Inlustris escrita por lau


Capítulo 6
As Árvores Falantes


Notas iniciais do capítulo

Obrigada Mady Moon, pela recomendação incrível!



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VI

AS ÁRVORES FALANTES

Sobre desencontros, magia e incertezas.

 

 

 Eu ouço as estrelas

 Conspirando contra mim.

 Eu sei que as plantas

Me vigiam do jardim.

 

 Sabe aquela agonia, aquela ansiedade inquietante e chata no fundo do peito quando se perde algo muito valioso e, por mais que você procure, não consegue achar? Sabe aquela sensação de estar em um lugar aberto e limpo, porém sem nenhuma ideia de onde é exatamente?

Essas sensações tomavam conta do peito de Antonin Dolohov e a única coisa que o homem podia fazer era tentar manter a calma e colocar seu lado racional para funcionar. Ele não podia demonstrar seu desespero, afinal, era apenas um camponês que resolveu ajudar aquele garoto não era? Ele não podia mostrar que se importava com o paradeiro da estrela, mas ao mesmo tempo queria gritar e surtar para logo em seguida chorar como uma criança. Não podia perder Tom, pois perdê-lo significava perder Tanya.

Eles procuraram Tom por todos os lugares, a noite toda. Afastaram-se muito de sua rota e não tinha como apontar quem estava mais preocupado. Antonin se surpreendeu com a reação exagerada de Abraxas, mas decidiu não questionar. Se ele tinha motivos para não perder a estrela, o loiro também tinha e apesar de serem motivos medíocres para si, Dolohov sabia como era algo importante para Malfoy.

Quando o Sol apareceu no céu, banhando a estrada com sua luz, os dois finalmente resolveram descansar. Eles se sentaram na beira de um rio e lavaram seus rostos, que estavam com olheiras escuras e expressões cansadas.

“Olha isso,” Resmungou Abraxas, apontando para seu rosto no reflexo da água. “Estou horrível.”

“Foi você que insistiu em procurar de madrugada.” Falou Antonin, retirando suas botas e se encostando em uma pedra. Suas costas estavam doloridas assim como suas panturrilhas, e o que ele mais queria naquele momento era poder dormir.

“Você concordou!” Exclamou o garoto. Ele ficou em um estado de negação durante toda a busca e pelo visto aquilo ainda não tinha passado.

“Sim, concordei, mas você que insistiu.” Respondeu Dolohov com as sobrancelhas franzidas enquanto o loiro murmurava um ‘insisti nada’ baixinho. “Por que está agindo desse jeito?”

Abraxas se levantou, olhando para os lados como se procurasse alguma forma de escapar. “Quê jeito?” Ele começou a mexer em algumas flores que cresciam entre os galhos de um arbusto, tentando soar desinteressado e falhando miseravelmente.

Esse jeito.” Dolohov sentiu vontade de rir, mas se controlou. “Quase desmaiou quando viu que Tom tinha sumido e está até agora desesperado.”

“Eu não estou desesperado!” Abraxas fez sua melhor cara de indignado e voltou a se sentar ao lado de Antonin. “Só não quero perder a aposta, só isso!”

“Tem certeza que não está preocupado com Tom?” Questionou Antonin, sorrindo de forma quase marota. É claro que ele também estava, mas seu corpo clamava por um descanso e ele se permitiu zombar um pouco do outro. “Tem certeza que não desenvolveu nenhuma afeição por ele?”

Malfoy gaguejou tanto que fez Dolohov gargalhar, se esquecendo de sua situação por um instante. O loiro então olho irritado para o mais velho, tomando fôlego para começar a falar de forma bem rápida.

“Em primeiro lugar, não se desenvolve afeto por alguém em apenas algumas horas.” Ele disse. “E em segundo lugar, eu nunca desenvolveria afeto por aquela criatura arrogante, reclamona, irritante, metida-...”

“Tudo bem, tudo bem, eu entendi.” Antonin olhou para o garoto, ainda risonho. “Mas ele não é tudo isso. Digo, ele só é assim porque você provoca.”

“Eu não provoco, ele que é insuportável!” Abraxas bufou bem alto e bagunçou os cabelos, irritado. “Não sei por que Tom resolveu ser legal com você, mas não é natureza dele.”

“Fala como se o conhecesse há tempos.”

“Você também.”

“Bom, talvez eu conheça.”

“Como assim?”

Dolohov riu baixinho, se acomodando e tentando arranjar uma posição confortável. Ele não sabia que horas eram, mas pelo barulho que seu estômago estava fazendo devia ser hora do almoço. Também não sabia por que ficará tão calmo de repente, mas resolveu aproveitar o momento. “Eu sempre me guiei pelas estrelas. Aposto que já devo ter visto Tom milhares de vezes.”

“Oh.”

Antonin viu como os olhos de Abraxas pareceram perdidos por um segundo, e um sorriso torto cortou seu rosto.

“Você esqueceu que Tom é uma estrela?” Perguntou o bruxo de forma zombeteira.

