Padrões e Preconceitos escrita por Rainha dos Fantasmas


Capítulo 6
Gatos pretos


Notas iniciais do capítulo

"A curiosidade, instinto de complexidade infinita, leva por um lado a escutar às portas e por outro a descobrir a América; - mas estes dois impulsos, tão diferentes em dignidade e resultados, brotam ambos de um fundo intrinsecamente precioso, a atividade do espírito."
—Eça Queirós



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— MARI! – Eu me virei para o lado do corredor. Alicia estava ali com cara de preocupação. – Está tudo bem? Ouvimos uns gritos lá da sala e- Ah pelo visto você conheceu o Chat Noir. – Ela sorriu.

— Não exatamente. – Eu disse meio confusa. – Vocês se conhecem? Afinal o que é que está exatamente acontecendo aqui? – Perguntei.

—Ah, veja bem como eu te expliquei o Miraculous Comedian está fechado, então enquanto não podemos nos reunir lá o pessoal decidiu vir ensaiar aqui em casa. – Ela explicou. – Bom nós já ensaiamos aqui antes então achei que você não fosse se incomodar sabe? Pensei até que você conhecesse o pessoal todo, mas acho que o Chat faltou daquela vez.

— Então esse cara trabalha com você? – Eu perguntei apontando pra ele sem graça vendo ela confirmar com a cabeça. – Ahh...

— E porque esse “Ahh”? – Alicia perguntou.

— Talvez porque essa adorável moça tenha acabado de me acertar com um pente e agora está sem graça por isso.- O tal de “Chat Noir” se pronunciou, mas ao contrario do que eu imaginava ele não parecia irritado, tava mais pra admirado. – Que garota de atitude. Mas afinal quem é você? É uma mascara bonita essa, mas nunca tinha visto ninguém usando. Como você se chama?

— Ah não! Não é nada disso que você está pensando, Chat! – Alicia riu. – Essa é a Marinette, ela não vai trabalhar de comediante com a gente não! Ela é minha amiga.

— E empregada. – Eu completei com um sorriso. Aquele carinha tinha mesmo imaginado que eu ia trabalhar no Miraculous Comedian?

— Mas porque está usando essa mascara? – Alicia perguntou sem entender.

— Ah isso? Desculpa, eu não devia ter pegado nada sem sua permissão, mas é que sei lá ela me chamou a atenção. – Eu confessei meio sem graça e tirei a mascara.

— Ficou fofo. – Alicia disse. – Combinou bem com você. Mas bom acho que precisamos ensaiar! Chat me ajuda a levar as fantasias lá pra sala fazendo um favor.

— ‘Pó deixar. – E então os dois comediantes saíram para a sala levando o saco, que agora eu descobrir estar cheio de fantasias, e as típicas roupas da Alicia que estavam na cama.

— Hey vocês se esqueceram dessa! – Eu fui atrás deles indicando a mascara que eu estava usando antes.

— Ah ninguém usa essa! Pode ficar com ela! – Chat Noir falou virando o rosto pra mim com um sorriso. – Combina com você joaninha.

— Ah... Obrigada, eu acho. – Eu falei meio confusa. Coloquei a mascara dentro do bolso do avental e seguimos. Cheguei a super lotada sala e cumprimentei todos os comediantes ali presentes. Você imagina o inferno que aquele lugar estava? Caramba um bando de doidos escandalosos contando piadas sem o menor sentido a todo segundo espalhados pelo apê. Enfim eu amo aquela gente demais, tipo melhores pessoas. – Eu vou pra cozinha, ao contrario de todos vocês eu tenho uma pilha de louça pra lavar seus desocupados. – Eu fiz eles rirem e saí.

Fiz o meu trabalho normalmente na cozinha, lavar louça, secar, guardar, lavei o fogão (estava bem sujo, aparentemente Alicia tinha tentado cozinhar algo e não deu certo) e fiz mais um monte de coisas.

— Mari? – Alicia me chamou.

