Filha de um pirata... e uma princesa?! escrita por Melissa Potter


Capítulo 13
O país das maravilhas


Notas iniciais do capítulo

oi oi meu povo como é que estão vcs? espero que estejam bem :) me desculpem lindos por ter demorado um mês para postar capitulo eu recentemente estive em semana de prova e não deu para mim atualizar as minhas fic então me desculpem mesmo a demora, para me redimir com vcs esse capitulo é uns dos maiores capítulos que eu já escrevi na minha vida alem de que foi quando esse capitulo surgiu na minha cabeça que eu quis escrever essa fic e mais outros e outros capítulos vieram a minha mente e a fic foi criada então esse capitulo é a base de tudo, a base de toda a nossa historia foi dai que eu comecei então eu espero realmente que vcs gostem pq esse capitulo é muito especial para mim então espero que aproveitem...boa leitura ;)
ps: contem algumas coisas do livro Alice no pais das maravilhas, afinal o capitulo todo foi baseado nele



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Aos meus onze anos, conheci o país das maravilhas...

Na noite seguinte ao aniversário de Charlotte, o reino próximo a ilha do aniversário estava dando um baile em comemoração ao casamento do príncipe do local com a princesa de um reino distante. E onde tem festa, têm muitas riquezas. Então o próximo destino deles era esse tal reino vizinho, onde todos iriam estar disfarçados para entrar no castelo.

Killian, antigamente, não usava Charlotte nos furtos, mas a medida que a menina ia crescendo, ela passou a pedir a Killian para participar, pois queria ser uma boa pirata, como o pai. Killian tinha certeza que não iria gostar muito da filha correndo perigo com os furtos que faziam, mas a filha insistiu tanto que ele acabou por atender o seu pedido e, daquele momento em diante, Charlotte participava dos furtos. Incluindo esse da festa de casamento do príncipe e da princesa. Charlotte entraria junto ao seu pai e alguns marujos, todos disfarçados com feitiços feitos pela menina para esconder seus rostos.

— Charlotte, querida, já está pronta? – Killian perguntou entrando no quarto da filha depois de uma leve batidinha na porta.

— Estou quase. – Charlotte respondeu, ela estava sentada em frente a sua penteadeira arrumando os cabelos. Killian olhou para ela e sorriu encantado, Charlotte olhou-o de volta através do espelho.

A menina, para Killian, estava encantadora, ela usava um vestido longo, não muito volumoso na saia e completamente da cor azul claro, possuía mangas grandes mais que não iam até o pulso, calçava sua sandálias preta de fivelas que contrastavam muito bem com a longa meia branca que ela usava, seus cabelos estavam soltos cobrindo-lhe os ombros – Charlotte não deixava ele crescer mais que aquilo – e estavam enfeitados com a habitual fita preta que estava como uma tiara amarrada no topo de sua cabeça em um perfeito laço e, como sempre, no busto, o colar em forma de cisne brilhava. Charlotte sorriu para o pai através do espelho.

— Está linda. – Killian se manifestou.

— Obrigada, papai. – Charlotte o analisou de cima a baixo. – Você também não está nada mau.

— Como não poderia, esqueceu-se? Seu pai é diabolicamente lindo. – Killian disse em resposta, fazendo Lottie rir.

— Não tem como esquecer, o senhor não deixa. – Charlotte disse, ainda com a sombra do riso no rosto.

— Vamos? Os convidados devem ter chegado quase todos.

— Vamos deixar eles aproveitarem a festa por quanto tempo? – Charlotte questionou.

— Por uma hora, depois atacamos. – Killian respondeu vendo a filha se levantar.

Os dois partiram para o deque, onde os marujos os esperavam, todos muito arrumados. Quando chegou, Charlotte analisou a todos eles, incluindo Smee, Miguel e João, de cima a baixo e sorriu.

— Está linda. – Smee falou.

— Você que está, Smee. Se eu fosse mais velha, eu ficaria enamorada por você em um instante. – Charlotte respondeu.

— Não diga besteiras, menina. – Smee replicou corando.

— Eu apoiaria. – Killian entrou na brincadeira.

— Você também, não diga besteiras. – Smee falou, fazendo todos rirem.

— Vamos, as carruagens já devem estar esperando. – João os apressou.

Eles desceram da Jolly Roger e se dirigiram para as duas belas carruagens que haviam alugado e que já esperavam por eles.

O tempo todo, Killian segurava a mão da filha e a ajudou a subir na carruagem, que também acomodou Miguel, João, Smee e mais um marujo, os outros foram para a segunda carruagem. Charlotte sentou ao lado da janela e, em alguns momentos, olhava para o lado de fora e achou ter visto um vulto branco passando ao lado da carruagem, porém, ao olhar uma segunda vez, não viu absolutamente nada e passou a achar que estivesse tento alucinações.

O castelo do reino não demorou muito a aparecer como paisagem para Charlotte. Ela sempre se encantava com castelos, sempre os achou bonitos e aquele não era diferente. Não demoraram muito mais para chegar até o castelo e Lottie viu muitas outras carruagens desembarcando seus passageiros. Killian ajudou a filha a descer e, junto aos outros, eles entraram no castelo.

O salão, como todos os outros que já havia entrado, estava ricamente decorado com todo tipo de coisa, que se era possível comprar mil Jolly Rogers, ou até mais que isso. Apesar de já ter visto tanta riqueza junta, ela sempre se surpreendia com o que os ricos faziam com o seu ouro. Após serem anunciados, Killian se ajoelhou em frente a filha e ficou mais ou menos na altura da menina e olhou no fundo de seus olhos, Charlotte sabia o que viria. Instruções.