“Não.” Respondeu Malfoy, sério. “Mas você não pode negar que às vezes ele parece com uma pessoa de verdade.”

“É, acho que de tanto nos observar ele acabou aprendendo como nós agimos.” Disse Antonin com a voz distante, se lembrando da conversa que tivera com a estrela sobre música e como Abraxas se manteve distante. “Pensei que você não o visse como um humano.”

“Ah, ele parece muito humano quando está gritando e praguejando contra você.” O loiro reclamou e Antonin riu da expressão falsamente irritada dele.

“Tem certeza que você não gosta de Tom?”

Dessa vez Abraxas demorou para responder. Seus olhos ficaram perdidos novamente e ele abaixou a cabeça minimamente, como se seus pensamentos pesassem. Por fim, levantou os olhos para o bruxo e abriu a boca diversas vezes, sem deixar sair som algum.

“Sim...” Ele começou de forma hesitante, antes de suspirar e rolar os olhos. “Sim, eu gosto um pouquinho dele está bem? Satisfeito?”

“Surpreso, eu diria.” Dolohov sorriu para o rapaz. “Ou talvez nem tanto, dizem que os opostos se atraem.”

Malfoy ficou absurdamente vermelho, o que fez Antonin gargalhar pela segunda vez no dia. O céu estava claro e o barulho da água correndo era relaxante. Ele quase se esqueceu da busca e de como aquilo era importante. Naquele momento, eles pareciam apenas dois amigos conversando tranquilamente a beira de um rio.

“E-eu não gosto de garotos.” Ele disse. “Muito menos de garotos que nem garotos são. Quando disse que gosto um pouquinho dele quis dizer que talvez, e só talvez, ele seja alguém interessante.”

Antonin riu.

“Ele é bastante.” Disse. “Claro que nós não conversamos muito antes desse sumiço repentino, mas deu pra ver que ele é alguém muito interessante.”

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, antes de Malfoy perguntar com a voz fraca.

“Você acha que ele foi embora ou foi raptado?”

“Não sei.” As duas opções assustavam o bruxo até o último. Se Tom tivesse fugido, então ele poderia estar em qualquer lugar. Se tivesse sido sequestrado, então aquilo era bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque Dolohov conhecia todos os caçadores de recompensa e pessoas suspeitas que poderiam ter algum interesse nele (anos tentando fazer trocas e ofertas por coisas valiosas para levar à Grindelwald e ter sua irmã de volta foram bem úteis), e ruim porque recuperar a estrela seria absurdamente difícil. Fora que o próprio Grindelwald podia ter achado Tom, e se esse fosse o caso, então Antonin estava sem saída. “Mas nós vamos achá-lo.”

Ele desejava com todas as suas forças que aquilo fosse verdade.

 

//////

 

O unicórnio andou por horas. Aquilo não foi um problema durante a noite é claro, afinal Tom estava mais que acostumado em ficar acordado àquela hora. Ele aproveitou a caminhada, sentindo a brisa noturna e observando os céus, se perguntando o que seus irmãos e irmãs estariam fazendo agora. Estariam preocupados? Estariam procurando uma forma de ajudá-lo? E, o mais importante, a lenda da maldição era real?

Óbvio que o garoto não perguntou nada aos seus companheiros de viagem. Dolohov podia ser educado e Malfoy podia nem pertencer àquele reino, mas Tom não iria confiar cegamente. Nunca fez isso e não faria agora.

Quando o dia amanheceu, o menino começou a sentir seus olhos pesarem. Ele se lembra de pedir para o unicórnio parar na beira de um riacho para que ambos tomassem água e se lavassem (sua túnica estava completamente imunda), e de procurar por algumas raízes e frutinhas que cresciam mais próximas do chão (Abraxas tinha dito que ele não saberia se cuidar naquele planeta, ah sim) para comer, mas depois disso ele deitou e adormeceu tão profundamente que, quando acordou mais tarde, as lembranças das últimas horas estavam confusas e borradas como um sonho que nós vamos esquecendo conforme vamos despertando.

Tom se espreguiçou e se levantou, olhando ao redor. O unicórnio não parecia disposto a continuar naquele momento. Tom riu e acariciou o pelo quase prateado da barriga do animal, que relinchou de satisfação. A estrela sussurrou um ‘já volto’ para a criatura e começou a caminhar em direção à floresta, se embrenhando entre os galhos das árvores.

Ele não sabia por que resolveu ir lá, mas foi. Estava tão cansado e tão confuso, e tão assustado com a possibilidade de sua queda não ter sido um acidente que queria simplesmente andar e andar, fingindo nem que fosse por um momento que tudo estava bem.

Havia um motivo mais concreto para Tom ficar dando voltas e mais voltas a esmo. Desde que se lembra, o garoto observa aquele mundo e todas as maravilhas que ali existem. Ao contrário de seus irmãos que preferiam observar os humanos, ele sempre gostou mais das paisagens, da natureza e principalmente da magia. As pessoas falavam sobre como o céu, as estrelas e o universo eram mágicos, mas não olhavam ao seu redor para enxergar a magia que as rodeavam.

