Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 18
Kill the Director


Notas iniciais do capítulo

- Título do capítulo é o de uma música dos Wombats que eu curto.
— Não, eu não fui abduzida por alienígenas e estava em posse deles.



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Descobri nesse Bazar que eventos beneficentes da família Campana só podem terminar de duas maneiras: sucesso total ou sucesso financeiro com barracos suficientes para uma edição separada de alguma revista de fofocas.
    Quase me sentia um Kardashian quando pensava nisso.
    Bárbara Ellen totalmente se sentia a própria Kris Jenner - e, sim, eu não sabia o nome das Kardashians, simplemente joguei no Google, porque foi assim que a minha noite terminou.
    Será que Mamãe Bárbara é um tipo de máquina do mal programada para destruir a minha felicidade? Porque se for, ela conseguiu mais uma vez. Era o melhor talento dela de qualquer forma.

— Espero que tudo dê certo. - Giane murmurou enquanto ajeitava compulsivamente o cabelo. Não era a garota poderosa de sempre, era a versão namorada perfeita dela.
    A que queria tirar os holofotes dela e pôr nas crianças.
— Mas é claro que vai dar. O que poderia dar errado? - perguntei e ela empalideceu.
— Nunca ouviu falar de Lei de Murphy não?
    Eu percebo, em retrospecto, que não devia ter dito isso.
— Giane, tem como você me acompanhar? - pediu Malu com um sorriso forçado e eu soube que eu tinha trazido azar para o evento. Era minha culpa, certeza.
    Eu, minha boca grande e meu azar absurdamente gigantesco.
    Quando olharás por mim, ó Pai?
— Claro. - minha futura namorada saiu acompanhando minha irmã e eu sorri para algumas pessoas que chegavam.
    Hora de garantir que Malu tivesse dinheiro para a Toca.