— Fique por perto de mim, iremos nos espalhar, não se afaste muito. – Killian pediu.

— Sim, papai. – Charlotte disse enquanto concordava com a cabeça.

— Miguel, como sempre, ficará com você, ninguém desconfia de duas crianças. – Killian continuou. Os dois trocaram um sorriso. – Não se afaste dele.

— Está bem, papai, não irei me afastar de ninguém. – Charlotte respondeu.

— Certo. Divirta-se por uma hora. – Killian completou.

— O senhor também. – Charlotte disse com um sorriso malicioso estranhamente parecido com o de Killian.

Charlotte e Miguel andaram por praticamente todo o salão, brincando, cumprimentando desconhecidos de quem iriam furtar mais tarde, comendo a comida da festa, até que decidiram ir para o jardim do castelo que havia encantado Charlotte assim que ela colocou os olhos lá. Ela gostava de rosas e ali estavam as mais belas rosas vermelhas e brancas que já vira. Por um momento, Charlotte achou ter visto o vulto branco outra vez, mas não teve tempo de olhar de novo por que Miguel lhe chamou a atenção.

— Por que eles estão cortando as flores brancas? – Miguel indagou apontando disfarçadamente para um ponto a direita deles. Charlotte viu dois homens apressadamente cortando as rosas brancas que estavam plantadas. Lottie franziu o cenho, não se contendo, ela se aproximou.

— Com licença, por que os senhores estão cortando as flores brancas? – Ela questionou e os homens se assustaram com a presença da menina e demoraram um pouco a responder.

— A rainha não gosta das brancas. – respondeu um deles.

Pelo canto do olho, Charlotte viu o vulto branco novamente, um pouco mais além de onde eles estavam, já no limite de sua curiosidade, mais uma vez Charlotte desobedeceu seu pai quando, disfarçadamente, se afastou de Miguel e dos homens e seguiu para o lugar onde o vulto tinha aparecido.

Ao chegar, Charlotte, no primeiro momento, só viu flores e mais flores até que no fim do corredor de rosas, um coelho branco vestido elegantemente olhava para um relógio de pulso… espera, o que!? Charlotte balançou a cabeça e olhou novamente, realmente, o coelho estava ali, ou ela havia enlouquecido de vez. O coelho branco se mexeu e Charlotte apressou- se em segui-lo sem pensar nas consequências. Tinha momentos que o coelho branco parava para olhar o relógio e, em um desses momentos, ele pareceu se desesperar e começou a correr sabe-se lá para onde. Charlotte apenas o seguiu e não pensou duas vezes antes de começar a correr atrás dele segurando a barra do vestido para facilitar sua tarefa, sem perceber, Charlotte penetrava mais no jardim sem ninguém a sua volta.

O coelho entrou em uma toca. Charlotte parou, respirou fundo tentando regular a respiração e foi olhar dentro da toca. O que aconteceu em seguida foi muito rápido, uma das mãos de Charlotte escorregou e ela caiu dentro da toca, na enorme e profunda toca. E põe profunda nisso. Para Charlotte, foi como se jogar de uma torre muito alta, o grito veio sem que Charlotte pudesse controlar, pareceu uma eternidade até que Charlotte atingiu fortemente o chão, seus olhos estavam fechados, demorou um minuto ou dois para abri-los de novo, seus olhos estavam sendo tampados por mechas de seus cabelos que lhe caíram no rosto com a queda, ela colocou as mechas atrás da orelha e observou, ainda deitada no chão na mesma posição em que caíra, – sem perceber que estava ofegante – o local onde estava.

Era um lugar com várias portas e com apenas uma mesa pequena no centro. Devagar, Charlotte sentou-se, tentou regular a respiração e, ainda no mesmo ritmo, ela se levantou e dirigiu-se a mesa, nela havia uma minúscula chave e uma garrafa com algum liquido. A menina pegou a chave e analisou-a. Qual porta será que aquela chave abriria? Ela olhou para as várias portas que tinham ali, a chave era minúscula. Não havia porta para abri-la. Pensou Charlotte, até que ela viu uma minúscula porta entre as normais, Charlotte analisou a porta e a si mesma, não tinha como ela passar por ali, a porta era muito pequena para o seu tamanho. Os olhos da menina caíram sobre a garrafa na mesa e conseguiu ler a etiqueta na garrafa. Beba-me. Charlotte arqueou as sobrancelhas, sabia que beber algo que não sabia o que era não era seguro nem o mais indicado para ninguém, contudo, a curiosidade da menina era sempre maior. Ela largou a chave e pegou a garrafa, abriu-a e cheirou, tinha cheiro de groselha… ou era framboesa? Ela não tinha certeza, mas o cheiro era agradável, então, sem medo, ela bebeu um gole e começou a sentir algo estranho. Charlotte começou a tossir e, sem perceber, colocou a garrafa na mesa, sentia por todo o corpo um formigamento e parecia que a mesa a sua frente estava aumentando de tamanho, foi quando muito tarde Charlotte percebeu que estava encolhendo e que estavam mais ou menos do tamanho da porta, então venho uma ideia em sua cabeça, era para isso que servia a bebida. Ela tocou no próprio corpo de olhos arregalados.

— Não acredito… encolhi de verdade! – Charlotte exclamou e colocou as duas mãos na boca quando percebeu que até a sua voz afinara.