Era nisso que ele pensava quando ouviu um barulho estranho. Seu coração falhou uma batida e o rapaz olhou em volta, assustado. O barulho se fez presente novamente, e Tom achou estar enlouquecendo. Aquilo era um... Ronco?

“Ora, acorde! Não vê que está assustando a criança?”

Tom deu um pulo e achou que seu coração iria sair pela boca. Girou ao redor, procurando o dono da voz, porém não viu ninguém.

“Ele não está assustado, Dusha.” Disse uma segunda voz, essa soando mais sonolenta e rouca que a outra, quase masculina.

"É claro que está, olha como pula como um coelho!” Respondeu a primeira voz, mais esganiçada e melódica.

“Talvez ele esteja praticando algum esporte...”

“Olá!” Tom gritou para o horizonte, sentindo suas mãos tremerem. “Quem está aí?”

“Oh não querido, quem está aqui.” Respondeu a voz mais fina, um tanto risonha.

“O quê...?”

“Aqui em cima garoto.”

Tom arregalou os olhos enquanto erguia a cabeça. Duas árvores, uma de cada lado seu, estavam sorrindo para si. Elas tinham rostos esculpidos em seu tronco e os galhos pareciam com braços. Eram mais grossas e mais velhas que as outras árvores e, por algum motivo, pareciam exalar magia.

“Q-que... mas o quê...?”.

“Por que ele está tão assustado?” Questionou a árvore da esquerda, dona da voz mais rouca e que aparentemente estivera dormindo. “As pessoas não costumam ficar tão surpresas.”

“Mas você não pode negar que é cada vez mais raro encontrar um de nós...” Começou a da direita, mas se interrompeu. “Ou talvez ele não seja daqui, de onde você é?” Ela mirou Tom sorridente.

O garoto estava tão perplexo que respondeu vagamente 'do céu', vendo as árvores se entreolharem com estranheza antes de começaram a rir e soltar exclamações animadas.

“Não acredito, uma estrela!” Riu a árvore da direita. “Uma estrela de verdade!”

‘Você é uma estrela, não é garoto?” Questionou a da esquerda, erguendo uma sobrancelha. Tom sacudiu a cabeça, árvores não deviam ter sobrancelhas!

“Sim, eu sou, mas vocês... Vocês falam!” Tom olhou de um para outro, vendo como eles ficaram sérios. “Como podem falar?”

“Bom, nós mexemos nossas bocas e então o som sai e...”

“Mas vocês são árvores!”

“E você é uma estrela.” Replicou a da esquerda.

“É diferente.” Resmungou o garoto. “E meu nome é Tom.”

“É um prazer te conhecer Tom,” Sorriu a árvore da direita. “Eu sou Dusha e esse é meu irmão, Filius.”

“O que uma estrela como você faz nessa floresta?”

“Eu...” Tom começou, porém se interrompeu. “Por que vocês falam e tem rostos, mas as outras árvores não?”

“Bem observado.” Disse Dusha. “Eu e Filius somos guardiões da floresta. Fomos abençoados pelos deuses com a capacidade de falar e proteger nossa família.”

“Às vezes me pergunto se foi mesmo uma benção.” Falou Filius, com um tom debochado. “Não é nada agradável ter esquilos correndo dentro de você para lá e para cá, sabe.”

“Filius!” Dusha lhe lançou um olhar de reprovação. “O que Tom irá pensar de nós?”

“Mas os esquilos, Dusha!” Filius olhou para Tom e disse confidente. “Sem contar os malditos pássaros, adoro bater naquelas criaturinhas com meus galhos...”

“Você é repugnante.” Falou Dusha e Tom riu não acreditando no que estava acontecendo. “Mas então Tom, você não nos disse o que faz por essas bandas.”

“Ah...” Tom coçou a cabeça, desviando o olhar. “Eu estou fugindo.” Não sabia por que disse a verdade, mas ora, eram apenas árvores.

“De quem?” Dessa vez o garoto viu como tanto Filius quanto Dusha pareciam sérios e preocupados.

“Um garoto queria me usar para ganhar uma aposta e eu resolvi que não queria mais acompanhá-lo.”

“Oh, entendi.” Dusha parecia aliviada. “Mas esse garoto te maltratou?”

“Não.” Tom riu. “Não creio que ele possa fazer mal a uma mosca. Apesar de ser absurdamente irritante e burro.”

“Então vocês não se davam bem, por isso você fugiu?”

Tom não sabia exatamente o motivo de ter fugido. Ele não pensou na hora e nem depois, mas agora via que o único motivo de ter feito tal coisa foi o fato de preferir se virar sozinho. Não precisava do estúpido Abraxas Malfoy e sua estúpida Vela da Babilônia. Voltaria para casa por conta própria.

“Mais ou menos, ele iria me levar para casa depois que pagasse a aposta, mas eu prefiro ir agora.” Disse decidido.

“E você sabe como voltar para seu lar, não sabe?”

“Ahm, não.”