— Sim? – Virei pra ela.

— Você terminou aqui com a cozinha? O pessoal tá com fome e eu estava pensando em fazer – Ela começou a falar, mas antes que qualquer desastre viesse a acontecer ali eu já cortei sua fala.

— Deixa que eu faço!

— Mas eu nem disse o que queria! E eu quero tentar fazer! – Ela resmungou.

— Você tem vista, não quer deixar eles sozinhos né? Seria muita desfeita! – Eu falei muito seriamente.

— Eles não se importam, já são de casa! – Ela rebateu. – Agora se você quiser me dar uma ajudinha aqui, eu estava pensando em fazer uns pães com manteiga pra esse povinho por que eles não merecem coisa melhor não. – Ela disse a ultima parte bem alto para o pessoal escutar, obviamente ouvimos umas trocentas reclamações e a galera veio pra cozinha puxando a minha chefinha pra fora dela e implorando que eu fizesse alguma coisa para eles comerem.

— Certo, certo seus pobres mortos de fome. – Eu ri. – Vocês gostam de rabanada?

Eles aprovaram a minha escolha e saíram da cozinha para que eu pudesse me concentrar no meu trabalho em paz. Peguei pão, leite, leite condensado e tudo mais que eu precisaria. Depois de um breve tempinho estava tudo pronto, experimentei uma pra ver se estava bom e depois levei elas lá pra sala.  Eles estavam fazendo umas piadas com a situação politica do nosso país antes de eu chegar, mas tudo mudou ao sentirem o cheiro de comida. Como explicar tamanha desordem na hora de comer? O povo atacou a comida como se não houvesse amanhã, eles deviam estar mesmo com muita fome. Depois da arruaça eu recebi uns elogios pela comida, ri um pouco e logo em seguida voltei para a minha tão costumeira pilha de vasilha pra lavar. Sabe quando a comida é boa, mas depois você percebe que não devia ter feito ela porque ia ficar com cheiro de ovo? Então, eu tava cheirando a ovo e as vasilha também, mas olha que dessa vez nem foi tanto assim! Bem melhor do que a vez que eu inventei de fazer peixe...

Enquanto eu tava pensando em cheiro de comida, uma figura de preto se aproximava da cozinha...

— Ei, quer ajuda com isso aí? – Ouvi a voz me perguntar atrás de mim e dei um pulinho de susto pela surpresa. – Te assustei? Opa, fizemos progresso! Você não jogou nada em mim dessa vez! O que é muito bom, porque da ultima vez você estava segurando um pente, e agora está segurando uma faca!

— Ah, você! Chat Noir né? Me desculpa por aquilo. – Eu falei realmente sem graça, afinal quem é deixa boa primeira impressão tacando tralha em amigo de chefe?

 - Não tem problemas senhorita... Marinette? – Perguntou e eu só confirmei assentindo. – Quanto a louça...

— Não precisa me ajudar, esse é o meu trabalho. – Eu falei rapidamente. – O seu é estar lá na sala fazendo as pessoas rirem!

— Ou eu posso estar aqui na cozinha fazendo você rir! E dar uma ajudinha com a louça. – Ele falou pegando detergente e uma vasilha de vidro. –Sabe, o bom e velho cavalheirismo de sempre...

— Você sequer consegue lavar uma vasilha direito! – Eu ri da tentativa falha dele com a vasilha escorregando da sua mão e caindo de volta na pia.

— Mas consegui te fazer rir! – Ele falou sorridente.

— Conseguiu mesmo, meu caro! – Peguei, ainda rindo, o detergente de volta das mãos dele. – Você me pareceu nunca ter pegado em uma colher pra lavar na vida! Foi bem convincente.

— Obrigado, eu acho... – Ele riu também, mas pareceu ser de outra coisa.

— Então, você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu. – Eu falei encarando os olhos dele. Eram de um verde intenso, sentia como se estivesse entrando em uma floresta misteriosa quando o encarava diretamente.

