Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Primeiro Episódio de "Scream - Survival 2". Mantendo, e ao mesmo tempo inovando as regras do terror, aqui vai a cena de abertura com o mesmo gostinho dos filmes "Pânico". Muito obrigado por ler, espero que goste!



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Era com os faróis acesos que o carro encontrava seu caminho na escuridão. Já passaram das 22:00 horas da noite e toda a faculdade permanecia num silêncio mórbido. Talvez pelas regras rígidas de "Nenhum estudante perambula por aí a noite, não no meu turno!" dada pela Chefe de segurança do local, Reese é que a calmaria era tão grande. O Carro, como um rato discreto, um verdadeiro gatuno percorria não rapidamente pela "Rua" de asfalto preto como breu que servia para traçar os caminhos de um prédio ao outro da faculdade, passando por entre eles. Estamos em Pendleton College, uma das mais prestigiadas instituições de ensino superior do Estado de Ohio. A primavera, que deixava a noite agradável, nem muito quente, nem muito fria era perfeita. O Jovem temia acelerar demais o carro enquanto passava pelo amplo pátio, onde a única coisa que lhe permitia ver os grandes prédios antigos, que mais se pareciam com catedrais góticas a sua volta eram as luzes dos postes que enfeitavam Pendleton, as mesmas luzes que revelavam as silhuetas árvores espalhadas pelo gramado raso, exibindo suas sombras. O Colégio, que parecia estar dentro de uma cúpula, vivendo em seu próprio mundo, sendo sua própria "Cidade" de certo modo, era uma barreira impenetrável do mundo afora. Mas isso não vinha ao caso, já que o problema estaria vindo de dentro. O Casal conversava dando risadas bobas. O Garoto que dirigia, Carl ficava atento à sua volta de vez em quando, só para o caso de não haver nenhum membro da segurança pronto para confrontá-los com discursos intermináveis sobre como já está tarde e que isso não é hora de chegar. A menina no banco do passageiro, Gigi, volta e meia desviava sua atenção do celular para continuar o papo:

—Foi ridículo! Fala a verdade.. admite.. você também acha que foi ridículo. -Dizia ela sorrindo, não acreditando na opinião de seu namorado sobre o filme que acabaram de assistir no cinema.
—Ah.. -Disse ele, jogando a cabeça para o lado fazendo bico. Não entendia praticamente nada de cinema. Para ele, monstros gigantes e lutas bem encenadas já eram motivos de aplausos. -Não achei ridículo.. na verdade.. fiquei até assustado.
—Ah.. por favor! Qual é! Um fantasma que brinca de cabra cega? Você deve estar brincando.
—Afff... -Suspirou o rapaz. -Lá vamos nós de novo. O que há de errado desta vez, Senhorita Gigi? -Perguntou ele sarcástico, já esperando pelo sermão que a namorada fanática por filmes de terror costumava dar.
—Bem.. pra começar...

Carl revirou os olhos discretamente ao ouvir o "Pra começar". Isso significava duas coisas. 1 - Ela só estava começando, o que o lembra de longas... longas discussões sobre filmes que ele não entende. E 2 - Que ela faria de tudo para convencê-lo mesmo ele não estando por dentro de nada do que ela dizia, e que no fim de tudo não saberia opinar e iria apenas concordar com a cabeça.

—Bem.. pra começar.. -Ela pigarreava como uma verdadeira professora, pronta para ensinar o aluno mais burro da classe. -Assistimos "Invocação do Mal".. que, supostamente é baseado numa história real. Coisa que eu não engoli por nem um segundo. E Sabe por quê?
—Por quê? -Indagou em tom desmotivado, ainda que tentando disfarçar seu desinteresse.
—Olha só... Não teve nada de novo naquela birosca. Para falar a verdade, foi o filme de terror mais clichê o possível! Uma família sem muda para uma casa assombrada. Tem 100 filmes assim. A Criança é a primeira a notar coisas estranhas e logo vira brinquedinho da assombração, de novo, tem 100 filmes assim. Depois, o filme começa a apelar pra um drama familiar pra dizer "Sim, esse roteiro tem coração, não é só um filme de terror", coisa que, de novo, todo santo filme de casa assombrada tenta fazer e pra falar a verdade, quando o povo sai do cinema nem se lembra do nome da família. Eram os Smith? Ou os Lady Gaga? Viu? Ninguém se importa, por mais que eles tentem. Depois, temos a cena do fantasma brincando de cabra cega.. patético. E falando nisso, esses fantasmas ficavam pulando toda hora na frente da câmera só pra dar um susto com barulho alto para evitar que o público dormisse durante a sessão! Credo.. outra coisa, é que as primeiras atividades paranormais vinham todas do closet do quarto da menininha.. ahm, hello??? Nunca viram POLTERGEIST - O FENÔMENO! Chega de Closet assombrado gente, cansou! POLTERGEIST fez isso primeiro, e depois dele.. a coisa só ficou cansativa com tantos filmes tentando imitar. Sem contar o plágio né, porque de criatividade esse filme não teve é nada! Sabe aquela cena em que aparece o fantasma de uma mulher com os pulsos cortados gritando: '"Olha só o que fulano me fez fazer!!", então.. no filme "O SEXTO SENTIDO", que aliás é um ÓTIMO filme de terror, você devia ver, tem uma cena IGUALZINHA onde um fantasma de um mulher aparece do mesmo jeito, com os pulsos cortados e tudo, gritando a MESMÍSSIMA frase! Sério, isso é plágio cara! E depois a entidade lá quer possuir a mãe da família, sobe em cima dela na cama e vomita um treco nojento nela e pronto, ela começa a manifestar a "Presença". Desculpe, mas aquela cena foi OBVIAMENTE copiada de "Arraste-me Para o Inferno" há uma cena igual lá e a mesma coisa acontece com a personagem, que até começa a apanhar do demônio no filme.. gente.. criatividade zero. Sem contar que, tem tantos fantasmas no filme sem motivo algum! Para que tinha o fantasma daquele garotinho? Para que tinha o fantasma daquela senhora de pulsos cortados? Pra que tinha aquela gorda mal maquiada no ato final? Para nada! Eu te falo o porque, só pra poder dar um susto besta no público.. aqueles fantasmas não servem de nada para a história e estão lá só pra assustar as adolescentes que vão histéricas para o cinema... Jesus Cristo.. tem outras cenas ali que também foram copiadas de outros filmes, um deles é "A Casa das Almas Perdidas", dos anos 90, se você assistir aquilo, vai o tamanho da cara de pau de "Invocação do Mal". Tem outros filmes também que ele copiou mas se eu falar todos vou passar a noite aqui nesse carro com você.

