dizia, dando credibilidade no que talvez Quinn não quisesse acreditar. Mas não fora tão necessário, desde que a garota não apresentava nenhuma descrença, apenas uma tensão contida e extremo interesse.


—Bem.. eu não sei o que dizer. Mas.. estavam certos?
—Sim. Infelizmente sim. Quando chegamos... vimos o assassino na casa.
—Isso é impossível, só estavam eu e as meninas. Não tinha assassino nenhum...
—Acorda! Ele estava no telhado! E francamente podia entrar na casa a hora que quisesse, por alguma daquelas janelas. Você estaria num saco plástico agora se eu não tivesse ido até la.
—Ué, como assim?? Você por acaso falou com ele ou alguma coisa?
—Não. A Aberração mascarada desapareceu assim que viu Edward e eu. E aí eu joguei uma pedra para tentar atrair a atenção de vocês, para tentar fazer vocês saírem da casa.. e você sabe o que aconteceu depois.
—Está dizendo que fez aquilo... para nos salvar?
—Nossa, até que enfim você se tocou hein. A propósito, de nada.
—Claire! Eu não estou acreditando nisso!
—Então não acredite, não preciso da sua aprovação.
—Não foi isso o que eu quis dizer! Calma. Eu... eu acredito em você. Sério, depois que vi aquele celular no meio da calçada e o modo como você falou com a pessoa na linha.. eu não tenho motivos para duvidar. Além disso, tenho meus próprios motivos. Só queria entender melhor o que estava acontecendo porque.. bem, eu acho que está acontecendo alguma coisa.. e preciso da sua ajuda.
—Minha ajuda? Ficou louca?
—Escute, eu sei sobre vocês. Sobre você e Edward.. o que aconteceu com vocês em Ashville.
—Caralho, que isso todo mundo sabe dessa porra?
—Redes sociais. Eu sei, é um inferno. Mas por favor... me responda uma pergunta.
—Diga.
—Vocês por acaso viram a Minnie naquela noite?
—Quem? -Perguntou Claire.
—Minnie. -Respondeu Edward. -A menina que saiu da casa pouco antes de vermos o assassino no telhado.
—Então vocês a viram?!!
—Sim, garota. Vimos. O que foi? -Claire mostrava impaciência.
—Meu Deus... -Quinn suspirou. -Gente.. pera. Eu to tentando processar ainda.
—Eu é que vou te processar se você não desembuchar, vadia!
—Vocês viram Minnie saindo. -Comentou Quinn repassando o fato em sua mente, montando seu próprio quebra-cabeças.
—Certo. -Concordou a Diaba.
—E em seguida, o assassino apareceu no telhado.
—Não sei onde quer chegar com isso, mas sim.
—E Depois, ele sumiu quando os viu.
—É! Cacete... você é lerda hein.
—Claire... acha que ela pode ter sido seguida?
—Não sei, não vi mais ela. Como vou saber?
—Essa é a questão...

A menina hesitou, engolindo seco olhando no fundo de seus olhos prestes a entregar o motivo de sua aproximação. Com um suspiro, soltou:

—Minnie não voltou pra casa ontem a noite.
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Conchas de sopa virando-se sobre pratos fundos. Uma fila de estudantes famintos esperando sua vez para poder jantar em paz. O Dia que foi ficando cada vez mais nublado fez trazer um pequeno frio. A universidade Pendleton logo estaria fria como um de seus cadáveres. A fumacinha quente exalando dos pratos era o que unia toda aquela gente jovem aterrorizada e tomadas por uma adrenalina negativa. Rachel esperava ansiosamente sua vez, segurando uma bandeja na fila de ritmo lento porém constante. Olhava por cima dos ombros dos que estavam em sua frente para saber se sua vez chegaria logo ou não, vendo aqueles pratos sendo enchidos com sopa. Quinn permanecia ao seu lado, vidrada no celular olhando na tela a última mensagem de Minnie remoendo o acontecido:

Minnie: -"Eu não sei o que está acontecendo, por favor, me ajuda!"
Quinn: -"Calma, tem como sair daí?"
Minnie: -"Não dá! Ele vai me achar!"
Quinn: -"O Que você vê?"
Minnie: -"Nada, porra!"
Quinn: -"Alguma Luz acesa?"
Minnie: -"Não."
Quinn: -"Então talvez não tenha ninguém por perto"
Minnie: -"Ou está parado, neh idiota!"
Quinn: -"To indo pra aí! Vo chamar a segurança!"
Minnie: O.O

Deslizava pela tela, pensativa em agonia por não ter ido ajudar. Nem ao menos avisou Reese. A briga de Claire com Rachel e o telefonema assustador que Claire recebeu bem ali na rua na noite anterior a deixaram transtornada. Quinn tinha vontade de confessar tudo, contar sobre as ligações e mensagens que recebera anteriormente. Inclusive da que recebeu naquela noite do número desconhecido pouco antes de Minnie sair de casa:

Número Desconhecido: -"Quer brincar hoje?"
Quinn: -"Pare de falar comigo".
Número Desconhecido: -"Hoje, pelo menos uma vadia irá morrer."
Quinn: -"Que não seja eu! "
Número desconhecido -"Como quiser".

—O que está fazendo? -Perguntou Rachel do nada, causando um pequeno susto na garota que deu uma leve estremecida abaixando o celular rapidamente:
—Nada!.. Por quê?
—Porque essa fila tá demorando demais. Estou entediada. Achei que estava jogando alguma coisa.
—Eu estava... mas.. não importa. -Guardou o celular no bolso traseiro discretamente. Rachel jamais poderia saber daquela conversa, ela faria um escândalo e Quinn perderia sua confiança para sempre.
—Que seja. Sabe o que eu acho?
—O quê? -Respondeu fingindo estar interessada. Torcendo para que Rachel não quisesse ver seu celular.
—Eu acho que é bom a Minnie ter um bom motivo para esse sumiço. Porque eu no momento não estou pra brincadeiras! Já aguentei demais pra uma semana só. Se aquela vaca aparecer sorrindo como se nada tivesse acontecido depois de matar a gente de medo.. eu digo uma coisa: Não será o assassino que ela vai precisar temer. Isso é certeza!
—Claro amiga! Você tem toda razão. -Tentava disfarçar sua tensão. O Pior é que Rachel nem sequer notava. Estava tão cega de raiva pelo ocorrido com Claire, e se perguntando com quem Minnie estava transando enquanto ela morria de preocupação que não se tocou nos sinais involuntários que Quinn dava sem querer, sobre estar escondendo algo.

A Fila andou até depressa naquele momento. As duas se viam dando passos contínuos conforme de uma vez só, 8 estudantes se retiravam com badejas cheias ao acabarem de serem servidos, dando espaço para o restante se aproximar.

—Graças À Deus! Nossa vez.. -Falou Rachel em alívio indo em frente erguendo mais a bandeja, sendo acompanhada por Quinn, que quase como uma sombra perseguia a garota.

Rachel ficou de frente ao balcão sendo surpreendida pelo que via. Tim, em sua frente usando uma touca branca de cozinha, de avental paralisando ao erguer uma concha que retirou de uma enorme panela de ferro que continha a sopa, dando de cara com Rachel. Foi explícito como o menino ficou sem graça ao ter as colegas o vendo ali trabalhando. Ainda sim esboçou um sorriso falso fingindo não estar envergonhado, abaixando a cabeça. Mas sua mão não se moveu. Rachel arqueou as sobrancelhas ainda que tentasse não mostrar espanto.

—O que você está fazendo aqui?
—Você sabe...
—Trabalhando.
—É...
—Eu não sabia que trabalhava no refeitório.
—Nem eu.. até pouco tempo.
—Espera, é novato aqui?
—Aham..
—Ahm... -A morena colocou a badeja em cima do balcão, fitando com sarcasmo: -Me alimente!

