Padrões e Preconceitos escrita por Rainha dos Fantasmas


Capítulo 2
Revivendo dores passadas.


Notas iniciais do capítulo

"Contei com detalhes, revivendo novamente aquela cena dolorosa. Ela ouviu com atenção, dizendo apenas que tudo ia dar certo, mas eu sabia que ela estava errada. Nada ia dar certo. "
—Cinderela Pop



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Passaram-se cinco minutos em um silencio aterrorizante. Eu estava morta de medo e a pessoa do meu lado não falava nada.

— Bom. Acho que já deu. – A pessoa falou e agora que a voz dela parecia mais calma e notei que era... Feminina?

Eu fui solta e eu meio que corri de volta para a calçada onde a luz amarelada do poste tocava, isso de certa forma me acalmava. Logo depois de mim outra figura saiu do beco: uma garota, aparentemente com a mesma idade que eu, corpo desenvolvido, pele amendoada, cabelo meio avermelhados, óculos pretos, calça jeans surrada, All star preto, blusa xadrez laranja e branca.

— Qu-quem é você? – Perguntei ainda me recuperando do susto.

— “Oh muito obrigada por me salvar de um estupro! Você me salvou! Serei eternamente grata!” – A avermelhada falou ironicamente fazendo uma voz fina, uma bela imitação do que eu supostamente deveria fazer.

— Ah, tá certa, muito obrigada... – Eu falei meio corada, sinceramente eu devia mesmo a minha vida para aquela desconhecida.

— Sem problemas eu passei pelo mesmo problema um pouco antes de você com aquele mesmo cara escroto, mas acabei me escondendo aqui. Percebi o que aconteceria contigo e tive que te ajudar. Meio que me identifiquei. – A garota explicou ajeitando a armação dos óculos e sorrindo de um jeito simpático, algo nela, além do fato dela ter salvado a minha vida, me fazia sentir que ela era alguém muito legal e uma possível boa amiga. – Sou Alya. Alya Césaire.

— Marinette Dupain Cheng. – Falei sorrindo.

— Você mora por aqui? Nunca te vi! – Ela falou.

— Eu moro aqui já faz uns dois anos, é que eu passo o dia inteiro trabalhando no centro e quando volto prefiro ficar em casa. – Expliquei.

— Você trabalha? Que show! Tipo eu queria muito poder trabalhar e ter a minha própria casa! – Ela falou com o olhar meio sonhador.

— Não é tão show assim. Eu sou domestica e eu e a minha irmã quase nos matamos pra sustentar a nossa casa sozinhas! –Eu, de algum jeito sentia mesmo confiança pra desabafar com aquela estranha. Vão me dizer que nunca alguém salvou vocês de um estupro e depois ficaram falando sobre a vida pessoal de vocês? Super normal nos dias de hoje, bora ser moderno povo!

— Melhor que eu vocês devem estar! – Ela falou sarcasticamente. Eu finalmente olhei nos olhos dela e percebi uma coisa: estavam inchados como de alguém que chora. Então ficou um minutinho de silencio esquisitasso entre a gente.

— Se não quiser falar disso ok. – Eu quebrei aquele silencio bizarro.

— Seria estranho se eu disser que quero falar? Quer dizer nos acabamos de nos conhecer, mas eu meio que tô com isso entalado na minha garganta faz tanto tempo e isso é tão irritante... Sabe quando você come pipoca e aquela coisinha amarela fica presa no dente? Então, é pior que aquilo. – Ela falou me fazendo soltar uma risada.

— Cristo! Tu tá péssima! Vamos conversar então! – Eu falei entre a risada.

— Hey espera, mas e essa sua perna? – Ela falou olhando para o meu tornozelo.

— Nhe, já tive coisa pior que ficar mancando, mesmo que doa pra porra. – Eu falei dando de ombros.

— Pode ser, mas tu disse que trabalha de domestica né? Como é que pensa que vai trabalhar assim? – Ela falou. – Mora aqui perto?