O Garoto já começava a bufar baixinho enquanto fazia uma curva para a direita, apenas concordando com a cabeça a tudo o que ela dizia. Volta e meia espremia os olhos fingindo estar entendendo as referências e filmes que ela falava sobre, filmes que ele nunca tinha visto. O Conhecimento de Carl para com filmes de terror, era equivalente ao de uma pessoa que viveu a vida inteira embaixo de uma pedra.

—E mesmo com tudo isso, toda essa cara de pau de copiar TUDO o que já foi feito em filmes de casa assombrada, o filme ainda tem a audácia de dizer que é "Baseado numa história real"??? Meu Deus.. troca minhas fraldas, porque aparentemente eu nasci ontem! James Wan... o cara que repete os clichês e atrai multidões.. não sei como isso acontece, mas também não sei como Hitler virou líder de um país, então.. única explicação: Ou as pessoas não ligam.. ou são cegas. Ou talvez sejam as duas opções. Enfim, Invocação do Mal.. patético.

"No meu caso, eu não ligo" - Pensava Carl, sem coragem nenhuma de falar tal coisa em voz alta perto de Gigi, que já voltava sua atenção para a tela do celular, enquanto enrolava o cabelo no dedo indicador. Aquele cabelo loiro cacheado nas pontas era seu brinquedo durante o tédio. O Silêncio que se fez no carro incomodava. Mas Carl continuava dirigindo mantendo seu foco à frente, conforme a rua se mostrava ao ser iluminada pelos faróis, metro após metro. Passar por ali a noite naquele breu, era como se nenhuma estrada existia, até que finalmente o asfalto aparecia "Magicamente" cada vez mais mostrando o caminho. Ao longe, a vista por cima dos prédios da faculdade, o carro era um mero vagalume em zigue e zague entre as árvores.

—Que é?.. -Gigi questionou fria, ainda com os olhos grudados na tela do telefone. -Você não vai falar nada?

Carl virou o rosto a ela rapidamente esboçando um sorriso bobo, não tinha ideia do que dizer. O que poderia ele, um leigo em cinema dizer para aquela fanática que amava Wes Craven com se ele fosse seu Messias? Percebendo que ela ignorou completamente, mas talvez sem saber aquele sorriso bobo de Carl, o garoto tornou sua visão para a direção, segurando o volante com apenas uma das mãos, enquanto a direita, ia de encontro a coxa de Gigi. Sentindo o toque que lhe arrepiou totalmente, a menina já sem vontade nenhuma de falar sobre filmes, queria somente que aquele carro quebrasse antes de chegar ao estacionamento para que ela pudesse montar em cima de seu namorado ali mesmo. Passar a noite dentro do carro.. fazer dele seu motel. Quebrar os bancos e embaçar as janelas de paixão. Essa era sua meta. Aquele toque, poderoso, que lhe apertava a coxa levemente... e de repente.. o celular já não mais existia. Essa era Gigi, espontânea, cheia de energia.. e lotada de ideias rápidas e consequentemente absurdas. Agora sorrindo de cabeça baixa, volta e meia olhando para o lado fingindo que não sentia aquele toque delicioso ela encarava ao seu lado a janela fechada do carro, que não lhe revelava nada além da escuridão.

—Que é? -Perguntou Carl, imitando o tom de voz de Gigi à pouco, cínico. -Não vai falar nada?!

Ela não segurou a risadinha natural. Imediatamente colocando sua mão sobre a dele, subindo-a aos poucos até sua virilha.

—Safado. -Disse ela com a língua entre os dentes.
—Eu? Como se eu estivesse fazendo isso sozinho.

A Carícia ameaçava ficar mais séria, a mão de Carl já apertava a parte de dentro da coxa de Gigi, que encostou a nuca no apoio do banco, quase deitando-se vagarosamente... mostrando que queria estar deitada e fazer uma festinha bem ali.

—Viu só? -Carl disse dando uma leve sacudida na cabeça, afim de tirar da frente a franja que lhe quase lhe cobria as vistas. -O Tempo que a gente perde discutindo.. podíamos estar transando.
—Nessa eu tenho que concordar.. -Gigi respondeu com voz sonolenta, quase gemendo como uma cliente numa mesa de massagem. -Hey... -Ela o chamou baixinho fitando-o de lado.

Não houve resposta, o mocinho continuava dirigindo, tentando se virar com uma mão só no volante agora avoado sem nem ter prestado atenção a voz de sua namorada.

—Psiu! -Ela tornou a chamá-lo, desta vez em expressão descontente.

Levando o olhar de encontro a ela, os dois se entre olharam naquele segundo sem dizer absolutamente uma única palavra. Com os lábios, Gigi fez muda: "Eu te amo". E "Eu também te amo" foi a resposta muda que recebeu de Carl.

