Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 16
Paparazzi


Notas iniciais do capítulo

~Agradeço às pessoas que quase me mataram quando eu anunciei uma possível sumida. Daiana Caster quase me transformou em geleia e isso foi em partes o motivo dessa atualização. Obrigada, é por vocês que eu escrevo.



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— E então você aceitou ficar só na amizade colorida com ela? Sério? - Malu me perguntou enquanto tomávamos café.

Eu a encarei como se cogitasse explicar meus motivos ou não. Minha vida girava em torno daquela garota… E eu queria tanto que ela fosse minha que aceitava até viver essa incerteza.

Porque era melhor que uma certeza de não tê-la.

— Melhor que ficar brincando de amiguinhos e não se divertir direito, não? - debochei e Malu me encarou irritada.

— Mas você se esquece de que se tudo der errado você acaba sem ela na sua vida. - ela me lembrou e eu fingi gargalhar.

— Se tudo der errado, eu acabaria sem ela de qualquer forma. Ou você acha que eu sou o tipo de cara que fica bem do lado de ex?

— Não sei, você nunca namorou. - Malu respondeu com um sorrisinho esperto.

— Como se você tivesse namorado nessa vida. - retruquei e bebi um gole do meu café.

— Já parou para pensar que a única de nós que já namorou é a Amora? - Malu comentou e eu quase engasguei.

— Se vai falar de gente ruim, não faça isso durante o meu café, por favor. - ela riu e tomou um gole do dela. - Mas sabe o que isso significa?

— O quê? - minha irmã perguntou depois de algum tempo sem que eu concluísse meu assunto.

— Ia dizer que não era necessário ter caráter para se ter um relacionamento, mas aí lembrei da sua mãe e me senti o Capitão Óbvio.

Gargalhamos. Porque insultar Bárbara Ellen sempre melhorava nosso humor. Esse era o tipo de filhos que éramos.

 

— Eu não acredito que aquele idiota te disse isso! - urrei e Renata pôs as mãos nos meus ombros me forçando a sentar e tentando aplacar minha fúria.

Homens são muito babacas, principalmente homens com orgulho de macho ferido. Idiotas.

— Ele está machucado, Giane. Todos nós fazemos coisas terríveis quando estamos machucados. - ela tentou justificar o que só piorou meu humor.

— Nossa, quando eu encontrar o Érico… - não sabia o que fazer, parecia que apesar de furiosa eu não conseguia pensar em formas de machucar alguém. - Eu não sei o que vou fazer com ele, mas vai doer. Muito. - comentei e Renata soltou uma risada pelo nariz.

— Está tão calma e tranquila que esqueceu como machucar, é? - ela brincou e eu me senti corando.

— Na verdade, minha mente está em parafuso tentando escolher um método de tortura só. - menti mesmo sabendo que Renata não acreditou nem por um segundo na minha história.

Um dos problemas de ter uma grande amiga como Renata. Bento provavelmente acreditaria, mas Renata me conhecia como uma irmã mais velha e aí sempre percebia quando eu tentava esconder a verdade.

— Vou fingir que acredito. - ela disse enquanto observava as flores na nossa frente. - Vou fingir que não tem nada a ver com um homem que fica orbitando uma garota que eu conheço.

Eu sentia medo por Renata. Medo do que poderia acontecer levando em consideração que nenhum dos prováveis pais pareciam ser homens honestos nesse momento.

Érico ia se ver comigo. Ah, se ia! Aquela atitude estava tão errada que eu me peguei pensando quando todos nós mudamos.

O Érico que falava aquelas coisas para a Renata não era o mesmo que eu me lembrava, a Renata que traía o Érico não era a garota tão apaixonada por ele que chegava a ser absurdo.

E a Giane que não era modelo – a Giane que eu sempre achei que seria - nunca ia fazer o que esta Giane andava fazendo… Principalmente com um cara que parecia estar mais interessado do que ela. Ou tecnicamente, mais pronto para um relacionamento a longo prazo que ela.

Porque eu admito que eu gostava de Fabinho, mas o que o Plínio me pediu martelava na minha cabeça. Ele tinha razão, sabe? O Fabinho merecia estar com alguém que podia ser muito melhor do que eu era, alguém que não era tão complicada e que poderia viver no mundo dele. Alguém que não fosse tão fodida emocionalmente para dar o amor que ele parecia tanto procurar em meus olhos.