— Sabe sim, eu sou Chat Noir, como você mesma disse antes. – Ele fez uma reverencia exagerada como se se apresentasse novamente.

— Eu sei, estou falando do verdadeiro nome! – Eu expliquei melhor. Ele meio que paralisou, me encarando com um sorriso amarelo.

— Ah, bem... –

— CHAT! VEM AQUI SEU GATO PREGUIÇOSO! PARA DE FUGIR DO ENSAIO! – Ouvimos alguém chamar educadamente da sala.

— Ah, sim, já vou! – Chat respondeu parecendo voltar de um transe. – Então, você ouviu né! Tenho que ir agora, Joaninha. – Ele disse agora me encarando com um sorriso de canto.

— Eh, “Joaninha”? – Eu perguntei estranhando o que me pareceu ser um apelido novo.

— Sim, por causa da sua máscara! Acho que já disse antes, é uma máscara muito bonita, combina com a dona. – Ele explicou dando uma piscadinha.

  - Obrigada então. – Eu dei um sorriso. – Você é uma pessoa interessante. – Acabei deixando o que era pra ser só um pensamento sair em voz alta.

— Oh... – Ele pareceu se surpreender com o meu comentário, mas logo em seguida completou com. – Você me parece ser também. – Sorriu e foi para a sala.

Eu acabei me distraindo com aquilo. Pensando naquele cara que me parecia mesmo uma pessoa bem interessante, quer dizer ele era um comediante como os tantos outros que eu conhecia e que estavam ali, mas tinha uma coisa a mais nele, uma pitada de mistério talvez? Eu não poderia dizer quem ele era, seu rosto e seu verdadeiro nome eram desconhecidos por mim, mas ainda assim estranhamente familiar, não como um conhecido exatamente, mas talvez alguém que eu já tenha visto? A minha mente vagueava por esses pensamentos estranhos enquanto o meu corpo trabalhava sem parar, correndo pra lá e pra cá limpando, organizando e fazendo tudo que devia fazer. Consegui me distrair tanto das minhas recordações da pior parte da minha infância, quanto da prova que quase me fez desmaiar de ânsia. Quer dizer, é um pouco difícil pensar em qualquer coisa assim tão tensa quando se está em um lugar cheio de piadas malucas e gente bem humorada que sorri pra você o tempo todo como se a vida fosse uma grande piada ruim. Esses malucos estranhamente estavam mantendo a minha sanidade.

Eu estava limpando e arrumando umas coisas no quarto de hospedes do apartamento (lugar que estava terrivelmente empoeirado) quando acabei, sem a menor intenção de fazer isso, escutando uma conversa de alguém no telefone. Não, eu não tinha a intenção de ficar “escutando atrás da porta” a conversa alheia, mas acabei por escutar. Eu ia fazer o que? Mandar a pessoa calar a boca? Enfim, foi alguma coisa como:

“Alô? Ah... Sim... Sim... Já?... Mas tem que ser agora mesmo? Eu estou meio ocupado aqui... Hum, o que eu estou fazendo? Nada demais, eu tô aqui com uns amigos... Mas é claro que é importante sim!... Ele só pensa em sim mesmo! Eu não posso ter um tempinho em paz só pra mim?... Tá bom, eu já entendi! Eu tô indo. Não esquenta. Tchau.”

Reconheci a voz como sendo a do Chat Noir, ele me pareceu bem frustrado com aquela ligação, bufando toda hora que tinha que parar pra escutar a pessoa do outro lado da linha falando. Pelo que pareceu ele estava assim por ter que sair dali ás pressas antes de terminar com o ensaio, mas eu não acho que uma coisinha assim pudesse causar tanta indignação em alguém, tinha uma coisa a mais ali com certeza. Mas não era da minha conta, porque eu simplesmente não tinha nada a ver com a vida desse cara, e não tinha nem um pouco de intimidade pra sair perguntado das coisas pessoais que ele saía falando no telefone. Repetindo: Isso não é da sua conta Marinette Dupain Cheng. Mas se não é da minha conta porque eu estou tão curiosa? Argh, maldita seja essa minha curiosidade! Agora vou ficar pensando nisso e-

— Ei, você tá aí?