Agora contente de novo, desviou o olhar fingindo estar desinteressada. Era um truque que ela usava para fazer o garoto sentir ainda mais tesão, e querer "Cruzar o farol" ao ver sua falsa resistência. Ela aguardava silenciosamente para que ele parasse o carro, coisa que ele ainda não fazia. Cada segundo a deixava numa impaciência difícil de controlar. Com um suspiro, fixou seu olhar adiante na estrada conforme Carl se perdia admirando seu rosto, que por debaixo da doçura, escondia os mais inesperados pensamentos obscenos e excitantes...

Foi quando os olhos de Gigi pareceram encontrar algo que lhe fisgaram a atenção. Repentinamente, se arregalaram conforme a garota deu um pequeno pulo para trás se sacudindo no banco:

—Pare o carro!! -Gritou ela obviamente sofrendo de susto.

O Menino se voltou para frente com tudo, abandonando a vista que tinha dos olhos "Distraídos" de Gigi para ver o que a fez ter tal reação, ficando ele mesmo assustado com o pavor repentino que se abateu sobre ela, ele agora experimentava o mesmo susto ao abrir a boca em expressão de pânico, metendo o pé do freio violentamente. O Som dos pneus dando uma leve derrapada no asfalto, e o chacoalhar do carro naquela parada brusca alimentaram a chama do medo quando os olhos do casal contemplou o vulto negro que velozmente acabara de passar correndo na frente do carro vindo da esquerda para a direita, desaparecendo adiante em questão de segundos feito uma assombração.

O Carro, agora parado também parecia uma vítima sem ação. Levando as rajadas de vento que mandavam para o pára brisas algumas folhas caídas das árvores que pousavam na capota do veículo.

—Meu Deus! - Gigi ainda parecia assustada. Tudo aconteceu tão rápido. Foram pelo menos 2 segundos imprevisíveis que lhe pegaram de surpresa, e não do jeito que ela gostava. -O que foi isso?!
—Eu não sei.
—Não era pra ter ninguém por aí a essa hora.
—Olha só quem fala... olhe para nós.
—Besta!... Quem era? Deu pra ver?
—Não.. -Carl inclinava a cabeça chegando perto do rosto de Gigi, que tentava observar o que poderia haver do outro lado da janela, mas apenas a escuridão lhe encarava de volta. O Rapaz então se colocou mais perto, quase encostando o rosto no vidro, que já começava a embaçar com o hálito dos dois que respiravam pesadamente, ainda se recuperando do susto de quase ter atropelado uma pessoa. -Eu só vi uma coisa preta... -Disse ele balançando a cabeça tentando ver alguma coisa.
—Ai credo.. que medo.
—Ué.. não é disso que você gosta? -Perguntou ele sarcástico.
—Eu gosto é de homem que...
—"Que"...?
—"Que" nada. Esquece.

Bastou uma virada de pescoço, um olhar de Gigi para que Carl tirasse do rosto do sorriso idiota que estava quase lhe preenchendo a face.

—Credo, desculpe. -Disse ele se afastando, retornando a sua posição no banco do motorista, levando consigo a mão que antes pousava sobre a coxa da garota, que, Bufando de raiva e ainda um pouco nervosa pelo ocorrido, não respondia, apenas revirava os olhos.
—Não acredito! -Reclamou ela.
—O que foi?
—Isso é coisa sua não é?
—Do que você tá falando?
—Você mandou o Evan vir dar um susto em mim.. por causa que a gente foi ver um filme de terror?
—Você está louca?
—Hahah!! -Gigi esboça uma gargalhada histérica. -Não creioo... você é um filho da puta, sabia?

Carl apenas observava sem entender nada, a risada alta da namorada que provavelmente estava adorando a situação.

—Eu hein.. fumou o quê Gigi? Eu não fiz nada não.

Tentando para o riso quase com um engasgo, Gigi levou a mão ao peito para recobrar o fôlego:

—Carl.. amor.. desculpa.. mas vai precisar de muito mais que isso pra me assustar. Mesmo assim.. adorei. Muito bem bolado! O escuro, a estradinha da facul, sério... amei! -Ela dizia eufórica como uma criança na Disneylândia. -Você devia armar uma dessas mais vezes.. eu adoro me sentir em "Situações de perigo".
—Gigi... eu tô falando, e você não tá me ouvindo... eu não bolei nada.
—Aff... tá estragando o clima, sabia? Não precisa mais atuar.

Rapidamente, ela já tascava a mão no botão na lateral da porta, abaixando o vidro, que desceu revelando as sombras das árvores.

—Evan!!! -Berrou a garota. -Adoreeei!!!

Colocando a cabeça um pouquinho para fora, ela procurava com o olhar o garoto a quem chamava, enquanto Carl apenas fitava a vista afora, ainda desconfiado.

—Gigi, abaixa esse vidro, não era o Evan.
—Evan!!!! Cadê você meu filho?!! -Gritava ela olhando para os lados, esperando que o garoto saísse risonho de trás de alguma árvore.
—Abaixa esse vidro Gigi! -Carl exaltou voz.
—Xiiiiu... acho que vi alguma coisa... -Disse ela inclinando a cabeça para frente, ouvindo atentamente um farfalhar entre os galhos e pequenos estalos da noite.
—E se for um assaltante?! Fecha essa janela, garota! Vou ter que falar de novo? - Carl já estava grosso, estúpido.. o medo o deixava uma pessoa completamente diferente.

