All I ever wanted escrita por Tris Lupin


Capítulo 10
O pedido


Notas iniciais do capítulo

Hello everybody! Demorei, mas aqui estou com mais um capítulo. Me perdoem a demora, mas não está nada fácil. Mas fiquem tranquilos, não vou sumir sem antes finalizar a fic ahahah.
Obrigada por tanto carinho. E já aviso: o capítulo pode causar mal-estar em algumas pessoas. Mas se acalmem, eu não enlouqueci. O happy ending virá, eu prometo!
Boa leitura!



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Cecília permaneceu no apartamento pelo resto do dia. Embora estivesse arrasada com os acontecimentos das últimas horas, ficar deitada sobre a cama não ajudaria em nada. Resolveu então ocupar sua mente de inúmeras maneiras, da faxina geral à sessão cinema e pipoca. Agora, entendia porque Clarissa vivia jogada no sofá em suas horas de folga. Tv a cabo é uma excelente terapia para corações partidos.

Ao acabar um filme aleatório que tinha começado a assistir já na metade da exibição, Cecília foi até seu quarto e abriu o criado-mudo. Lá, a jovem encontrara uma agenda que utilizara no ano anterior. Na contracapa, havia anexado uma foto dela e de Dulce Maria, no dia de sua festa surpresa de aniversário. Seu coração se apertou ao imaginar sua pequena sofrendo por culpa dela.

Folheou mais algumas páginas e parou sobre uma outra fotografia, desta vez, do casamento de Beatriz e Ricardo. Nela, estavam uma Dulce Maria vestida de daminha nos braços de seu pai e ela ao lado dos dois, sorrindo envergonhada. O registro fora a pedido da menina à Tia Perucas, sob o argumento de que "não tinha uma foto com as duas pessoas que ela mais amava juntas".

Ao fitar a expressão sorridente de Gustavo, as lágrimas retornaram com força. Sabia o quanto amava aquele homem e acreditava nas palavras dele sobre seus sentimentos. O olhar não mente, pensava ela. Porém, ela não destruiria a família de um inocente. Ela e Clarissa sabiam o quanto era difícil não ter uma família completa. Portanto, apenas lhe restava esquecer o empresário. E Dulce Maria? Nunca seria capaz de apagá-la de seu coração. As últimas palavras de Gustavo ecoavam em sua mente e era doloroso demais pensar que nunca mais poderia se aproximar de sua carinha de anjo.

Depois de muito pensar, Cecília abriu novamente o criado-mudo e pegou papel e caneta. Sentou-se à pequena escrivaninha de seu quarto e começou a escrever uma carta.

[...]

Enquanto isso, Gustavo retornava abatido para Doce Horizonte. Quando se aproximou da entrada da cidade, teve uma ideia. Parou o carro no acostamento e discou o primeiro número que lhe veio a mente. Prontamente, a voz de Cristóvão surgira na linha.

— Olá Gustavo, aconteceu alguma coisa?

— Muitas. Você ainda está na empresa?

— Estou terminando de revisar aqueles contratos da compra da fazenda em Minas Gerais. Acho que vou bem mais tarde pra casa - respondeu o advogado massageando a têmpora.

— Ah, não vai. Estou chegando no seu apartamento em meia-hora.

— Mas Gustavo, a reunião com os proprietários da fazenda já é na segunda e ... - argumentou o diretor jurídico, sendo interrompido pelo Rei do Café.

— Eu dou um jeito nisso amanhã, segunda, semana que vem, não importa. É uma ordem.

Cristóvão percebeu que o amigo estava a beira de um ataque de nervos.

— Você é quem manda, boss. Pelo visto, a viagem não foi nada agradável.

— Prefiro falar disso pessoalmente.

— Ok. Até mais então.

— Até.

[...]

Próximo ao entardecer, Clarissa chegou em casa antes do que o habitual, para surpresa da irmã mais nova, que havia voltado para a sessão cinema.

— Já, Clarissa? Tá tudo bem? - questionou Cecília, saltando do sofá.

— Nossa, isso que é saudade de mim hein? - resmungou a loira, largando a bolsa sobre a mesa da cozinha - Agora, pode desligar a televisão e me contar tudo. Como Gustavo Lários te achou?

Cecília soltou um suspiro. Obedeceu a ordem da mais velha e começou a narrar com detalhes sobre os momentos mágicos que vivera na noite passada, seguidos de sua fuga e a conversa pela manhã.

Clarissa ficou boquiaberta tentando assimilar as informações.

— Peraí. Quer dizer que o Dr. Bonitão te deu um bolo até agora não justificado e quando você cansou de fazer papel de boba, encontrou o Papai Galã, você ia fugir e ele te segurou. Vocês conversaram, dançaram e se beijaram, e você literalmente meteu o pé na tábua? E ai, como se não bastasse, o bonitão descobre que você é empregada dele e vem conversar e você o chuta porta afora. É isso?

Cecília balançou a cabeça com pouca vontade. Conhecia o tom de voz da irmã e sabia que ela não lhe entenderia.