— AH! – Acabei soltando um grito no susto, minha mente estava tão avoada que eu me desconcentrei do mundo real. Olhei pra porta e ele estava lá encostado sorrindo de canto pra mim.

— Olha Jaoninha, se toda hora que eu for falar contigo você for se assustar desse jeito eu vou começar a achar que tem algo de errado comigo. – Ele brincou. – Até poucas horas atrás eu achava totalmente normal se esgueirar por aí em silencio e cumprimentar uma pessoa de uma forma surpreendente do nada, mas agora eu estou começando a questionar esses meus ideais.

— Ah, é mesmo? – Eu ri. – E, ah... O que te trás aqui meu caro gato de ideais questionáveis? – Perguntei.

— Eu vim me despedir, tenho que sair meio apressado agora, mas não queria ir sem falar com você antes. – Ele me explicou sorrindo e por algum motivo com os olhos brilhando muito. – Eu adorei te conhecer menina-joaninha-empregada. - Ele fez uma reverencia exagerada novamente, como se eu fosse alguém da realeza ou algo do tipo. – Espero te ver em breve.

— Igualmente, menino-gato-comediante. – Eu respondi rindo do seu gesto exageradamente cavalheiresco.

Ele acenou e saiu correndo, literalmente. Talvez tivesse um compromisso muito importante ou coisa do tipo, isso justificaria toda essa pressa e a ligação que recebeu. Eu só sabia que eu realmente tirei um pouco da minha concentração que estava toda em coisas ruins e parte passou para aquele garoto esquisito e interessante, talvez devesse agradecer ele afinal isso foi uma ajuda, até.

Ás seis e meia em ponto eu terminei tudo que tinha de fazer ali, acabando assim meu expediente. Me despedi rapidamente de todos que estavam na sala fazendo, ou melhor tentando fazer um acordo pra saber quem entraria primeiro no palco no dia de uma tal apresentação. Aparentemente ninguém estava disposto a ceder a estreia do palco novo para os colegas então concluí que isso não se resolveria tão cedo, saí o mais rápido que pude para não me meterem no meio dessa treta perguntando a minha opinião sobre o assunto. O percurso no ônibus foi cansativo, uma senhora estava discutindo com uma moça no banco na frente do meu para que ela cedesse o lugar pra ela, a moça discordou dizendo que não ia fazer isso pois também tinha preferencia já que estava grávida. A senhora disse que isso era mentira, a garota disse que era verdade, eu ofereci o meu lugar para a senhora sentar, mas agora ela já tinha metido na cabeça que ia ficar com o banco em que a moça estava e me ignorou. O cobrador reclamou da confusão e pediu que elas parassem com a discussão, mas não o deram ouvidos e passaram e gritar mais e mais alto. Eu bufei impaciente com cara de “queria estar morta”. O motorista parou o ônibus quando eu finalmente cheguei ao meu destino, satisfeita tanto por poder ir pra casa quanto por poder parar de ouvir discussões de velhinhas e gravidas que eram tão desnecessárias quanto frustrantes. Hoje felizmente não fui atacada por nenhum bêbado louco no caminho pra minha casa, só aproveitei uma boa caminhada olhando para as estrelas que começavam a estampar o céu noturno.

— Cheguei! – Exclamei ao entrar em casa, avisando caso a minha irmã já estivesse lá, mas pelo silêncio eu notei que ela ainda não tinha chegado. – Beleza, eu tenho tempo de tomar um banho e me deitar rapidinho pra fugir de um certo assunto indesejado! Maravilha!

Sim eu sei que não poderia fugir da minha possível nota horrível e decepcionante que tiraria na prova para sempre, mas enquanto pudesse evitar de dar esse desgosto pra minha irmã eu evitaria. Não queria deixar ela mais pra baixo do que já estava essa semana por causa do novo emprego... Aliás, como será que ela estava indo lá agora?