Gigi meteu o dedo no botão, fazendo o vidro subir novamente, encarando sua "Alma gêmea" com desgosto:

—Não fale assim comigo. Tá perdendo a noção do perigo?!
—Desculpa..
—Desculpa é o caralho. Tá pensando que eu sou o quê?
—Gigi, você está..
—Cala a boca! Eu não quero mais ouvir mais nada. Não quero mais filme, não quero mais sexo, e não quero mais olhar sua cara hoje! Eu não sou uma cadela para você gritar comigo e me dar ordens!
—Calma! Foi um mal entendido, eu não tinha a intenção...

Antes que ele pudesse completar a frase, a garota já estava abrindo a porta furiosa, descendo do carro as pressas sacudindo os ombros tentando impedir que as mãos dele a segurassem:

—Gigi!!
—Sai!
—Volta aqui, caramba!

Ela deu o primeiro passo a frente, deixando o carro para trás, fingindo que a situação atrás de si não existia.

—Hey! Não posso deixar você ir sozinha até sua fraternidade!
—Devia ter pensado nisso antes, babaca!
—Gigi!

Ela continuava em passos rápidos, fingindo não estar ouvindo Carl implorar de arrependimento, nervosa com a mão trêmula. O Som da porta do carro se abrindo atrás da garota se fez, Carl já corria em sua direção com um olhar preocupado.

—Espera!
—Aff, vai me seguir agora? -Disse ela sem olhar para trás, continuando a caminhar cheia de raiva.

Gigi ouviu os passos dele se aproximarem, Carl aparentemente vinha correndo. A Mão do garoto pousou em seu ombro esquerdo com tudo, puxando-a para si fazendo com que ela girasse, ficando de frente a ele.

—Me larga!
—Pare! Volte para o carro... -Ele de repente estava com espanto na voz, falando mais baixo. Gigi acompanhou seu tom de voz calmo respondendo:
—Se você não me soltar AGORA, eu vou começar a gritar...
—E deveria... Gigi.. anda devagar.. vem pra cá... vamos pra dentro do carro...
—O que há com você? -Perguntou sem entender o que se passava no olhar assustado do garoto de franja, que rapidamente balançou a cabeça para frente apontando uma direção.

A garota se virou de costas a ele, procurando a direção que ele apontava, foi quando se deparou com aquilo. A uns 10 metros a frente, iluminado por uma das lâmpadas de um poste de onde aquilo estava bem debaixo.. estava uma figura negra. Totalmente encapuzada da cabeça aos pés. O Manto negro aterrorizante parecia não se mover, mas aquele rosto... ou melhor, aquela máscara.. era reconhecível. A figura do fantasma pendeu a cabeça para a direita de modo curioso. Estava com certeza encarando os dois. Gigi lentamente impulsionou o braço esquerdo para trás. E naquele segundo, Carl já pegou a mão da garota com agilidade, forçando-a a dar passos para trás em expressão desconfiada. Gigi franzia a testa fazendo cara de dúvida, mas não escondia a tensão que a pegou de surpresa:

—O que é isso?... -Sua voz saiu baixa e um tanto tensa, porém ainda com um certo tom de raiva que mantinha por Carl.
—Eu não sei. -Ele a puxava, tentando ao máximo afastar a si mesmo e sua namorada daquela figura tenebrosa.
—É o Evan?... - Ela perguntou esperançosa, como queria que tudo fosse um trote.
—Não Gigi, não é o Evan.. continua andando..
—Tá bem... -Ela respondeu engolindo seco, apressando os passos para trás.
—Vem... vem, vem, vem! -A voz de Carl foi ficando cada vez mais intensa a cada chamada, junto com seus passos que se aceleravam, motivo do tal desespero, os passos vagarosos que a figura começou a dar em direção aos dois.


Gigi não dizia uma palavra, congelada por dentro teve um último deslumbre daquela figura fantasmagórica segundos antes de se virar completamente para correr. Era ali, que o casal se separou cada um correndo para um lado, contornando o carro. Ela foi direto na direção do banco do passageiro e Carl no do motorista. Essa corrida conjunta acelerou seus corações de tal forma que o cheiro da adrenalina pairava no ar. E então, dois baques ao mesmo tempo se deram, com as portas, uma de cada lado sendo fechadas pelo casal em pânico.

Carl já espiava pelo retrovisor ajeitando-o para ter um ângulo melhor. Tenso, respirando ofegante.. se movia sozinho no banco, como se não conseguisse de modo algum ficar parado no lugar.

—O que está acontecendo? -A menina estava a ponto de ficar histérica.
—Eu não sei... -Ele respondeu tentando tomar o fôlego, arregalando os olhos ao perceber a vista que tinha no retrovisor.
—O que foi?! - Gigi ficou histérica ao vê-lo se virar para trás tão rápido.
—Ele não está lá. -Carl mantinha a respiração pesada. Agora diante dos olhos enormes da namorada que a qualquer momento poderia "destrambelhar" um "Ataque", ele não sabia o que fazer.
—Você é um covarde, sabia?!
—Eu?!! - Perguntou ele incrédulo.
—É! Que ideia é essa de correr?! Você devia se por a frente meu querido, mostrar que é macho, me proteger sei lá!
—Olha só quem fala, aquela que viu a máscara e na hora deu a mão pra mim!
—Você pegou minha mão!
—E você veio junto correndo!
—Isso, é hora de correr!
—Então vamos!

A Mão do rapaz apressadamente alcançava a ignição, onde nada encontrou. O Desespero bateu forte. Os dedos dele passavam desesperados.. não sentiam as chaves do carro que deviam estar na ignição e seus olhos não a viam.

—Merda!
—Não vem com "Ai merda" para cima de mim não, te meto a mão na cara! O que foi?

