Unicracia escrita por Ms Writer


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que vós gostem.



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Havia, em um universo paralelo ao nosso, uma terra cor-de-rosa repleta de criaturas jubilosas. Nesse lugar, eram feitas ilustres cerimônias todos os anos, e elas significavam para os cidadãos – cavalos e unicórnios -, um enorme deleito. Esses eventos eram feitos em nome da política local, intitulada como Unicracia. Esse governo dizia-se ser um sistema solidário, aonde todos eram uma grande família. Apesar disso, os únicos que tinham o direito de participar da política eram os unicratas, unicórnios  nobres, de famílias renomadas. Os cavalos, no entanto, não se revoltavam. Pois, acreditavam que os unicórnios eram uma espécie evoluída, e que deveriam ficar na liderança sempre. Um certo dia, porém, um pequeno potro se rebelou.

Era o primeiro dia de Cometa, um genuíno potro de pelagem escura, a ir à instituição de corcéis. Lá, ele aprenderia a correr e se tornar um verdadeiro corcel quando crescer. Chegando ao estabelecimento, ele avista vários outros jovens cavalos.

— Eu sou o Barão, e lhes ensinarei tudo sobre corrida! – Diz um cavalo de postura pomposa e pelagem negra enquanto se aproximava dos novos aprendizes.

Todos se agitaram ansiosos, mas para a surpresa de Barão, havia entre eles um pequeno potro confuso. Era Cometa, e ele se aproximou do professor.

— E por que devemos aprender a correr?

— Que pergunta tola! – O mesmo o debate – Você não quer se tornar um cavalo grande e ágil quando crescer?

— Eu quero... – as tranças de seu rabo chacoalhavam – Mas também quero ajudar a minha família. Ela passa por grandes dificuldades. Nosso feno está cada vez mais escasso, e creio que ser ágil não vai nos ajudar nessa situação.

— Cada um tem um papel na sociedade, e o nosso é correr! Não vá contra a sua própria natureza, garoto, ela já foi decidida há muito tempo.

Assim, a aula passou em um piscar de olhos. E a única coisa que Cometa conseguia pensar, era no que Barão o havia dito.

— Não vá contra a sua própria natureza... ela já foi decidida há muito tempo – por um breve momento ele para de cavalgar – E quem decidiu isso?

— Os unicórnios.

Soa uma voz repentinamente, assustando Cometa que dá um salto para trás.

— São sempre os unicórnios que decidem tudo, mas não podemos discutir pois eles são uma espécie evoluída. – Quem dizia era uma pomba cinza que passeava pela calçada.

— Como assim espécie evoluída? – Pergunta o cavalinho intrigado.

— Eles são como vocês, porém tem chifres e asas. E isso os faz melhores.

— Isso os faz pensar mais do que a gente?

— Quem sabe... Pruu!— A pomba estica suas asas – E o que importa?  Se você nasceu como cavalo, então cavalgue! Eu também sou só uma pomba, e apenas procuro me saciar em qualquer lugar.

Ela voa para longe, e Cometa volta para casa. Em seu estábulo, ele começa praticamente um interrogatório com os seus pais.

— Por que nascemos cavalos?

— Ora... Porque é o que o destino nos pregou, e não podemos ir contra ele! – Responde a mãe cansada de tantas perguntas.

— Mas eu conheci uma fascinante pomba pelo caminho, e ela me havia dito que somos o que somos por causa dos unicórnios, e não do destino!

— E o que uma pomba pode saber?

— Talvez ela fosse daquela praça... – O pai sussurrou.

— Que praça!? – O potro não perdeu tempo.

Os pais se entreolharam, e então a mãe do mesmo decidiu contá-lo sobre a tal praça.

— Antes da Unicracia existir, haviam praças na qual diversos animais se reuniam para participar, inclusive as pombas, que situam-se em terras vizinhas. Nessas praças, cada um falava daquilo que mais gostava, daquilo que poderia acontecer e daquilo que cada um poderia se tornar.

— Fabuloso! – O filho berra – Eu adoraria me manifestar também.

— Não é mais possível. Segundo os unicratas, devemos honrar a nossa espécie. Ou seja, o nosso dever é correr, correr e correr... Mas afinal, qual a diferença que uma opinião faria?  

“Qual a diferença que uma opinião faria?”, essa foi a pergunta que Cometa levou por muitos anos de sua vida. E em fim, uma resposta clareou sua mente. A solução era simples. A opinião dele, sozinha, não derrubaria o governo. A opinião dele, contudo, poderia transformar muitas outras opiniões. E a pergunta mudaria para: “Qual a diferença que várias opiniões fariam?”. A resposta era simples: faria toda a diferença!

Cometa já estava grande e ágil, como Barão previu. E com o impulso impactante de suas pernas, ele correu rapidamente até o local onde todos os unicratas se reuniam. Poucos dias antes disso, ele havia descoberto que a instituição de corcéis, na realidade, foi feita com o único intuito de lucrar. À cada corrida feita por um cavalo, maior as gorjetas que os unicórnios ganhavam. Revoltado, Cometa corria, mas corria muito mesmo... Quando percebera, ele não estava mais correndo, e sim voando! Ele também já tinha um chifre. Assim, ele percebeu que os cavalos eram iguais aos unicórnios o tempo todo. A única coisa que os prendia era a ignorância. Ao chegar lá, ele começou a debater utilizando a opinião de cada um. Deixando os unicratas sem saída, as praças filosóficas voltaram, e todos, a partir desse momento, nunca mais deixaram de se expressar. Todos ganharam o seu par de asas, e nunca mais deixaram de voar.


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