The Morgenstern Brothers escrita por Autumn Morgenstern


Capítulo 1
Seraphina Morgenstern


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que gostem do capítulo. Relacionado ao capítulo da fanfic original, poucas coisas foram mudadas. Somente alguns detalhes mais importantes.
Pretendo postar um capítulo novo toda semana.



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Capítulo 1

Seraphina Morgenstern

A luz do sol entrou pela janela do quarto claro, acordando a garota para um novo dia. Hoje era um grande dia para ela. Ela abriu seus olhos, olhando em volta. Não voltaria tão cedo ao apartamento.

Sua porta foi escancarada, fazendo-a pular da cama, pegando sua adaga que ela sempre mantinha debaixo de seu travesseiro. Ela se posicionou em modo de ataque, franzindo seus olhos para a claridade que também veio com o vulto.

— Hey hey. Acalme-se, irmãzinha. Sou só eu. – disse a figura, e ela reconheceu sua voz de imediato. Era seu irmão mais velho. O sol refletia em seus cabelos loiros, tão claros que eram quase brancos.

— Jonathan, o que diabos você está fazendo em meu quarto? Eu já ia te atacar. – disse irritada, colocando a adaga em sua mesa de cabeceira, depois prendendo seus cabelos em um coque frouxo.

— Nosso pai já está indo. Quer te ver antes de partir. Você sabe, repassar as últimas partes do plano.

— Valentim já passou esse plano conosco milhares de vezes. Eu já o sei de cor. – ela continuava irritada. Apenas chamava seu pai de Valentim, e detestava que seu irmão entrasse em seu quarto daquela maneira.

— Você sabe como nosso pai é, Seraphina. – Jonathan deu de ombros, continuando no quarto. A garota olhou para ele com as sobrancelhas arqueadas, suas mãos em sua cintura fina. — O que foi?

— Você realmente gostaria de me ver nua, Jonathan? – ela indicou suas vestes: Uma curta camisola de cetim preto. — Ande, preciso me trocar.

— Até que te ver nua não seria tão ruim... – ele começou, levantando as sobrancelhas e sorrindo torto para ela. Ela estalou sua língua em desaprovação.

— Nojento. Vá. Ande — ela começou a empurra-lo para fora. — Avise a Valentim que já estou descendo. – E com isso ela o expulsou do quarto.

Foi para seu banheiro, apenas lavando seu rosto e escovando seus dentes. Uma coisa que Valentim não era é ser paciente, apesar do comportamento calmo e cortês.

Ela pegou suas vestes pretas habituais, vestes de Caçadora de Sombras. Olhando-se no espelho, ela olhou para sua aparência. Ela era pequena, mas podia dizer que era uma lutadora, pela aparência. Não tinha tantos seios e curvas como as meninas da sua idade, mas se tem uma coisa que ela não era, é ser como as outras meninas da sua idade.

Afinal, elas não matavam demônios e nem sabiam ser mortais com uma lâmina.

Soltou seus cabelos ruivos – um fato que a destacava de seu pai e seu irmão – e eles caíram em cachos em torno de seu rosto pequeno. Pegou sua adaga em cima da mesa de cabeceira, colocando-a dentro de uma de suas botas, e sua lâmina serafim, prendendo-a no cinto.

Um grasno de um corvo chamou sua atenção. Ela olhou em direção a porta, e lá estava Hugin, empoleirado em seu cabideiro, olhando fixamente para ela.

— Já entendi, Hugin. – ela estendeu seu braço e ele voou para ele, empoleirando-se em seu antebraço. Ela saiu de seu quarto, descendo as escadas até a cozinha, onde seu pai e seu irmão a esperavam. Hugin voou para Valentim quando o viu, empoleirando-se em seu ombro largo. Ele grasnou novamente, como se avisasse que tinha cumprido o que Valentim queria.

Seu pai estava como sempre: Impecável. Seu terno risca de giz estava perfeitamente alinhado, e seus cabelos loiro-prateados estavam penteados para trás, sem nenhum fio fora do lugar.

