Children escrita por Evil Queen 42


Capítulo 10
Parquinho




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Voltando a pé pra casa com os dois "anjos", eu morrendo com os braços quase dormentes por estar com o Sasuke no colo, passamos perto de uma pracinha... Bem, não sei se as crianças não notaram antes porque estavam empolgados demais com o sorvete, mas na volta eles notaram a maldita praça com os malditos brinquedos e alegraram loucamente. 

– Eu quero! - Sakura berrou e começou a sacudir as perninhas para que Boruto a colocasse no chão.

O loiro não aguentou segurar a menina e a soltou, então ela começou a dar pulinhos de alegria e ansiedade. 

– Tia, me põe no chão! - Sasuke compartilhava da mesma empolgação que a pequenina - Quero brincar! 

Adianta relutar? Não, não adianta, pois negar tal pedido aos pequenos seria sinônimo de ouvir birra durante o resto da noite. 

Coloquei o pequeno Sasuke no chão, então Sakura pegou na mãozinha dele e os dois saíram correndo juntos para o parquinho. 

Não contive um pequeno sorriso de canto.

– Que foi? - Boruto perguntou confuso. 

– São tão bonitinhos. - Superei - Vamos sentar em algum canto enquanto eles brincam. 

Boruto assentiu, então saímos da calçada e fomos juntos até um banco de madeira de frente para o parquinho. Por sorte aqui está vazio, Sasuke e Sakura são as únicas crianças brincando.

– É cansativo, mas é divertido, hein... - Boruto comentou risonho. 

Divertido? Bem, eles são bonitinhos e engraçadinhos, admito, mas dão um trabalho do caramba! 

– Mais cansativo do que divertido. - Admiti. 

– Acho que você vai ser uma boa mãe, Sarada. 

Droga! Não cora, Sarada, não cora! Não cora! Não cora! Argh!  

– Se eu for mãe, né?! - Retruquei - Depois desse trauma todo, duvido que eu vá querer filhos.

– Ah, não fale assim! - Ele riu - Ora, um dia você vai querer.

Será que já passou pela cabeça do Boruto que nem toda mulher quer ser mãe? Eu, por exemplo, ainda tenho muito o que viver antes de pensar nisso. E, depois dessa experiência com meus mini pais, provavelmente vou pensar mil vezes antes de deixar alguém plantar uma sementinha em mim!

– Talvez não. 

– Ah, ainda tem muito chão pela frente. - Disse o rapaz - Você um dia vai encontrar alguém, vai se apaixonar e vai querer construir uma família. 

– Me apaixonar? - Por pouco não acabei gaguejando, mas não consegui esconder a minha falta de jeito - Ora, não diga bobagens, Boruto! 

– O que foi? - Indagou - Todo mundo se apaixona um dia.

– Mamãe sempre disse que eu não sou todo mundo. 

– Sarada, você nunca gostou de alguém? 

Por que esse infeliz tem que ser tão inconveniente? Eu, me apaixonar? Sou de Áries com lua em Aquário, acho que nem sentimentos tenho. 

– Por que deveria gostar? - Dei de ombros. 

– Ai, garota, você não tem sentimentos? 

– Não. 

– Menina difícil. - Bufou. 

– Boruto, num mundo lindo onde existem séries e comidas gostosas, por que alguém iria se apaixonar? Não, isso não é pra mim. - Respondi - Séries, foco nas séries. 

– Você é uma graça, sabia? - Boruto apertou meu nariz carinhosamente. 

– Sou palhaça, por acaso?

– Ai, relaxa aí! - O loiro caiu na gargalhada - Acho que você tá muito tensa, Sarada.

Sabe o que vai aliviar minha tensão? Meus pais voltarem a ser dois adultos normais. 

– Não tô tensa. - Resmunguei - Tô exausta! 

– Aproveita que não tem ninguém. 

