Cicatrizes escrita por Honora


Capítulo 1
E o porém de Sirius Black


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que apreciem essa fanfic singular.



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Sirius Black nunca ficava corado. Era quase impossível vê-lo com as bochechas avermelhadas e as mãos coçando os cabelos ou a cabeça, a postura desajeitada e os lábios sendo mordidos segundo sim, segundo não. Mas, veja bem, em todos os casos há um porém, e as cicatrizes de Remus eram seu grande e adorável porém.

 

Costumavam aprontar todo o tipo de brincadeira, mas as que envolviam sujeiras e água eram as favoritas de Sirius. Por um simples motivo; era um tarado completo.

 

Confessava internamente que adorava quando Remus retirava a camiseta suja/molhada e deixava suas cicatrizes amostras, com a luz do dia iluminando-as, como se fossem atrações principais naquele quarto — e, para Sirius, elas eram.

 

Porém, observar as cicatrizes de Remus não era tão fácil e maravilhoso como gostaria que fosse. James sempre lhe flagrava despindo o outro melhor amigo e, como um protetor nato que era, lhe jogava um travesseiro no rosto e arqueava as sobrancelhas, eram suas palavras silenciosas.

 

Remus achava que os dois só estavam começando mais uma brincadeira um com o outro; Peter estava sonolento demais para reparar em qualquer coisa e Sirius detestava o quanto James podia ser tão protetor com a “inocência de Remus” (como ele mesmo falava).

 

Qual o seu problema, Sirius? Você precisa parar com isso, estou falando sério! — xingou-lhe James, quando estavam mais afastados de todos.

 

Uau, Sr. Policial que grande crime eu cometi, o Sr. precisa me prender! — Sirius sorriu debochadamente e James lhe deu uma cutuvelada.

 

Você sabe que Remus odeia suas próprias cicatrizes, se Moony te pegar no flagra ele vai se sentir dez vezes mais inseguro consigo mesmo.

 

Sirius tinha de concordar que aquele era um bom argumento para não manter seus olhos famintos em cima do corpo magricelo e completo de sardas e cicatrizes, mas as cicatrizes de Remus eram seu enorme porém. Não conseguia deixar de observá-las e lamber os lábios, sentindo as bochechas corarem logo depois que sua consciência o discriminava por ficar reparando no corpo do melhor amigo com tanto desejo.

 

E era exatamente esse desejo que lhe assustava, algumas vezes. Ele sabia lidar com desejo, já o sentira com inúmeras pessoas, sejam meninas ou meninos. Mas aquele não era um menino qualquer e nem mesmo um desejo normal, afinal, era Remus! Seu melhor amigo!

 

O que vocês estão cochichando? — questionou Peter, ao lado de Remus e uma sacola repleta de sanduíches.

 

Falando mal de você, sabe como é… — murmurou James, recebendo um olhar surpreso de Peter e uma negação feita com a cabeça por Remus.

 

Ele não está falando sério, Peter, relaxa — disse Sirius, gargalhado junto de James pela expressão assustada de Peter (James achava engraçado o quanto ele sentia medo de que um dia os marotos os abandonassem).

 

Vocês não deviam falar essas coisas pro Peter, sabem como ele leva a sério — disse Remus, dando uma mordida em seu sanduíche e entregando os outros a James e Sirius.

 

Sirius amava aquela simplicidade. Eram momentos tão calmos e de completa espontaneidade. Não haviam grandes brigas, discussões preconceituosas e nem mesmo apatia um pelo outro. Pelo contrário, havia empatia entre os quatro (talvez Remus ainda estivesse trabalhando com os outros para ter empatia com o ranhento, mas nem mesmo ele sabia o que essa palavra significava, às vezes). E Sirius sentia que aquela era a família mais linda e inusitada que ele poderia querer.

 

Você está um pouco distante hoje, não? — a voz baixa de Remus retirou-o de seus vagos pensamentos.

 

O que você mais ama em Hogwarts, Remus? — questionou-lhe de repente, como se aquela fosse uma pergunta habitual e… simples.

 

Jurou que sua resposta seria “biblioteca”, mas de sua boca saiu rapidamente a palavra “vocês” e, naquele momento, Sirius tornou-se três vezes mais sentimental do que já estava, tão mais que Remus nas noites de lua cheia.

 

O que você mais ama em Hogwarts, Sirius? — retrucou, com os olhos fixos na lua minguante lá fora.