“E esse meio que o garoto lhe apresentou para voltar para casa é seguro?”

“Depende do que você considera seguro...”

“Então por que fugiu?” Perguntou Dusha, com um tom de voz que claramente desaprovava tal atitude. “Devia ter ficado perto dele, para sua própria proteção!”

“Dusha!”

“Minha própria proteção?” Tom franziu o cenho, se aproximando de Dusha que desviou o olhar. “Como assim?”

“Bom,” Começou Filius, parecendo hesitante. “Você não conhece nada desse mundo e...”

“Digam a verdade.” A voz de Tom ficou mais dura e grave, e ele sabia que seus olhos estavam frios e brilhantes. “Isso é sobre a maldição das estrelas? Então não é uma lenda?”

As duas árvores ficaram em silêncio e o garoto sentiu o início de uma tontura. Então a lenda era verdade, o que aconteceu com ela era verdade. O garoto se sentou e afundou as mãos nos cabelos, se perguntando por que fora o escolhido daquela vez.

“Fique calmo Tom.” Pediu Dusha e ele a olhou, vendo como a árvore parecia preocupada. “Você vai dar um jeito.”

“Acho que o que você devia fazer agora é ir atrás desse seu colega, e pedir que ele te leve o mais rápido possível para casa.” Filius falou. “Sei que ele quer ganhar essa aposta, mas tenho certeza que irá entender.”

Tom riu de forma debochada.

“Não Filius, ele não irá entender.” A estrela sentiu um nó em sua garganta. “Ele sequer me considera alguém de verdade.”

“Ora, mas alguém tão bonzinho como você!” Exclamou Dusha e Tom riu novamente.

“Digamos que eu não fui nada bonzinho com ele.” Disse. “E não posso mudar isso agora.”

“Claro que pode.” Riu Filius e o menino o olhou com o cenho franzido. ‘Você acha que eu e Dusha nos damos bem o tempo todo? Que nunca brigamos?”

As árvores riram com gosto.

“Oh não, eu detesto essa velha caquética às vezes!”

“É, tente conviver com alguém reclamando sem parar por cento e cinquenta anos para ver se não vai enlouquecer também!” Replicou Dusha e eles riram mais ainda, fazendo Tom sorrir fraco.

“Viu garoto? Gostar de alguém não significa que vocês nunca vão brigar ou que tudo sempre será perfeito.” Falou Filius e pela primeira vez Tom conseguiu ver ali um guardião velho e sábio. “E nunca é tarde para recomeçar algo que começou de forma errada.”

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, Dusha e Filius sorrindo para Tom enquanto este pensava. Podia se virar sozinho, claro que podia, porém não ia negar que saber que a maldição das estrelas era verdade não o deixou temeroso. Não ia negar que não fazia ideia de como voltar para casa sem ser pela luz da vela e que, no fundo de seu peito, sentia falta da companhia de Dolohov. Sentia falta até mesmo de discutir com Malfoy!

Tom suspirou, erguendo novamente os olhos para as árvores que continuavam com aqueles sorrisos quase fraternais. “Mas eu não sei como voltar, não sei onde eles estão.”

“Ora,” Filius mexeu seus galhos e uma leve brisa começou. “Você está no reino de Hogwarts.”

“E...?”

“E Hogwarts sempre ajudará aqueles que precisarem.” Falou Dusha.

Tom arregalou os olhos pelo que pareceu ser a décima vez no dia. Quando as árvores falantes ergueram seus braços e uma leve ventania começou, todas as árvores começaram a se afastar umas das outras, como se alguém ou algo invisível estivesse empurrando elas, abrindo assim uma espécie de trilha marcada por pedrinhas e flores.

“Oh...”

“Não se preocupe.” Disse Filius. “A trilha te levará até o seu destino, seja ele qual for.”

“Aqui querido,” Dusha usou um dos seus galhos para pegar uma florzinha branca em formato de sino que crescia em seu tronco e entregar para Tom. “Uma fura-neve. Para te proteger.”

“Obrigado.” O garoto segurou a flor com as duas mãos e sorriu para as árvores.

“Não precisa agradecer, pequena estrela.” Sorriu Dusha, acenando com seus galhos enquanto Tom começava a se afastar.

“Adeus, e se passar por aqui novamente nos faça uma visita!” Exclamou Filius, e antes de virar à direita Tom ainda o ouviu dizer ‘adorei essa estrela’.

 

/////

 

Todo ano, no reino de Hogwarts, ocorria uma feira chamada ‘Travessa do Tranco’. O evento recebia esse nome, pois era feito próximo a uma ponte um tanto suspeita e antiga, que carregava o mesmo nome.

Aquela vez não foi diferente das últimas. Havia várias tendas espalhadas em “ruas”, de diversas cores e tamanhos. As que serviam para vender quinquilharias ou comes e bebes eram piramidais e muito coloridas, enquanto as outras eram quadradas e mais discretas. Muitas pessoas circulavam pelo evento, comprando objetos interessantes e diferentes, dançando, jogando ou simplesmente rindo e bebendo.