Boruto afastou para a ponta do banco, deixando o resto livre. Eu saquei a intenção dele, e, mesmo que eu tenha ficado um pouco sem jeito, tô extremamente cansada e minha coluna acabou de ter que carregar meu mini pai. 

Aproveitando que a praça tá vazia, deitei no banco que não é muito grande, mas me cabe perfeitamente se eu dobrar as pernas, e pus a cabeça no colo do Boruto.

– Valeu. - Agradeci com um sorriso sem graça. 

Não é a coisa mais confortável do mundo, mas é melhor do que nada. 

Só que a pessoa aqui usa óculos, e achar uma posição agradável deitada de lado usando óculos é o mesmo que tentar deitar de lado confortavelmente com fone de ouvido. Simplesmente não dá! 

Deitei de barriga pra cima e fitei o rosto do meu amigo enquanto ele, distraído, observa sorridente as crianças brincarem. 

Eu nunca tinha parado pra reparar nisso, mas... Boruto é um rapaz muito bonito. Ele tem os dentes bonitos, o sorriso bonito, seus lábios são bem desenhados, seu nariz é pequeno e delicado como o de sua mãe, seus olhos também são lindos... 

Ah, o que eu tô pensando? 

– Tia! - Ouvi a voz manhosa do Sasuke berrar e isso me tirou dos meus devaneios. 

Levantei rapidamente e corri até as crianças, onde o pequeno moreno está com os cabelos cheios de areia. 

– O que aconteceu aqui? - Indaguei com raiva, vendo o pequeno Sasuke com lágrimas nos olhos. 

– O Sasuke me deu língua. - Sakura acusou, seu rosto estava vermelho de raiva.

– Você jogou areia nele? - Questionei indignada. 

O que o Sasuke tem de mimado e dengoso, Sakura tem de geniosa! 

– Ele me deu língua. - Argumentou novamente a menina. 

Sakura, a dona da razão desde sempre... Coitado do meu pai. 

– Isso não é motivo pra você jogar areia nele! - Briguei. 

Sasuke começou a chorar e esfregar os olhinhos. Ai, tadinho, areia nos olhos incomoda. 

– Tia... - Choroso, o pequenino abraçou minhas pernas - Tia, bate nela...

Sonso... Manipulador... Pequeno pilantra! 

– Não, Sasuke, eu não vou bater em ninguém. - Me abaixei na altura do garoto e fitei seu rosto, logo em seguida limpei os vestígios de areia em suas bochechas, testa, boca... Enfim, Sakura caprichou. 

– Da próxima vez eu arranco a sua língua! - Sakura ameaçou. 

Minha mini mãe vai de fofa a louca num piscar de olhos. Que medo! 

– O que aconteceu? - Depois da treta toda, Boruto apareceu. 

– Briga de criança, ué. - Me levantei e fitei o rosto do meu amigo - A Sakura jogou areia no Sasuke. 

– Sério? - O idiota começou a rir - Essa menina é um mito!

– Não dá incentivo! - Dei uma cotovelada no idiota.

Quem ele pensa que é? Daqui a pouco a menina vai achar que isso é bonito e vai sair por aí jogando areia nos outros. 

– Não tô dando incentivo, tô comentando apenas. - Resmungou.

– Ela vai achar que isso é certo. 

– Vai não. - Riu despreocupado - Olha lá, Sarada. - Olhei para trás e vi as duas crianças brincando novamente, como se nada tivesse acontecido - Eles já fizeram as pazes e não estão nem lembrando da confusão. 

Crianças... Brigam feio e em menos de dois minutos já estão de boa, perdoados, brincando juntos de novo. 

– Aguento mais isso não. - Bufei - Quero ir pra casa. 

– Paciência, Sarada... Pense no lado bom.

– E isso tem lado bom? - Indaguei desanimada.

– Eles vão se cansar, vão ficar exaustos, aí vão chegar em casa e dormir feito duas pedras.

Pensando por esse lado, vale a pena. Vale muito a pena! 