Ele a encarou com um olhar temeroso:

—A chave...
—Sem essa! Não acredito que você deixou a porra da porta aberta, qual é cara?!!
—Eu fiquei preocupado com você caralho, é assim que você retribui?
—Ah!!!! -Um grito desesperado saiu de Gigi com ódio ecoando dentro do carro conforme ela batia nas próprias coxas para demonstrar sua raiva. -Mas você é um inútil mesmo!!! - Ela exclamou entre os dentes raivosa com Carl dando-lhe tapas fortes no ombro.
—Ai!
—"Ai" nada! Cala a boca!

A menina não teve tempo nem de dar um suspiro, quando o carro chacoalhou repentinamente com um impacto!

—Ah!!!!! -Gritou ela em tom agudo.
—Wow!! -O rapaz exclamou se segurando no banco olhando para cima.

O Veículo balançou como se tivesse sido atingido por alguma coisa. O Som da lataria do carro rangendo fortemente e de modo repentino assustou os dois pombinhos como nunca antes, mas tirando a balançada, foram os sons de pancada e um "Raspar" que se seguiram ao mesmo tempo que lhes preocuparam. O olhar fixo de Carl para o teto do carro o fizeram dizer gago:

—Em... e.. em cima....

Gigi levantou a cabeça lentamente olhando para o teto sem dizer uma palavra. Apenas sua respiração estava presente.

—Em.. cima do carro.. -Cochichou Carl.
—O que vamos fazer?... -Perguntou ela pensando se deveria correr para fora.

Não houve tempo para pensar, uma vibração se fez no bolso da jaqueta da garota. O Celular tocava.

—Gigi... Tranque a porta!

Sem pestanejar ou argumentar, a Loira se virou metendo o dedo no botão, ouvindo o "Click" da porta travar dando um suspiro de alívio. Carl fez o mesmo quase que imediatamente empurrando o pino de sua janela para baixo.

—Ai.. saco! -O Celular não parava de tocar. Passando a mão nos cabelos, ela o retirou do bolso da jaqueta fitando a tela que dizia "Número Desconhecido".

—Você vai atender? -Carl a olhava tenso.
—Eu não sei.
—Atende, peça ajuda.
—OK!

Deslizando o dedo na tela, Gigi tomou uma ação que ela nunca imaginaria... o jogo se iniciou.

—Alô? ! - Exclamou ela.
—Alo, Gigi. -A Voz rouca e arrastada respondeu calmamente do outro lado.
—Quem é?
—Um casal.. uma estrada escura.. um carro que não vai funcionar.. qual é, as pessoas já viram isso antes não acha?

A expressão no rosto da garota mudou, ficou estática de boca aberta.

—Gigi, o que foi?! -Carl já estava ficando louco
—Xiiu! -Ela proferiu colocando o indicador contra os lábios. Tampou um ouvido e retornou a prestar atenção na voz. -Ahm... -Gaguejava, por sinal. -Ah.. ahm.... quem é?
—Isso é clichê. -A Voz continuava. -Previsível.. vocês podem dar algo muito melhor que isso, sabia?
—Cara, do que você tá falando?
—Gigi, coloca no viva voz, cacete!

E assim ela o fez. Atendendo ao pedido do namorado, retirou o aparelho da orelha clicando na lateral do celular, agora a voz saia pelo alto falante:

—Estou falando das regras do terror... o clichê atrai desgraça. Posso dizer que foram vocês que me atraíram até aqui. Agora, é hora de continuar a cena.
—Do que ele tá falando?!
—Carl, cala a boca!
—Isso mesmo, Carl.. cale a boca. -A Voz respondeu calma em deboche. -Deixe os adultos conversarem. Então, Gigi... você sabe o que eu sou.. não é?
—Sei...
—E você sabe o que eu quero.
—Quem é ele?!! O que ele quer?! -Berrou Carl.
—Eu quero jogar. -Respondeu o ser incógnito. -O jogo se chama "Survival", e nele.. vocês serão os protagonistas.
—O que devo fazer? -Gigi parecia entender o tal maluco, o que tornava tudo ainda mais suspeito. Ela o respondia com total conhecimento do que estava acontecendo. A Mente de Carl estava de ponta cabeça, teria ela algo a ver com isso?
—O jogo é simples. Se vencer, você vive.. se perder... bem, você já sabe o resto da frase.
—Desliga esse celular agora! -O garoto gritou de raiva.
—Se ela desligar o telefone eu mato os dois antes que possam dizer "Tchau"!
—Amor... por favor.. tenta ficar calmo...
—Você é louca?! Quem é esse cara?! -Ele já estava com lágrimas nos olhos. O Jovem era de fato um covarde.
—Tenta cooperar.. por favor... -Ela implorou. Deixa que eu cuido disso.

Retornando sua atenção ao telefonema, Gigi continuou:

—Quais são as regras?...
—Essa é a questão. Você deve quebrá-las...
—Como assim?

Carl já passava a mão entre os cabelos, descendo os dedos até os olhos, limpando-os com o molhado que já se acumulava.

—As regras do terror. Vocês deverão fazer o que eu disser. Já se deram ao trabalho de andar por uma estrada escura sozinhos... o resto é com vocês.
—Ai meu Deus... -O ar parecia que não entrava nos pulmões da mocinha, que se abanou freneticamente.
—Regra número 01.. "Você nunca pode fazer sexo".... podem começar.
—O quê?!
—Ah.. não.. não -Carl dizia trêmulo. -Gigi, amor... não.. desligue esse telefone agora!
—Você ficou louco?! -Retrucou ela a voz misteriosa. -Quer que eu transe com ele AGORA?
—Sim. -Respondeu o sádico.
—De jeito nenhum! -Ela bateu o pé.
—E lhes dou 5 segundos para começarem a brincadeira... ou eu vou começar a minha.


Carl, em velocidade feroz, tomou o aparelho celular da mão da loirinha berrando no viva voz:

—Escuta aqui seu tarado psicótico! Eu não vou fazer o que você quer!!!