Quando se recompôs, ela olhou para a porta pequena e procurou pela chave minúscula. Sem sucesso algum. Começou a procurar pelo local onde estava, até que seus olhos bateram na mesa, a chave estava ali em cima fora de seu alcance. Charlotte praguejou, como iria abrir a porta sem a chave?

— Espera… isso não estava aqui antes. – Charlotte falou ao ver em sua frente um bolinho. Ela leu o que estava escrito - “Coma-me”? será que isso irá me fazer crescer?

Charlotte pensou duas vezes antes de se aproximar mais para pegar o bolinho, analisa-lo um instante e dar duas mordidas.

A sensação foi instantânea e conhecida, o formigamento demorou apenas um pouco mais para terminar, Charlotte percebeu que estava passando da mesa e foi rápido o momento em que bateu a cabeça meio violentamente no teto, fazendo-a praguejar novamente. Agora a mesa estava a metros de distância, mesmo assim, ela pegou a chave em cima da mesa, segurou-a firmemente na mão, tomou o conteúdo que tinha na garrafa novamente e, pela segunda vez, se viu diminuir consideravelmente de tamanho.

Após já estar totalmente do tamanho da porta, Charlotte correu para abri-la, direcionou a chave na fechadura e sorriu quando conseguiu abrir a porta.

Quando a abriu, a boca de Charlotte boquiabriu-se encantada e surpresa com o que estava vendo, estava em algum tipo de jardim excêntrico, por todos os lados tinham flores que Charlotte conhecia e que ela não fazia ideia de que poderiam existir e também árvores, de todos os tamanhos. Ela passou pela porta e logo se viu em uma estradinha de pedra, olhava para todos os lados analisando o local novo onde se encontrava. Afinal, onde estava? Que lugar era aquele? Nunca tinha visto nada igual.

 Enquanto olhava, Charlotte viu novamente o coelho branco mais adiante na estradinha de pedra. Lottie viu que ele havia deixado cair uma de suas luvas na pressa em que estava, Ela se adiantou, pegou a luva e chamou pelo coelho, mais ele estava tão apressado, que nem ao menos a deu ouvidos. Charlotte então tentou segui-lo para devolve-lo a luva perdida, ela praticamente teve que correr atrás do coelho, mas mesmo assim não conseguiu alcança-lo, perdeu-o de vista e agora encontrava-se em um lugar desconhecido. Sem saber aonde estava, ela olhava para os lados analisando o lugar, foi quando começou a pirar, estava perdida e seu pai devia estar procurando por ela, atrasando todo o processo de furto que eles haviam planejado, além de, com certeza, estar bravo com ela por ela ter se afastado, não só dele como também, de Miguel. Frustrada, ela começou a chorar, seus joelhos cederam e ela foi ao chão. Charlotte chorou e chorou sem saber direito exatamente o porquê, chorou muito, demorou um pouco para ela parar e finalmente enxugar os olhos. Quando virou-se, viu um rato gigante em sua frente, Charlotte esquecera totalmente que ainda estava minúscula e se assustara com o enorme rato a sua frente, que não dera a mínima para ela. Charlotte, por alguma razão estranha, quis tentar falar com ele.

— Oh, rato, você sabe onde posso encontrar a saída desse lugar? – Ela questionou, fazendo o rato a perceber. Ele a olhou intrigado, piscou os olhos devagar e não falou nada. Talvez ele não me entenda. Pensou Lottie.  É claro que não! Ele é um rato Charlotte... depois outro pensamento veio a sua mente. Eu estou pequena demais para um ser humano de onze anos, então não acredito no impossível, irei tentar em outra língua. Charlotte, sem saber exatamente o que estava dizendo, disse:

— Creo que vi um gato.

O rato deu um súbito salto e começou a olhar para os lados desesperadamente. Charlotte arregalou os olhos ao perceber o que disse.

— Oh, meu deus, me desculpe! Me desculpe! Eu me esqueci que você não gosta de gatos. – Charlotte falou começando a se desesperar ao pensar que o rato poderia ir embora e deixa-la ali.

— Não gosto de gatos? – O rato respondeu completamente indignado. – Você iria gostar se fosse eu?

— Não, provavelmente não. – Charlotte respondeu prontamente. – Apesar de que, mesmo se eu fosse um rato, eu iria amar a minha gatinha Dinah. Ela é uma coisa linda e faz coisas muito fofas… e ela também é muito boa para pegar ratos… oh, me desculpe, eu não quis… – Charlotte viu o rato arrepiasse de medo e olhar para ela irritado. Charlotte tentou reverter aquilo. - Você gosta de cães? – O rato olhou para ela zangado e começou a se afastar. Charlotte tentou chama-lo de volta.

— Por favor, eu prometo não falar de mais nenhum tipo de animal. – Charlotte disse quase implorando para ele voltar. O rato voltou vagarosamente até ela.

— Vamos andando e eu lhe falarei o por que eu odeio gatos e cães. – O rato falou quando lhe alcançou. Charlotte apenas acenou com a cabeça.

Contudo, ao começar a história, o rato percebeu que Charlotte não estava prestando atenção e se ofendera com aquilo, com isso, a menina tentou se defender, porém, isso de alguma forma o deixara mais ofendido e ele se afastou dela novamente e dessa vez nem com os chamados de Charlotte ele voltou e a menina se encontrou sozinha novamente, ela suspirou frustrada.

— Afinal, o que deu em você, Charlotte? Falar de Dinah e cães para um rato? – Charlotte estava quase batendo em si mesma. – E agora você está falando sozinha. Oh, meu deus, estou sozinha em um lugar estranho sem a menor ideia de como sair daqui! … pare de falar sozinha Charlotte.