Quando Abraxas e Antonin chegaram ao lugar, ele estava mais lotado do que nunca. Havia várias pessoas na rua principal, ao redor de um mastro de madeira enrolando fitas coloridas no mesmo e algumas mulheres distribuíam coroas de flores para as crianças. Abraxas se animou e começou a puxar assunto com um homem que vendia bolas de cristal. Depois ele tentou comprar um amuleto que a vendedora jurava ter vindo do Egito e quando o loiro tentou ir dançar com as crianças, Dolohov o puxou pelo colarinho em direção a uma tenda, resmungando sobre como os humanos eram dispersos.

A tenda era uma das quadradas, bege e um tanto escura. Ela ficava bem no fim da feira, longe de toda a algazarra, e quando Malfoy entrou naquele lugar agradeceu por não ter levado nada de valor e por não estar usando as roupas que costumava usar em Dover, pois algo lhe dizia que já teria perdido tudo.

Esse algo, no caso, eram os homens presentes no local. Aquilo nitidamente era um pub improvisado, ou uma tentativa de fazer um pub improvisado, já que o lugar estava uma bagunça. Havia caixas de madeira espalhadas por todo o canto, mesas caídas e um cheiro que definitivamente não era cerveja amanteigada.

Mas os clientes conseguiam superar. Era um mais mal encarado que o outro, todos muito altos e fortes. Alguns carregavam espadas e outros, arco e flecha. Todos usavam grossos casacos de couro ou longas capas pretas que sombreavam seus rostos, os fazendo parecer ainda mais misteriosos e perigosos.

“Que lugar é esse?”

“Desculpe, você disse algo?”

Que raios de lugar é esse!?” Abraxas sussurrou próximo ao ouvido de seu companheiro, tentando soar discreto. Até a respiração daqueles homens o estava assustando.

“Ora.” Antonin franziu o cenho. “Um lugar para nós comermos.”

“Isso se não nos comerem antes.” Resmungou Malfoy, desviando de um homem careca e com um gancho no lugar da mão esquerda. “A gente não podia ter comido naquele com florzinhas penduradas nas paredes? Era mais aconchegan-...”.

“Dolohov!”

Os dois viraram para olhar quem havia falado. Um homem alto e ruivo vinha na direção deles. Ele usava uma capa xadrez e seus cachos cor de fogo estavam uma verdadeira bagunça. Ele tinha um grande sorriso no rosto, mas este não alcançava os olhos, que pareciam dois cubos de gelo azuis e cortantes. Abraxas sentiu Antonin enrijecer ao seu lado e viu como a mandíbula do homem travou enquanto ele respirava fundo.

“Travers.”

“Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?” O estranho, Travers, praticamente empurrou Abraxas enquanto abraçava o bruxo, abraço esse que não foi retribuído. “Mas quase que você não continua assim, não é? Nossa última aventura foi um tanto perigosa.”

“Se me lembro bem, não foi nada perigosa para você.” Abraxas conhecia o outro a poucos dias, mas aquilo foi suficiente para ele conseguir reparar que a expressão entediada e levemente desconfortável do bruxo escondia o quão irritado ele estava. “Ficou escondido enquanto nós estávamos lá fora, nos arriscando.”

“Antonin, meu caro, não vai guardar ressentimentos do seu velho amigo, vai?” Travers colocou a mão no peito como se tivesse machucado. “E quem é esse?”

Abraxas finalmente voltou a olhar os dois e viu o ruivo o encarando. Na verdade, ao olhar em volta, reparou que todo o pub estava com os olhos pregados neles, de uma maneira que tentava ser discreta, porém falhava.

“Esse é Abraxas Malfoy, estou levando ele até a Muralha.” Dolohov indicou o loiro de forma displicente enquanto Travers e Abraxas se cumprimentavam. O menino achou que o homem fedia a serragem e bebida, e sua mão foi quase esmagada pela mão calejada e forte do outro.

“Olá, é um prazer.”

“O prazer é todo meu.” Travers respondeu em um tom de voz zombeteiro. “E o que alguém como você quer fazer indo até a Muralha?”

“Ele-...”

“Eu moro do outro lado, quero voltar para casa na verdade.” Malfoy só reparou que havia feito besteira quando Antonin escondeu o rosto nas mãos ao mesmo tempo em que os olhos do outro homem brilharam em interesse e todos os clientes se moveram discretamente, como se tentassem se aproximar tão lentamente que apenas o ar se mexeu. Foram reações bem sutis, mas o rapaz sempre foi muito sensitivo e aquilo já foi o suficiente para fazê-lo dar um passo para trás, em direção à porta.

“E você não gostaria de tomar uma bebida antes de continuar?”

“Travers, não.” O tom de voz de Antonin estava grave e forte, o mesmo tom que ele usava para dar broncas em Tom e Abraxas, porem dessa vez era mais sério.

