Não me prometa que não morrerá escrita por Anielka


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Hello! Espero que aproveitem essa linda James x Regulus. Aviso: James é poliamor. ^^



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Regulus era um jovem franzino. Até demais para sua idade. Talvez fosse a criação, talvez a genética, talvez até mesmo fosse o fato de que seu corpo estava em fase de crescimento ainda; James não sabia. Mas, de qualquer forma, apreciava o pequeno tamanho. Gostava de passar seus braços — desenvolvidos por anos como artilheiro — em torno da cintura estreita, de abraçá-lo e apoiar seu queixo no topo de sua cabeça. Sentia-se maior; mais forte.

Porém, apesar da pouca estatura, Regulus não era frágil. Exímio duelista, provavelmente melhor que o próprio irmão. Sabia de mais feitiços do que Lily e Remus juntos. Ele manipulava os outros como ninguém e tinha a ferocidade de um hipogrifo quando ofendido. Por duas vezes James esteve do outro lado da varinha de Regulus e em ambas sofreu as consequências de azarações bem... dolorosas.

Sirius achara hilário na época, mesmo sem saber o real motivo por Regulus ter-lhe jogado feitiços. James nunca contara. Tinha medo de seu melhor amigo não reagir das melhores formas. Afinal, estava saindo com um Slyntherin que, acima de tudo, era um Black e irmão dele. Talvez a reação somente pudesse ser pior se estivesse saindo com Snivellus. Urgh! James tinha calafrios só de pensar na possibilidade. Podia ser atraído pelas cobras, mas nunca por uma tão sebosa. Isso era departamento de Lily.

Regulus também não era o único com quem compartilhava momentos íntimos e beijos quentes. E, apesar de no início não ter sido fácil, todos pareciam de acordo e felizes com a relação que possuíam com James. E se eles estavam felizes, James também estava.

Amava Regulus como amava os outros. Talvez nem tanto quanto amava Lily, afinal ela fora seu primeiro amor; amor de infância. Seu coração, entretanto, falhava batidas por todos eles. Seu estômago se enchia de borboletas, os olhos brilhavam e o mundo parecia se iluminar cada vez que os via.

Naquela noite também não foi diferente. Ao distinguir a forma esguia de Regulus entrando na sala abandonada onde o aguardava, sentiu novamente todas aquelas sensações que tomavam seu interior sempre que o encontrava. Sorriu ao ver as feições taciturnas e frias que adornavam o rosto jovem. Tinha somente quinze anos, porém os olhos denotavam alma de quem já vivera por décadas.

— Como foi sua viagem de trem?

Regulus, no alto de sua imponência sangue-pura, bufou. James já estava acostumado a vê-lo agindo de forma tão... normal; diferente de quando estavam em lugares públicos.

— Tediosa — respondeu o garoto, sentando-se numa cadeira próxima. — E meu irmão, já fez com que você se metesse em alguma encrenca?

James sorriu e se levantou da mesa em que se apoiava, cortando a distância até que pudesse se inclinar e beijar a testa de Regulus.

— Os Blacks sempre me metem em encrenca — provocou. Regulus, em contrapartida, o ignorou. Esse era outro aspecto do rapaz que atraía imenso James: ele nunca se irritava com as besteiras que falava; nunca caia nas travessuras que fazia.

— Eu senti sua falta. — A confissão saiu em sussurro, porém não inaudível.

James sorriu e o puxou pela mão, obrigando-o a se levantar. O beijo dado foi leve, sutil quase. Era inocente, mas não desprovido dos sentimentos que possuíam. Era um beijo de adoração, de respeito e de amor.

— Eu também senti a sua.

Regulus, pela primeira vez na noite, sorriu. Era um sorriso tímido, um tanto quanto sofrido, mas era um sorriso. Num impulso, abraçou James com força, segurando-o como se tivesse medo de perdê-lo.

James não perguntou de onde o súbito ato de afeto veio; tinha medo de fazer Regulus se retrair novamente. Era extremamente raro que ele iniciasse qualquer carinho e, quando o fazia, James ficava em silêncio, somente apreciando o momento. Quando, no entanto, sentiu que Regulus se afastaria, tirou sua varinha para transfigurar um par de cadeiras num sofá confortável. Já estava tão acostumado com o feitiço que o fizera sem nem ao menos dizer o encantamento.

Eles se sentaram por um tempo, em silêncio. Pequenos beijos foram trocados, carinhos sutis feitos. Quando com Regulus, não havia necessidade de palavras ou juras. Seus atos eram o suficiente.

— Eu ouvi coisas — o silêncio foi cortado. Já passara há muito do toque de recolher. O castelo estava em calmaria, e o vento soprava do lado de fora. — Sobre a guerra.

James suspirou, sentindo a dor de cabeça que viria. Sempre que falavam sobre a guerra, uma discussão se iniciava. E às vezes elas eram tão ruins que chegou ao ponto de James precisar proibir aquele assunto. O que não significava que Regulus respeitava. Regulus fazia o que queria e não havia proibição de James que o impedisse.

— Reg...

— Me escuta — pediu, virando-se para o olhar. — Não vai melhorar. Não vai ter fim. Não agora. Não no próximo ano. E nem no seguinte. Nós seremos parte dessa guerra, James.

— Eu sei — respondeu, sério. Era quase estranho ver James dessa forma, sem o brilho da traquinagem que enfeitava seu rosto desde o momento que o conhecera. — Eu também ouvi coisas.

Regulus mordeu o lábio inferior e acenou com a cabeça. Era claro que James também tinha informações. Os Potter era um dos pilares na luta contra o Lord das Trevas.

— Eu não quero lutar contra você — sussurrou. Seus olhos se encheram de lágrimas. — Ou contra meu irmão.

James o olhou, entristecido. Já ouvira tantas vezes aquelas palavras...

— Não lute — repetiu o pedido que sempre fazia a ele.

— Eu também não posso lutar contra meus pais — Regulus respondeu; James o acompanhou silenciosamente em sua cabeça. Já praticamente decorara aquelas palavras.

— Eu sei — tentou reconfortá-lo. Seus olhos também se encheram de lágrimas conforme o apertava contra seu peito. — Eu sei.

— Não quero que morra. — Seus dedos cravaram na blusa do uniforme de Gryffindor.

— Eu não vou.

Regulus queria rir. Sua boca tinha o amargo sabor da realidade.

— Não pode me prometer isso.

James não respondeu à afirmativa. Regulus estava certo. Ele não podia prometer, porque, na realidade, não poderia nunca cumprir.

— Só... — Regulus suspirou, sua voz tremia. — Só me abraça. Só... Podemos passar a noite aqui?

James sorriu. Esse era um desejo de Regulus que ele podia realizar.

— Sim.

Juntos, então, eles deitaram, lado a lado, no sofá. Se encaravam. James o abraçava, seus dedos acariciando as costas cobertas pelo uniforme de Hogwarts, enquanto Regulus somente respirava fundo, tentando aceitar a realidade que pairava sobre as suas cabeças.

A guerra estava vindo para eles e o amor... Ah, o amor não os salvaria.


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Notas finais do capítulo

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