— Isso me parece novela mexicana, sister. Socorro.

— E um roteiro de péssimo gosto, não acha? - ralhou a mais nova.

— Eu só não consigo entender uma coisa: vocês se amam. Porque complicam tanto?

— Você acha pouco o Gustavo ter engravidado a Verônica e vir atrás de mim? - explodiu Cecília.

— E desde quando um filho impede duas pessoas de serem felizes? O Gustavo pode muito bem assumir suas responsabilidades como pai e ficar com você. O velho golpe da barriga não cola mais. Pelo amor de Deus, Cecília. Eu não conheço o Gustavo, mas sinceramente, tá na cara que ele fez todo esforço não só pela filha, mas porque o que ele sente por você é verdadeiro. E não me venha com conversa fiada, porque eu sei que você é louca por ele - afirmou Clarissa convicta.

— Não vou discutir com você - bufou - Agora, de onde você tirou essas expressões? A Fabiana dizia o mesmo! - disse Cecília com um sorriso saudoso ao lembrar da melhor amiga.

— Essa não era sua amiga noviça? Ela entende das coisas. Mas se você decidiu não ficar com o Papai Galã, você vai perdoar o Dr. Bonitão?

— O André deve ter uma boa explicação. Esqueceu que ele é médico? - argumentou a garçonete na defensiva.

— Mas isso não é desculpa pra não te dar uma mísera satisfação!

— Ele não é meu namorado, Clarissa, entende isso! - continuou Cecília, azeda - Falando nisso, vou ver onde anda meu celular.

Cecília adentrou no quarto e voltou cabisbaixa, digitando mensagens em uma rapidez que surpreendeu Clarissa.

— Se adaptou rapidinho às tecnologias, hein? Quem é o boy da vez? - debochou a sub-chefe.

— Menos, Clarissa. Claro que é o André. Quinze mensagens e dez chamadas não atendidas. Acho que alguém quer se desculpar por ontem, não?

Clarissa revirou os olhos.

— Bom, vou pro banho. Espero que você não se arrependa das suas escolhas.

Cecília respondeu a última mensagem e jogou o celular no sofá. Eu também, Clarissa. Eu também.

[...]

Já em Doce Horizonte, estava um Gustavo atônito no apartamento de Cristóvão, andando de um lado para o outro enquanto seu advogado e melhor amigo tentava acompanhar o raciocínio, depois de um sábado estressante na empresa.

— E é isso... A Cecília acha que eu engravidei a Verônica e por isso não quer mais saber de mim - concluiu o empresário, emburrado.

— Tem certeza?

— Certeza do que, Cristóvão? - questionou Gustavo, arqueando uma sobrancelha.

— Oras, de que você não engravidou a Verônica.

— Pelo amor de Deus, até você vai ficar duvidando de mim? Muito obrigado pela confiança, Dr. Valdéz - respondeu o moreno, decepcionado - Se eu disse que não engravidei a Verônica é porque não existe essa possibilidade, ok?

— Tudo bem, não está mais aqui quem falou - desculpou-se Cristóvão erguendo as mãos - Mas confesso que eu achei estranho, afinal, vocês se encontravam com bastante frequência fora do escritório e ...

— Sim, mas não chegamos "aos finalmentes", se é que você me entende - sinalizou Gustavo com os dedos - Nesse aspecto, a Verônica é mais conservadora. E eu confesso que foi melhor assim. Do contrário, eu estaria mais perturbado do que agora.

— Menos mal. Mas e agora, o que você vai fazer?

— Ora, não tenho saída. Vou mandar a Verônica embora - concluiu Gustavo.

— E como isso resolve sua situação com a Cecília? - indagou o procurador.

— Não resolve. Ela nunca vai acreditar em mim. Aquela ex-noviça é uma cabeça-dura - ralhou o pai de Dulce Maria, incapaz de esconder o quanto estava magoado.

— Igual a você. Me convenci de que os opostos podem até se atrair, mas os iguais são os que realmente dão certo - concluiu Cristóvão.

— Só se for com você, porque comigo nem oposto e nem igual. Acho que nunca mais vou conseguir ser feliz. Ah, Teresa, porque você foi nos deixar? - disse Gustavo, nitidamente emocionado.

Cristóvão pôs a mão sobre os ombros do chefe e melhor amigo, na tentativa de confortá-lo.

— Cara, sei que a Teresa foi uma mulher extraordinária e que ela te amava tanto como você a amou. E é por isso que tenho certeza de que ela queria que você fosse feliz outra vez. Acho que você precisa ter mais paciência - aconselhou.

— Como? Minha filha precisa de uma mãe, Cristóvão! - rebateu o moreno.

— E essa mãe se chama Cecília, nós sabemos disso. E a única forma de você resolver essa situação é sendo racional.

— Seja mais claro, por favor - requereu o Rei do Café, zangado.

— Você precisa provar para Cecília que a Verônica não espera um filho seu. Só assim ela vai te aceitar sem nenhuma ressentimento.