“O que foi Dolohov?” O sorriso de Travers aumentou e Malfoy sentiu um arrepio correr na espinha enquanto dava mais um passo para trás. Ele achou estar enlouquecendo quando viu alguns clientes levantarem e outros, desembainharem suas espadas. “Só estou sendo educado, coisa que você não é por deixar o visitante com sede.”

“Ele não está à venda.”

“Eu não estou o quê?” Abraxas arregalou os olhos para o bruxo, enquanto a risada de Travers ecoava ao seu lado.

“Ele não te contou? Bruxos como Dolohov vivem do tráfico de coisas valiosas, e certas partes do corpo de um humano são muito valiosas.” Malfoy engoliu a seco ao perceber que todos naquela tenda eram bruxos. Aquilo explicava o porquê do pub ser tão afastado do resto da feira. “Para poções e alguns feitiços de divinação.”

“Para magia negra, você quer dizer.” Dolohov estava mais sério do que Abraxas nunca imaginou. O homem tinha uma mão no bolso onde ele sabia estar à varinha e a outra estava fechada, com os nós dos dedos quase brancos.

Travers riu debochadamente. Agora metade do pub havia levantado e cercado eles.

“Como se você nunca tivesse usado magia negra.” O homem disse e cuspiu no chão, Dolohov sequer desviou os olhos dele. “Sei que usou diversas vezes, principalmente para tentar resgatar aquela putinha-...”.

Abraxas deu um salto para o lado quando Antonin, depois de soltar um barulho parecido com um rugido, simplesmente se jogou em Travers e socou seu rosto. O soco foi tão forte que deu para ouvir o barulho dos ossos estralando. Quando Dolohov se levantou novamente, seus olhos estavam vermelhos e ele respirava com dificuldade.

“Antonin...”

“Você,” Travers também respirava com força e pausadamente, e quando ele levantou a cabeça, ainda estirado no chão, Malfoy pode ver a lateral do rosto do homem completamente vermelha e seu lábio inferior, sangrando. “Vem aqui com um humano, e acha que pode sair ileso? Depois de roubar metade das pessoas que estão aqui? Depois disso?”

“Não ouse, me subestimar.” Dolohov estava com os olhos arregalados e parecia prestes a pular no ruivo novamente, e por isso Abraxas achou melhor segurar o bruxo pelo braço com força. “Não ouse, falar sobre coisas que você não sabe.”

Travers finalmente se levantou, e agora todos os homens estavam em volta deles, com expressões se dividindo entre furiosas e cobiçosas, todos com armas nas mãos. O homem sorriu um sorriso vermelho para Antonin, e depois olhou Abraxas de cima a baixo, antes de estralar os dedos.

“Peguem-nos.”

No instante em que Travers disse isso, todos os homens gritaram e Abraxas gritou junto. Dolohov segurou em seu braço e eles saíram em disparada, derrubando uma mesa no caminho e sentindo o peso de diversos pés atrás deles.

Os dois deram a volta na tenda, ainda sendo perseguidos. Malfoy sentia a adrenalina se espalhando pelo seu corpo, seu sangue correndo rápido em suas veias enquanto seu coração parecia querer saltar pela boca. Seus olhos estavam absurdamente arregalados e tudo ao seu redor era apenas um borrão colorido e barulhento, a única coisa concreta sendo a mão de Antonin agarrada ao seu braço. Aquilo não era um jogo ou uma brincadeira, era assustador saber que se parasse de correr, seria raptado e esquartejado para ser vendido como material de poção.

“Rápido!” Antonin berrou e o loiro olhou para trás, vendo muitos homens se aproximando rapidamente.

“Ali!” Malfoy não sabia como havia avistado aquela carroça no meio de toda aquela confusão, mas agradecia internamente quem tinha colocado ela ali. Era grande o suficiente para caber três pessoas e as rodas eram enormes. O cavalo marrom não estava completamente amarrado quando os dois quase caíram encima dele, derrapando no terreno levemente íngreme.

“Você... você é um traficante de pessoas?” Abraxas perguntou de forma ofegante, enquanto ajudava Antonin a amarrar as cordas na carroça. Ele olhou por cima do ombro do bruxo e viu um dos homens chamando os outros com um assobio, apontando na direção deles enquanto voltava a correr com seus companheiros.

“Não é bem assim,” Dolohov também estava ofegante, e xingou baixinho quando a ponta do nó se soltou pela segunda vez.

‘Não é bem assim!? Não é bem asssim?” Abraxas se virou completamente para ele, indignado. “Então não trafica pessoas sempre, só quando idiotas como eu do outro lado da Muralha caem na sua lábia?”

“Abraxas, você quer discutir isso agora?” Dolohov pegou impulso e subiu na carroça, segurando as rédeas e estendendo uma mão para ajudar o loiro. Abraxas abriu a boca para retrucar, mas uma flecha passou raspando na sua bochecha esquerda e se fixou na madeira a sua frente.

“Acho que não é uma boa hora.” Ele falou, aceitando a mão que lhe era oferecida e subindo, enquanto o bruxo batia no lombo do cavalo.

