Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 35
Knee Socks


Notas iniciais do capítulo

Knee Socks - Arctic Monkeys. Porque eu amo.

Sumi e fugi dos meus dramas, mas eles me seguem e eu preciso aprender a lutar. Esse capítulo vai para quem cansou - assim como eu - de pequenos dramas e quer mesmo que o mundo acabe em festa para estar coberta de purpurina.



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Quando sabemos que estamos completamente livres? Quando podemos nos olhar no espelho e ver que não devemos nada para ninguém? Quando Giane notou que não precisava se submeter aos desejos de um mundo de que não queria fazer parte? Eu nunca tive as respostas que tanto desejei dela, mas também nunca tive a coragem de perguntar... Nunca tive forças para expor pensamentos que não faziam sentido dentro de mim quiçá fora de meu cérebro.

Ela me amava do jeito dela, eu sabia. O jeito que ela me amava era violento, explosivo. De alguém que não tem o dia seguinte. O jeito de um homem no corredor da morte amaria sua amada, numa tentativa de entorpecer a alma e esquecer das próprias dores.

Da própria cruz que carrega.

Eu não posso carregar os demônios de Giane por ela. Assim como ela não pode carregar os meus. Cada um tem as próprias feridas para lamber e eu só posso assistir enquanto ela abre as dela para se lamber.

Giane acreditava que merecia menos do que merecia por alguma coisa que nunca quis me dizer. E só restava a mim tentar entender como alguém como ela podia considerar que não era absurdamente especial.

Talvez seja uma coisa que eu nunca vou poder entender nela.

E ainda dizem que eu tenho problemas de auto-estima.

Deixei minha mãe com o coração leve. O que quer que aconteça, não é problema meu. Eu sou só a vítima dos erros da geração anterior... Não queria pensar mais em nenhum drama.

Queria pensar na vida nova que eu faria para mim mesmo, de preferência distante de tudo que parecia me puxar como a órbita de um pequeno sol. Eu sabia que tudo isso ia só me queimar e eu não queria aceitar os danos mais. Não era obrigado a deixar me destruírem pela própria sobrevivência.

Encontrei a mulher que tanto amava em seu apartamento vazio - e amor é um daqueles sentimentos que a gente sempre acha que já sentiu até encontrar alguém que nos faça sentir mais do que a anterior... Quando encontramos alguém que é a definitiva? Será que tal pessoa existe? - e ela me encarou por alguns segundos, como se me lesse por inteiro.

— Como está? - me perguntou fingindo pouco interesse. Uma excelente atriz, como sempre supus que seria. Quase acreditei em seu pequeno blefe.

— Calmo. As coisas são como são. Eu sou só um pedaço de tudo isso. Eu sou...

— Uma vítima. - ela completou me perfurando com seus olhos. - Todos nós somos de um jeito ou outro.

— Até você? - perguntei e ela abraçou os joelhos se encostando mais na parede.

— É bem óbvio que eu também. - ela soltou uma risada pelo nariz. - Não reparou nos últimos 50 capítulos dessa novela que é a nossa vida?

— Eu sei bem menos do que gostaria sobre você. - admiti e me sentei ao seu lado. O macacão folgado e sujo, a regata tinha subido um pouco mostrando um pedaço de pele de seu quadril, que eu desejava tanto acariciar e adorar como o tolo que sou.

Desejo que o mundo note a deusa que esta mulher é e desejo tê-la só para mim. Esta dualidade me excita e ela bem sabe disso.

— Você sabe muito mais sobre mim do que eu me sinto confortável em compartilhar geralmente. - ela disse por fim.

— Não significa que eu saiba o suficiente.

— De fato.

Eu não tenho certeza se a beijei por a desejar com a força que eu desejo ou se ela me beijou para evitar que eu falasse mais sobre meus questionamentos tolos sobre quem é Giane.

Ela não é ninguém no melhor sentido de todos. Ela não quer ser alguém quando tem tanto para dominar outras pessoas. É magnético estar ao seu redor - atrativo e repulsivo dependendo da situação e eu queria tanto poder lhe dizer tudo isso.

Mas não somos esse tipo de pessoas. As que tecem poesias e prosas sobre os amados. Somos pessoas que fodem muito bem juntas e que podemos compartilhar coisas sentimentais entre as fodas.

O sexo com ela era diferente e ao mesmo tempo comum. Nada do que fiz entre quatro paredes com ela era diferente do que geralmente fazia com outras pessoas, mas tinha uma atmosfera diferente. Como se ambos usassem os corpos para dizer o que não diriam com palavras.

