The Morgenstern Brothers escrita por Autumn Morgenstern


Capítulo 4
Ragnor Fell


Notas iniciais do capítulo

Hellou. Estou aqui! Correndo para escrever o próximo capítulo. Espero que gostem desse!
Beijinhos!



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Capítulo 4

Ragnor Fell

 

Dias após sua pergunta um pouco fatídica e deslocada à Jace, ele surgira na porta do apartamento abandonado que Clary atualmente chamava de casa. Quando Clary perguntou a ele como ele a encontrara, ele só sorriu zombeteiro e disse:

— Você é fácil de encontrar.

Aparentemente, Jace encontrara informações sobre o paradeiro de Ragnor Fell.

— Como você conseguiu isso? – Perguntou Clary, já dentro do apartamento, analisando o que Jace trouxera, com o próprio bisbilhotando suas coisas. Ele apenas piscou para ela, sem nenhuma resposta a mais.

Clary espalhou os mapas no chão do apartamento, que felizmente, acabara de ser limpo por ela. Os mapas mostravam toda Idris. Alicante no meio, com suas torres de vidro nos pontos cardeais, despontando-se do mapa. Em volta, viam-se construções separadas, com seus nomes em uma pequena, mas legível, letra cursiva. Algumas eram as mansões de antigas famílias de Caçadores de Sombras, que podiam estar abandonadas ou não. Uma das letrinhas miúdas, ao lado de uma construção que aparentemente, não ficava muito longe, lhe chamou a atenção: “Mansão Fairchild”. A casa de seus avós... de sua mãe então, quando era solteira. Chegaram-lhe histórias que Valentim, para fingir sua morte, queimou-a até o pó, deixando a terra enegrecida e infértil.

Ela balançou a cabeça, para focar-se novamente. De nada adiantaria ficar remoendo o passado, ainda mais o passado a qual ainda nem era nascida. Analisava mais uma vez os mapas, memorizando-os, quando Jace chegou ao seu lado, abaixando-se junto a ela. Ele apontou para um ponto no mapa, não muito longe da Mansão Fairchild.

— Pelo que me informaram, Ragnor Fell estará aqui. Reza a lenda que ele colocou sérias proteções em volta da casa para não ser achado, então você precisa estar bem atenta, senão passará direto por ela e ficará andando em círculos. – Clary o olhou, com os olhos cheios de significados escondidos.

— Obrigada, Jace. Não sabe o quanto isso significa para mim. – Ele sorriu verdadeiramente no início, mas depois passou para um sorriso galanteador.

— Bom, você poderia me dar uma amostra... – Clary revirou os olhos levantando-se. – Uma pergunta: Por que você quer achar um feiticeiro que aparentemente, não quer ser achado de jeito nenhum? – Ele se levantou também, observando-a enquanto ajeitava seus pertences na escrivaninha de seu apartamento de um quarto só.

— Acho que ele possa saber um pouco sobre minha mãe. Antes de partir, li alguns diários de meu pai que citavam o nome desse feiticeiro. É uma pista. – Jace assentiu.

— Ótimo. Então vamos? – Ele indicou para a saída. Clary tocou seu medalhão nervosamente.

— Jace... Eu te agradeço imensamente por ter conseguido as informações para mim, mas... Acho que isso é algo que eu deva fazer sozinha. – Jace abriu e fechou a boca, como se pensasse no que dizer, para então assentir. Ele sorriu compreensivelmente.

— É claro. Só... diga-me se precisar de mais alguma coisa. Ou se conseguiu alguma coisa com Fell. – Clary gesticulou que sim. Foi até ele e ficou na ponta dos pés para lhe dar um beijo no rosto. Por ser baixinha, conseguiu ao máximo chegar acima um pouco da linha do maxilar.

— Obrigada. Não sabe o quanto isso foi importante para mim. – E virou-se, para juntar os mapas e separar suas armas.

Quando olhou para trás de novo, Jace havia sumido.

