Apaixonada Por Um Morto-Vivo escrita por Rafaello


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Caros leitores, primeiramente, peço perdão pelo atraso de postar este capítulo. Nota: fiquei sem computador. Logo, a frequência de postagem será menor. Porém, não deixem de acompanhar a história. Darei meu melhor, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720243/chapter/11

   Não parava de pensar naquele sonho. Afinal, fora sonho mesmo? Tina achava que Stoll tinha estado no quarto dela, de fato. Mas como diria isso para ele? E se aquilo tudo fosse coisa de sua cabeça, como jogaria na cara dele que sonhara com ele fazendo sexo oral nela? Não havia possibilidades de fazer isso. Ela passaria vergonha se o fizesse. Resolveu deixar de lado e analisar suas atitudes com ela. Seria uma boa observadora hoje. Mas tinha receio de não conseguir ficar perto dele sem mostrar a cara de ódio. 

   Primeira aula da lista era Literatura, com a professora Zilah. 

   Zilah, a mulher de cabelos vermelhos. A maldita que passou o trabalho de dupla...

   Acertaria alguns pontos durante essa aula. Entrou 20 minutos atrasada. Para seu alívio, Lanna estava presente com Linden ao seu lado e Stoll, na cadeira de sempre. Sentou-se longe. Nem notara o silêncio da turma. Mal reparara que a sala estava organizada em fileiras com duplas. 

    — Mesmo que alguém não tenha educação, não há problemas! Tudo se acerta, não é mesmo, senhorita…? — Zilah apoiou as mãos em sua mesa, sorrindo graciosamente.

   Tina lançou-lhe um olhar desentendido.

   — Seu nome.

   — Tina.

   Zilah tirou as mãos da mesa e as colocou em seu ombro.

 — Seu nome .. completo — demorou-se na última palavra, como se estivesse ensinando uma criança a se aprensentar devidamente em público. 

   Pra quê precisa da merda do meu nome completo?

   — Tina Black - soltou, um tanto raivosa. 

   — E quem é sua dupla para o trabalho, senhorita Black? 

   Tina cogitou não responder. Não queria ter que olhar para cara de Stoll, muito menos sentar perto dele. 

   — Stoll - murmurou.

   Zilah aproximou seu ouvido do rosto da garota.

   — Desculpe, querida. Eu não ouvi.

   — Stoll - cuspiu. 

   — Ah, sim! Então, por favor, queira sentar-se ao lado do senhor Delanotte — Zilah espalhava os braços no ar, com gestos grandes. 

  Tina descobriu que odiava aquela mulher. Tudo nela parecia superficial. Pureza de mais. Falsa, isso sim. A adolescente levou algum tempo para se mexer na cadeira. Respirava fundo e pesadamente. O silêncio na sala zumbindo nos ouvidos de Tina. Incomodada e dando uma última suspirada forte, ela levantou-se lentamente, arrastou sua cadeira e juntou-a com a mesa de Stoll. Ele a encarava, sério, tentando entender as expressões e a má vontade da garota para com ele. Não tirava os olhos dela. Observou quando ela se largou na cadeira ao seu lado, parecendo desconfortável, e nem levantara os olhos. 

   A aula foi correndo, lenta de mais para que Tina pudesse suportar. Sequer virou o rosto para o garoto ao  lado. Lanna mandara alguns bilhetinhos para ela e, conversaram coisas banais por papel no tempo em que ficaram naquela sala. Stoll deu algumas investidas para Tina, tentando puxar assunto. Esta, nem lhe deu atenção. 

   — … e para encerrarmos, devo lhes avisar que o trabalho sobre a obra de Gatsby será para semana que vem. — Zilah disse enquanto juntava seus pertences para ir embora. 

   A adolescente de cabelos azuis finalmente tomou coragem e se dirigiu para Stoll.

   — Como vamos resolver essa merda? — Soltou, sem encará-lo.

