Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 33
Home/Landslide


Notas iniciais do capítulo

Home do Three Days Grace porque algumas casas não são lares, ué.
Landslide (Fleetwood Mac) porque sim.
Os capítulos de mashups ♥



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— Eu sabia! - Giane parecia irritada e eu entendia. Ela tinha me visto lambendo feridas abertas de mais de 20 anos e sabia que eu ainda sofria pelo abandono de minha mãe. - Sabia que você era a mãe do Fabinho!

— Nós nos usamos de meios tortos para nos aproximarmos de todos vocês, admito. - A mulher que Giane chamou de Margot disse em um tom apaziguador.

— Mas estavam com medo da recepção, não é mesmo? Medo de serem rejeitadas. Quero dizer, ela ser rejeitada. - Giane apontou para minha mãe e eu notei Irene encolher, tive medo de minha mãe sumir de novo.

Por mais que adorasse minha maloqueira, a história era minha e a vida também e Giane ia ter que aceitar ficar no banco naquela rodada.

— Giane, posso falar um segundo com você? - pedi e ela me encarou piscando confusa.

— Claro. - ela me respondeu, enquanto minha mãe se afastava com um sorriso tímido.

— Fabinho, você sabe o que está fazendo? - ela me perguntou com uma expressão ilegível. Os olhos de Giane eram tão grandes que eu às vezes achava que ela era uma personagem de Coraline.

— Eu sei. - respondi, mas Giane não parecia convencida.

— Bom, esse momento é seu, cara. Vou voltar pra loja. - ela depositou um beijo em minha bochecha, segurando meu rosto com as mãos. - Qualquer coisa me liga, por favor.

— Tudo bem.

— Promete? - ela me perguntou e eu só pude assentir, enquanto ela sorria para mim.

Ela se virou para Margot e minha mãe e notei a amazona que Giane era. A guerreira que habitava aquela mulher delicada em aparência.

— Me desculpem a intromissão. Espero que vocês consigam se entender. - sua expressão era de poucos amigos, mas ela se controlava para ser bem-educada.

Porque ela sabia que era importante para mim.

Giane saiu da casa e eu encarei as duas mulheres, esperando que elas continuassem a me explicar tudo o que se passou. Eu merecia a verdade. Irene ia falar o que precisava dizer, mas eu também diria algumas coisas e não seriam tudo flores.

Apesar de eu claramente namorar uma florista.

 

X

 

Segurava a vassouram fingindo varrer a loja, eu não parava de pensar no Fabinho sozinho com a mãe biológica. Uma mulher que o abandonou, que ele não sabia nada sobre e ele se jogava de cabeça àquele momento, sem parar por um segundo para pensar nas consequências de seus atos.

Era tão avassalador quando era sobre nós dois, mas doía muito quando se via de fora. Ele era muito inconsequente e eu sabia que seria difícil convencê-lo a ficar com um pé atrás. Fabinho não tinha medo de se explodir e consumir tudo o que tinha para vivenciar o que precisava.

Entendi Malu e seu medo de mim naquele momento. Me odiei por entender a família de Fabinho e as reservas que eles tinham quanto a mim: uma pessoa que o estimula a seguir estes impulsos e não se importar com o resultado final… Ele era mais emocionalmente comprometido do que eu, percebi.

Bento não chegava e eu precisava do meu sócio, do meu melhor amigo. Eu precisava de alguém que me ouvisse e pudesse tirar estas caraminholas da minha cabeça, precisava de alguém que fosse gentil e que pudesse trazer ordem ao meu caos particular… Precisava de uma mãe, de alguém que me desse colo.

— Wesley, eu vou… - começou a falar mas a frase morreu em seus lábios. Diante de mim estava Malu Campana com o olhar mais culpado que aquele rosto poderia gerar. Ao redor dela, seus irmãos adotivos. Eu nunca tinha falado com eles, mas eles pareciam encantados com a Acácia. - Malu. Luz, Kevin e Dorothy, certo? - perguntei com um sorriso simpático, encostando minha vassoura no balcão.

Podia ser muitas coisas, mas não era mal-educada com crianças.