A Menina não teve palavras para reagir a ação repentina de seu namorado. Apenas o fitou espantada, nunca o tinha visto assim, com as veias do pescoço saltando. O rosto avermelhado de nervoso e os respingos de saliva que saíram de sua boca ao gritar com tanta raiva e medo para aquele celular.

—Carl.. o que você fez?... -Disse ela tomando expressão de desesperança.
—Eu fiz alguma coisa!
—Sua escolha... -Respondeu a voz, desligando logo em seguida.

Com os bipes de "Ligação Caída" que o celular emitia, Gigi proferiu lenta e pavorosamente:

—Você acabou de matar a nós dois...

Carl, aquele verdadeiro bebê em corpo de jovem adulto, não teve tempo nem para responder quando o susto os atingiu como um relâmpago. Foi repentino o som de um forte raspar no teto do carro, que balançou para os lados sob os gritos desesperados do casal, que tremeram em terror ao ver que uma lâmina havia perfurado o teto do carro bem no meio, entre o banco do motorista onde Carl bateu a nuca contra a janela, e o banco do passageiro em que Gigi por sua vez, abaixou-se de olhos arregalados berrando contra a faca que atravessara a lataria sob sua cabeça. Ela se agachava em Pânico tentando manter total distância daquela coisa reluzente, que ameaçava perfurá-los colocando as mãos na frente do rosto.

—Ah!!!!!!! -Berrava Gigi, como nunca antes!
—Ai cacete!! Pare!! Pare!! Pelo amor de Deus pare com isso!! - O Covarde em Carl tomou conta.

Seus esforços em pedir clemência pareciam não funcionar, quando rápida como uma bala, a faca foi retirada daquele vão deixando para trás uma fina fenda como prova de sua perfuração, já golpeando novamente o teto do veículo, desta vez bem em cima de Carl, que abaixou-se em espanto aos gritos. Era preciso força tamanha para fazer aquela faca perfurar tão bem a lataria e o forro do teto, mas isso não parecia um problema para quem quer que fosse que estava em cima do carro. Os solavancos e sacudidas continuavam, aquela minúscula lata com rodas fazia do casal peixinhos indefesos num aquário sendo jogados de um lado para o outro, lutando para se segurarem.. lutando.. para sobreviver. O assassino estava se divertindo com isso, ficava claro com o modo que ele remexia a lâmina de uma lado para o outro como se tentasse encostá-la em Carl logo após perfurar o teto. O Garoto se esquivava como se isso fosse adiantar. Nem de longe a lâmina o acertaria, era pequena devido a distância que o rapaz estava do teto mantendo-se abaixado encolhido feito uma criança, mas era esse medo que aumentava a temperatura da diversão de um assassino impiedoso. Era esse seu combustível, o Medo...

Gigi não se conteve. Sacudindo-se de medo encolhida embaixo do porta luvas, ela mal percebeu quando seus braços instintivamente se esticaram. Os dedos escorregadios acabaram abrindo a porta. Em um ou dois segundos, a loirinha já se tacava para fora, num movimento quase que ao mesmo tempo em que a porta se abria. Um grito agudo foi lançado de sua garganta. Se atirou no chão tão rápido quanto um vulto, ouvindo os gritos de Carl que mal podia se mexer:

—Não!! Não faz isso!!

Não houve tempo. Dando de bruços contra o asfalto com os cabelos quase cobrindo o rosto, a garota logo se girou ficando de barriga para cima. Foi quando teve a visão da figura fantasmagórica e mascarada retirando a faca que havia acabado de perfurar o teto do carro.

—Merda!! -Seu grito um tanto rouco atraiu a atenção da coisa, que virou a cabeça rapidamente fitando-a diretamente.

Gigi tentava pegar impulso para se levantar esticando os braços, querendo alcançar a porta aberta para ter algum tipo de apoio, curvou-se para frente aos prantos. Uma sacudida violenta se fez no carro naquele momento em que a figura encapuzada saltou de braços abertos portando sua faca na mão esquerda.

—Ah!!!! -Foi com o grito de Gigi neste instante que ela via o "Anjo da Morte" descer sobre ela, atingindo-a com força. Caindo sobre a garota fazendo-a tornar ao chão. A menina e a figura de Fantasma sentiram o impacto um contra o outro, ambos perdendo suas lutas para a gravidade naquele baque doloroso que a impediu de se levantar. Ela deu com as costas no chão fortemente, tendo o espectro caindo sobre si, que rolou quase que imediatamente saindo de cima da garota. Ver aquela coisa preta rolar no chão próximo a ela, sem tê-la acertado com a faca era um alívio. Um segundo pode definir a diferença entre viver e morrer. E assim a garota se pôs novamente a levantar-se, apoiando-se no chão onde sem querer, sua mão direita pousou em cima de algo metálico. Eram as chaves do carro que provavelmente o maníaco que as seguravam, caíram . Fechou a mão raspando os dedos no asfalto áspero, ainda quebrando uma unha no processo. Nem se importou devido a quantidade de adrenalina que percorria seu corpo. Com a chave em mãos ela se atirou para o lado, como um torpedo se lançando de volta para dentro do carro quando o mascarado já se levantava com agilidade. Ela ainda pode ouvir o som da faca raspando no chão quando ele a pegou trazendo-a para si para partir novamente para o ataque.

"Bam!" A Porta do carro bateu com violência sendo fechada conforme Gigi jogou as chaves no peito de Carl, que de olhos lacrimejando a pegou em mãos trêmulas.

—Vai!! Vai!!! Anda!!! -Gritava ela pulando sentada no banco tirando os cabelos da frente.