— Estou aqui, pai. – ela não chamava o pai por seu nome em sua frente. Com certeza haveria consequências se ela o fizesse. Ela era corajosa, não tola.

— Finalmente, Seraphina. Sente-se. Temos muito a rever. – ela se sentou ao balcão, pegando a xícara de café que estava separada para ela. – Muito bem. Amanhã vocês irão para Idris. Aqueles imbecis da Clave me temem e todos os Caçadores de Sombras estão indo para lá para tentar me deter de pegar o Espelho Mortal. Jonathan, você sabe o que fazer. – Jonathan assentiu.

— Preciso dar um jeito em seu cabelo. – comentou Seraphina. – Sebastian Verlac possui cabelos pretos, e os Penhallows não irão cair nesse seu loiro branco. – Jonathan olhou para ela como se a mandasse calar a boca. Seu pai pigarreou.

— Sim, Seraphina. Sabemos disso. Não precisava fazer este comentário. – a ruiva ergueu uma de suas sobrancelhas, esperando o pai continuar. – Houve uma mudança de planos. – agora Seraphina se interessou.

— Que mudanças? – perguntou Jonathan.

— Seraphina, você não irá mais para Idris. – a expressão da garota caiu em choque.

— O que? Por quê? Eu sou tão boa lutadora quanto Jonathan! – ela se levantou, quase derrubando seu café.

Sente-se, Seraphina. – seu pai mandou, com a voz dura. – Sabemos que é tão boa lutadora quanto Jonathan. Mas é impulsiva, age com a emoção. Não pensa nas consequências de seus atos. E isso é uma coisa que não posso ter em meu plano. – Seraphina ainda o olhava em choque.

— Mas pai... – ela tentou argumentar, mas o pai mandou-lhe um olhar que a fez se calar. – Então Jonathan vai sozinho, é isso? Ótimo. Posso voltar ao meu quarto agora, se isso é tudo? – ela foi se dirigindo para fora da cozinha, mas a voz de seu pai a fez parar.

— Eu ainda não terminei, Seraphina Morgenstern. – ela deu meia volta, olhando o pai com uma sobrancelha arqueada. – Estarei ocupado procurando o Espelho Mortal, e com Jonathan em Alicante, peço que fique no apartamento. – ele disse, e o choque tomou de novo seu rosto.

— Então ficarei de fora de toda a ação? De novo? Pelo menos estarei presente quando você invocar o anjo Raziel, pai? – ela falou a última palavra com deboche. Valentim nem piscou.

— Isso não vem ao caso agora, Seraphina. Cumpra minhas ordens. Não me desobedeça –  Valentim estreitou seus olhos, a ameaça implícita em suas palavras. Seraphina bufou, assentindo, e saindo da cozinha. — E nem pense de repetir o que aconteceu em Renwick! — Ela o ouviu gritar.

Valentim olhou para a filha com um pouco de ressentimento. “Tão parecida com Jocelyn...”

 

 

Havia quase anoitecido quando Jonathan bateu a porta de sua irmã. Ela ficara em seu quarto o resto do dia, nem descendo para almoçar. Espantou Hugin quando ele foi chama-la, e o pássaro saiu voando depressa de seu quarto, um tornado de penas pretas.

Seu pai já havia saído, deixando as “chaves” do apartamento com ele. O apartamento era móvel, se movendo para dentro e fora dos mundos. Valentim os ensinou como entrar e sair, e faze-lo viajar, no caso de sua ausência.

Seraphina estava dentro do quarto, com fones de ouvido, a música no volume máximo, enquanto folheava um livro de magia. Mal prestava a atenção, ela queria ignorar as batidas incessantes de seu irmão em sua porta.

Sua porta escancarou-se pela segunda vez naquele dia, fazendo-a tirar os fones e olhar furiosa para a figura alta e felina e entrava no quarto.

— Como conseguiu entrar aqui? Eu tranquei a porta!

— Nada com o que uma runa de Abertura não resolva, irmãzinha. – disse Jonathan, guardando sua estela no cinto. – O que achou? – ele deu uma volta, mostrando seus cabelos recém-tingidos.