Clary conseguiu um cavalo – já que em Idris não havia nenhuma tecnologia, nem ao menos carros, para que fosse atrás de Ragnor Fell. À medida que saía de Alicante, a estrada se estreitava, espessas fileiras de árvores ladeavam a estrada, bloqueando qualquer visão mais ampla. Ao relaxar em cima do cavalo, apenas guiando-o para que seguisse em frente, os pensamentos de Clary tomaram dois focos inicialmente: Sua mãe e... Jace.

Ela balançou a cabeça. Estava parecendo uma mundana adolescente, que só pensavam em garotos e não tinham mais nenhuma preocupação. Então pensou em sua mãe.

Ela estava fazendo tudo aquilo para ajudá-la, mas... E se a mãe não quisesse vê-la? Ou se a rejeitasse? Ela não sabia o que faria caso aquilo acontecesse. E como a mãe era? Seria ela amorosa? Ou seria como Valentim?

Ela piscou, voltando sua atenção à estrada, que se tornara um amplo campo marmorizado de cada lado. Um tapete verde quebrado, com uma cicatriz de estrada feita de pedra cinza. Camadas de flores brancas delicadas marcavam as colinas, como pontinhos de neve.

Clary parou alguns minutos depois, percebendo que era ali o ponto onde o mapa estava marcado. Estava em um pequeno vale entre colinas baixas, com algumas árvores deformadas ao redor da clareira que formava. Não havia nada, mas ela sentiu a magia ali. Ela desceu do cavalo e cuidadosamente executou o truque mental que lhe permitia despir o feitiço, mostrando aquilo que estava oculto ou disfarçado.

Então surgiu. Uma pequena casa de pedra com um telhado íngreme, com fumaça se retorcendo ao sair da chaminé, formando, enquanto ela olhava, um ponto de interrogação. Ela pigarreou e disse com uma voz alta e clara:

— Eu sou Clarissa Fairchild. Estou aqui para ver Ragnor Fell. – Ela disse, ficando de frente para a passagem de pedras que formava o caminho até a porta. Nisso, a porta da frente voou aberta, saindo de lá uma homem. Era alto e magro, com um cabelo curto e espetado. Usava um colete dourado e um par de calças de pijamas de seda.

E nada parecido com Ragnor Fell.

Ele observou ela com moderado interesse, soprando em um longo cachimbo. Ela piscou duas vezes, um pouco aturdida.

— Você não é Ragnor Fell.

Ele apenas levantou uma longa sobrancelha.

— E você não é Clarissa Fairchild, Seraphina Morgenstern. Filha de Valentim. – Isso fez com que Clary o olhasse de cara feia. – O que traz a filha de um lunático à casa de um ser do submundo? Tenho quase certeza que isso vai contra à Doutrina Valentim.

— Meu nome é Clarissa Fairchild. Eu não sou meu pai e preciso de sua ajuda. – Ela pôs as mãos nos quadris. – Agora, onde está Ragnor Fell?

— Ele está morto. – disse ele, fazendo com que Clary arfasse. Ela balançou a cabeça, parecendo desolada.

. Ninguém pode me ajudar. – Clary olhou para baixo e andou em direção ao cavalo.

— Isso é o que você pensa, filha de Valentim. – Ela parou e se virou para ele, enquanto ele continuava a falar. – Nenhum ser do submundo abrirá as portas para você, isso é claro. Até mesmo o próprio Ragnor não abriria, suspeito. Mas eu sou diferente. Você se parece com ela. – Isso fez com que ela cerrasse os olhos, franzindo as sobrancelhas.

— Quem é você, afinal?

— Eu? Ora, docinho, eu sou Magnus Bane.