— Um pouco. – Eu disse.

— Então vamos pra lá menina! – Alya falou.

E a partir daí eu levei aquela desconhecida para a minha casa, sim eu não sou muito normal não devo ter um parafuso a menos ou coisa assim. Chegamos lá e a minha irmã ainda não tinha chegado o que era sinal de que ela estava trabalhando então obviamente tinha sido aceita na entrevista de emprego, o que era muito bom. Alguns minutos depois eu e Alya estávamos sentadas no meu desconfortável e duro sofá na sala, eu com um pano de prato com gelo dentro colocado no meu tornozelo e ela desabafando para mim sobre o que estava acontecendo com ela.

— Eu não aguento mais ficar na minha casa! – Ela falou. – Meus pais não param de brigar o dia todo por qualquer merda que aconteça! É horrível! Eu chego em casa e já escuto gritaria para todos os lados!

— Explique melhor. – Eu pedi.

— Meu pai e a minha mãe ficam sobrecarregados no trabalho e parecem querer descontar isso um no outro sabe? Eles se estressam o dia todo e tem que ficar quietos pra não perderem o emprego, mas ai quando chegam em casa querem poder gastar todo o estresse um no outro. É uma merda! Eles ficam falando coisas horríveis e ate chegam a falar que só não se divorciam por causa de mim e das minhas irmãzinhas... – Ela disse de cabeça baixa. – Hoje as minhas irmãs pediram pra minha mãe deixar els irem dormir na casa de uma amiguinha delas por causa de uma festa do pijama lá e minha mãe deixou, mas meu pai chegou todo mal humorado e pra descontar a raiva disse que as meninas não iam ir em festa nenhuma, aí a minha mãe contrariou já gritando que elas iam ir sim resultando em mais uma briga, mas dessa vez foi diferente as minhas irmãs estavam ali, elas estavam vendo aquilo e me perguntaram porque nossos pais estavam assim, elas não sabiam dessas brigas ate agora e agora estão achando que é tudo culpa delas. Eu levei elas para a casa da amiga delas pra elas tirarem isso da cabeça, mas duvido que vai acontecer. Meus pais estão ate agora lá brigando e eu não faço a menor questão de voltar pra lá tão cedo. – Ela despejou tudo falando com uma raiva na voz que vocês não têm noção.

— E o que você vai fazer? Passar a noite na rua? – Perguntei.

— Nah, acho que vou pra casa do meu namorado. – Ela falou ainda muito mal.

— Quer um abraço? – Perguntei por experiência própria eu sabia muito bem que quando se está assim a melhor coisa que se tem pra fazer é receber um abraço. Ela assentiu e me abraçou com muita força, eu retribui. – Não fica assim, as coisas vão melhorar.

— Meus pais... Eles... Vão se divorciar! Eu tenho certeza! – Ela soluçava e eu sentia as lagrimas molhando meu ombro. – Eu... não sei se tô pronta pra aceitar isso...

—Calma, tudo vai se resolver! – Eu falei passando a mão no cabelo dela assim como a minha irmã costumava fazer. – Mas sabe, isso nem é o fim do mundo. Podia ser bem pior.

— Pior como? – Ela perguntou ironicamente se afastando devagar.

— Seus pais poderiam morrer e você ter que ir para o inferno com a suas irmãzinhas. – Eu falei sarcasticamente.

— Foi uma piada ou coisa assim? – Ela disse estranhando.

— Não. Foi a descrição perfeita da minha vida. – Eu falei abaixando a cabeça, eu queria ajudar ela a ver que não estava na pior, nem que pra isso eu tivesse que contar pra ela como era estar mesmo na pior. Eu contei tudo, falei cada detalhe da minha vida para Alya Césaire enquanto ela ouvia atentamente. Minha narração era constantemente interrompida por abraços e lagrimas, tanto minhas quanto dela que estava muito abatida por tudo aquilo. Eu terminei de falar tudo e sequei meu rosto com as costas da mão.