   Ele achou estranho o fato de ela falar com ele depois de uma hora inteira de aula ignorando-o. Não respondeu de primeira. Guardou suas anotações nos bolsos do sobretudo e fingiu não ouvir.

   — Tô falando com você — ela cutucou seu braço, forte. — Como vamos fazer?

   Ele lançou-lhe um olhar simpático. 

   — Pode ir até minha casa esta noite, senhorita.

   Tina respirou fundo, sem tirar os olhos dele. Os dois se encaravam. Todos em volta se mexiam nas cadeiras à espera do sinal para que trocassem de sala. A garota suspirava enquanto Stoll mantinha a postura de sempre. Sério. Tina procurava algum deboche ou intenções no fundo de seus olhos verdes. Não achava nada, por mais que tentasse. 

   — Que seja — disse, bem na hora que tocou o sinal.

 

         ****************************************************

   Teve mais três aulas insignificantes depois daquilo. Lanna e Linden foram embora cedo e, para sua sorte, não bateu mais de frente com o senhor Engomadinho. Teria de se dar ao trabalho de ir até a casa dele fazer uma merda de tarefa em dupla. Aonde fora se meter? E aquela professora, qual era o problema dela? Não sabia dizer. Sem dúvida, esse era o pior ano de sua vida, já havia decidido. 

   Chegara em casa tarde. 13h46

   Seu pai estava na cozinha, bebendo um vinho velho. Perdido, brincando com sua aliança no dedo, com um sorriso bobo no rosto.

   — Como foi a aula, filha? — Perguntou quando viu Tina largar a jaqueta no sofá da sala.

   A garota olhou de modo estranho para ele, franzindo as sobrancelhas como quem pergunta ‘o quê você está fazendo?’ . Passou pela bancada, atravessou a cozinha e abriu a geladeira. Catou uma lasanha congelada e colocou no microondas. Encostou-se ao lado da pia, encarando o pai de costas, esperando impaciente para que a comida esquentasse logo.

   Robson voltou a brincadeira com o dedo. Estava acostumado a ser ignorado pela filha. Aliás, não tinha certeza de porquê ainda insistia em falar com ela, parecia que se dava melhor conversando com as paredes. Rodava a aliança no dedo anelar, de um lado para o outro, sem parar. Tina pôs-se a reparar no objeto. De repente, assustou-se.

   — Posso ver essa aliança?

   O pai estranhou. Depois, sorriu.

   — Há muito tempo não a tiro do dedo…

   Tina nem pensou. Esticou a mão e tirou-lhe. Olhou bem devagar.

   — O que você perdeu aí, garota? — Rob começava a se irritar e falava meio bêbado.

   Ela analisou cada detalhe da aliança. Era prata. Sempre fora. Seus pais não eram nada tradicionais. Tina, claro, antigamente questionava-os por quê as alianças deles não eram da cor normal, de ouro. Eles davam respostas evasivas à ela. Porém, era só uma criança, nunca fez muito caso com isso. Na parte de dentro, estava escrito o nome de sua mãe: Haney Black. Muito bem desenhado e em letras minúsculas. Ao lado de fora, na parte que ficava para cima, uma pedra azul, do tamanho de uma unha, deitada em forma de pimenta. 

   Tina arregalou os olhos ao enxergar o que era. O microondas apitou na hora, mostrando que a lasanha já estava no ponto.

   — Vê se me devolve isto, garota — Robson chamou-a, tomando o anel da mão dela. — O que deu em você?

   Tina travou por um segundo. Pensou. Tirou o pote de lasanha do eletrodoméstico, apoiou em um prato raso, tratou de pegar um garfo e foi subindo para seu quarto, no intuito de comer em paz. Encontrou sua mãe, na porta do banheiro de hóspedes. 

   — Ei, já chegou da escola? — Haney perguntou.

   Usava roupa de faxina, um lenço na cabeça, deixando seus cabelos para trás, apenas com a franja caindo sobre os olhos, usava luvas verdes de limpeza e um avental velho. Limpou um suor da testa com a flanela que segurava. Tina foi instintivamente com um olhar de gavião direto para sua mão esquerda. 