Então, no silencio, Charlotte chorou de novo, estava começando a sentir-se sozinha, quis que Dinah, ou Miguel, ou até mesmo o seu pai, estivesse ali com ela enquanto chorava.

Em um momento, escutou passos. Quando olhou para trás, lá estava novamente o coelho branco. Charlotte enxugou as lagrimas e percebeu que ele estava procurando algo. Provavelmente pela sua luva.  Pensou Charlotte, ela pensou também em chama-lo para dizer que estava com ela, mas percebeu que as perdera. O coelho finalmente a percebera ali.

— O que está fazendo aqui? Ande, volte para casa e me traga um novo par de luvas, ande, ande! Já estou muito atrasado! – disse o coelho aos gritos. Charlotte, assustada, seguiu as ordens do coelho indo para a casa que ele apontava.

O coitado acha que eu sou sua empregada. Por outra estradinha, Charlotte chegou a uma bonita casa a qual tinha uma placa com os dizeres C. Branco. Charlotte se dirigiu a ela e entrou, achava aquela situação toda estranha, estava recebendo ordens de um coelho que nem conhecia, balançou a cabeça e foi quando percebeu que estava no quarto do coelho. Começou a procurar e não demorou muito para encontra-las, pegou o par de luvas e, quando estava saindo, seus olhos bateram em uma garrafa muito parecida com que havia bebido outrora. Ela se aproximou devagar da garrafa, será que aquilo a faria crescer novamente? Charlotte decidiu tentar, abriu a garrafa e a bebeu, o efeito foi quase que instantâneo. Charlotte começou a crescer e crescer ao ponto dela não caber mais na casa do coelho branco e ela teve que colocar alguns membros de seu corpo para fora da casa e ficou imóvel, desolada, pensando que nunca conseguiria sair dali.

Charlotte ouviu passos e a voz do coelho chamando por ela, Charlotte não conseguiu responder o coelho, ele tentou entrar no quarto. Sem sucesso. Charlotte estava impedido a passagem, ele então resolveu tentar pular pela janela do lado de fora. Charlotte arregalou os olhos. Acho que não poderá fazer isso. Não demorou nada para que Lottie escutasse um grito e em seguida o barulho de vidro se partindo, o coelho começou a ficar muito assustado. Ele está com medo de mim. Pensou Charlotte.  Não o culpo, também sentiria medo se encontrasse um braço gigante saindo da janela do meu quarto… apesar de eu não ter janela.

O coelho branco chamou ajuda, tentaram de tudo para tirar o “monstro” da casa do coelho, Charlotte não se manifestou em nenhum momento, mais ela teve que agir quando disseram que iriam colocar a casa a baixo.

— Nem pensem nisso! – gritou ela, houve um silencio mortal e Charlotte começou a ficar ofegante, eles não podiam fazer isso com ela ali dentro. De repente, uma chuva de pedras começou, quebrando a janela e começando a machucar o rosto de Charlotte.

— Ei, parem com isso! – Charlotte gritou novamente, eles pararam e Charlotte percebeu que as pedras estavam se transformando em bolos. Charlotte pensou rápido, provavelmente aquilo a faria diminuir, logo comeu todos que conseguiu alcançar e percebeu que realmente estava diminuindo, comeu até ficar da altura suficiente para passar pela porta.

Sem pensar direito, ela saiu correndo da casa, ao passar pela entrada da casa viu de soslaio o coelho junto a outras criaturas estranhas, Charlotte não quis saber daquilo e correu para longe dali, tinha que voltar para aquele jardim, quem sabe ali não encontraria uma saída? Tinha também que voltar ao seu tamanho real, mas como? Como iria conseguir? Ela não tinha a menor ideia.

Quando os seus pulmões imploraram por ar ela parou e começou a olhar ao redor para encontrar qualquer coisa que a fizesse crescer. Charlotte avistou um cogumelo quase do mesmo tamanho de si, ela começou a analisa-lo, será que aquilo a faria crescer? Quando Charlotte olhou para o topo do cogumelo, uma lagarta azul estava sentada ali, fumando tranquilamente um narguilé. A lagarta a encarou e Charlotte a encarou de volta, pareceu passar anos até que a lagarta tirou a narguilé da boca e perguntou ainda a encarando.

— Quem é você?

Charlotte abriu a boca para falar seu verdadeiro nome, mas então a fechou novamente, e se seu pai fosse procurado ali também? Já tinha feito besteira demais para um dia.

— Alice, meu nome é Alice.

— Não é.

— Não é o que?

— Alice, você não é Alice.

— Eu sou Alice.

— Você! Quem é você?

Charlotte irritou-se, as pessoas costumavam acreditar que ela era mesmo Alice, mas aquela lagarta…

— Por que não me diz quem você é primeiro?

— Por que eu faria isso?

Charlotte ficou sem fala, já estava irritada o bastante, começou a sair dali a passos duros, mas foi chamada de volta. Charlotte bufou e voltou.

— Mantenha-se calma. – a lagarta pediu. Charlotte cerrou os punhos e olhou raivosa para a lagarta.

— Manter-me calma? – Charlotte estava quase explodindo de raiva.

— Sim. – a lagarta soltou algumas baforadas do narguilé. – Então, você acha que é Alice?

— Eu sou Alice.

— Tem certeza disso? – lagarta olhou nos olhos de Lottie.

— Sim, eu tenho.