— Isso. Muito prazer. - Kevin me disse se esticando para me beijar na bochecha e corando enquanto Luz e Dorothy reviravam os olhos.

— Ele tem uma paixão por você, Giane. - expôs Dorothy com um sorriso esperto. Fabinho tinha me dito que a irmã mais nova era extremamente inteligente, mas não tinha pensado que fosse neste nível.

— Vieram atrás do Fabinho? - perguntei e percebi Malu constrangida.

— Não, viemos visitar a Vó Madá. Ela tem uma casa aqui e a nossa casa está impossível no momento. - Luz explicou acariciando as pétalas de uma violeta branca perto do balcão. - Aqui é tão calmo.

— Você devia ver a estufa do Bento. - eu disse e os olhos dela brilharam com uma inocência que eu fiquei encantada.

— A gente pode, Malu? - Kevin perguntou pouco interessado em flores, mas ele parecia querer fugir da Acácia após o comentário de Dorothy.

— Giane, você sabe do Douglas? - Jonas entrou falando na loja e parou quando viu que havia mais do que Wesley e eu na loja. - Desculpa chegar falando assim, boa tarde.

— Ele passou aqui de manhã e virou meu namorado da tarde pro site da Sueli Pedrosa. - revirei os olhos entediada. - Então ele pode estar se exibindo para qualquer mina que dê atenção para ele e…

Notei que a atenção de Jonas não estava mais em mim e sim completamente direcionada à Luz – mesmo que Jonas fosse uma pessoa muito mais discreta que a maior parte dos homens, ele ainda estava interessado na irmã de Malu.

Essa galerinha riquinha do Jardim América se misturando com meu povo da zona norte? Já não bastasse o Bento envolvido com duas patricinhas e eu com o irmão delas, Jonas ia atrás da irmã mais nova? Tive que conter o riso frouxo que borbulhava em minha garganta.

— Jonas, faz um favorzão pra mim? - pedi dando um soquinho de leve em seu braço e ele assentiu me encarando finalmente. - Leva os irmãos da Malu lá na estufa do Bento. Eles vão pirar quando virem as flores e a amoreira que dá nome à irmã top model deles.

Ao citar Amora, percebi que as crianças também não eram as maiores fãs da minha querida melhor amiga. Bom, não podia julgá-las eu não suportaria viver com Amora Campana por anos.

Luz, Kevin e Dorothy acompanharam Jonas até a estufa, os dois mais velhos puxando uma discreta conversa sobre coisas em comum, enquanto Malu e eu víamos as crianças caminharem tranquilamente pela Casa Verde.

— Aqui pode não ser o Jardim América, mas é seguro, Malu. Relaxa. - comentei e ela piscou lentamente como se saíse de um transe.

— Eu sei como este lugar é seguro, Giane. - ela retrucou, entrando comigo para dentro da loja. - Cadê meu irmão?

— Com a mãe dele. - respondi sem rodeios porque queria saber as reações de Malu. Eu ainda não entendia o que estava acontecendo e não sabia como reagir. Talvez Malu pudesse me ajudar a ver as coisas com outro olhar.

A garota era uma patricinha metida de nariz em pé? Era. Ela achava que eu era uma interesseira ex-futura presidiária? Também, mas Malu claramente se importava com a segurança de Fabinho. Tudo o que eu precisava naquele momento. Alguém que conseguia entender a mente do Fraldinha.

— Giane, se você não quer falar, tudo bem… - Malu começou um discurso doce porém firme e eu revirei os olhos.

— Sabe a Rita de Cássia? - perguntei e Malu assentiu. - Eu percebi que ela lembrava e muito a Irene Fiori dos desenhos do seu irmão.

— Por que não me avisou? - Malu me questionou pronta para atacar.

— Porque você não conseguia deixar de repetir igual um disco arranhado que eu não prestava.! - respondi dando de ombros. - Também eu não tinha provas, né? Mas o Fabinho a encontrou sabe-se lá como e os dois estão conversando sobre os últimos 23 anos.

A expressão no rosto de Malu dizia que eu não era a única pessoa desconfiada e fiquei feliz de que tínhamos um potencial inimigo comum por enquanto.