P.O.V Bridg

Eu e Margot, uma mulher de meia idade muito simpática que trabalhava comigo, estávamos juntando algumas folhas secas que estavam caídas pelo jardim. A tarde estava calma, sem interrupções vindas de um certo loiro irritante, nada mais que meu trabalho normal. Margot me contava sobre um netinho dela que tinha nascido recentemente e sobre como ele era adorável. Estávamos bem tranquilas, até escutarmos o portão abrir e alguém entrar de cabeça abaixada. De primeira eu pensei que era Felix, mas logo notei que o rapaz era mais baixo e o cabelo era mais dourado, concluí que era o outro filho da família Agreste: Adrien, o modelo teen. Não tinha conhecido ele muito bem até então, ele estava sempre saindo para sessões de foto ou para ir pra escola, suponho que tenha mais ou menos a idade da minha irmã. No momento o garoto parecia bem chateado com alguma coisa, passou por nós e disse um “Boa tarde” meio sem ânimo e nós respondemos igualmente. Ele entrou na mansão, poucos minutos depois saiu junto de Natalie que falava algo sobre uma sessão de fotos que ele teria agora de ultima hora, o menino estava totalmente contrariado.

— Ah pobre menino Adrien... – Margot suspirou baixinho depois de eles saírem.

— Ah, ele não parecia muito bem. O que será que aconteceu? – Eu perguntei.

— Não sei, talvez tenha brigado com o pai, apesar de esse comportamento ser mais típico do Felix – Ela falou pensativa. – Você é nova e ainda não deve ter reparado, mas os garotos têm brigas muito frequentes com o senhor Agreste.

— É mesmo? – Perguntei intrigada. Não sabia nada de verdade sobre aquela família e fiquei surpresa com aquilo.

— Sim. Eu não sei exatamente o porquê das brigas, quando o Senhor Agreste vai ter uma conversa daquelas com os filhos ele pede que todos que estão por perto se retirem imediatamente então não dá pra saber. – Ela explicou. – O senhor Agreste parece bem rigoroso e sério com os filhos, os meninos foram criados com muita rigidez sabe? Cá entre nós os meninos parecem não gostar muito do pai, mas finge que eu nunca te contei nada disso!

— Uhum... – Eu fiquei pensativa. Uma característica típica minha e de minha irmã era a curiosidade, então aquilo provavelmente ia ficar na minha mente até eu saber o porquê de todas as brigas entre o meu novo patrão com os filhos. Na minha mente eu comecei o pontuar motivos e fazer teorias mirabolantes. – Mas ninguém nunca escutou as conversas deles atrás da porta ou coisa assim? Nunquinha?

— Nunca! – Margot falou séria. – O emprego paga bem, quem é que ia arriscar ser demitido só por curiosidade?

— É, acho que ninguém faria uma coisa dessas e- AH! – exclamei em surpresa quando percebi que um vulto preto pulou em cima de mim, me desequilibrei e caí bem na pilha de folhas que tinha acabado de juntar em uma cena que pareceria cômica aos olhos de um telespectador. – O que é-? – Eu resmunguei abrindo os olhos notando que o que estava em cima de mim era um gato preto. – Que?

— Ah! Plagg! Não encosta nela, você não sabe por onde essa criatura andou. – Ouvi a voz sarcástica e irritante de Felix Agreste.

Me sentei ainda meio tonta pelo tombo. O gato, que pelo que parecia se chamava Plagg permaneceu deitado no meu colo.

— Nossa que susto que você me deu! – Eu reclamei olhando para o gatinho.

— O que foi? Tem medo de gatos pretos? – Ele perguntou ironicamente. – Como você é supersticiosa.

— Eu não tenho medo de gatos pretos! – Resmunguei. – Só tenho medo de qualquer coisa que pula em mim do nada, como qualquer outra pessoa normal.