Gustavo voltou a andar pelo cômodo.

— E se não aceitar? E se ela conhecer outro homem? Ah, só de pensar nisso me dá vontade de esganar esse babaca...

O diretor jurídico da Rey Café acaba caindo na gargalhada com a reação exagerada do amigo.

— Posso saber do que você está rindo? - questionou o chefe, extremamente irritado.

— Do nível do seu ciúme. Você acaba de inventar um amor imaginário pra mulher que você ama e fica nesse estado. Imagine se você os flagrasse juntos... - sugeriu o advogado, em tom debochado.

— É melhor calar essa boca, Cristóvão. Você tem alguma ideia de como vou conseguir provar pra Cecília de que estou falando a verdade?

Cristóvão sorriu, com a certeza de que sabia o que estava fazendo.

— Tenho, meu caro. Mas antes, você precisa de um uísque.

[...]

Depois de ouvir meia-hora de explicações e pedidos de desculpas por parte de André, Cecília acabou aceitando o convite para sair com o médico, embora se aproximasse das onze da noite.

— Vocês ainda vão jantar? - perguntou Clarissa sonolenta.

— Não sei, acho que sim. Meu Deus, a idade está chegando mesmo hein? - brincou Cecília, enquanto Clarissa lhe atingia com uma almofada.

— Você é quem não tem pena da sua irmã. Sempre me deixando sozinha com a tevê no sábado à noite - bufou Clarissa, fingindo estar com ciúmes.

— Ok. Amanhã teremos o dia das irmãs. Fechado? - sugeriu a mais nova.

— Cinema e sorvete por sua conta - disse Clarissa, sorrindo - Agora, me diz: por quê você vai sair com o André se você não está com a mínima vontade?

Cecília abaixou a cabeça.

— Porque eu preciso, Clarissa. O Gustavo vai me esquecer e casar com a Verônica. A vida tem que continuar - afirmou Cecília em um tom desanimado.

Subitamente, a campainha tocou.

— Será que o Papai Galã voltou? - questionou Clarissa animada.

— Fala baixo - sinalizou a garçonete - Hoje, o André veio me buscar.

— Bom encontro - piscou a loira.

Durante o caminho, André não cessou de elogiar Cecília, tanto pela beleza como pela capacidade de compreensão. Ao chegarem na frente do The Crown, Cecília empalideceu.

— O que houve Cecília? Você não está se sentindo bem?

— Estou sim, imagine - mentiu a morena - Será que a gente não poderia ir em outro lugar? Acho que o The Crown não deu muita sorte - disfarçou.

O olhar de André se iluminou. A afirmação de Cecília parecia mais íntima, o que fez com que o pediatra se sentisse nas nuvens.

— Você é quem manda. Sugestões? Cecília?

— Vamos pro La Vecchia - disse ela, sem pensar - Será que ainda está aberto?

— Eu creio que sim. Vamos? - convidou André, tocando a mão de Cecília gentilmente.

A jovem se acanhou com o carinho do pediatra. Entretanto, assentiu e forçou um sorriso.

— Vamos.

Enquanto André novamente ligava a chave na ignição, a ex-noviça estava perdida em devaneios ao observar a entrada do pub. Há quase vinte e quatro horas, Cecília havia vivido os melhores momentos de sua vida naquele lugar. Agora, seu mundo parecia desmoronar. Mas ela precisava seguir em frente e não poderia decepcionar o homem que realmente estava ao seu lado em todos os momentos. Clarissa tinha razão. O André além de bonito, é um bom homem. Nunca arrancará o Gustavo do meu coração, mas quem sabe, me ensinará a amá-lo.

Ao chegarem no restaurante, André foi gentil e abriu a porta do carro para Cecília, que acabou sorrindo com a atitude do amigo. Enquanto o pedido não chegava, ambos conversavam sobre o primeiro jantar deles e como a relação de ambos havia se estreitado desde então.

— André, eu queria te agradecer por tudo que você tem feito por mim nesses últimos meses. Você tem sido maravilhoso comigo e acho que nem mereço tanto.

O pediatra se encorajou e tocou a mão da jovem novamente.

— Você não precisa me agradecer, é uma honra ter sua companhia. Faço isso porque você merece. É uma mulher muito especial, Cecília.

A garçonete sorriu, encabulada. O médico, por sua vez, se aproximou ainda mais de Cecília e foi direto:

— Desde o dia em que te conheci naquele hospital, fiquei completamente encantado com você. Eu me repreendia sempre, afinal, você era uma noviça. Mas o sentimento sempre foi mais forte... E eu não aguento mais. Estou completamente apaixonado por você, Cecília Santos. - André pegou uma caixinha de veludo do bolso da calça e Cecília engoliu em seco - E seria o homem mais feliz da Terra se você aceitasse a honra de ser minha namorada. E então, você aceita namorar comigo?


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Notas finais do capítulo

Não me matem com esse final. Vou postar em breve. Aguardem, muitas coisas boas ainda virão, inclusive a nossa vingança contra a Vacarônica. Beijos!!