— É. A sua vida é uma merda bem pior que a minha. – Ela falou com o olhar de compreensão. – Eu sinto muito.

— Eu também. – Falei.

Nosso momento de lagrimas estilo novela mexicana foi interrompido por nada mais nada menos que um ronco muito alto vindo de ambos os nossos estômagos.

— Tá com fome? – Perguntei abrindo a minha mochila que estava no chão do lado do sofá e tirando de dentro as tupperwares da Alicia.

— Caralho tu tem Tupperware! Tu é rica é? –Ela falou.

— Sim sou só humilde, por isso eu moro aqui e trabalho de empregada! – Eu disse com um sorriso de canto.

— Nossa você é a minha melhor amiga agora! – Ela falou e nós rimos como duas idiotas.

Eu e Alya começamos a comer o que eu tinha ali na mochila, frio mesmo pra que esquentar né? Eu tipo nem tenho micro-ondas então vai assim mesmo. Minha irmã chegou morta de cansada e estranhou a cena de uma desconhecida ali em casa. Eu expliquei rapidamente que a Alya tinha meio que salvado a minha vida então ficou tudo na paz. Minha irmã disse que tava sem fome e que ia ir tomar um banho. Eu e Alya ficamos conversando.

— Aí eu nunca te vi na escola! Tu mata aula todo dia ou coisa assim? – Eu falei.

— Nem, eu estudo na François Dupont. – Ela falou.

— O QUE?- Eu meio que berrei.- Tá de zoeira né? Cê estuda na escola particular mais cara daqui? Agora eu que tô achando que tu é rica menina!

— Calma. Eu estudo, mas eu sou é bolsista. Não pago um centavo. – Ela explicou.

— Eu não sabia que tinha bolsa lá!- Eu falei.

— Infelizmente tem sim. Minha mãe me obrigou a tentar e eu acabei conseguindo, mas foi muito difícil. – Ela falou.

— E a Marinette vai tentar também. –A minha irmã falou vindo do corredor, já usando um pijama rosa de bolinhas brancas e se sentou no braço do sofá.

— É o que moça? – Eu perguntei sem entender nada.

— Hoje no trabalho eu tava conversando com uma outra funcionaria e ela me falou sobre essa escola e disse que a filha dela estuda lá.- Bridgitte falou. – Aquela escola parece ótima pelo que ela me contou e eu tenho certeza que você consegue uma bolsa lá!

— Menina! Cê vai estudar comigo! – Alya disse empolgada.

— Ei, você nem vai precisar fazer muitos amigos! – Bridg falou sorrindo, ela parecia muito feliz por eu ter meio que feito uma amiga.

— Claro! Você já chega lá com a enorme vantagem de uma amiga! – Alya falou e nós rimos.

— Mas você tá falando sério? Eu nunca fui tão boa aluna a ponto de conseguir uma vaga em uma escola assim tão concorrida! – Eu falei já me imaginando falhar miseravelmente em qualquer tipo de teste que uma escola daquele porte pudesse passar.

— Não seja exagerada Mari! Você é uma menina esperta! Eu fui lá e mostrei seu histórico escolar e me disseram que você tem chance de passar na prova depois de amanhã! – Bridgitte falou e eu engasguei com o ar.

— DEPOIS DE AMANHÂ? VOCÊ FOI LÀ E MARCOU UMA PROVA SEM A MINHA PERMISSÃO PRA DEPOIS DE AMANHÃ?- Eu falei, melhor dizendo berrei a plenos pulmões.

— Quê que tem? – Ela perguntou como se não fosse nada demais.

— Como você quer que eu passe com tão pouco tempo de estudo Bridgitte? – Eu falei séria.

— Ah não exagera! Quanto antes você fazer essa prova melhor e outra você ainda vai ter amanhã pra estudar! – Ela falou mais empolgada que eu para aquilo.