Timmy riu, despejando a sopa em seu prato e em seguida acenando para Quinn.

—Então.. Tim. -Rachel lhe chamou a atenção.
—Fala.
—Você é bem amigo da Minnie, não é?
—Sou, por quê?
—Sabe onde ela está?
—Como assim?
—Ela não aparece desde ontem.
—Não brinca.
—Sério.
—Eu não sei. Ela não tava On o dia todo.
—Ahm... -Ela lhe deu um olhar desconfiado. -Ela não disse nada para você? Se ia pra algum lugar com algum carinha ou algo assim?
—Não, ela não falou nada.
—Mas você estava com ela ontem, certo?
—Sim...
—Que horas foi isso?
—Era de tarde ainda.
—Ah, sei. Despeja mais aí, eu to com fome.

O Garoto assim o fez, evitando contato visual. Provavelmente estava pedindo aos céus que aquele momento simplesmente acabasse.

—Que foi, tá com vergonha?

Ele não respondeu. Mas dava pra ver em seus olhos.

—Querido, posso te falar uma coisa?
—Pode..
—Não tem que ter vergonha nenhuma. Vergonha tem que ter quem é vagabundo. Você tá aqui honestamente, não é?
—Sim.
—Então pronto. Acha que as pessoas vão te diminuir por isso? Magina!
—Certo...
—Olha, não fica acanhado não. Quer que eu vá até aí e ajude você a servir o pessoal? A fila tá grande.
—Não, que isso.. -Riu meio sem graça. -Não precisa.
—Se quiser eu vou hein. Coloco avental e tudo, e nem cobro o serviço!
—Não, relaxa. Isso não me incomoda muito.
—Então o que foi? Você tá com uma cara..
—É que chateia um pouco né. A gente quando imagina o futuro, não pensa que vai estar aqui, servindo as pessoas com quem você tentar se enturmar, como se fosse um empregado ou sei lá. Mas.. o que a gente não faz por amor, né?
—Ahhh... agora tá explicado. Tá tentando levantar uma grana, certo?
—Aham.
—Não fala! Deixa eu adivinhar.. Paul
—Xiiu, fala baixo!
—Qual é, vocês dois vão fugir pra onde dessa vez? Alaska?
—Não tem graça.
—Tim.. você é tão bonitinho. Tão fofo, sério. Não cai nessa não. Aquele ali.. é só papo. Tá enrolando você igual tá enrolando a Clarice.
—Acha que eu já não ouvi isso o bastante? Gente, vocês não entendem. O Paul é.. ele não é daquele jeitão que vocês veem. Ele é diferente. É com quem eu quero passar o resto da minha vida.
—Tá.. não vou debochar de você se é isso que está pensando. É só que, você sempre conta todo feliz que ele vai levar você pra não sei aonde, pra esquiar, pra fazer um monte de coisa, e nunca saem do lugar. Fica só na promessa, sempre.
—É que acontecem imprevistos..
—Eu gosto de você. Você merece coisa melhor. Tem uns gatos no curso de Astronomia que você devia dar uma olhada.
—Tá.. mas até lá. Estou aqui tentando.. fazer alguma coisa para ver se as coisas vão pra frente com o Paul. E pra isso visto até avental.
—É. Eu te entendo. Mas não liga não. Porque ninguém aqui está ligando viu? Podia ser o Papa aí do outro lado e eu ainda sim ia dar na cara dele se não me desse comida. Relaxa, viu gatinho?
—Pode deixar.
—E obrigada. -Sorriu agradecendo pelo prato cheio, dando-lhe as costas.
—De nada... -Respondeu sorridente.