— Creio que não… – a lagarta fumou mais um pouco. – Então… qual tamanho você quer ficar?

— No meu tamanho normal.

— E qual é o seu tamanho normal? – a lagarta indagou. Charlotte não soube responder, só sabia que era um pouco menor que Miguel.

— Não sabe? – a lagarta insistiu olhando-a através da fumaça. A paciência de Charlotte já tinha ido a muito tempo, nunca foi tão contrariada em toda sua vida, nem mesmo por seu pai. – Não está satisfeita com o seu tamanho?

— Eu gostaria de ser um pouco maior, sabe?

— Qual o problema com esse tamanho? – a lagarta conversou.

— Nenhum… eu só quero voltar ao meu tamanho normal.

— Você irá se acostumar. – a lagarta declarou.

— Eu não quero me acostumar, quero voltar ao normal! – Charlotte repetiu olhando a lagarta colocar o narguilé novamente na boca para em seguida soltar algumas baforadas.

— Um lado irá fazê-la crescer e outro irá fazê-la diminuir. – a lagarta explicou.

— Do que está falando? – Charlotte questionou confusa. – Lado de que?

 - Do cogumelo certamente. – a lagarta vagarosamente saiu dali, a deixando sozinha.

Charlotte analisou o cogumelo, ele poderia ter dito qual era o lado que a faria crescer, pegou um pedaço de cada ponta, mordiscou primeiro o da mão direita e sentiu-se diminuir, rapidamente antes que sumisse, ela comeu o da outra mão, percebeu, um pouco tarde, que novamente crescera demais e agora podia ver através das árvores.

Charlotte irritou-se por ter crescido demais, pensou então em comer o da mão direita novamente e parou ao alcançar os 25 centímetros. Charlotte aprumou-se, olhou irritada para o cogumelo, tirou algumas folhas e poeira de cima de si e voltou a caminhar por uma estradinha de terra que encontrara.

Charlotte estava tão distraída que tomou um susto ao ver, em cima de uma árvore, um gato que sorria de orelha a orelha. Suas garras eram longas e tinha dentes muito grandes, o gato sorriu ainda mais ao ver Charlotte, ela reconheceu a espécie do gato.

— Gato de cheshire. – Charlotte murmurou baixo e timidamente encarando-o nos olhos. Ele sorriu mais um pouco, devolvendo o olhar intensamente. Ela considerou aquilo como um bom sinal. – Como posso sair daqui?

— Depende aonde você quer ir. – O gato a respondeu.

— Só quero sair daqui.

— Então não importa o caminho que escolha. – O gato concluiu. – Contando que chegue a algum lugar.

Charlotte olhou para baixo, estava entre duas novas estradas, uma na direita e outra na esquerda.

— Para onde vão essas estradas? – Charlotte perguntou, olhando novamente para o gato.

— Naquela estrada, – o gato apontava para a da direita. – Mora o chapeleiro, e na outra, a lebre de março. Visite qualquer um dos dois, não faz diferença, os dois são malucos.

— Mas, eu não quero ficar perto de gente maluca.

— Todos aqui são malucos, eu sou louco, você é louca.

— Eu não sou louca. – Charlotte replicou.

— Se não fosse, não estaria aqui.

Charlotte ficou intrigada e confusa, estava ali por que era louca?

— E você? Por que é louco? – Charlotte o perguntou.

— Para começar, um cachorro não é louco, você concorda?

— Acho que sim. – Charlotte falou, receosa se essa seria mesmo a resposta certa.

— Então… você bem sabe que cães rosnam quando estão bravos e balançam o rabo quando estão felizes, eu, ao contrário disso, rosno quando estou feliz e balanço o rabo quando estou bravo, portando, eu sou louco.

— Gatos não rosnam, eles ronronam. – Charlotte o corrigiu.

— Chame como quiser. – O gato deu de ombros. Ele mudou de posição na árvore. – Você vai ao jogo de críquete com a rainha hoje?

— Gostaria muito, mas não fui convidada. – Charlotte respondeu tentando ser educada. O gato semicerrou os olhos olhando-a profundamente.

— Nos veremos lá. – O gato disse e sumiu. Charlotte revirou os olhos, já estava se acostumando com as coisas inusitadas que estava acontecendo, então, o gato desaparecer sem mais e nem menos, não surpreendeu Charlotte.

— Qual o problema dessas pessoas? Parecem que gostam de me deixar sozinha. – Charlotte retrucou. Logo a resposta veio em sua mente em forma da voz do gato. Porque todos aqui são malucos.

Ela suspirou, ficou ali um minuto ou dois esperando que o gato voltasse, o que não aconteceu. Charlotte então analisou as duas estradas de terra, decidiu ir pela mais interessante, lebre de março, pensou que, como não era março, talvez ela estivesse menos louca, os olhos de Charlotte caíram na árvore novamente e lá estava o gato a olhando sorrindo novamente.

— Pode parar de aparecer de repente? Isso assusta as pessoas. – Charlotte pediu.

— Tudo bem. – O gato concordou e ele desapareceu, dessa vez, devagar, primeiro foi seu rabo, em seguida o corpo e por último seu enorme sorriso, que ficou por ali por uns dois minutos antes de sumir completamente.

Charlotte respirou fundo e seguiu pela estrada da esquerda. Não demorou muito e Charlotte logo avistou a casa da lebre que, não era surpresa nenhuma, era do formato de uma. Charlotte começou a sentir os sintomas de arrependimento por ter escolhido a lebre, porém, ela não voltou, comeu mais um pouco do cogumelo que ainda estava consigo e cresceu até atingir os 70 centímetros para assim se aproximar da casa.

