Nym-pho escrita por Ugly Duckling


Capítulo 8
Capítulo VIII - Alemanha


Notas iniciais do capítulo

Yo, yo, yo
Tudo bem?
Boa leitura, espero que gostem ☺♥



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Alemanha é vizinha de França, mas nem por isso alguma vez me senti perto de casa nos anos em que lá vivi. Especialmente tendo em conta que costumava viver no sul, perto do Mediterrâneo, e agora encontrava-me no norte, junto à capital, muito mais perto da Polónia e da República Checa. É claro que a distância térrea não é tudo quando se dá uma mudança destas. O espírito pode decidir não sair do sítio e continuar parado como se apenas o corpo tivesse sido transplantado. No meu caso, toda a minha pessoa se mudou. Deixar para trás sempre esteve no meu sangue, e sempre fui excelente a adaptar-me às novas circunstâncias.

A casa da minha tia era fantástica. Era moderna, mas revestida de pedra por fora para um aspeto mais rústico. Tinha uma piscina enorme no jardim das traseiras, uma sala ampla em que uma das paredes era inteiramente de vidro, com acesso ao jardim e sem divisão para a cozinha, cozinha tal com utensílios que nunca mais acabavam e que eu me divertia a explorar, e casas de banho de azulejo brilhante e banheiras modernas e que faziam bolhas que eu nunca tinha visto.

Aquilo que veio a ser o meu quarto era o antigo quarto de visitas do segundo andar, suficientemente espaçoso para duas camas de casal e um grande armário embutido numa das paredes. Havia mais três quartos para além do meu – o da minha tia Ada e do seu marido, Raimond, o do filho do primeiro casamento de Raimond, Viktor, e um último de arrumações.

Raimond era um rico homem de negócios que viajava imenso pelo mundo, mais ou menos da idade da tia Ada. Tinha origens francesas e alemãs, mas desde muito novo que ali se instalara. Divorciara-se da sua mulher muito cedo, mas a custódia do filho ficara para ele. Conhecera a minha tia numa das suas viagens a França, quando ela ainda lá vivia, e descrevem o encontro como amor à primeira vista. É um homem sincero e respeitador.

Conheci-os somente no dia após a minha chegada. Tinha adormecido tarde na noite em que lá chegáramos, e por isso perdi-me nas horas e acordei perto da hora de almoço. Tomei um banho rápido na casa de banho ao fundo do corredor, que a minha tia me tinha mostrado antes, vesti um vestido simples e desci. Fiquei estacada junto às escadas a observar as três pessoas que estavam à mesa.

— Leonie, bem-vinda – Sorriu-me a tia Ada – Não tenhas medo, vem, vem.

Aproximei-me e sorri timidamente.

— Hallo – Disse o rapaz, mas trocou imediatamente para francês – Sou o Viktor. Viktor Chavalier.

A minha primeira impressão sobre Viktor foi como a sua aparência me lembrava Leigh, tanto no cabelo negro como na pele pálida. Ele tinha mais quatro anos do que eu, e por isso era também mais velho que Leigh, mas a sua maturidade transparecia pelo seu modo de falar, sem necessidade de saber a sua idade.

— Leonie Francine Ole – Cumprimentámo-nos com dois beijos na cara.

— E eu sou o Raimond – Repeti o cumprimento – Muito prazer.

Raimond era alto, bonito e bem constituído. As feições fortes de Viktor eram claramente uma cópia das do pai, assim como os olhos cor de avelã.

Foi um almoço muito interessante, repleto de conversas e piadas. Desculparam-se por não terem podido acompanhar a minha tia até França, visto que estavam numa viagem (aparentemente Viktor também ia muitas das vezes) e deram as obrigatórias condolências. Evitei o assunto com esperteza.

Todos ali eram muito simpáticos e fáceis de falar. O mais difícil era talvez Viktor, que apresentava um caráter reservado, mas nem por isso menos agradável. A tia Ada gostava muito dele, como dava para reparar. Ele também a estimava. Eram uma família feliz numa casa rica. A inveja nunca me passou pela cabeça, apenas um sentimento de integração crescente.

Durante essa tarde planeámos como seria o futuro próximo. Ficou decidida a escola que eu passaria a frequentar e decidimos tirar uma das camas do meu novo quarto. Raimond e Viktor ficaram muito surpreendidos quando lhes contei que nunca tinha ido à escola, mas a maior surpresa foi descobrirem aquilo que eu aprendia em casa, e como a minha educação não ficava nada atrás da dita normal.  

Arranjámos o dia anterior para ir às compras. Explicaram-me que precisava de roupa mais quente, dado que os dias lá eram incrivelmente frios, e que só não reparava nisso agora por causa do excelente aquecimento central da casa. Assenti. Fiz uma lista. O dia passou no piscar de um olho.

Antes de me deitar chamei a minha tia discretamente e disse:

— Eu não tenho dinheiro nenhum.

Ela riu-se e abanou a mão.

— Dinheiro não é problema por aqui – Assegurou-me.