Caminhavam em direção as mesas:

—Coitado, ele sempre foi tão orgulhoso. Provavelmente para ele estar ali... deve estar doendo como a Morte. -Comentou Rachel enquanto procurava um bom lugar para sentar.
—É, e você não ajudou.
—Como não? Dei palavras de apoio.
—É Rachel, mas nem tudo nessa vida é uma ONG para você salvar ou um pobre pra ajudar.
—Nossa.. irritadinha.. que foi? Tá de TPM?
—Ah, não.. esquece. Eu só estou preocupada mesmo.
—Não devia. Pois quando ela aparecer, vamos dar na cara dela. E pode apostar que só pela preocupação que me fez passar, ela vai ter que me dar toda aquela coleção dela de unhas postiças. Já vou avisando.
—Haha! Você é um barato. Vamos sentar aqui? -Quinn apontou para uma mesinha vazia de dois lugares.
—Pode ser.

A menina puxou uma cadeira, e em seguida abriu espaço para que Rachel se sentasse na mesma, e assim ela o fez:

—Obrigadinha.

Quinn se sentou de frente a ela, apoiando os cotovelos na mesa. Sua expressão tensa e pensativa transpareceu desta vez. E Rachel, assoprando a colher, parou antes de levá-la aos lábios observando a amiga:

—Hey, acorda.
—Ahn? -Respondeu Quinn como se voltasse de um transe.
—O que está acontecendo?..
—Nada.
—Nada é o escambau. Tem alguma coisa te perturbando. O que é?
—Nada, Rachel.
—Amore, morderam minha teta. O que poderia ser pior?

Quinn a olhou profundamente, vendo-a comer. Estava tão acabada psicologicamente que nem sequer pensava em outra coisa. Talvez esta noite, se esqueceria até de tomar um banho de tanto que sua mente girava.

—Fala.. -Insistiu Rachel, de boca cheia.

A menina olhou vem volta, percebendo aquele vai e vem de gente se sentando e levantando a todo momento nas mesas ao redor e o escândalo das vozes que passavam umas por cima das outras da qual não era possível entender as conversas que rolavam nas rodinhas. Era tudo barulho, ruídos incompreensíveis. Continuou girando a cabeça por mais alguns segundos, certificando-se de que ninguém escutaria. Até que, na direção das 2 horas, percebeu alguém conhecido olhando diretamente para ela.

Era Daniel, sentado de costas a elas numa mesa um pouco afastada, porém ele se virava constante e descaradamente para vê-la. Nem disfarçava, o imbecil. Toda vez, virava o pescoço, a olhava por cima dos ombros e ria, parecia achar graça em alguma coisa. Mas o que ela poderia fazer? Era Daniel. Ele acharia graça até mesmo numa torrada. Chegava a ser ridículo o modo como ele claramente queria ser notado por ela, sabe-se lá por qual motivo.

Rachel continuava abocanhando a sopa, lambendo os lábios perdendo o foco em Quinn por um instante para se concentrar em sua fome, quando a Menina fez um gesto levantando o queixo, fazendo uma expressão séria como se perguntasse a Daniel "Que é, caralho?"

Ele imediatamente, notara o sinal. O que o fez rir ainda mais. Num sorriso fechado se contendo para não gargalhar. Quinn percebeu como ele estava sentado sozinho ali, sem nenhuma companhia. Geralmente jantava com Edward. Mas dessa vez, nem mesmo janta havia. Estava lá por Deus sabe o motivo, do qual Quinn assumiu que era o de sempre: Ser um babaca e perturbar quem estava ao seu redor.

Ela revirou os olhos de modo exagerado, para que ele visse, e voltou sua atenção a Rachel tentando não olhar mais para o lado, a fim de não alimentar a bobeira dao garoto, forçando-se a não prestar atenção nele.

—Então, amiga..
—Hum?.. -Murmurou Rachel ainda engolindo, levantando a cabeça fitando a amiga.
—Eu não sei se te contei. Mas lembra do que aconteceu na Zeta Beta? Que logo depois a gente, quer dizer, eu recebi aquela foto horrível daquela garota Ashley.
—Hum Hum.. -Rachel gemeu movimentando o indicador fazendo um "Não". Engoliu depressa passando a falar: -Não, não lembro. E você devia "Não lembrar" também. Afinal, isso não tem nada a ver com a gente. Quer se meter em encrenca? Eu não. Então por via das dúvidas, você nunca recebeu mensagem nenhuma.
—Quem dera.. é muito pior que isso. Eu recebi ligações.
—Ligações?