Ao se aproximar, Charlotte avistou uma enorme mesa abaixo de uma árvore, onde se encontrava a lebre e o chapeleiro, que conversavam empoleirados em um canto, ao verem Charlotte começaram a repetir sem parar. “Não há lugar, não há lugar”.

— Mas tem muito lugar, vocês só estão ocupando dois lugares. – Charlotte argumentou e, completamente indignada com a falta de educação deles, sentou em uma das cadeiras.

— Tome um pouco de vinho. – A lebre a ofereceu.

— Não posso tomar vinho, tenho onze anos.

— E o que tem isso? – A lebre questionou.

— Aliás, não estou vendo nenhum vinho. – Charlotte falou, não lhe dando tanta importância.

— É por que não temos vinho. – A lebre respondeu.

— Então por que ofereceu? É falta de educação oferecer alguma coisa que não tem. – Charlotte disse em reprimenda.

— Também é se sentar na mesa de alguém sem ser convidada. – A lebre disse em contra partida. Charlotte iria abria a boca para responder, mas foi interrompida pelo chapeleiro.

— Eu a conheço de algum outro lugar? – Ele a estava olhando havia algum tempo, analisando-a com extrema curiosidade.

— Certamente que não. – Charlotte o respondeu. O chapeleiro não disse nada a resposta de Charlotte, apenas arregalou os olhos, se inclinou na direção dela e perguntou:

— Qual a diferença entre um corvo e uma escrivaninha?

Charlotte piscou os olhos atordoada.

— O que? – Ela questionou. A boca levemente entreaberta, o chapeleiro não ligou para ela, pegou dentro de seu bolso um relógio e ficou o chacoalhando enquanto perguntava para ninguém em especifico:

— Que dia do mês é hoje?

Charlotte respondeu prontamente.

— É dia oito.

O chapeleiro pareceu ficar furioso e dirigiu um olhar mortal para a lebre.

— Eu disse que a manteiga não iria funcionar! – O chapeleiro exclamou.

— Era a melhor manteiga! – A lebre argumentou encolhendo os ombros tristemente.

— Não deveria ter colocado com a faca suja de pão. – O chapeleiro advertiu.

A lebre continuou melancólica ao pegar o relógio das mãos do chapeleiro e o afundar na sua xicara de chá, Charlotte conseguiu ver que ele mostrava o dia do mês e não a hora, o que ela achou fantástico e diferente.

— Você já sabe a resposta da charada? – O chapeleiro chamou sua atenção, Charlotte quase se esquecera.

— Desisto… você sabe qual é? – Ela respondeu. O chapeleiro inclinou-se sobre ela novamente e olhou em seus olhos.

— Não faço a menor ideia. – Ele replicou e a lebre concordou com ele.

— Você não devia perder tempo com charadas que não têm soluções. – Charlotte o aconselhou.

— Se você conhecesse mesmo o tempo não falaria dele como se fosse uma coisa, ele é uma pessoa. – O chapeleiro respondeu.

— Do que está falando? – Charlotte indagou muito confusa.

— O tempo é uma pessoa, em março passado, quando ela ainda não havia enlouquecido. – O chapeleiro disse apontando para a lebre. – Eu e o tempo discutimos, foi no dia em que cantei para a rainha, ela de repente berrou “ele está matando o tempo cortem-lhe a cabeça”

Charlotte ficou boquiaberta com aquilo.

— Desde então, é sempre seis da tarde do mês de março. – O chapeleiro concluiu com um lamento.

— Acho que entendi… – Charlotte murmurou. – Vocês vivem mudando de lugar e é por isso que a mesa está cheia de louça suja.

— Exatamente. – O chapeleiro respondeu.

— Tome um pouco mais de chá. – A lebre ofereceu-lhe.

— Mas eu não tomei nada. – Charlotte conversou. – Então não posso tomar mais alguma coisa.

— Você quer dizer que não pode tomar menos. – O chapeleiro a corrigiu.

— Ninguém pediu sua opinião. – Charlotte retrucou.

— Quem está sendo mal educada agora? – O chapeleiro replicou. Charlotte apenas olhou-o irritada e tomou um gole do chá oferecido.

— Eu quero uma xicara limpa, vamos mudar de lugar. – O chapeleiro pediu enquanto ia para o lugar ao seu lado e a lebre e Charlotte trocaram de lugar. Charlotte abriu a boca para começar a falar novamente, porém foi interrompida.

— Acho que você deveria permanecer de boca fechada. – O chapeleiro falou.

Para Charlotte, aquilo foi o cumulo, ela se levantou e começou a sair dali a passos duros, resmungando o quanto odiava o comportamento do chapeleiro. Quando sua raiva cessou, Charlotte encontrou uma curiosa árvore que possuía uma porta. Charlotte deu de ombros, abriu a porta e entrou. Estava novamente naquela sala com a mesa, dessa vez sabia o que fazer, ela pegou a chave na mesa, comeu outro pedaço do cogumelo e diminuiu novamente, abriu a porta e encontrou o belo jardim novamente, era o mais belo jardim. Em sua frente havia uma grande roseira, todas eram brancas, porém, haviam três jardineiros pintando-as. A cena lhe pareceu muito familiar, eles demoraram para avista-la ali observando eles, discutiam entre si e pararam ao ver Charlotte, fazendo uma reverencia à menina.

— Por que estão pintando as rosas? – Charlotte questionou bastante curiosa.