— Você se machucou querida? – Margot me perguntou.

— Não, eu estou bem. – Falei tentando tirar Plagg do meu colo, mas ele parecia ter gostado de ficar ali. – Vamos, vamos você tem que levantar para eu limpar a bagunça que você fez! – Me referia às folhas secas que agora estavam todas espalhadas de novo.

— Ah, Palgg que mau gosto você tem! Além desses queijos fedidos que come agora você gosta dessa garota também? Decepcionante... Vamos, vamos ir pra cozinha pra você comer o seu amado camembert.

— Fssssstt! – Foi a resposta do felino. Ele não parecia disposto a seguir o dono e me encarava com cara de “Dona, me salva!”.

— Eu acho que ele não gosta muito de você. – Falei fazendo cafuné no gatinho que começou a ronronar. – Então nós temos algo em comum, hein?

— Muito engraçadinha, mas não. Ele só está com medo do banho, se desesperou a ponto de aceitar ajuda sua. – Ele resmungou. – Agora Plagg se você não vier vai ficar sem jantar.

O gato pareceu entender o que ele disse e acabou cedendo, foi para o colo do Felix.

— Muito bem. – O loiro sorriu. Eu o encarei com surpresa: era a primeira vez que eu o via sorrir de verdade. Nada de ironia ou deboche, um sorriso limpo e realmente alegre, os olhos azuis brilharam por míseros segundos então ele voltou-se pra mim. – O que foi? Nunca me viu antes não é, senhorita Vira-lata?

— Não, é que – Ah deixa pra lá. – Eu mesma me interrompi levantando. Eu quase, quase disse que tinha achado ele bonito. Mas logicamente eu nunca iria admitir uma coisa dessas. Principalmente depois de ele estragar tudo me chamando por aquele apelido idiota.

 - Certo, podem voltar ao serviço. Me desculpe por interromper dona Margot. – Felix falou se virando para a senhora, ignorando totalmente a minha presença ali.

— Está tudo bem, Felix. – A senhora sorriu pra ele, que saiu rapidamente. – Pode não parecer, mas o Felix consegue ser um menino bonzinho quando quer.

 - Felix? – Eu ri. – Aquele Felix que estava aqui agora a pouco? Está brincando não é?

— É verdade, algum dia você nota. Felix é muito marrento, um menino danado ele. Mas quando você olha bem, ele é um bom menino. – Ela falou voltando a juntar as folhas, eu preferi não discutir com ela sobre o que eu pensava sobre Felix Agreste.


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Notas finais do capítulo

E aí meus súditos? Tudo bom? Podem me vaiar e jogar tomates em mim, sei que mereço ;-; Eu demorei pra caramba por causa de um bloqueio artístico que tive. Nunca tive um bloqueio assim antes, é desesperador! Eu fiquei muito tensa, cheguei ao ponto de achar que nunca mais ia conseguir escrever nada direito minha gente. Quase chorei, me senti um lixo por fazer isso com vocês. Mas agora olha quem está aqui? Eu mesma! Sim, sei que essa vibe deprê não é coisa típica minha, mas todos temos uns momentos assim não é? Eu quero pedir perdão pela demora. Sabem, eu entrei de férias e acho que talvez eu consiga escrever com mais frequência nesse meio tempo! Me desejem sorte.. ;-; Enfim, eu vou tentar né gente? Nada prometido! Beijinhos e ~fui~
PS: Sim, eu vou procurar alguma coisa pra colocar nas notas inicias do capitulo! É que eu não achei nada por enquanto que combinasse, mas vou tentar encontrar algo. Se vocês tiverem ideias eu estou aceitando.
Segundo PS: Corrijam qualquer erro que eu tiver cometido nesse capitulo, sabem como tenho preguiça de revisar!
Terceiro PS: Pode deixar galera! Dei uma pesquisada na net e achei essa frase do começo do capitulo! Bem legal né? Rainha dos Fantasmas também é cultura! Flw, Vlw



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