Ela se inclinou para frente falando mais baixinho:

—Rachel, acho que o assassino me ligou.
—Tá doida?
—Queria estar.
—Quinn, corta essa...
—Não, é sério! E não é só ligações, ele fica mandando mensagem. Dizendo que vai matar a mim e vocês, eu estou morrendo de medo.
—Tá morrendo de medo mas não tá fazendo nada a respeito neh? Hoje eu fiquei lá sozinha que nem uma tonta segurando a placa do protesto que a gente tinha combinado no face de fazer, lembra? Todo mundo matou aula hoje pra participar e cadê você? Eu fiquei sem saber o que fazer. Tipo, você é quem sempre sabe o que dizer. Eu monto os planos, você é a mestre em executá-lo e Minnie atrai a atenção de todo mundo. Graças a isso, ninguém me notou ali. Lá estava eu feito uma palhaça sem você, sem Minnie, e pra piorar, o Paul resolveu roubar o Show.
—Tá. Foi mancada, eu sei. Mas presta atenção. Sabe Claire e Edward?
—Eu to comendo. Não to a fim de falar deles.
—Eles já passaram por isso antes.
—Do que você tá falando?!
—Do assassinatos. Rachel eu sei que parece loucura mas acho que estou em perigo. E acho que a Minnie está também!
—Pode parar. Eu não quero ouvir isso. Você á ficando paranoica.
—Me escuta!
—Pra que? Pra você falar sobre aquela maldita da Claire e em como ela foi uma sobrevivente?
—Pera.. você sabia disso?
—Aham... -Respondeu botando a colher na boca.
—Eu nunca estive tão apavorada. To com medo pela Minnie. Eu não sei.. talvez eles possam ajudar.
—Não comece a tratar eles como se fossem Sam e Dean Winchester, ok? Isso é palhaçada. E eu não acredito que você está pensando em ir dar uma de donzela em defesa para minha inimiga mortal. Isso é a maior sacanagem, sabe?
—Tá.. foi um erro.
—Foi mesmo. Eu não quero você perto daquela garota.
—Que seja. Mas, como você sabia sobre o que aconteceu com eles?
—Bem.. eu..

Antes de terminar a frase, Rachel mudou de assunto despistando seu foco da conversa, observando algo ao longe, esticando o pescoço. O que lhe chamou a atenção, parecia acontecer distante, atrás de Quinn, que ao perceber a reação da amiga, disse:

—O que foi?
—O que tá acontecendo ali? -Disse apontando com a colher para trás da garota, que se virou.

A visão que ela teve sobre os ombros, foi a de um atleta caminhando entre as mesas as pressas. Um garoto grande e musculoso acompanhado de mais três colegas, uma menina vestida de líder de torcida e outros dois rapazes vestindo o uniforme da faculdade. Os três passavam tocando as pessoas que estavam comendo nos ombros, chamando-lhes a atenção e dizendo alguma coisa urgente.

—Eita.. o que é? -Quinn não tirava os olhos deles.

Viu o grandão, abaixar-se e cochichar algo no ouvido de uma menina qualquer sentada a uma mesa com um bando de amigos. Conforme ele falava, a expressão da menina mudava de sorridente para preocupada. Assim que ele a deixou e partiu para a próxima mesa, Quinn notou que seus outros colegas faziam o mesmo, passando de mesa em mesa, dando algum tipo de aviso. Era notável como os rostos mudavam e as vozes ficavam mais altas com conversas que pareciam preocupadas ao redor de cada turminha. Não se ouvia mais risos, mas sim murmúrios sérios e olhos arregalados.

