25 de Floril de 744 D.I

Território Nortenho 

FLORESTA DO CANTO/ REINO MENOR VITAE

Willian  Bloodstone

 Willian era um tipo diferente de vampiro, nunca havia se associado a comunidade nem encontrado aquele que o transformou. Um século de sua vida se resumiu a sentimentos de angustia e tristeza, um luto intensificado pelo vampirismo. Ele perdeu a família no dia em que foi transformado e isso tornou-se um peso constante na sua vida. O fato de não saber o porque somente ele foi transformado era   complicado de mais para carregar. 

Outros em seu lugar teria desfrutado das novas habilidades, mas ele preferiu manter-se resignado em seu casulo depressivo, estava morto, sentia-se morto, até que um dia vagando pelas ruas de Malali ele ouviu o som de um violão a tocar uma música de pirata em uma taverna. O vampiro não resistiu ao som, era magnifico, ele não perdeu tempo e adentrou no local deparando-se com a violonista.

Ele admirou a paixão com que ela tocava o instrumento. A mulher possuía tanta vida dentro de si! Tanta energia, tanta paixão e liberdade! Era algo que ele nunca havia visto antes em ninguém. Naquele momento ele soube que precisava dela em sua vida, para ensiná-lo a ser o que ele era.

Aquela moça, a capitã do Monstro dos Mares, descendente da linhagem dos McIntyre, era a peça final de sua personalidade, a engrenagem que o faria funcionar novamente. E ela foi tudo isto, e mais... O romance teve que ser interrompido, mas era graças a Aileen que ele era o homem de hoje. 

 O vampiro estava deitado em um colchão, ensopado de suor, vivendo momentos de epifania ao lado da única mulher que ele amou, se estivesse recuperado tentaria sair daquela cabana pútrida, que mais parecia um matadouro. Porém ela mal tinha a noção do tempo. 

William não fazia ideia do que estava acontecendo com seu corpo, até aquele momento pensava que nenhuma doença atingia os vampiros, mas parecia estar enganado, afinal, estava pior do que vitimas de tuberculose.    

A luz da cabana provinha do sol. E mesmo sendo um lugar horrível aquele, o vampiro podia perceber que alguém havia feito uma limpeza, pois não havia pó. A água dentro do balde parecia limpa e tinha uma tigela com sangue que parecia ter sido deixada para ele.

Foi nesse momento que ele recordou de uma outra vampira o carregando até aquele local. Fanny, esse era o nome dela, Will estava recuperando as memorias aos poucos.  

Já recordava-se de Fanny dizendo que ele havia se alimentado de sangue de anjo e por isso estava naquele estado, o que era muito estranho, porque ele não sabia que anjos existiam. 

O vampiro tentou se movimentar, mas estava amarrado com correntes cintilantes.  A dor que sentia era de ser atropelado por mil cavalos, ou ser lançado sobre uma montanha de agulhas. 

Ele perdeu a consciência segundos depois. Mas enquanto dormia ouvia a clara voz da vampira que o ajudou: 

"—Nunca ingira sangue de anjo novamente. — Foi o que ela havia lhe dito enquanto o carregava até essa cabana. — Ele é o nosso maior inimigo, por mais que as outras espécies não saibam disso". 

"— Não saia da cabana até um mercenário te procurar Willian. — A voz de Fanny ressoava em sua cabeça como trombetas.  — Ele vai te entregar um amuleto. Preciso que entregue o objeto a outro vampiro chamado Ariel".

"— Esse vampiro terá respostas sobre a morte de seus pais. — A voz de Fanny estava mais doce. — Proteja o amuleto dos vilões, Willian, e será recompensado. Eu ordeno que o entregue a Ariel, somente a ele". 

E foi enquanto dormia que William foi recordando de tudo que havia acontecido com sigo no ultimo mês.