Seraphina tentou sufocar uma risada, não obtendo sucesso. Ela começou a rir, quase se engasgando ao tentar parar pelo olhar de seu irmão.

— Jonathan Christopher Morgenstern, você está ridículo! – ela riu novamente, seu irmão apenas olhando-a com uma sobrancelha levantada.

— Sua inveja quase me comove, Seraphina. – ela finalmente parou de rir, olhando-o com as sobrancelhas arqueadas.

— Não tenho inveja de você, Jonathan. É um fato que você está ridículo com esse cabelo. – ela se levantou da cama, indo até o irmão e passando a mão em seus cabelos. Manchas pretas saíram em sua mão. – Definitivamente preto não é sua cor. – ele afastou a mão dela com um tapa.

— Vim despedir-me. – ele mudou de assunto. – Estou partindo para Alicante ao anoitecer. 

O que?! Pensei que só fosse amanhã! – Seraphina parecia irritada.

— Como nosso pai disse: Mudança de planos. – e ruiva bufou, jogando-se na cama e olhando para o teto.

— Argh. Você e Valentim são iguais. Vão! Vão para a batalha enquanto as mulheres ficam em casa!

— Você só tem dezesseis anos. É ainda uma criança, Seraphina.

— Assim como você. Você é apenas um ano mais velho que eu.

— Mas farei aniversário em breve. – ela revirou seus olhos.

— Não dá para discutir com você. – ela bufou novamente. – Adeus, então.

— Não me dará nem um abraço de despedida? – o tom dele era irônico, mas ela sabia que ele falava sério.

— Acho que está me confundindo com outra pessoa, irmãozinho. – ela respondeu, mas mesmo assim foi abraça-lo.

— Tome cuidado. – ele recomendou. – E cumpra o que nosso pai disse.

— Eu vou cumprir. Eu prometo. – “Só não prometo pelo Anjo”, ela pensou, cruzando seus dedos por trás de Jonathan. Ele se afastou, afagando o rosto dela e saiu de seu quarto.

Ela sentou-se na cama, esperando. Quando o apartamento tremeu, ela sabia que seu irmão já havia ido. “Ótimo”, pensou.

Na verdade, todo o drama mais cedo não fora mais que um pequeno teatro. A garota esperava por uma oportunidade de ficar sozinha desde Renwick, quando começou a traçar seu plano. Contava que Valentim, com seu instinto protetor acerca dela, fosse deixa-la em casa. E não aconteceu diferente.

Desde que era criança, Valentim ensinara as coisas para ela. Sobre como o mundo funcionava: Caçadores de Sombras. Seres do Submundo. Demônios. Porém, algo sempre incomodara Seraphina. Durante suas escapadas juvenis, e logo depois, muito estudo, ela divergira e muito do pensamento extremista do pai sobre os seres do submundo e os Acordos.

Mas uma história sempre a incomodara muito mais que isso. Ela moveu-se até a cômoda alta e virou-a, puxando um compartimento secreto na parte de trás. Naquele pequeno espaço repousava um pequeno medalhão, com uma fina corrente de ouro. Aquilo agora fica pequeno nela, quase uma gargantilha, mas ficaria perfeito numa criança de dois anos.

Ela pegou o medalhão trabalhado e virou-o, para ver a mensagem marcada atrás.

Para que você nunca esqueça quem te ama, Clarissa. — J.F.”

Clarissa. Clarissa. Clarissa. Clarissa. Aquele era seu verdadeiro nome, não Seraphina – o que era bom, pois ela nunca gostara de Seraphina. E então, aquelas iniciais... J.F – Jocelyn Fairchild.

Seu pai, quando questionado sobre a mãe dela e Jonathan, sempre dissera que a mãe deles os abandonara, e que ele era a única pessoa que eles tinham no mundo. Depois disso, ou a colocava para estudar ou a colocava de castigo.

Após anos desse tipo de resposta, ela parou de perguntar.