Clary seguiu Magnus até dentro da casa. O interior não estava iluminado. A fraca luz do dia entrando pelas janelas era o bastante para mostrar a Clary que estavam em uma sala ampla, cheia de sombras escuras. Havia, porém, um cheiro estranho no ar, como de lixo queimando. Magnus levantou a mão e estalou os dedos. Uma luz azul brilhante brotou e Clary quase arquejou ao ver o estado da sala. Parecia um matadouro: móveis despedaçados, gavetas abertas com seus conteúdos espalhados. Páginas de livros rasgadas pairavam como cinzas pelo ar. Até o vidro da janela estava quebrado.

— O que aconteceu aqui? – perguntou Clary, horrorizada, por mais que já suspeitasse da resposta.

— Sobre isso... Eu recebi uma mensagem de Fell noite passada, pedindo para encontra-lo aqui. Vim para cá – e encontrei isso. Tudo destruído, e o fedor de demônios em toda parte. O lugar fedia a alguma coisa de origem demoníaca. O corpo de Ragnor estava no chão. Ele não tinha sido morto quando eles o deixaram, mas ele estava morto quando eu cheguei. O que me leva a você... Quem sabia que você estava o procurando?

Clary balançou a cabeça, pensando.

— Catarina Loss. Jace... Mas não sei se ele contou algo para alguém. – Magnus balançou a cabeça.

— Jace Morgenstern? Eu não sei. Mas Catarina não contaria algo para alguém que pudesse prejudicar Ragnor. – Ele dirige um olhar enviesado para Clary. – Ela confiou em você. Muito interessante. – Ele sorriu como o Gato de Cheshire. – Ela deve ter visto que você tem traços de Jocelyn em você.

Isso fez Clary franzir o cenho, cruzando os braços.

— Conhece minha mãe?

— Eu conheço muita gente, docinho. Sua mãe é uma delas. — ele deu de ombros. — E você também, apesar que quando te conheci você era mais baixa... E incrivelmente teimosa. Apesar de que acho que isso não mudou muito com passar dos anos.

— Você me conhece? Como?

Magnus suspirou.

— Ok, docinho.... Vamos lá. A primeira vez que te vi, você devia ter quase dois anos. Eu estava olhando da janela do meu apartamento em New York e a vi apressada pela rua, segurando algo embrulhado em um cobertor. Fiquei surpreso quando ela parou na minha porta. Ela parecia tão normal, tão jovem, mas quando abri a porta, vi quem ela realmente era, ou melhor, o que. As marcas estavam se esvanecendo, mas algumas eram bem recentes, negras contra a pele clara. Ela desenrolou o cobertor quando eu a deixei entrar. Nem lembro realmente por que eu fiz aquilo. Eu sabia quem ela era e de quem ela era esposa.

Bom, você estava dentro do cobertor. Ela te sentou no chão e você começou a circular, pegando coisas, puxando o rabo do meu gato. Você gritou como um banshee quando o gato te arranhou, então eu perguntei pra sua mãe se você era parte banshee. – Clary fez uma careta. – Ela não riu, assim como você. – Magnus disse, indicando o rosto dela com o dedo. – Ela me disse que esperava que você tivesse nascido com um Olho Interno cego. Mas ela pegou você naquela tarde, provocando uma fada presa em uma cerca. Ela sabia que você podia ver. Então ela me perguntou se era possível ocultar você da Visão. Eu disse a ela que incapacitar aquela parte de sua mente poderia deixar você danificada, possivelmente louca. – Magnus deu de ombros, levemente. – Ela não chorou. Não era o tipo de mulher que chora com facilidade. Ela me perguntou se não havia outro jeito, e eu falei para ela que você poderia esquecer aquelas partes do Mundo das Sombras que você podia ver, mesmo que você as visse. A única ressalva era que ela teria que vir a mim a cada dois anos, quando os resultados do feitiço começariam a desaparecer.

— E então?

— E então ela veio a mim numa tarde, algumas semanas depois. Ela não trouxe você com ela. Acontece que você havia sido levada. Por seu pai. — Clary assentiu. Ela já suspeitava que fora isso que realmente acontecera, então a confirmação não foi um choque para ela. — Ele a achou de algum modo, e a sequestrou, e Jocelyn nunca mais a viu. Tentei ajuda-la para localiza-la, mas depois de alguns anos, ela perdeu a esperança.