Eu tinha certeza de que ela me amava durante nossas transas. Absoluta.

Apertei sua perna até que ela soltou um pequeno gemido que eu sufoquei com minha boca. Sentia seu corpo tentar alguma fricção - qualquer uma— para satisfazer seu tesão acumulado.

Nunca foi só sexo mas era uma das minhas partes do que eu tinha com ela, com toda a certeza

x

As meias verdades ditas após o sexo. Os sorrisos preguiçosos e satisfeitos de uma mulher e o amor de um homem encantado com o que vê. Duas pessoas e um ato que não poderia ser realizado com outros atores. Sexo depende da pessoa e do momento no tempo, não importa do que se é feito.

Ela sorri para seu amante e ele lhe beija as pontas dos dedos. É uma reverência a mulher que adorou da forma mais intensa que poderia pensar.

— Eu tenho uma coisa para lhe contar. - ela lhe diz enquanto se arrepia com os beijos que recebe em seu colo. Seu amante parece encantado com o efeito de sua barba por fazer em uma pele tão delicada. - Duas coisas, na verdade.

— Sobre? - ele lhe pergunta encantado com as manchas vermelhas que surgem no colo de sua amada.

— Eu e a mulher da sua vida. - ela responde sem alterar o tom de voz, quase entediada.

— Então é só sobre você.

— Você sabe muito bem do que estou falando!

— Me conte as novidades que tanto deseja contar. - ele ignora o corar dela. E os lábios entreabertos como se fossem começar uma discussão.

Ou um beijo.

— Eu tenho que voltar para a Europa. Tenho que estar na semana de moda de Paris. - ela encarava a janela do apartamento como se sentisse mal com essa mudança nos eventos. - Minha agente me disse o quanto ofereceram e...

— Valia a liberdade?

— Quando não vale? - ela solta uma risada pelo nariz e Fabinho nota pela primeira vez libertas escrito no corpo que tanto adora. Liberdade como um lembrete, provavelmente.

Se de que é seu objetivo principal ou algo que nunca teria, ele não sabe dizer.

— Imagino o quanto seja. - ele comenta e nota ela mexer ansiosamente o cabelo. - Tem mais alguma coisa nisso. O que é?

— É por causa da música do Andy. - ela responde sem-graça. - Está no top 10 das músicas alternativas e subindo, o que significa...

— Que a modelo que inspirou é muito interessante. - ele completa sentindo o fogo do ciúmes queimar o peito. Como uma pessoa podia ter tanto de Giane sem tentar enquanto ele implorava por migalhas dela?

Ele jamais entenderia a dinâmica deles dois. Esperava não ter que entender.

— Qual a outra notícia?

— Eu encontrei a irmã mais velha da sua amada irmã. - ela diz sem emoção. - Bom, o detetive que eu contratei encontrou a irmã. Eu só paguei por isso.

— Por que você fez isso? - ele pergunta temendo pela resposta. Ela tinha partes inteiras que ele não conhecia e pensamentos que às vezes contradiziam quem ela queria ser.

Todos estão quebrados de um jeito ou outro. No caso dela, ela sabia que não devia fazer certas coisas mas o hábito é perigoso para quem quer se livrar. Principalmente para quem está acostumado a ter que ser a única pessoa que se apoia.

— A melhor defesa é o ataque e eu queria alguma coisa para me garantir contra aquela mulher. Eu não sou idiota de ir para a batalha sem um plano de ação. - ela dá de ombros como se o que fizera não fosse nada. - Ela fez igual comigo, no fim do dia.

— E você acha isso certo?

— E você acha isso errado? - ela pergunta sem entender qual a gravidade. - Não é como se eu estivesse escutando o celular grampeado dela. Eu posso ter feito até uma boa ação, se ela quiser reencontrar a irmã. Sinceramente.

Alguns momentos definem as pessoas. Pequenos atos falhos dizem mais do que as pessoas pensam. A frase "Não é como se eu estivesse escutando o celular grampeado dela." martelou no coração de Fabinho e ele se sentiu como se não conhecesse a mulher na sua frente.

— Você grampeou o celular da Amora? - ele vocifera sem perceber o olhar ferido da mulher que ama.

Os motivos de porquê esta frase a feriu são só de Giane e eu não tenho como expressar em palavras que devem ser ditas em sociedade, mas a desconfiança do homem que amamos sempre é a que mais dói.

Por mais que não saibamos ainda se é ou não amor.


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Notas finais do capítulo

Fabinho ícone bissexual porque SIM. Giane mostrando garrinhas porque eu adoro uma heroína problemática.



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