—Eu quero saber o que é. -Quinn se levantou num salto.
—Á Vontade. -Respondeu Rachel, sem se importar muito.
—Hey! - Acenou a menina para o grandão, que parou fitando-a rapidamente ao longe, lhe fazendo um gesto de "Espere", pondo-se a cochichar algo na mesa seguinte.

Olhando com mais atenção, Ela notou no canto do refeitório, bem ao fundo, uma mesa rodeada de pessoas em pé perante uma garota que era erguida por um rapaz, também do time de futebol. A menina parecia chorar desesperada, abrindo a boca tossindo feito louca, debatendo-se no colo do rapaz que a segurava com dificuldades. De olhos lacrimejando e aparentando estar com falta de ar. Quinn não teve dúvidas de que algo muito sério estava acontecendo. Sua tensão cresceu conforme seu coração parecia dar socos contra seu peito. Logo, um bando de gente começou a se levantar se deus lugares, berrando palavrões e fazendo caretas. Não dava para entender o que eles diziam, eram dezenas ou talvez centenas de vozes uma só vez, e expressões agoniadas, tosses naquele caos que iniciava sem motivo aparente, co estudantes levantando aos sustos empurrando suas cadeiras de modo veloz para trás, saltando de seus lugares como se o próprio diabo tivesse aparecido diante deles.

Aquela barulheira lhe consumiam.. Olhava em volta em completa tensão sem mover sequer um dedo, quando de repente.. um grito agudo feminino atravessou o refeitório. Longo, histério e coberto de terror. O Grito estridente fez surgir um silêncio mórbido que calou todas aquelas vozes parando imediatamente a correria entre as mesas que havia se iniciado de modo súbito! O Grito terminou seguido por uma pancada também aguda e metálica de um garfo ou colher atingindo o chão. O que veio depois, o susto que arrebatou os estudantes com o som de uma das tigelas se espatifando no chão.

Quinn procurou com os ouvidos de onde tinha vindo tudo aquilo. Deu uma volta de 360º em torno de si mesma, nem percebendo como Rachel estava estática, paralisada na mesa olhando para o nada. Seu olhar foi fixo e na mira! Avistou uma garota gordinha ao lado do prato espatifado e da poça de sopa sob seus pés. A mesma estava vermelha como um pimentão, parecendo engasgar ao tossir sem parar. Era assustador, ela estava passando muito mal porém ninguém se aproximou para ajudar.

—Arh! Rrrhha! -Tentava limpar a garganta perdendo todo o fôlego que tinha. Até que em meio as inúteis tentativas, a gordinha caiu de joelhos, forçando o vômito com ânsias altas que ecoaram por todo o refeitório atraindo olhares assustados e silenciosos que pareciam assistir horrorizados, como se soubessem do que se tratava.

—Oh meu Deus... -Disse Quinn embasbacada ao ver algo saindo da boca aberta da garota que desejava mais que tudo no mundo, vomitar. Era preto, e espesso. A mesma levou as mãos até a boca, puxando a coisa, ou que quer que fosse para fora. Um chumaço de cabelo que havia entalado em sua garganta. O puxava numa linha reta como um palhaço de circo que retira fitas gigantes da garganta... parecia não acabar nunca, e ânsia de vômito da garota só ficava mais alta. Puxou.. puxou.. chorando em desespero sem conseguir respirar, até que acabou. O montinho de cabelo caiu no piso todo enrolado e babado sob a poça de sopa. O interessante não era como a menina respirava em alívio após tossir feito um fumante ao retirar aquilo de si, mas sim o que acompanhava a nojeira agora espalhada no chão. Um líquido avermelhado, que envolvia os fios grossos e embaraçados de cabelo, o líquido que Quinn pode notar com completo horror misturado com os restos de sopa no chão...