Clary suspirou. Imagens do que ela imaginava ser sua mãe pipocando em sua mente, em busca de uma garotinha que ela sabia que nunca mais encontraria. Será que ela desistiu por completo? Decidiu esquece-la? Ou sempre a manteve perto de seu coração como sua filha perdida? A menina balançou a cabeça, para espantar seus pensamentos, voltando a prestar atenção em Magnus.

— Não posso dizer que essa última parte da história foi uma surpresa. Valentim sempre me contou que minha mãe havia me abandonado, mas um dia eu achei isso. – Clary tira seu medalhão, mostrando-o a Magnus a inscrição na parte de trás. – Eu quero salva-la. Desperta-la desse coma mágico que ela está. Mas com Ragnor morto... – Magnus não deixou que ela completasse a frase.

— Alto lá, docinho. Eu sei como ajudar sua mãe. – Clary olhou-o surpresa, colocando o medalhão de volta em seu pescoço.

— Você sabe? Mas como...

— Ragnor me disse.

Clary o olhou como se ele estivesse enlouquecido. Mas então Magnus estalou os dedos, formando uma chama azul. Letras de fogo, cada uma com pelo menos 15 centímetros de altura, apareceram nas paredes como se gravadas na pedra com líquido dourado. As letras corriam ao redor das paredes, anunciando palavras que Clary não podia ler.

— Feiticeiros têm seus meios de se comunicar uns com os outros. Eles têm suas próprias linguagens. Ragnor fez isso quando ele soube que estava morrendo. Isso diz que qualquer bruxo verá após ele, o que aconteceu. — Enquanto Magnus se virava, o brilho das letras queimando iluminaram seus olhos de gato para dourado. — Ele foi atacado aqui por servos de Valentim, obviamente. Eles queriam o Livro Branco. Além do Livro Grey, esse é um dos mais famosos volumes de trabalhos sobrenaturais já escrito. Tanto a receita da poção que Jocelyn tirou para ficar em coma e a receita do antídoto para ela, estão contidas neste livro.

A boca de Clary caiu ligeiramente aberta.

— O livro está aqui então? – perguntou Clary, já olhando em volta diante daquela bagunça, procurando. Parou quando Magnus deu uma risadinha.

— Não está aqui. O livro pertencia a sua mãe. Tudo que Ragnor fez foi aconselha-la onde escondê-lo de Valentim. – Magnus olhou diretamente para ela, os olhos de gato brilhando. – Ela o escondeu na Mansão Wayland. Na biblioteca, na verdade.

— E Valentim não o achou? Depois? – Magnus acenou que não, com um sorriso torto.

— Ele estava escondido dentro de outro livro. Um que Valentim provavelmente nunca abriu: “Receitas Simples para Donas de Casa". Ninguém pode dizer que sua mãe não tem senso de humor.

Clary ficou quieta, não concordando nem discordando. Ela pensava: Tinha uma vaga lembrança de que Valentim havia colocado proteções na Mansão Wayland, barreiras de desorientação, para manter a Clave fora e também... Seres do Submundo. Clary olhou para Magnus, entendendo de imediato o que o feiticeiro queria.

— Você quer que eu pegue o livro para você. Só um filho de Valentim conseguiria passar pelas barreiras da mansão, e você sabe disso. – Ela para, pensando mais um pouco, com o feiticeiro em um breve silêncio. – Você quer o Livro Branco. Mas em troca vai ter que acordar minha mãe.

— Ora ora, temos aqui mais que uma garotinha rebelde então. Alguém tem cérebro. – Magnus estalou os dedos, fazendo as letras se apagarem. Ele deu uma piscadela para ela. – É exatamente isso, Clarissa, filha de Jocelyn.


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem!



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