As vezes Peter Burke se perguntava como sua vida fora parar desse jeito. Realmente o mundo da voltas. Não era raro ele perguntar se tudo estava realmente acontecendo ou se era apenas uma ilusão, um sonho.

O lado vazio da cama servia para lembrar que não era uma brincadeira cruel do universo. Elizabeth tinha acabado de levantar para socorrer a filha deles que passou a noite toda acordada, chorando. O colchão ainda estava quente, o que significava que El tinha acabado de levantar. O relógio na mesa de cabeceira marcava 2:34, ele suspira.

—Outro pesadelo. - diz El voltando para cama - o que pode atormentar tanto uma menina de quatro anos.

Peter estremece. Ja se passaram quatro anos. Quatro anos desde que sua vida sofreu a maior reviravolta. Quatro anos que seu melhor amigo morreu, deixando para traz o maior tesouro que ele ja consegiu. Uma filha. "Neals Caffrey greatest con."

Que outra opção os Burke tiveram a não ser acolher a órfã criança de olhos azuis? Era isso ou adoção... ou Mozzie.  Peter não gostava nem de pensar nessa ultima possibilidade. Mozzie era padrinho da menina e pelo seu amor a crianças e falta de noção de realidade não duvidava que ele  cuidaria da bebe. Por favor, o mundo não precisa de outro Caffrey a solta. Mas a verdade é que Peter podia dizer o que quiser, mas no momento em que pos seus olhos nela, depois da morte de Neal, ele sabia que nunca a perderia de vista, que ele ia cuidar e protege-la.

Mas as coisas nunca são simples. Emma não era uma garota fácil e eles descobriram isso cedo. Dizem que bebes podem farejar medo e Peter nunca teve tanta certeza que um ditado popular era certo. A criança parecia estar feliz e confortável em qualquer lugar que não fosse perto de Burke. Emma chorava e debatia só com a mera ameaça de ir para seu colo. Elizabeth, claro, achou isso uma graça, enquanto dizia que Peter estava enxagerando, afinal, Emma a aceitou como mãe em questões de segundos.

As noites tambem nao escaparam das mudancas de ter uma crianca em casa. Emma nao dormia por mais de duas horas seguidas e qualquer barulho, por menor que fosse, era suficiente para acorda-la. Mas Peter é grato por essas noites, foi numa madrugada sofrida pelo terror noturno de sua filha que eles tiveram a chance de criar um vinculo.

Nao foi facil, mas depois de quase vinte minutos chorando no colo do pai, a pequena Emma, pareceu finalmente perceber que sua mae não viria socorre-la e deu uma chance ao homem que a segurava desajeitadamente. E era de tudo isso que Peter Burke precisava. Uma chance. Emma pela primeira vez parou de chorar e olhou atenta o rosto dele, como se estudasse um quadro raro.

Ela sorriu.

Peter encarava aquela criatura complexa e fascinante em seus braços com admiração e o que era apenas um sorriso bobo no rosto do bebe logo virou uma gargalhada gostosa.E assim, no meio da madrugada de uma terca-feira pai e filha criaram um laço que duraria para sempre.