A respiração alta e pesada o garoto eram evidentes assim como sua mão descontrolada que lutava para meter as chaves na ignição.

—Não vem com essa de "Não acertar o buraco", Carl!! Não temos tempo para esse clichê de fuga!!

E numa tacada só, durante um grito de raiva, Carl encaixou as chaves de uma vez só, virando-as. O Carro sacudia novamente em pancadas de passos, aquela coisa horrenda subia novamente em cima deles!

—Vai, Caralho!!!
—Eu tô indo!!!

O Ronco do motor veio como uma bênção para eles, que quase esboçaram um sorriso de alívio, se não fosse pela enorme pancada na frente do carro, que veio acompanhada de um vulto que parecia ter descido dos céus para atormentá-los. O Assassino havia pulado sobre o capô do carro, aterrissando agachado de frente aos dois, fitando-os pelo pára-brisas exibindo sua faca. A Visão daquele "Rosto" distorcido bem de frente a si, fez Gigi berrar quase perdendo a voz. Carl a acompanhou livrando os pulmões de todo o ar que ainda lhe restava, metendo o pé na embreagem trocando a marcha num piscar de olhos. Sua ação automática e veloz fez com que numa derrapada o carro desse a ré brutalmente, fazendo a figura mascarada ser lançada para trás batendo as costas contra o capô, dando uma cambalhota involuntária e dolorosa para trás, encontrando o chão quase que no mesmo instante em que o carro não existia mais embaixo de si. Foi tudo tão rápido que um piscar de olhos era o suficiente para que Gigi se visse cada vez mais longe daquele maníaco conforme o carro dava uma marcha ré generosa em alta velocidade, tendo os faróis dianteiros iluminando o caminho à frente deles, que cada vez mais ficava distante. Carl Parecia de olhos fechados rezando enquanto fazia o veículo andar de costas, freando-o com tudo pouco depois. Gigi se segurou devido ao tranco da freada brusca. O Carro parou cantando pneu naquele trecho escuro onde nenhum dos gritos pareciam ser ouvidos.

—O que você está fazendo?! - Disse ela histérica.
—Olha... -Ele apontou para frente.

Ao virar-se para a estrada à frente, Gigi viu, ou melhor, não viu o tal "Mascarado". Ela tinha certeza que segundos atrás ele estava caindo bem ali no chão ao que agora eram uns 20 metros de onde estavam estacionados. Mas os faróis apenas lhes mostravam um caminho vazio de asfalto. O Arrepio lhe percorreu a espinha na hora.

—Amor, -Carl engoliu seco. -Será que o espantamos?
—Imbecil! Que espantamos coisa nenhuma! Essa é a hora em que ele pega a gente de surpresa!
—Do que você está falando?
—Meu Deus do Céu, cara! Você tem a concentração de uma Ameba, sabia? Custa prestar atenção nos filmes de terror?!
—Gigi, esquece essa baboseira, pega seu celular, chama a polícia.
—Ai senhor!! -Exclamou ela em ódio e pavor. Torando a fitar Carl, ela enchia o peito:
—POR QUE VOCÊ NÃO SIMPLESMENTE ACELERA, HEIN PUTA QUE O PARIU?!

Assim que terminou sua exclamação dramática, o vidro da janela de Carl foi quebrado por um forte impacto, inúmeros estilhaços se espalharam dentro do carro voando na direção de seus rostos, que se cobriram com os braços em gritos durante um susto que os marcaria para toda vida. O Pulso de Carl bateu contra o volante soltando uma buzina involuntária. Gigi já se preparava para correr novamente inquieta no assento em que se estremecia. Tirou os braços rapidamente da frente do rosto para ver o que se passava ainda naquele instante, e de boca aberta só teve tempo de dizer:

—Carl, se abaixa!!!

Sua fala infelizmente foi tarde demais, o braço coberto pelo manto negro já entrara pela janela acertando o garoto em cheio embaixo dos braços que ele usava para cobrir o rosto. O Golpe daquela faca miserável o penetrou próximo a axila, rasgando sua jaqueta. Foi muito rápido, a faca já saiu no mesmo momento sendo puxada pelo fantasma, trazendo consigo um jato de sangue abundante. Alguma artéria deve ter sido atingida pois o sangue espesso em enorme quantidade que espirrava por entre o rasgo na jaqueta era absurdo. Carl entretanto não gritou, não teve forças. Aquele golpe lhe tirou todo o ar. Ainda se debatendo em dor e com expressão de agonia da qual mostrava os dentes rangendo uns contra os outros era insuportável de olhar.

—Não!!!! -Gigi se lançou para trás dando com a cabeça em sua janela. A Dor de sua pancada não fora nada comparado ao pânico e dor que Carl sentia, e a visão horrenda que já se projetava bem na frente da garota. O Braço retornou de repente, agarrando o rapaz pelos cabelos puxando-o pela cabeça:

—Solta!! Solta ele, filho da puta!!!

Ela tentava a todo custo puxar seu amado de volta, em uma circunstância em que ele já mal podia mais lutar. Um segundo pode mesmo definir a diferença entre viver e morrer, e um segundinho apenas mudou o destino do rapaz de forma abrupta. Quem estava por trás da máscara era violento, sem nenhuma paciência e com pré-disposição a atacar. A Forma grotesca como ele puxava a cabeça do garoto para fora, sacudindo-a para os lados era animalesco e vulgar, nem mesmo parecia remotamente humano. Carl ainda levantou o braço direito apoiando a mão com tudo sobre o teto, em alguns de seus últimos suspiros para tentar sobreviver, atrasando o assassino na ação de puxá-lo para fora, quando as mãos escorregadias, já tomadas de suor frio de Gigi não conseguiam mais puxar sua jaqueta...