   — Posso ver sua aliança? — Atacou.

   Haney teve a mesma surpresa na expressão que seu pai tivera minutos antes. Não tardou em tirar a luva, em seguida, o anel do dedo.

   Tina, com uma mão ocupada segurando o prato de comida, usou a outra para investigar rapidamente o objeto de sua mãe. Exatamente o mesmo anel. Mesma forma, o nome de Robson exatamente do mesmo modo e a pedra em forma de pimenta azul adornada em prata na parte de cima. 

   — O que foi? — Haney a olhava, desconfiada.

   Tina não sabia o que dizer e nem como dizer. Largou o anel na mão dela e se trancou em seu quarto, deixando para trás Haney, com uma preocupação estampada.

 

                 *************************************************

   Deitada na cama, com o celular na mão, Tina procurava coisas para distrair a mente. Stoll era mesmo um babaca. O que deu nele? Como assim convidara ela para ir até sua casa, de noite, para fazer um trabalho de merda? Não se assustara com o convite, aliás, já havia feito coisas piores do que ir para casa de homens à noite, mas o que a afligia era a pessoa que Stoll era. Ora, ela não suportava ficar no mesmo ambiente que ele. Como poderia fazer algo em sua casa? Não sabia. Virava o celular na mão. Estava cheia de dúvidas. Perguntas ela tinha para fazer de sobra, para Stoll e também seus pais. Aqueles sonhos que vinha tendo, sem explicação… Precisava esclarecer muitas coisas. Porém, a preguiça de correr atrás de algo de verdade cansava Tina só de pensar.

   Havia se passado meia hora desde que comera, tão veloz e distraída. Um turbilhão de pensamentos lutava por um espaço em sua cabeça. Decidiu levantar. 

   Pela porta de vidro de seu quarto que dava na sacada, pôde ver que o dia ainda estava cinza claro. Demorou-se na banheira. Esfregou cada parte de seu corpo, imaginando que com isso pudesse lavar suas ideias tolas. Escolheu uma calça preta lascada, um blusa com um pentagrama desenhado na frente e aberta atrás, deixando sua tatuagem de dragão bem visível nas costas, uma lingerie preta e jogou uma jaqueta também preta por cima de tudo. Enfiou as mãos entre os cabelos e sacudiu, ajeitando de seu modo desleixado. Calçou um tênis velho, recolheu o prato com restos de comida da cama e saiu do cômodo.  

Sua casa estava escura e silenciosa. Haney e Rob não estavam em lugar algum. Não que ela se importasse, porém esperava encontrá-los. Deviam estar em seu quarto com suas atividades patéticas de beber na frente da TV, como fazia Robson, ou ler um livro, como era rotineiro de Haney. 

   Atravessou a cozinha, depositando o prato na pia, deu a volta e saiu pela porta da sala. Um frio genuíno atingiu-a. Ventava. Depois que bateu a porta atrás de si, não se mexeu mais. Fitava a casa em frente.

   Em questão de segundos, Tina tocava a campainha, sem saber de onde viera coragem para tal. Ouviu o som ecoar por dentro da casa. 

   Não me atende. Não me atende. Não me atende...

   Nada. Talvez não tivesse ninguém em casa. Era exatamente o que queria.

   Tocou novamente.

   Se ninguém me atender, eu volto e me tranco no quarto, esquecendo a burrada que fiz...

Quase implorava mentalmente. Os olhos cerrados com tremenda força. Ouviu um barulho na maçaneta. Quando abriu os olhos, deu de cara com um Stoll sem camisa, calça de moletom cinza, descalço, uma deliciosa bagunça nos cabelos castanhos, que caiam sobre os olhos, encostado no batente. Encarava-a sério, como se tivesse acabado de sair da cama e não parecia nada feliz por ter sido acordado. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, gostaram? COMENTEM! Novidades estão por vir.
Sem lista de personagens.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Apaixonada Por Um Morto-Vivo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.