Ele seria a minha morte, eu tinha certeza. Morte por Fábio Campana.

Seria doce receber a morte dos lábios dele, por mais mórbido que isso soe.

— Deixa de besteira, Renata! - ela riu e eu encarei. - Quer companhia para sua consulta?

— Vai se dignar a trocar fralda, também? - Renata brincou.

— Por que não? Estou ajudando na Toca, estou super preparada para cuidar de crianças, fique você sabendo. - informei minha amiga com uma expressão séria. - Sem contar que eu posso ser uma figura positiva na vida dessa criança.

— Meu pai não vai deixar você convencer meu filho a torcer pelo Corinthians, Giane. - Renata ressaltou e eu gargalhei.

— Fica vendo.

 

— Você me traiu, Amora! - Maurício gritou furioso e ela se encolheu um pouco. Perder Maurício era potencialmente o de menos.

A imagem de garota perfeita estava destruída e ela precisava muito disso para continuar a carreira. Tudo o que conquistara na vida vinha da aparência inocente e delicada.

Mas aquela favelada a ferrou e Amora não era do tipo que esquecia as ofensas.

— Eu… Foi tudo sem querer, Maurício! Ele me beijou e… - Amora tentou se justificar com a expressão culpada mais sincera que conseguiu criar.

Mesmo que nem sentisse tanta culpa, só raiva porque Bento não tinha dinheiro, apesar de tudo o que ele significava para ela e Maurício significava mais do que Fabinho e Malu gostavam de pensar.

Aqueles dois mimados que nunca sofreram nada na vida – porque Plínio jamais permitiria que os adorados filhos sequer pensassem que existia sofrimento de verdade nessa vida.

Os dois mal veriam o que os atingiria.

Quanto à Giane… Essa ia descobrir que o inferninho de onde ela saiu não era suficientemente ruim, não mesmo.

— Você quem o beijou, Amora! Assuma seus erros! - seu noivo esbravejou e ela só quis mostrar para aquele menino mimado o quanto ele merecia aquele par de chifres!

Mesmo que sentisse alguma coisa por ele, no fim.

— Aconteceu, o que você quer que eu faça? - perguntou por fim e ele a encarou como se só a visse naquele momento. Típico.

— Eu não sei… Só sei que eu não quero me casar com você nesse momento, Amora. Não tenho estômago para isso. - ele disse como se estivesse cancelando uma compra e o sangue dela ferveu nas veias antes de lembrar que precisava dele ou sua imagem acabaria destruída.

 

— Giane, alguma declaração sobre Amora ter sido fotografada aos beijos com seu melhor amigo? - Sueli Pedrosa me perguntou assim que me viu tentando entrar na loja.

— Não. - respondi e continuei meu caminho como se nada tivesse acontecido.

Entrei na loja e o caos reinava ali. Quis gritar e sair brigando com todo mundo, mas a culpa era minha e eu não ia deixar que uma atitude errada minha fizesse a situação mais complicada.

— Publicidade grátis, então? - brinquei e Bento me encarou com seus olhos tristes.

Os olhos do homem por quem passei a vida sendo apaixonada, mesmo que soubesse que nunca poderia ter, Bento era uma arara, sabe? Uma vez decidido seu parceiro, ele não mudaria e eu tinha a certeza que ele tinha feito essa escolha há muito tempo.

— Pensando pelo lado positivo? - ele me perguntou e eu ri, tentando arrumar algumas margaridas.

— Parece que não importa o que fazemos, sempre nos querem nas notícias… - dei de ombros e o encarei. - Vou te agarrar nessa vitrine e aí você vira o homem mais desejado de São Paulo.

Eu mataria minha curiosidade de uma vez por todas fazendo isso, mas não quis colocar isso em questão. Bento não precisava saber como eu entreguei meu coração para ele anos atrás.

E meu corpo para outro homem.

— Não me tente, Giane. - ele brincou acariciando meu maxilar.

— É, cara, você precisa decidir quem você quer. - a voz de Fabinho soou às minhas costas e eu vi Wesley choramingar.