— O Fabinho está sozinho com a mãe? E você deixou, Giane! - Malu exclamou pegando o celular e destravando e travando diversas vezes. - Eu não sei se aviso meu pai ou se não faço nada… O que eu faço, Giane?

— Eu digo para esperarmos e, se ele não voltar, eu busco ele pelos cabelos. - respondi suspirando e pegando minha companheira de pensamentos mais obscuros: a vassoura.

Nasci para ser bruxa mesmo.” pensei e ouvi a voz de Fabinho em minha cabeça dizendo tanto que só faltavam as verrugas e que era a justificativa para ele ser enfeitiçado por mim. Mordi os lábios e notei que Malu continuava na loja e me encarando. Retribuí o olhar, porém Malu não pareceu sentir vergonha do que fazia.

— O que foi? - perguntei e ela olhou ao redor, como se esperasse que algum fofoqueiro de plantão fosse sair de dentro de um vaso… O que parecia bem racional considerando que um amigo meu me abraça e isso vira notícia que diz que eu estou com outro homem.

— Nada. É só que pensei que aqui estaria com mais jornalistas por conta da palhaçada da minha mãe. - Malu disse e eu massegeei minhas têmporas.

— Até teve, mas ameacei ligar para polícia, porque me sentia assediada e como eu estava sem Fabinho, eles acharam que eu tinha terminado com ele e… - senti meu celular vibrando e rapidamente olhei o que era. ~ aparentemente eu estou com um artista plástico novo que ainda trabalha em arte de rua, tudo muito maneiro e estiloso.- soltei uma risada pelo nariz. Douglas artista plástico?

— Eles te esquecem se o Fabinho não está aqui? - ela me perguntou e eu a encarei.

— Eles perdem fácil o interesse. - não entrei em detalhes sobre o que fazia a presença do irmão dela interessante para notícias de famosos. Ela não precisava saber como eu me sentia quando estava com seu irmão mais velho. - Só não entendi o seu.

— Eu queria ter uma conversa séria com você. - ela me pediu com os olhos mais inocentes do mundo. Entre Bento e ela, como eu era modelo famosa?

— Tudo bem, mas estou trabalhando no momento. - Disse preparando um arranjo de flores sem encará-la. Não estava pronta para me oferecerem mais dinheiro para deixar o Fabinho em paz. Eu não tinha mais argumentos para retrucar e vontade de gritar verdades na cara de alguém, só queria um tempo de paz.

Até grandes heróis de guerra precisam de paz e eu não era uma heroína.

— Eu espero. - ela me avisou puxando conversa com Wesley.

Eu precisava de alguém com quem conversar. Alguém que poderia me ajudar a entender o comportamento quase auto-destrutivo de Fabinho. Alguém que me desse uma luz sobre a pessoa que ele era. Alguém que me ajudasse a ver através do véu que é amar Fábio Campana.

Largando minha vassoura mais uma vez, perguntei para Wesley se ele queria alguma coisa da padaria e saí para buscar comida, enquanto pensava na lista de coisas em Fabinho que eu não entendia direito, mas que precisava entender. Nosso futuro juntos dependia disso.

 

8 anos atrás…

 

— O que isso significa, Bárbara? - Fabinho perguntou ao notar as malas na sala de estar. - Vai viajar, é?

— Não , você quem vai embora, garotão! Cansei de ter um garoto-problema nesta casa, cansei de dar um jeitinho nas brigas, porque seu pai implica comigo! - Bárbara atuava de maneira exagerada e Fabinho controlou as expressões de seu rosto. Os agudos de Bárbara eram complicados.

— Nossa , cadê a imprensa? Quem vê pensa que se importa com que eu faço! - Fabinho retrucou e Bárbara Ellen urrou que se pudesse o internava que nem tinha feito com a própria mãe.

Uma pena que Plínio iria atrás do bastardinho até no inferno.

 

X

 

— Você é muito linda, menina! - o fotógrafo ocomeçou e Giane cruzou os braços e franziu o cenho.

— Ninguém te perguntou nada, 171!


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Notas finais do capítulo

Sou cara de pau e comecei outra UA. Só tem um prólogo, mas já está no site.



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