— A rainha não gosta das brancas, se ela descobrir…

Ele foi interrompido por outro quando gritou “a rainha, a rainha”, eles rapidamente se jogaram no chão de bruços, Charlotte, contudo, olhou para os lados querendo conhecer a rainha.

Ela avistou primeiro os soldados, em seguida vieram as crianças reais, aproximadamente dez, depois os convidados, muitos reis e rainhas. Charlotte pôde ver, além do coelho branco, ele pareceu não reconhecer a menina ao passar por ela, o valete de copas que carregava a coroa do rei em uma almofada e, no final, o rei e a rainha de copas.

A menina não fez nenhum tipo de reverencia, esperou o cortejo passar por si, foi quando a rainha a percebera.

— Quem é isso? – A rainha indagou e ela ficou irritada quando ninguém a respondeu e se dirigiu diretamente a Charlotte. – Qual é o seu nome, querida?

— Alice… meu nome é Alice. – Charlotte respondeu, torcendo para que ela não fosse como a lagarta. – Às suas ordens.

— E quem são esses? – A rainha questionou apontando para os jardineiros.

— Não faço a menor ideia, eu não os conheço. – Charlotte a respondeu. A rainha pareceu ficar muito irritada e começou a berrar.

— Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe a cabeça!

— Mas, que absurdo! Eu não os conheço! – Charlotte replicou. O rei tentou acalmar a rainha, ela desvencilhou-se dele e se aproximou dos jardineiros, eles se apresentaram até que ela observava as flores.

— Cortem-lhe a cabeça, cortem-lhe a cabeça! – A rainha repetia e saiu junto com o cortejo, deixando dois guardas para executar o trabalho. Os jardineiros, assustados, esconderam-se atrás de Charlotte, ela os ajudou a se esconder. Os guardas, não os achando, desistiram de procurar.

— Você sabe jogar críquete? – A rainha perguntou quando Charlotte voltou a se aproximar deles.

— Sim.

— Então venha, iremos jogar um pouco. – A rainha a chamou. Charlotte os acompanhou e viu-se ao lado do coelho, que a olhava o tempo todo.

— Todos para os seus lugares! – A rainha mandou, e todos rapidamente foram para os seus lugares trombando uns nos outros.

Charlotte mentira, nunca havia jogado aquilo na vida, porém já havia ouvido falar. Decidiu olhar as pessoas jogando para saber como era e fazer igual, afinal aprendia rápido.

Charlotte percebera rápido que aquele jogo não era exatamente igual ao críquete de verdade, o campo era bastante curioso e seu modo de jogar também. O campo era cheio de saliências e os jogadores usavam flamingos como tacos e ouriços como bola, além do jogo ser bastante difícil por conta dos soldados-arcos que estavam sempre mudando de lugar.

Todos ali jogavam e a rainha, por incrível que parecesse, estava ficando muito mais irritada e gritava para todos os lados ordens para cortar a cabeça de alguém. Charlotte sabia que a hora de jogar com ela se aproximava e temia que isso acontecesse e a rainha mandasse cortar sua cabeça novamente e não houvesse rei que a segurasse. Charlotte jogava distraída até perceber novamente o gato de Cheshire sorrindo para ela em cima de uma árvore.

— Se divertindo? – O gato perguntou.

— Um pouco, esse jogo é muito confuso é muito difícil jogar com algo vivo, não consigo segurar meu taco direito, os arcos vivem mudando de lugar e a bola da rainha que eu deveria acertar saí correndo ao ver a minha se aproximar. – Charlotte o respondeu.

— O que achou da rainha? – O gato conversou.

— Nada de extraordinário, já vi rainhas bem melhores. – Charlotte falou baixinho para que apenas ele escutasse.

 - Provavelmente que sim. – Com seu enorme sorriso, o gato sumiu das vistas de Charlotte.

Ela voltou ao jogo e as sentenças saindo da boca da rainha não paravam, Charlotte tentava de tudo para evitar o inevitável ao procurar o seu ouriço e o flamingo que fugiram dela. O jogo se seguiu por muito tempo, Charlotte conseguiu se salvar se afastando um pouco do campo olhando ao redor e conversando vez ou outra com os criados.

Até que muito tempo depois, todos ouviram um grito “o julgamento está começando”. As pessoas começaram a correr naquela direção e Charlotte acabou sendo arrastada pelas pessoas.

— Que julgamento é esse? – Charlotte questionou e ninguém a respondeu.

O rei e a rainha estavam em seus devidos tronos, o valete de copas estava acorrentado em frente a eles com dois soldados em cada lado de si, ao lado do rei, estava o coelho branco segurando em uma das mãos uma trombeta e na outra um pergaminho, no meio, tinha uma mesa cheia de tortas que fizeram o estomago de Charlotte roncar.

Charlotte nunca esteve em um tribunal antes, porém já havia lido como todo o processo funcionava, o júri era composto por animais e o juiz era o rei. Charlotte achou bastante curioso os membros do júri estarem escrevendo no quadro sem que o julgamento tivesse começado de verdade, ela perguntou para a pessoa ao lado o porquê disso, ele lhe disse que eles tinham medo de esquecer seus nomes quando o julgamento acabasse. Charlotte não teve tempo para falar qualquer outra coisa pois o julgamento começara.