O medalhão fora um achado. Vasculhando a antiga casa enquanto seu pai estava fora em suas múltiplas viagens, ela achou o medalhão escondido em uma caixa no sótão. Confusa sobre artefato, seu instinto fez com que ela não perguntasse sobre ele a Valentim, mantendo-o guardado consigo desde então, investigando furtivamente seu significado. Ela sempre tivera dúvidas sobre porque Valentim o guardara, ao invés de destruí-lo.

Clarissa balançou a cabeça, clareando seus pensamentos. Era hora do plano. Colocou o medalhão, apanhou a bolsa arrumada com tudo que precisava e pegou a estela em sua bota.

Sempre foi boa em lutar. Sua estatura pequena a tornava ágil e furtiva. Mas ela sempre foi melhor com a estela. Melhor dizendo, ela tinha um dom com a estela.

Fechou seus olhos, a runa graciosa aparecendo por trás de suas pálpebras. Ela posicionou a estela em sua parede branca, começando a desenhar. As marcas que ela desenhava saltavam da ponta do instrumento, marcando linhas negras na parede.

Portal

A luz quente e azul cresceu contra suas pálpebras fechadas, o calor queimando seu rosto, como se ela estivesse parada em frente ao fogo da lareira. Com um pequeno sorriso, ela abriu seus olhos.

A runa que estava desenhada começou a se modificar, transformando-se no delinear de uma brilhante porta. Ela só precisava atravessar.

Como geralmente usava portais criados por feiticeiros, ou até mesmo o apartamento para viajar de um lugar a outro, não tinha certeza se conseguiria concretizar aquela ideia novamente. Mas realmente dera certo. Ela conseguira. De novo. Agora tinha certeza de como fazer certo.

Fechando seus olhos, lembrou-se das palavras de seu pai, quando ela foi ensinada a usar um portal. Ele a mandou se focar no lugar de sua escolha, e atravessá-lo.

Imaginou sua antiga casa em Idris, onde fora criada junto com Jonathan. Ela sabia que ali não estava protegido pelas barreiras de Alicante, fornecida pelas Torres Demônio.

Ela entrou no Portal, e logo sentiu aquele puxão no umbigo, de quem está sendo transportada, e logo depois, a brisa fresca, junto com o cheiro de várias flores e frutos.

Cheiro de casa.

Ela andou pelo gramado até à casa. Estava exatamente como ela se lembrava, sete anos atrás. Quando Clary fez dez anos, Valentim levou-os para o apartamento, e logo depois para diversos outros tipos de moradia. Quando Valentim botou em prática seu “plano do mal”, eles tiveram que voltar para o apartamento. Principalmente quando Clarissa acidentalmente destruíra o barco do pai durante a captura da Espada Mortal. A garota estremeceu com a lembrança. Pensou que Valentim poderia matá-la bem ali...

Clarissa entrou na casa que lhe serviria de moradia pelas próximas semanas. Estava um pouco empoeirada, mas nada que a atrapalhasse. Agora ela necessitava de paciência. Extrema paciência...

A imagem de sua mãe deitada inconsciente, vestida de branco em Renwick ainda assombrava sua mente. Valentim, apesar de ter contado a Jonathan que estava com Jocelyn, não teve a mesma consideração com a filha mais nova. Clarissa apenas descobriu por ter ido escondida – a primeira vez que criou um portal – a Renwick. Pelos traços do rosto e pelos cabelos vermelhos, Clarissa viu que a mulher de branco se tratava de sua mãe.

Seus dedos naquele momento coçaram para desenha-la – outro diferencial de Clarissa. Mesmo sendo uma Caçadora de Sombras, ela ainda era uma artista. Seu pai detestava aquilo. Diziam que Caçadores de Sombras eram Caçadores de Sombras, que não podiam ser algo a mais, principalmente algo tão mundano. Mas ela insistia.

Ela fez um desenho da mãe. A única fotografia que ela possui da mulher que a trouxe para o mundo.

Ah... Se Valentim soubesse das coisas que ela sabia, soubesse de seu plano...

Ela com certeza não viveria para contar a história.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Mandem reviews! Até semana que vem!
Nome do próximo capítulo: Catarina Loss



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