A minha vontade é chegar em casa, tomar um banho pra lá de demorado, me jogar na minha linda cama e dormir feito um urso quando hiberna. Essa é minha vontade, mas querer não é poder... infelizmente. 

Mas, se meus mini pais estiverem extremamente cansados, vão chegar em casa e vão dormir rapidamente, então eu posso me dar ao luxo de tomar um banho demorado e dormir.

Ai, Deus, que essas crianças durmam profundamente, que fiquem muito cansados e que só acordem amanhã! Amém! 

– Sarada, por que não deixamos as criaturinhas brincando e vamos tomar um sorvete? - Boruto indagou sugestivamente, me fazendo revirar os olhos. 

– Porque não vou deixar duas crianças sozinhas. - Respondi - Primeiro foi a areia no rosto, tenho até medo do que pode acontecer depois dessa.

O loiro coçou a nuca e esboçou um sorriso torto. 

Que diabos esse idiota quer, me chamando pra tomar sorvete? Acabamos de sair de uma sorveteria, não sou como um certo alguém que parece ter uma solitária na barriga! 

– Tá, você venceu. - Resmungou. 

Fiquei mais uns minutos de olho nos pestinhas. Por algum motivo o Boruto ficou em silêncio, mas acho melhor aproveitar isso ao invés de estranhar. Não é todo dia que esse tagarela fica mais de cinco minutos calado. 

Infelizmente o sossego nunca dura muito tempo, principalmente quando há crianças envolvidas. Aí, pode ter certeza de que o sossego realmente é uma coisa passageira.

O pequeno Sasuke, num movimento em falso, acabou tropeçando sabe-se lá onde e caiu de bruços no chão, batendo seu queixo. 

O que aconteceu? Ele abriu o berreiro, claro.  

Droga! Estava bom demais pra ser verdade! Eu devia ter previsto isso, devia ter arrastado os dois pra casa antes de acontecer alguma tragédia nesse nível. 

Sarada, a culpa é sua!

Saí correndo pra acudir o pequeno desesperado que gritava como se estivesse sendo torturado ou algo do tipo. 

– Sasuke, você tá bem? - Peguei o menino e o coloquei de pé. 

Seu queixo não está sangrando, mas está machucado, tal como seus cotovelos e joelhos. 

– Fez dodói! - Fungou. 

Acho que isso é um sinal de que já passou da hora de irmos pra casa. 

– Calma... - Fui passar minha mão sobre os ferimentos pra tirar a areia, mas o pequeno Sasuke me impediu - Tem que limpar. 

– Tá doendo. - Resmungou. 

– Tia, dessa vez não fui eu. - A rosada já fez questão de se defender. 

– Eu vi, Sakura. - Suspirei - Relaxa, tá? Nós vamos pra casa. 

– Ah, não... - A menina fechou a cara - Não quero ir pra casa só porque o Sasuke é burro e cai do nada. 

– Eu não sou burro. - O garotinho retrucou. 

– É sim! - Disse Sakura. 

Calma, Sarada... Respira, inspira, respira, inspira. Paciência, eles são dois diabinhos, mas são seus pais. Numa versão pocket, mas são seus pais. 

– Não sou! - Com raiva, o garoto fez menção de bater na rosada, mas eu segurei sua mãozinha. 

– Não. - Falei firme - Sasuke, não se bate nos outros. Sakura... - Olhei para a minha mini mãe - Não se chama ninguém de burro. 

– Tia, tá doendo. - Ele resmungou. 

– Vamos pra casa... - Segurei na mãozinha de Sasuke e na mãozinha de Sakura, então notei que Boruto se aproximava de nós com aquela cara de bunda de quem não tá entendendo porra nenhuma. 

– E aí? - Ele questionou - O Sasuke tá bem?

– Mais ou menos. - Respondi - Vamos pra casa. Não quero mais saber de birra de criança, muito menos de briga. 


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Notas finais do capítulo

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Bjs