— Se você esqueceu eu tenho escola e trabalho amanhã!- Eu falei.

—Pode faltar amanhã na escola e eu já vou ligar pra Alicia! Ela é super compreensiva! Vai entender se eu explicar! – Ela falou já indo em direção ao nosso telefone fixo.

— Cara! Nós vamos ser colegas! – Alya me abraçou. – Ah! Já sei! Eu posso te emprestar uns livros meus pra você estudar amanhã!

— SIM! Seria perfeito! Obrigada! – A Bridg já respondeu antes de mim enquanto teclava os números no telefone.

— Ok. Vocês são duas piradas. – Eu falei rindo daquilo, mas o que me restava mesmo era só ir na onda da loucura delas e aceitar aquilo tudo.

— Então eu vou passar aqui bem cedo antes de ir pra escola e te entregar os livros ok? – Alya falou.

— Então tá. – Eu confirmei.

— Ah! Tá chamando! – Bridg falou com o telefone na orelha. – Oi Alicia! Aqui é a Bridgitte irmã da Mari. Sim, sim tá tudo bem aqui sim e contigo? Que bom. Aqui, a Mari não vai poder ir amanhã não.

Enquanto a minha irmã falava com a comediante Alya tirou o celular do bolso pra olhar as horas e viu que já tava tarde então disse que tinha que ir agora.

— Foi bom te conhecer Marinette. – Alya disse quando já estávamos na porta nos despedindo.

— Foi sim. – Eu falei. – Ai você tem whatsapp?

— Tenho sim, mas tu tem celular?

— A minha chefe me deu o antigo dela quando comprou um novo. – Expliquei. – Eu roubo a Wi-fi do vizinho.

— Que menina má! – Ela falou rindo. – Me dá a sua mão. – Eu estendi a mão pra ela e ela pegou uma caneta do bolso rapidamente anotando o número dela na minha mão. – Prontinho.

— Até amanhã? – Perguntei.

— Até amanhã. – Afirmou sorrindo e acenando, logo depois saindo.

— Eu tô feliz que você finalmente conseguiu uma amiga, mesmo que pra isso você quase teve que... Er... Cê sabe. – Minha irmã falou assim que eu voltei a entrar dentro de casa.

— É.- Falei. – Mas e aí?

— A Alicia disse que não tem problema de você não ir amanhã afinal você quase nunca falta.

— E como foi na sua entrevista de emprego? – Perguntei me sentando no sofá ao lado dela.

— Ah não me lembra daquela merda não. – Ela fez uma careta.

— Ih já vi que vou rir bastante da sua cara! Pode contar tudo! – Eu sorri empolgada.

— Ah. – Suspirou. – Ok, eu acho que hoje foi meio que um dos piores dias da minha vida.

— Eita! Com a vida que a gente tem esse titulo não pode ser dado pra qualquer coisa não hein.

— Sim, e com certeza hoje mereceu esse titulo!


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Notas finais do capítulo

E aí meus súditos? Tudo bom? Eu sei, eu sei, tava todo mundo esperando o Adrien mas hoje não galerinha, hoje é o dia de eu deixar a galera puta comigo, quem lê M.A.S sabe do que eu tô falando :v Sem muito o que dizer por aqui, sei lá o que eu deveria falar. Tô tipo com muuuita preguiça de pensar. Ae cês viram que lançou a bomb de Steven Universe? Alguém aqui sabe onde tem os eps legendados pra Rainha burra que não entende porra nenhuma de inglês? Se eu tô esquecendo de alguma coisa cês me desculpam. Ah eu acho que o próximo capitulo vai ser todo flashback do dia da Bridg e provavelmente cês vão gostar, mas talvez não porque eu nem comecei a escrever ele :v sim eu sou muito demente :v Beijinhos e ~fui~
PS: Alguém notou que eu editei todas as capas de todas as minhas fanfics? É melhor alguém ter notado porque eu demorei pra porra pra fazer aquilo lá!