— Giane, o que você quer com meu irmão? - Malu perguntou assim que conseguiu um lugar afastado e eu quase engasguei com a minha saliva. Que merda era essa?
— O quê? Olha, até onde eu sei seu irmão é livre e desimpedido e eu também sou. - lembrei Malu que me encarava com uma expressão de quem não estava interessada em minhas respostas evasivas.
    O que o irmão dela estava contando para ela? Que eu estava prometendo me casar com aquele fraldinha? Que eu jurei amor eterno e que íamos fazer tatuagens combinando?
    Deus me livre.
— Vou ser direta: O Kevin encontrou informações pavorosas sobre você e eu não quero meu irmão envolvido com uma pessoa que mente sobre quem ela é. - Malu disse e eu quase ri. Isso não era ser direta.
— Você mal me conhece para saber se eu estou ou não mentindo. - retruquei revirando os olhos. - Olha, vão dizer coisas terríveis de uma pessoa como eu. Não me importo. E seu irmão não parece se importar, já que não está indo atrás de informações sobre a minha vida... Ao contrário de você.
— Não é isso, é só que... - ela começou mas eu a interrompi.
— Não é isso, é só que você é uma garota de um bairro pobre que não viveu no mesmo luxo que meu irmão e eu vivemos a vida toda, Giane querida. Teve que trabalhar desde a adolescência como modelo para poder estar nos mesmo lugares que meu irmão e eu temos direito desde o nascimento. - meu sangue fervia nas veias. - Sabe, para quem gosta de falar sobre ser a irmã boa e que se importa, você é bem pior que a Amora.
— EU NÃO SOU PIOR QUE A AMORA! - Malu gritou e eu rosnei.
— Abaixa o tom que eu não gritei com você, patricinha. E você é, você julga o que a mídia diz de uma pessoa, cresceu no meio, mas quis se iludir com notícias mentirosas. - eu soltei uma risada pelo nariz. - Você me usou para conseguir um evento, para atrair atenção para sua causa, mas você não me quer por perto. O que foi? Está me faltando pedigree ou é porque meu sobrenome não tem peso nenhum nessa vida, Malu Campana?
— Eu não sou esse tipo de pessoa, Giane... - ela começou e eu ergui uma mão para calá-la.
— E eu não me importo. - sorri cínica e fui saindo de perto dela.
    Mas voltei, porque eu precisava dizer mais coisas para Malu.
— Sabe qual é o seu problema? É querer que todo mundo esteja no seu padrão moral. Acorda para a vida, princesa.
    Eu não devia ter dito aquilo, porque a resposta de Malu foi um tapa na minha cara. Um tapa bem ardido, por sinal.
    Que o irmão dela viu.
— Que merda é essa? - Fabinho perguntou e eu vi o olhar assustado de Malu.
    O meu parecia igual.
— Nada que te interesse, Fraldinha. - respondi e saí andando com meu melhor passo de modelo.
    Fabinho me segurou pelo braço e segurou Malu com o outro braço, nos encarando como um pai decepcionado.
    Apaga isso. Eu não tenho daddy issues.
— O que está acontecendo aqui? - ele nos perguntou e eu vi a expressão conflituosa de Malu.
    Expressão de quem ia dar com a língua nos dentes.
— A Giane e eu tivemos uma discussão a respeito do passado dela. - Malu disse. Os olhos brilhantes e inocentes.
    Ela podia ser pior que a Amora se ela quisesse.
— O que tem o passado dela? O rockstar está aqui? - Fabinho perguntou tentando conter sua... raiva.
    Raiva. Por um momento, eu pensei em ciúmes.
— Quem? Não, é sobre o passado dela com drogas e agressões. - Malu sussurrou como se a qualquer instante Sueli Pedrosa fosse brotar do chão.
— Eu não usava drogas. - eu disse entre dentes, querendo esfolar cada pedacinho do rostinho daquela patricinha.
— Admite as agressões? - ela me perguntou com um brilho esperto no olhar. Malu era filha de Bárbara Ellen, ela não podia ser tão perfeita e inocente como agia ser.
    Será que alguém era exatamente quem dizia ser nessa vida?
    Talvez o Bento?
— Querida, eu não bato em quem não merece. - disse e Fabinho riu.
— Vocês estavam brigando porque a Giane tem fama de usar drogas e bater nas pessoas? Sério? Espero que não seja briga por mim.
— Mas é claro! - Malu disse enquanto eu gritei.
— Óbvio que não!
    Ele sorriu como se soubesse que eu mentia e eu me senti corar. Corar como quando era mais nova e pensava no meu primeiro beijo com o Bento.
    Mas que droga, Fraldinha!
— Fabinho, dizem que ela quebrou o braço de um fotógrafo e o nariz de um empresário. - Malu afirmou com uma expressão de assombro.
— Quebrei o braço de um fotógrafo que tentou passar a mão em mim e o nariz de um empresário que me ofereceu mais que um contrato quando eu tinha 17 anos. - comentei com uma expressão de tédio. - Você devia verificar suas fontes antes de fazer fofoca, Maluzinha.
    Eu tinha fama de casca grossa, admito. Nunca briguei com quem não merecesse, nunca fui descaradamente rude, só não tinha paciência para o jogo que eles tentam fazer as garotas novas a jogar.
    A vida não era Verdades Secretas, mas não era muito longe da verdade em alguns casos.
    Chegar no exterior com uma fama de quem não leva desaforo para casa, me garantiu vários nãos de cara e alguns sins importantes que me garantiram que eu precisaria jogar certos jogos para sair dali.
    Ganhei um respeito a contra-gosto.
    Mas respeito é respeito.
— Giane, eu... - Malu começou e eu tive o bastante.
— Olha, eu estou aqui pelas crianças. Eu fiz por elas. - comecei franzindo o cenho. - Mas fica tranquila, Malu. Acabando isso aqui, eu vou fazer o que você quer.
    Nenhum homem nessa vida valia esse drama todo. Nem mesmo Fabinho.
    Soltei meu braço e saí andando para o Bazar. Repetia que era pelas crianças, enquanto olhava as peças e sorria para as outras pessoas.
    Uma das vantagens de ser modelo: sempre parecer calma e despreocupada mesmo quando seu coração está estourado.