 

Jurou que sua resposta seria “as inúmeras bocas a serem beijadas”, mas de sua boca saiu vagarosamente a palavra “cicatrizes” e, naquele momento, Remus ficou confuso.

 

Os olhos âmbares fitaram Peter e James a procura de uma explicação, mas os dois estavam discutindo o que poderia ser esse gosto tão diferente que havia no sanduíche. Sirius sorriu e dobrou as pernas, colocando o rosto no meio delas.

 

O que quer dizer com… cicatrizes? — questionou Remus, receoso.

 

As suas. São maravilhosas — sussurrou Sirius, com olhos semiabertos e lábios repuxados em um sorriso torto.

 

Remus arregalou os olhos e balançou a cabeça, com olhos melancólicos presos ainda na lua.

 

Não tem graça alguma, Sirius. Você sabe o quanto eu as odeio e você ainda faz brincadeira sobre elas? Você é um idiota — cuspiu as palavras e manteve o olhar longe do garoto a sua frente.

 

Normalmente, Remus retirava-se do quarto e se isolava, mas estava tão exausto da última travessura, que apenas continuou ali, sentado no parapeito ouvindo James e Peter discutirem sobre tomates serem frutas ou verduras, e sentindo Sirius lhe despir com os olhos, da mesma forma que fazia quando Remus estava sem camiseta, deixando amostra tudo o que mais detestava em si mesmo.

 

Elas me lembram do quão forte você é. Sabe, as pessoas costumam achar você muito frágil e magricelo, mas elas não sabem o que você se torna toda lua cheia. Você não é um monstro e as cicatrizes e as dores não são seu castigo, Remus. Elas, as cicatrizes, só são marcas de que você é homem mais forte que eu conheço e que você consegue suportar tudo isso e mesmo assim ser uma pessoa tão bondosa e maravilhosa, diferente de muitas pessoas que mal aguentariam todo esse peso. E você ainda é tão inteligente que me assusta, às vezes eu quero te perguntar se você já leu todos os livros da biblioteca, mas eu tenho medo da resposta — Remus deu um rápido sorriso, orgulhoso — Você por inteiro é a melhor coisa de Hogwarts, Remus. Porém, eu confesso que suas cicatrizes fazem minha mente imaginar coisas que você não gostaria de saber.

 

O sorriso malicioso deixou Remus corado, como de praxe. Mas todo o discurso de Sirius realmente lhe deixara sem palavras, da mesma forma que Sirius ficava quando o assunto era Remus.

 

Remus você quer, por favor, dizer a Peter que tomate é uma verdura?! — pediu James, mal reparando na tensão entre os outros dois.

 

É uma fruta, James — respondeu, sem retirar os olhos da janela.

 

Tinha medo de olhá-lo e perceber que suas palavras eram mentirosas ou trapaceiras, mas Remus já tinha a certeza de que eram verdadeiras, pois a voz de Sirius soava tão sincera e terna, que Remus sentiu-se imerso nelas por um longo tempo.

 

Levantou-se do parapeito e sentou-se na cama, ao lado de Sirius. Colocou a cabeça no ombro amigo e sentiu a mão calejada adentrar sua camiseta, acariciando a primeira cicatriz que achara.

 

De olhos fechados, Remus sentiu-se ótimo com o próprio corpo pela primeira vez. Podia não gostar de suas cicatrizes, mas havia alguém que gostava. E era justamente esse alguém que Remus tanto amava.

 

Você é tão inusitado — murmurou Remus, arqueando as sobrancelhas e sorrindo da briga de travesseiros que rolava entre Peter e James, duas camas depois.

 

Sirius sorriu. Ele mesmo ficava surpreso com algumas de suas atitudes impulsivas, mas surpreendia-se ainda mais quando reparava que encontrava-se acariciando a pele de Remus vez ou outra, como se fosse algum tipo de cumprimento entre os dois (um comprimento bem íntimo, diga-se de passagem). Fazia coisas carinhosas que normalmente não fazia com ninguém, mas passara a se acostumar e a gostar disso, porque sempre faria coisas que não eram de seu feitio, já que Remus sempre seria o seu porém.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pelo assunto "tomate é fruta ou verdura?", eu estava sem muitas ideias HUSAHSUAHUIHDSAUIDKL ficou um pouco tosco D: mas foi feito de coração ♥

Obrigada a quem leu até aqui, kisses ♥



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