Apaixonada Por Um Morto-Vivo escrita por Rafaello


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Mais um capítulo. Vamos entender a cabeça da Tina depois do que se passou no quarto dela.

Boa leitura!



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Já não era a raiva que tomava conta do corpo dela. Não sabia exatamente o que era. Em tempo algum em sua vida sexual, tinha se sentindo tão suja. Que sensação horrível! Transar para ela era como trocar de roupa. Havia feito tanto isso que nem se lembrava quantas vezes, precisamente. Raramente lembrava dos nomes dos homens, ocasionalmente se recordava das cenas, dos toques, das palavras. Eram todos insignificantes. Nunca houvera um único que pudesse ser tão importante ao ponto de ocupar sua mente por mais de umas horas.

   Tina, no fundo ela mesma sabia, que tinha medo de se aproximar de Stoll. Temia que pudesse gostar. Esse gostasse... Não seria nada bom para ela. Porque ela ficaria vulnerável e ele poderia machucá-la, se quisesse. Como se ele quisesse. Como ela poderia adivinhar que ele tinha um coração puro? E se não tivesse? Ela não era o tipo de pessoa que se apaixona. A vida não lhe permitia isso. A vida era bem dura com ela. Não se daria a esse luxo. Tinha coisas mais interessantes para fazer do que ficar trancada num quarto, sofrendo por alguém.

   Foi exatamente isso que ela fez naquele dia.

   Após Stoll ter pulado daquela altura surreal, Tina andou de um lado para o outro dentro do quarto escuro, sozinha. Confusa. Andou por mais de uma hora sem perceber. Quando cansou, deitou-se na cama e ficou perdida no seu teto. Até isso a lembrava Stoll. O quarto dele com aquele teto iluminado, como se tivesse vendo um céu cheio de estrelas.

   Pôs-se a pensar no decorrer daquele dia louco. Analisou seu ataque de ciúme na sala de aula com aquela patricinha vulgar. Àquela altura, ela já assumia para si mesma que ardeu de ciúmes daquela garota com Stoll. Por que? Provavelmente porque ela se compeliu tanto a odiá-lo e manter uma distância segura dele, que era segura somente para sua sanidade, que acabou por se entregar na mesma intensidade.

   Pensou no que fez com seu professor. Só não entendia por que se sentia arrependida por ter feito aquilo. Será porque no interior de seu eu, ela sabia que não havia gostado? E não queria admitir isso. Precisava colocar na cabeça que ela tinha o suficiente e que aquilo bastava para se saciar. Ela merecia mesmo isso? Não havia nada melhor e nem mais satisfatório? Se questionava, e muito! Quis fazer aquilo só para se livrar de Stoll em seus pensamentos. Quis afastar ele de qualquer maneira. Mais uma vez, Stoll estava no meio de tudo.

   Pensou na vez dele de ter ataque de ciúmes na porta da escola. Como ele conseguiu ouvir ela e Tom? E por que teria ciúmes também? Gostava dela igualmente, certeza. Isso reconfortou seu coração por um tempo, distraidamente.

   Queria refletir sobre a conversa de mais cedo com sua mãe. Também foi algo fora do normal. Mas havia deixado uma pulga atrás de sua orelha. Primeiro, muito tempo atrás ela pegara seus pais cochichando sobre ela. E agora, Haney vinha com um assunto estranho desse. Bom, o assunto não era de fato de suma importância. Todavia, colocando em pauta tudo que vinha acontecendo, ela deveria suspeitar. Não podia confiar em nada nem em ninguém.

   E o cenário de Tina e Stoll se beijando na cama... Aquilo surgia entre um tema e outro na sua memória. Não imaginava que fosse curtir o momento com tanta vontade. Não esperava que fosse ser daquele jeito.

   Sentiu-se mal novamente por pensar que por um segundo, eles poderiam ter transado depois do que ela fez.

   Merda! Não aguento mais pensar nele.

   E também, tinha tantas perguntas para fazê-lo. Dúvidas, curiosidades...

   Sacou seu telefone. 3h18

   Convenientemente, a hora do demônio.*

   Mandou uma mensagem de texto para Stoll.

   ‘’COMO SUA TIA SABIA MEU NOME, AQUELE DIA QUE FUI ATÉ AÍ FAZER O TRABALHO DE DUPLA?’’

   E aguardou. Ora, o que tinha na cabeça? Era madrugada. Provavelmente ele estaria dormindo. Mesmo que não estivesse, por que ele a responderia? Pelo modo como foi embora, ficou bem claro que ele não queria papo com Tina.

   Impaciente com o telefone na mão, a garota de cabelos azuis lembrou-se do número de Tom. Quando viu, a tinta caneta vermelha estava borrada e quase apagada. Ainda conseguia entender o que estava escrito. Aproveitou o tempo para distrair-se anotando o número em sua lista de contatos. Quando salvou o nome, recebeu uma mensagem de texto. Abriu, afobada.

   ‘’EU JÁ HAVIA COMENTADO SOBRE VOCÊ. NÃO TENHO HÁBITO DE APARECER COM GAROTAS EM CASA.’’

   Ele foi bem seco. Tina deu um sorriso bobo. O que estava acontecendo com ela?

   Cogitou continuar a conversa e quebrar o clima chato em que eles terminaram o episódio quente.

   ‘’COMO CONSEGUIU PULAR DA MINHA VARANDA? A ALTURA É DE 4 METROS...’’

   Desta vez, ele foi mais rápido e respondeu no mesmo minuto.

   ‘’SEM SONO, SENHORITA?’’

   Ela sorriu. Estava gostando daquilo.

    ‘’E VOCÊ?’’ Retrucou.

   Agora ele demorou na resposta. Tanto tempo que Tina achou que ele tivesse finalmente dormido.

   ‘’SOBRE O QUE ACONTECEU HOJE... VOCÊ QUER CONVERSAR?’’ Ela avançou, morrendo de medo da resposta, desta vez.

   Ele ainda demorava.

   4h

   E nada. Ela desistiu. Colocou o telefone ao lado do travesseiro.

   Barulho de notificação.

   Agarrou o celular correndo.

   ‘’NÃO PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO. FINJA QUE NUNCA ACONTECEU.’’

   Baque. Que banho de água fria!

   ‘’POR QUÊ?’’ Arriscou-se.

   ‘’NÃO TENHO INTENÇÃO DE ME ENTREGAR PARA ALGUÉM QUE NÃO SERÁ SÓ MINHA.’’

   Uau!

   Não sabia se ficava com raiva ou confortada com o ciúme. Sensação de posse... Seria bom experimentar aquilo com ele?

   Que porra eu tô fazendo da minha vida?

   Largou o telefone. Mas quem disse que conseguiria dormir?


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Tina não está nada bem, risos. Parece que Stoll confundiu mesmo a cabeça dela.
COMENTEM!!!

*OBS: tem um pensamento da Tina com (*) no meio do capítulo em que ela diz: ''Hora do demônio''. Isso se deve ao fato de que, entre 3h e 4h da madrugada, acontece uma conexão muito forte e grande de movimentação de espíritos no nosso plano. Os leigos acreditam que nesse momento da noite, às vezes acordamos sem motivo aparente, porque ''demônios'' estão presentes conosco. Tudo não passa de energia espiritual (pfff).


Sem lista de personagens.



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