—Ah!!!!!!!!!!!! -Mais um grito histérico se deu em algum canto. Desta vez, provocando o caos com todos os estudantes presentes no recinto gritando de uma vez só. A correria começou subitamente, de um modo onde pessoas tropeçavam, batiam sem querer contra mesas, davam de ombros e empurrões desesperados em fuga. Cadeiras foram arremessadas e berros tanto femininos quanto masculinos preencheram o local. Todo aquele povo correndo esbarrando em tudo que era coisa numa revolta que Quinn até hoje só viu no cinema.

Coberta de nojo sem saber o que fazer, permaneceu parada até ser atingida por uns dois ou três garotos que nem se importaram em desviar dela.

—Ah!!! - Com um grito, Quinn foi arremessada ao chão caindo quase de cara no piso, impedindo de bater o rosto num reflexo rápido onde usou as mãos para amortecer a queda. Teve sorte de não ser pisoteada. Os estudantes a pulavam para continuar a correr. O Refeitório havia se transformado num cenário de "Guerra Dos Mundos". Impossibilitada, e também com medo de se levantar e acabar sendo atingida novamente, colocou as mãos sobre a cabeça torcendo para não ter a mesma esmagada por tênis de marca, escorregadas e trombadas que os estudantes apavorados davam uns nos outros. Tendo visão apenas das pernas de Rachel, do joelho para baixo, ela observava o que podia ali estirada no chão vendo por debaixo de mesas e cadeiras os passos rápidos da correria, os sons de pessoas vomitando e os estudantes que caíam, se machucando ou apenas perdendo o equilíbrio ou a noção de espaço nos estreitos corredores entre uma mesa e outras, essas que eram tombadas, empurradas e causavam o congestionamento humano feito barreiras indesejáveis dos fugitivos.

—Rachel?!!! -Berrou ela. -Rachel?!!!

A mão de Rachel desceu por debaixo da mesa. Aliás, não desceu... caiu. Parecia mole, como se seu braço tivesse perdido as forças. Quinn viu a mão da amiga, estava mole e suja com o caldo. E ficou completamente tomada por pavor, ao reconhecer o que ela segurava entre os dedos: Uma pulseira dourada e fina, coberta de sopa.. Os dedos de Rachel pareceram desistir, deixando a correntinha escapar por entre eles, caindo no chão ainda quicando umas duas vezes próximo ao rosto de Quinn, que tampou a boca soltando um grito abafado e choroso, mas nem de longe menos desesperado que os demais. Aquela pulseira, era de Minnie.

—Ahhh!!!!! Rachel!!! -Berrou mais uma vez, quando de repente... Rachel tombou para o lado, caindo pesadamente no chão desacordada batendo com a cabeça no piso e tudo. Desmaiou mole de uma vez só, sendo acompanhada pela cadeira que cedeu com seu corpo tombando junto na mesma direção. Mas Rachel não caiu sozinha, levou consigo a tigela de sopa, que se esparramou pelo chão espirrando inúmeras gotas por todo o rosto de Quinn, que nem piscou. Berrou o mais que podia estremecendo-se no chão, sacudindo a cabeça em negação exclamando terror com toda sua força.

Uma massa redonda e aparentemente pegajosa rolou por cima da sopa esparramada, vindo na direção da garota aos berros. Aquilo havia estado na tigela... e parou a poucos centímetros das bochechas vermelhas como pimentão e das lágrimas de Quinn, que não parou de gritar um segundo ao ser encarada por aquela coisa.. coisa essa que ela conhecia muito bem. Um olho castanho claro coberto por caldo que a fitava frente a frente. Gosmento e com os riscos vermelhos traçados pelas veias que um dia lhe trouxeram vida.. o olho.. que um dia pertenceu a Minnie Sambers..

—AAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!!!!!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Hahaha sei que pra algumas pessoas esse tipo de coisa pode ser "Demais para aguentar", mas se você já encarou a primeira temporada, é porque sabe no que está se metendo, né? kkkkk De qualquer jeito, desculpe pela nojeira kkk mais foi necessário. Afinal, isso é uma história de horror, não? kk Obrigado gente, por favor, comente o que achou! Amo vocês!



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