Foi uma bagunça. No momento em que a carroça começou a ganhar velocidade, os caçadores de recompensa (ou seja lá o que eles fossem, pensou Malfoy) alcançaram eles. Abraxas e Antonin se dividiam entre segurar as rédeas e bater nos homens que conseguiam se agarrar a carroça. O cavalo seguia praticamente de forma desgovernada, destruindo tudo que vinha pela frente e entrando cada vez mais no meio da feira, com o som dos gritos das pessoas ao fundo.

 

//////

 

Você deve estar se perguntando o que aconteceu com a estrela. Pois um pouco mais cedo, enquanto Abraxas e Antonin iam em direção ao pub, Tom chegava à Travessa do Tranco. Assim que avistou o local, ele tentou voltar pela trilha até Dusha e Filius, mas ao olhar para trás viu que o caminho de pedras havia sumido e as árvores, se reagrupado novamente. O garoto resmungou e resolveu ir até a feira pedir por alguma informação.

Mas, não eram apenas os nossos três viajantes que estavam na feira da Travessa do Tranco aquele dia. Pois o que apareceu para Severo Snape nas runas que ele achou na casa de Cassandra, foi uma ponte torta e velha. E por isso, o homem se encontrava em uma tenda que vendia penas de diversos tipos de pássaros, tentando descobrir como diabos chegar até a maldita ponte. E o destino é definitivamente engraçado e astuto ao planejar as peças de nossas vidas e como elas vão se encaixar, seja para o bem ou para o mal.

“Com licença.” Snape sentiu uma mão pequena tocar seu ombro e quando se virou, mediu o estranho de cima a baixo. Na sua frente estava um garoto pequeno e magro, tão branco quanto à neve e com os cabelos escuros sujos de terra. Seu rosto bonito e levemente sardento também estava sujo, e a túnica prateada que ele usava até rasgara em alguns pontos. Havia algo muito estranho naquele menino, no entanto o homem não tinha tempo para analisar as peculiaridades dos passantes.

“Sim?” Perguntou da forma mais grossa que conseguiu, deixando claro que não queria socializar.

O garoto reparou, é claro, e franziu o cenho parecendo ter se irritado com o tom de voz do outro. “Onde exatamente nós estamos senhor?”

“Estamos na Travessa do Tranco, ou melhor, na feira que acontece próxima à ponte Travessa do Tranco.”

Quando terminou de falar Snape se virou, deixando claro que não iria dizer mais nada. Mas, ao fazer isso, um feixe de luz foi em direção ao seu olho esquerdo, fazendo o homem resmungar e se virar novamente.

“Mas que merda...”

“Desculpe,” Disse o garoto, parecendo desculpar nada. “Acho que foi a corrente do meu colar.” E dizendo isso ajustou melhor a corrente dourada que transpassava seu pescoço, fazendo o colar saltar para fora da gola da túnica por um momento.

Tempo suficiente para Severo Snape ver a Pedra Real.

“Isso...” O homem arregalou os olhos e o garoto, sem entender nada, deu um passo para trás ao ver a expressão dele mudar de confusa para incrédula e então, raivosa. “Você... você é a estrela.”

Tom também arregalou os olhos, sentindo seu estômago afundar. Respirou fundo, tentando manter a calma. “Desculpe senhor, acho que não entendi.”

“Você é a estrela.” Snape se aproximou e Tom deu mais um passo para trás. O homem não podia acreditar em sua sorte. “Eu vi nas runas... eu.... você é a estrela...”

Se aquele homem havia visto Tom nas runas, então ele o estava perseguindo, a estrela pensou. O garoto olhou as roupas de couro escuro e a capa preta do outro, olhou sua espada e suas botas sujas de lama. Ele não parecia Grindelwald, mas nada impedia que fosse um capanga seu, nada impedia que o bruxo tivesse colocado pessoas a sua procura para facilitar a busca.

“Olha, eu tenho que ir, mas obrigado pela informação.” No momento que Tom se moveu, Snape segurou seu braço com força e desembaiou sua espada, segurando ela  contra a barriga da estrela. O garoto tentou se desvencilhar do aperto, mas quando sentiu a lâmina fria tocar seu corpo, parou instantaneamente.

“Me larga!”

“Oh não, você vem comigo!”

Um barulho veio da entrada da tenda e os dois olharam na direção. Aparentemente o vendedor de penas havia voltado, pois agora ele estava parado na porta com a boca levemente aberta e diversas penas verdes e turquesa espalhadas no chão. Enquanto Snape olhava desconcertado o recém chegado, Tom aproveitou para alcançar um pedaço de madeira que servia para apoiar alguns colares artesanais e bateu com força na cabeça do homem, o fazendo berrar e soltá-lo.

Tom saiu correndo para fora do lugar e Snape foi atrás alguns segundos depois, ainda atordoado. A estrela olhou para os lados em busca de algum esconderijo, mas quando não encontrou nenhum simplesmente subiu a rua principal e começou a correr o mais rápido que pode. Aquilo era estranho, correr e sentir o vento bater no seu rosto, mas mais estranho ainda era ter um homem todo vestido de preto com uma espada, correndo atrás de você e seu coração que traz imortalidade.