— Sério isso? - perguntei para mim mesma, antes de encarar os dois homens que achavam que eram machos alfa.

Não ando com muita paciência.

— Bento, vou levar esse galo de briga para tomar um sorvete para esfriar essa cabeça. - Eu sabia que Bento estava pensando que eu andava aplicando o golpe do sumiço nele.

Payback’s a bitch, huh?

 

— Mãe, eu realmente preciso acabar com aquela favelada!

— Amora, minha querida, vai se baixar ao nível de uma mulher recalcada que fica pegando seus restos? - Barbara tentou apaziguar a filha.

— O Maurício acabou com nosso noivado e eu estou com fama de vagabunda por conta daquela piranha agressora!

— Você podia lembrar o Plínio dos históricos dela…

— Já fiz isso, ela deve ter levado o velho babão para cama para que ele esquecesse que ela é uma maníaca fichada!

— Você podia dar essa ideia para mídia.

— Eu dei. Acharam sexy os dois se esfregando como gatos no cio! Kate Moss e Pete Doherty, eu mereço!

Kevin ouvia tudo do lado de fora do quarto de Amora. Os olhos arregalaram com a possibilidade de Fabinho estar se metendo em roubada.

O adolescente corre para seu quarto e começa a revirar a internet para encontrar evidências. E, se encontrasse, ele esperava que Malu soubesse o que fazer.

 

— Vai falar ou eu preciso te bater até que você desenvolva a capacidade de fala? - Giane me perguntou e eu a encarei.

Como alguém podia ficar atraente vestida com aquelas roupas largadas e rasgadas eu não entendia, mas nela parecia mais estilo que despreocupação com a própria aparência. Não a julgo porque não é culpa dela que ela é tão mais bonita que o resto das pessoas.

— Posso até falar, mas será que vai querer saber? - ela revirou os olhos e eu queria beijá-la ali. Marcá-la como minha e mostrar ao mundo que Giane me pertencia no sentido bíblico.

Mas Giane não era. E eu duvidava que aquela maloqueira quisesse ser de alguém.

— Sério, cara? Ciuminho besta?

— Besta não era, eu te vi toda cheia de graça para cima do cara! - me defendi e ela riu.

— Não sabia que você era meu novo dono, Fabinho.

— Não sou, mas pensei que tínhamos um trato. - lembrei e ela me encarou com um sorriso sem humor.

— Temos um trato, não temos vínculos reais de relacionamento. Nós transamos, Fabinho. - ela me lembrou se aproximando. - E eu gosto de estar com você.

Eu a beijei com uma fúria que não sabia que poderia sentir. Não direcionada a ela, que sempre me fazia mais calmo, mais centrado.

Perdi o rumo aproveitando do corpo de uma das mulheres mais deliciosas que eu já conheci, enquanto desejava tão ardentemente que ela me desse seu coração que chegava a doer.

Giane… era a minha alma e minha lama ao que parecia. Éramos sim autodestrutivos.

Mas que se danasse, eu ia me explodir num sol de Giane e descansar em seus braços nus, o corpo cansado de sexo.

Viciado em Giane, ao que parecia.

Ela gemeu ao sentir o quão interessado eu estava em continuar as atividades num lugar mais tranquilo, com uma cama de preferência.

 

— Malu, podemos conversar? - Kevin começou incerto e Malu o encarou curiosa.

— Fala, meu querido. O que aconteceu? - A tensão em Kevin começou a deixar Malu ansiosa e preocupada.

— Eu descobri umas coisas estranhas sobre a Giane… - ele parecia com medo de dizer o que sabia. Engoliu antes de dizer. - Ela foi fichada por agredir um fotógrafo numa semana de moda, parece que ela quebrou o nariz dele com uma cotovelada bem-dada. Mas eles dizem que não é o único que ela agrediu.

Malu não sabia o quê dizer ao irmão.

— Tem uns blogs estranhos que falam que ela agrediu um empresário antes de meio que fugir do país. - Kevin continuou, as pontas das orelhas ficando vermelhas. - Eles falam que ela usava drogas, Malu.

 


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Notas finais do capítulo

~Título de música da Lady Gaga, sim! Podem juntar as músicas e criar uma playlist dessa história, se quiserem.



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