— Explica. - disse e percebi que Malu desviou o olhar.
— Existem histórias terríveis sobre ela, Fabinho. - ela começou.
— Existem histórias terríveis sobre mim, Malu. E nem todas são mentira. - eu lembrei e ela corou.
— Eu só queria te proteger. O papai também desconfia dela, tudo pareceu fazer sentido que ela não se importa com você. - ela tentou mais uma vez.
— Porque ninguém pode querer nada comigo, certo? Pobre Fábio Campana, ele não pode ser amado por ninguém. Nem pela própria mãe. - comentei ácido e dessa vez Malu empalideceu.
— Nunca quis dizer isso, eu só queria que você fosse feliz. Eu queria que ela me dissesse a verdade e tudo bem. - lágrimas caíam dos olhos da minha irmã.
— Ela não é obrigada a dizer nada sobre a vida dela para você! - me controlei para não gritar. - Ninguém é, Malu!
— Fabinho, eu...
— Queria me proteger? - completei com fúria. - Malu, eu te amo. Eu te amo tanto, mas agora eu estou com muita raiva de você.
— Eu não fiz por mal! - ela se defendeu e eu fechei os olhos tentando me conter.
— Não fez, mas causou o mal. Porra, Malu! Eu gosto daquela maloqueira, mais até do que eu achava que poderia gostar de uma mulher! - e completei baixinho. - Muito mais do que já gostei da Amora.
    Foi nesse ponto que Malu arregalou os olhos, como se percebesse o erro que cometera.
— Fabinho, eu vou arrumar as coisas. Ela vai entender e...
— Não, você não vai fazer nada. - a segurei e dei um abraço, era minha irmã afinal de contas. - Eu me resolvo com aquela maloqueira.

    Observava a guitarra que tinha comprado para Andy. Antes que eu cogitasse comprá-la, percebi a etiqueta de vendido e sorri. Era um instrumento caro, mas teria um novo lar.
— Giane, minha querida, você está mais linda que da última vez que te vi. - a voz sedutora de Natan soou nas minhas costas. - Uma das mulheres mais bonitas que eu já vi na vida, acredite.
    Abri um sorriso sarcástico.
— Pensei que essa era a Amora. - alfinetei e ele pegou minha mão com uma falsa expressão de sofrimento.
— Nunca. Essa sempre foi você, querida. - delicadamente soltei a minha mão das mãos dele e me afastei.
— Obrigada. - esperei que ele percebesse que era indesejado ali.
    Duvido que Natan entendesse que ele não era desejado em alguns - quase todos- lugares.
— Estava pensando se você aceitaria sair mais tarde para conversarmos e...
— Estaremos ocupados, Natan. Sabe como é, namoro recente. - Fabinho disse às minhas costas, enlaçando minha cintura.
    Quase revirei os olhos, mas controlei no último minuto.
— Ah, claro. - Natan só me observava e me entregou um cartão. - Quando perceber que garotos não são o suficiente, meu cartão.
— Quando eu decidir que homens na crise da meia-idade são o que eu preciso, eu ligo. - e me inclinei para ele antes de sussurrar. - Você realmente devia dar uma olhada nessas entradas, Natan.
    Conforme Natan se afastava, me virei para Fabinho.
— Eu preciso encontrar a Emília... - comecei, mas Fabinho me segurou pelo braço.
— Vamos juntos. - e entrelaçou nossos dedos.
— O que acha que eu vou fazer? Fugir? - perguntei fingindo humor.
— Exatamente isso. E eu não vou deixar. - ele murmurou em meu ouvido.
— Um pouco possessivo, não acha? - perguntei e ele me encarou.
— Em absoluto, Giane. Você é sua, eu só sou a pessoa que quer estar aqui do seu lado. O Sancho Pança do seu Don Quixote. - ele me respondeu, beijando com suavidade meu rosto.
— Me lembre de te arrumar um burrinho.
    Eu mal percebi os flashes disparando conforme nos beijávamos.