Snape perseguiu Tom por alguns minutos. Eles deram a volta em algumas tendas e algumas vezes o garoto conseguiu despistá-lo, sendo encontrado logo em seguida. Tom já estava com a visão turva de tanto correr, mas o homem não parecia disposto a parar, berrando cada vez que se aproximava e brandindo a espada no alto. Quando ele começou a gritar ‘ladrão! Ladrão!’ ficou ainda mais difícil escapar, pois algumas pessoas tentavam jogar coisas em sua direção para derrubá-lo ou interditavam o caminho. Tom caiu quando dois homens tentaram segurá-lo, e sentiu uma dor forte nas costas e no tornozelo que tinha sido curado por Dolohov, mas logo se levantou e continuou a correr em direção a uma nova rua, com Snape em seus calcanhares, enquanto se perguntava por que raios tinha dado ouvidos a duas árvores velhas e falantes.

A essa altura meus caros leitores, nossas histórias iram novamente se cruzar. Pois enquanto Tom fugia de Snape em uma direção, na direção contrária uma carroça vinha desgovernadamente, com Abraxas e Antonin tentando não destruir tantas coisas no caminho para fora da feira. As pessoas ao redor já estavam entrando em um estado de desespero, gritando por ajuda e retirando animais e crianças do caminho, enquanto viam seus objetos e alimentos serem pisoteados pelas patas do cavalo e pelas rodas de madeira.

Abraxas, que tentava a todo custo se segurar nas bordas da carroça para não cair, olhou ao redor, assustado com toda a confusão que estava acontecendo. Depois de quase cinco minutos de fuga e muitas tendas destruídas do final da feira até o começo, só havia sobrado Travers e mais três capangas atrás deles. O loiro olhou ao redor, enquanto Antonin gritava para que um grupo de senhoras desavisadas saísse da frente, e foi quando viu um garoto de cabelos escuros e com uma túnica longa prateada correndo em direção ao mastro de madeira enfeitado com fitas, sendo perseguido por um homem.

“Aquele é Tom?” Malfoy murmurou para si, incrédulo. “Ei, aquele ali é o Tom!”

Dolohov olhou na direção que Abraxas apontava, para então arregalar os olhos e virar a carroça de forma abrupta na direção contrária à saída da feira. O cavalo relinchou em desaprovação ao movimento brusco e eles quase capotaram, com um dos lados da carroça saindo do chão. Antonin conseguiu os estabilizar novamente, e bateu as rédeas com força no lombo do cavalo, fazendo os corpos de ambos se inclinarem para frente.

“Tom!” Abraxas berrou. “TOM!”

A estrela franziu o cenho, olhando para trás e vendo Malfoy e Dolohov, ambos suados e descabelados, encima de uma carroça minúscula que se aproximava rapidamente. Atrás deles havia um rastro de destruição, muitas pessoas xingando e alguns poucos homens com expressões furiosas correndo e soltando faíscas luminosas de seus dedos.

O garoto, entendendo a situação, deu a volta no mastro de madeira prostrado no meio da larga rua e começou a correr na direção dos rapazes. A carroça estava em uma parte um pouco mais abaixada em relação à área que Tom estava, formando assim um barranco consideravelmente alto, e ele fechou os olhos por um breve momento, desejando que aquilo funcionasse.

Snape rangeu os dentes quando viu o que a estrela queria fazer, Dolohov murmurou um ‘não’ e Abraxas gritou, enquanto Tom corria até a borda daquela espécie de barranco e pulava. Foi como se os milésimos durassem segundos e os segundos, minutos. Tom viu a carroça se aproximar e passar um pouco de seu corpo no ar e, quando achou que fosse cair no chão, sentiu um par de braços fortes o puxarem para dentro do veículo.

“Tommy!” Abraxas estava com os braços ao redor da cintura da estrela, que havia caído bem encima do colo do loiro, e agora o olhava muito de perto com os olhos arregalados e a respiração ofegante, sentindo uma tontura causada pelo seu pulo e a dor no tornozelo latejar novamente. Malfoy gargalhou, depositando o corpo do outro ao seu lado, ainda com os braços na cintura do garoto.

Antonin, ao ver que todos estavam ali dentro, deu meia volta e eles começaram a ir em direção a saída da feira, com Snape e os três bruxos em seu encalço. A carroça atravessou o portal que dizia ‘Bem-Vindo à Feira Anual Travessa do Tranco’ e uma de suas rodas traseiras bateu em um dos pilares, derrubando mais da metade das letras na cabeça de Travers e dos outros bruxos.

E assim, eles saíram daquele lugar, juntos, deixando para trás apenas um Severo Snape ajoelhado no chão, ofegante e completamente furioso.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

gente, desculpa ter sumido, mas as aulas voltaram e tava foda. Mas se você gostou do capítulo, por favooor, comente, sim? Odeio ser chata assim, mas tem mais pessoas lendo do que comentando e eu quero saber a opinião de todo mundo :)