Estavam acusando o valete de copas por ter roubado tortas da rainha. A primeira testemunha era o chapeleiro, Charlotte escutou ao depoimento meio maluco de chapeleiro, mas se distraiu quando começou a sentir uma conhecida sensação em seu corpo. Ela estava crescendo. Pensou em sair dali, mas decidiu ficar até que tivesse espaço para ela. O depoimento do chapeleiro seguiu adiante, ele tremia de nervoso sob o olhar da rainha. Ao terminar, saiu dali o mais rápido possível antes que fosse executado.

Outras testemunhas foram chamadas, porém, todas elas não deram em nada e foi com muita surpresa que Charlotte ouviu seu nome falso ser chamado como uma das testemunhas. “Alice”. Agora ela não queria ser Alice, de olhos arregalados e se esquecendo completamente de que estava crescendo, acabou por derrubar o júri com a barra da saia de seu vestido. Se desculpando, Charlotte arrumou todos eles em seus lugares e o julgamento só recomeçou quando Charlotte terminou de organiza-los.

— O que sabe sobre o caso? – O rei a questionou.

— Não sei de nada. – Charlotte respondeu. O rei olhou um pergaminho perto de si.

— Ninguém com mais de um quilometro de altura deve permanecer no tribunal. – O rei falou.

— Não tenho mais que um quilometro de altura. – Charlotte argumentou.

— Certamente que tem. – A Rainha opinou.

— Eu não vou embora, vocês acabaram de inventar isso. – Charlotte replicou cruzando os braços indignada.

— É a nossa lei mais antiga. – O rei disse em resposta.

— Mentira! – Charlotte acusou.

— Façam o seu veredito. – O rei pediu ao júri.

— Ainda não, vossa majestade, acabamos de receber um envelope parece uma carta. – O coelho branco se fez ouvir.

— Uma carta? Endereçada a quem? – O rei perguntou curioso.

— Não tem dizendo. – O coelho respondeu.

— Pois abra-a e veremos. – Mandou o rei.

Dentro haviam apenas alguns versos do que parecia um poema, de alguma forma, o rei enxergou aquilo como uma prova, Charlotte ficou indignada.

— Isso não é prova alguma, não faz nenhum sentido! – Charlotte opinou.

— Deixemos o júri considerar o veredito. – O rei respondeu.

— Não! Cansei disso, a sentença primeiro! – A rainha ordenou.

— Mas que absurdo! Onde já se viu a sentença primeiro? – Charlotte continuou a opinar.

— Veja só como fala, garota! – Gritou a rainha com raiva.

— Eu falo como eu quiser! – Charlotte retrucou, voltando aos poucos ao seu tamanho normal e com nenhum medo da rainha; A rainha talvez tenha percebido, pois gritou:

— Cortem-lhe a cabeça!

— Ora, por favor! Eles são só cartas de baralho. – Charlotte já voltara completamente ao seu tamanho normal. Ao ouvir aquilo, os soldados pareceram se zangar.

Eles se juntaram formando um monte de cartas gigante, todos eles voaram para cima de Charlotte. Por reflexo, ou até por medo, a menina gritou e colocou as mãos no rosto apenas para se sentir caindo, costas bateram, um pouco violentamente, em algo duro e fofo ao mesmo tempo, uma voz a chamava, a qual ela demorou para reconhecer, pois estava muito tonta e ela ainda estava tentando se desvencilhar das cartas, que era Miguel.

— Charlotte? Você está bem? O que está fazendo aí? O que aconteceu com você? – Miguel fazia uma pergunta atrás da outra vendo o estado da amiga.

Charlotte abriu os olhos e tirou os braços de sua frente, olhou para os lados, constatou que estava novamente no reino vizinho a ilha do aniversário, encontrava-se caída no meio do jardim real com Miguel debruçado sobre si a olhando preocupado. Charlotte rapidamente sentou-se, estava muito atordoada.

— Eu… eu… estou bem… eu não sei o que estou fazendo aqui… eu não sei o que aconteceu… eu acho que…

— O Que? – Miguel a instigou a continuar, ainda muito preocupado.

— Que eu sou louca. – Charlotte completou. Miguel apenas a olhou arqueando as sobrancelhas, incrédulo, balançou a cabeça e a ajudou a levantar.

— Está bem, então. Vamos, seu pai está esperando. – Ele falou e Charlotte concordou com um aceno de cabeça e, antes de irem, ela deu uma olhada para trás com o cenho franzido. Será mesmo que tudo foi real?

Sim, tudo foi real. Descobri isso quando comecei a ter sonhos com o lugar e seus habitantes, instigando a minha curiosidade. Perguntei ao meu pai se ele já havia visto algum reino assim, ele olhou um momento para mim e respondeu que sim e que aquele lugar se chamava país das maravilhas. Eu acenei com a cabeça e continuei com meus estudos, papai até tentou saber o porquê da curiosidade, eu apenas disse que vi em um livro.

Nunca disse a ninguém que visitei o país das maravilhas, pois, por mais que eu soubesse que era real, eu ainda achava que o gato de cheshire tinha razão sobre eu ser mesmo louca.

E para minha surpresa, não me incomodava com isso.


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Notas finais do capítulo

eu espero que vcs tenham gostado ;) pf comentem oq acharam do capitulo eu amo os comentários de vcs eles sempre me deixam bastante feliz, é sempre bom saber oq vcs acham, no capitulo anterior eu não recebi nenhum então seria muito bom que vcs comentassem esse capitulo afinal ele é especial :D mais se não comentar td bem tbm eu agradeço do mesmo jeito vcs terem lido ele afinal é muito grande kkkk enfim acho que não tenho mais nada para falar então ate o próximo capitulo acho que não irei demorar um mês kkk então la ou os comentários



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