    Giane tinha conseguido se afastar de mim em algum ponto perto de algumas roupas que eram dela, quando encontramos Luz, Kevin e Dorothy. Meus irmãos estavam parecendo ansiosos e eu queria privacidade para entender o que estava acontecendo.
    Foi engraçado ver Kevin acompanhar Giane com o olhar conforme ela se afastava.
— O que foi, pirralhada? - perguntei e eles pareceram confusos sobre quem ia dar a notícia terrível, o que era um péssimo sinal.
— A Bárbara acabou de assinar um... - Luz começou mas não conseguiu terminar porque a própria mãe do mal veio com uma equipe de televisão enquanto sorria abertamente.
— Fabinho, querido, venha dar um beijo na mamãe. - ela exigiu e eu a encarei como se ela fosse louca.
— Você está fazendo um reality show? - perguntei e Bárbara sorriu candidamente para mim - vou ter pesadelos com isso - antes de responder.
— Fomos convidados para estrelarmos um reality show: Os Campana, meu filhinho. - ela disse, brincando com o meu cabelo. - Agora, onde está a Giane? O público ama vocês dois juntos!
    Nem respondi, simplesmente saí andando à procura de Malu ou meu pai. Bárbara foi longe demais.
    Ela realmente achava que era uma Kardashian.

    Encontrei Emília e ela me disse que Margot tinha convencido Rita a aparecer no Bazar. Eu precisava encontrá-las e perguntar a verdade para Rita, porque era absurdamente estranho que Fabinho desenhasse a própria mãe com tantos detalhes e esses desenhos fossem tão parecidos com Rita.
    Meu plano inicialmente contava com mostrar para Malu a imagem e então conversarmos com Rita sobre sua história, porque eu tinha quase certeza de que Rita de Cássia era Irene Fiori.
    Eu ia tirar isso a limpo e depois ia me afastar dessa família que só me trazia dor de cabeça, mas não podia ser hoje.  Eu precisava de um ambiente mais tranquilo para resolver essa situação.
    Me peguei pensando se poderia viver na Casa Verde feliz sem Fabinho, porque  parecia o melhor a ser feito no momento. Ficar sem aquele Fraldinha na minha vida.
    Enquanto pegava o desenho de Fabinho que eu tinha roubado dele, percebi que eu tinha 9 chamadas não atendidas.
    Todas de Renata.
    E enquanto eu ligava desesperadamente para minha amiga, observava o salão de exposições, pois eu precisava encontrar a Rita de Cássia antes de Fabinho, tia Salma atendeu o celular de Renata.
— Giane, a Renata foi atropelada pelo Tito. Ela acabou de entrar no centro cirúrgico. - foi o que ela me disse antes de eu entrar num túnel confuso e furioso.
    Aquele playboy ia me pagar e eu ia cobrar caro.
    Consegui voltar a mim o suficiente para perguntar o endereço e sair com pressa do evento, deixando uma mensagem para Fabinho que tinha acontecido um imprevisto com a Renata e onde eu estaria caso ele quisesse me encontrar.

    Procurando Giane, senti meu celular vibrar e quando li sua mensagem corri até a porta para ver se ela queria que eu a levasse e foi quando a vi, me encarando assustada.
— Mãe? - me lembro de ter perguntado, antes que ela sumisse da minha vista. Como um fantasma.
    Eu não acredito em fantasmas. Irene estava viva e em São Paulo e eu não ia descansar enquanto não encontrasse minha mãe mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

O caos ainda não chegou. Aguardem.



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