Aceitei a sua simpatia com modéstia.

*

Saímos de casa de manhã cedo. Raimond escolheu o maior dos seus três carros e partimos no que foi uma aventura cansativa e fenomenal de compras sem cessar. Regozijei-me com cada rua da cidade, espantei-me com as lojas ainda maiores do que em França, e as minhas exclamações pareciam diverti-los à brava.

Levámos roupas lindíssimas, sapatos caríssimos, pulseiras, colares, perfumes, livros em alemão para me ajudar a dominar a língua e ainda acessórios para o quarto. A cada compra eu perguntava:

— Mas não é demasiado?

E eles respondiam com:

— Claro que não!

Ou:

— É tudo ou nada.

Viktor lembrava-me ainda mais de Leigh quando pegava numa peça de roupa e a colocava sobre mim, averiguando qual seria a melhor cor ou feitio. Doeu-me o peito quando pegou num casaco claro de veludo e murmurou o que Lysandre me dissera uma vez:

— Sim, verde é a tua cor.

Depois desse dia, os outros passaram a correr. Em pouco tempo todos os anos passados em França começaram a parecer pertencer a uma outra vida muito distante.

A escola era muito divertida. Habituei-me ao alemão com moderada facilidade, e gostava de partilhar uma sala de aulas com tanta gente. Aprendíamos sobre tudo, podíamos fazer perguntas e ainda tínhamos manuais cheios de informação. Não percebia como é que alguns indivíduos pareciam detestar ir para lá. Mais tarde percebi que aquela se tratava de uma escola especialmente elitista, mas isso nunca foi um transtorno para mim. Cheguei ao topo com pouco esforço, e isso parecia fazer a tia Ada e Raimond felizes.

Também me descobri muito sociável e capaz de me dar bem com toda a gente. As raparigas achavam incrível o facto de eu ser francesa, apesar de haver muita gente com outras nacionalidades na turma. Para além disso, maravilhava-as o facto de eu viver com o Viktor Chavalier, que era uma espécie de lenda na escola pela boa aparência, boa família e boas notas.

Quanto aos rapazes, era óbvio que me achavam bonita. Eu via-lhes isso nos olhos, que subiam e desciam por mim quando achavam que eu não reparava.

Não tardou até aos meus desejos ressurgirem e a masturbação à noite, abafada e debaixo dos cobertores, não ser o suficiente. Enquanto usava os dedos desesperadamente para me tentar satisfazer, pensava em Lysandre e em Leigh e sentia-me vazia por dentro.

O primeiro rapaz da escola com quem me envolvi foi Garen, o rapaz mais popular da turma, pelo rosto perfeito e cabelos loiros. Tinha-me chamado à parte, no intervalo, para se declarar. Rejeitei-o, claro, mas a minha proposta pareceu agradar-lhe. A partir daí, eram muitos os intervalos em que nos fechávamos na sala do contínuo para fornicar. Não há maneira mais bonita de dizer isto; era o que era.

Depois do Garen vieram o Drugi, o Evert, o Ernest, o Manfried, o Tavin… e outros. Perdi-lhes a conta. Desde rapazes mais novos a alunos muito mais velhos, eu conseguia sempre o que queria. Sempre fui muito insistente na proteção, porque nunca se sabe. Eles eram meras ferramentas, mas nada nem ninguém parecia ter a habilidade de me dar o que eu precisava. Certamente que havia algum ingrediente secreto para o sexo que me estava a escapar.

No que tocava a Leigh e Lysandre, escrevia-lhes cartas periodicamente que pedia à minha tia para enviar. Como nunca houve resposta, assumi que ela não as enviava, simplesmente. Não a pressionei. Imaginava que eles tivessem ficado zangados por eu não me ter despedido em condições, e não queria pensar demasiado no que quer que fosse que me pudesse magoar.

Nesse tempo, contudo, adquiri outros interesses e fiz alguns amigos verdadeiros. Em primeiro lugar, Viktor provou ser alguém muito honesto e leal. Íamos e vínhamos todos os dias juntos da a escola, confidenciávamos tudo um ao outro – bem, quase tudo – e passávamos muito tempo em casa, fosse no sofá ou na piscina.

Depois havia também Nadja. Nadja era uma rapariga esbelta, alta, magra, perfeita. Os seus cabelos eram caracóis dourados perfeitos, os olhos azuis metálicos. Movia-se de uma maneira tão elegante que olhar para ela era o suficiente para colorir tudo o resto. A paixão de Nadja era dançar, e o seu talento transbordava. O seu ballet movia-me às lágrimas – a mim, que nunca fui apreciadora dessa arte.

Foi a olhar para ela, ao admirá-la e ao respirar a sua inspiração, que comecei a desenhar os meus primeiros esboços e, assim, a descobrir a minha paixão: desenhar e pintar.


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Notas finais do capítulo

O que acham da vida de Leo na Alemanha?
Ideias?
Comentem, que eu adoro as nossas mini conversas ♥♥



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