—Gigi... -Ele conseguiu dizer rouco.
—Não!!!! -A Garota desabou em prantos se debatendo, não desistindo de puxá-lo.

Ela lutava por ele, mesmo que ele soubesse de um detalhe que ela não sabia. Carl tinha sua vista voltada para baixo, contemplava em terror um resto de um caco de vidro que não havia se desprendido da janela quando a mesma se quebrou. O Vidro, grosso e pontiagudo de aproximadamente 17 centímetros estava bem debaixo de seu rosto agora vermelho tomado por lágrimas. Sua cabeça tremia com a força que ele fazia para não deixar aquele assassino levá-lo ainda mais. Um puxão se deu, fazendo com que o rosto de Carl se levantasse e encarasse frente a frente aquela coia tenebrosa. Seus olhos diziam por favor, mas o "Rosto" da coisa pendeu para o lado debochando de seu sofrimento. E bem ali, tomou impulso, jogando a cabeça do rapaz para baixo num golpe fatal onde sua garganta foi de encontro ao pedaço de vidro em pé. Entrando com tudo rasgando sua carne, Carl sentia seu pescoço abrindo conforme o pedaço de vidro abria caminho dentro de sua pele. Com mais força, o mascarado empurrou mais um pouco, o corpo de Carl já estremecia, tendo suas pernas se debatendo quase acertando Gigi com chutes, Ela por sua vez, já não tinha mais voz para gritar. A baba que escorria por entre os lábios secos da garota de olhos já vermelhos denunciavam seu horror. E de repente, tudo acabou. A Dor intensa de Carl foi cessada quando o caco de vidro saiu por sua nuca, atravessando seu pescoço por completo com um estalo devido ao osso do pescoço que se partira. Já não mais se movia. Já não mais viva. O Sangue, de forma escura por causa da noite quase não era visto enquanto inundava o lado de fora da porta do carro, escorrendo terrivelmente.

A Máscara se abaixou encarando o rosto do garoto morto, que como um cão abatido tinha olhos meio fechados, boca aberta e a ponta da língua para fora banhada em sangue. Mas o que pareceu chamar a atenção do Maníaco, foi o espaço vazio atrás do defunto e a porta do outro lado aberta. Não havia nada nem ninguém ali. Gigi já havia fugido as pressas!


Correndo como nunca deixando as luzes dos postes para trás, Gigi se embrenhava na escuridão do jardim daquele pátio vazio rodeado de árvores. De 5 em 5 segundos ela virava a cabeça para trás por um instante para ter certeza de que nada a seguia. Os cabelos loiros de cachos nas pontas estavam inquietos saltitando sobre seus ombros. O Fôlego já estava lhe esgotando, mas não havia tempo a perder. Ela não ficou para ver o que aconteceu com Carl e com certeza se tivesse ficado teria se arrependido. Teve um momento para fugir e tomou como sua chance. Mas a verdade, é que já não aguentava mais correr. Havia se distanciado de tudo tão depressa.. seus olhos já estava começando a se acostumar com a escuridão, já podia reconhecer o prédio da biblioteca da universidade pouco mais a frente. "Eu tenho que chegar lá.. eu tenho que chegar" -Suspirava quase sem uma gota de ar nos pulmões se recusando a parar de correr, mesmo com a blusa encharcada de suor já grudando no corpo. Suas pernas, num momento fraco de cansaço se dobraram amolecendo. O Cansaço devastador do medo fez com que Gigi fosse ao chão de repente, caindo na grama raspando os cotovelos.

Curvada para frente tentando respirar melhor, chorava secamente sentindo o nariz escorrer. O Vento soprou levantando um monte de folhas secas que voaram sobre ela. Era o sopro da Morte, que aparentemente não estava tão longe. Enquanto seu tórax se contorcia engolindo todo o ar que podia, a vibração no bolso da jaqueta a paralisou.

—Ai.. Ai meu Deus... - Disse em soluços com imensa dificuldade.

Tirando o celular do bolso de dentro da jaqueta, pode ver novamente a indicação de número desconhecido. O Toque lhe aterrorizou, o som do celular poderia denunciar sua posição, deslizou o dedo na tela atendendo imediatamente tremendo da cabeça aos pés ajoelhada na grama:

—A... ah.. Alô?...
—Alô, Gigi. Meus parabéns. Tenho que confessar que subestimei você.

Ela não dizia nada, apenas o choro baixinho emitia de seu corpo. Isso, e as olhadas desesperadas em volta que ela dava, paranoica e temerosa.

—Parece que ver filmes de terror realmente fez algo de útil para sua vida. Mas não se preocupe, este jogo está apenas começando. Bem vinda ao filme, Gigi. Você está oficialmente escalada para o elenco principal, não nos decepcione...
—O que você quer?! -Exclamou um tanto rouca e chorosa.
—Apenas lhe parabenizar por enquanto. Até que, eu comece a jogar com outros... ou você prefere que eu te elimine da competição agora?
—Não! Não.. por favor me deixe em paz!...
—É assim que se fala. Obrigado pela diversão. "Algumas pessoas, são tão ingratas por estarem vivas... mas não você... nunca mais!"...

A Ligação foi encerrada, deixando Gigi aos prantos enquanto abaixava a mão largando o celular na grama. A Garota levantou o torso num deslize de desespero e jogando a cabeça para trás encarando os céus, dando seu último grito naquela noite.... um longo.. e desesperado grito de horror...

Jhownee Apresenta: SCREAM - SURVIVAL 2



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Notas finais do capítulo

Obrigado por acompanhar! Espero que tenham gostado! Prometo que valerá a pena acompanhar esta continuação. Caso não tenha lido a primeira História, dê uma olhada! Comentários são bem vindos, assim como críticas construtivas. Até a próxima galera!