Capítulo 5 – Por essa eu não esperava...

Continuamos andando em direção a algum lugar, que até o momento eu não sabia onde era.

-Então, como foi a noite? - Oberon perguntou meio aflito. Por que ele estava assim agora? Será que ele sabia sobre Hermes?

-Bem. Eu consegui dormir. - respondi. - Então o que tem para comer no mundo inferior?

Oberon engasgou e começou a tossir violentamente.

-N-nada. - ele disse e eu o olhei questionadoramente. - Quer dizer... sementes de romãs. - ele falou e me olhou com medo, como se esperasse alguma reação ruim. Sementes de romãs... isso me soou familiar, não sei onde eu havia escutado sobre sementes de romãs no mundo inferior. - É a c-comida p-preferida da minha madrasta... - Ele me olhou novamente, com expectativa.

-Legal. - eu disse indiferente. - Eu nem sabia que Perséfone comia.

Oberon engasgou novamente, mas dessa vez foi bem pior. Eu tive de bater em suas costas para ele parar de tossir.

-Você está mesmo bem? - perguntei, preocupada.

-Sssim. - ele disse entre os tossidos.

-Calma – eu disse. - Vamos?

-C-claro. - ele disse.

-Dá para parar de gaguejar?!

-D-desculpe.

Eu bufei e começamos a andar.

Nós passamos por vários corredores escuros, descemos algumas escadas, viramos em alguns lugares e passamos por algumas portas. Até que chegamos ao lugar onde deveríamos comer. Havia uma mesa enorme, cheia de frutas e comidas. Em cada ponta havia uma cadeira. Eu me sentei em uma e Oberon foi se sentar na outra.

-Então... - eu disse. Oberon deu de ombros e eu peguei uma banana e comecei a descascá-la. Quando eu a ia enfiar na boca, ele gritou:

-Espera! - eu parei com a banana perto da boca e perguntei:

-Que foi?

-Hum... é que... - ele começou a dizer. - Vamos conversar. O que você está achando do castelo, hum?

-Chato. - eu disse, eu realmente queria ir embora, mas não disse isso pois eu tinha tido essa oportunidade ontem e a tinha recusado por puro orgulho. Mas eu queria ver a cara de Zeus, quando ( na verdade, é se) ele viesse me pedir desculpas e pedir para mim voltar. Seria hilário.

-Hm... e... e... - ele começou a pensar e eu vi uma leve linha de suor em sua testa. - E o que você mais gosta na Terra?

-Desculpe, o que você perguntou? - perguntei, achando graça daquilo.

-O que você mais gosta na Terra?

-Hum... o Percy.

-Não perguntei de pessoas. - Oberon revirou os olhos. - Disse de outras coisas tipo, o céu, sei lá.

-Ah. O mar. - respondi sorrindo.

-Argh, já imagino o porque. - ele disse e revirou os olhos novamente.

-Por causa do Percy. - eu disse. - Bem, agora, se você me der licença, eu estou com fome. - falei e ia dar uma mordida na banana quando ele gritou novamente:

-ESPERA!

-Ai! - eu gritei. - Que foi, garoto?

-Lina... não come. - ele disse e olhou para baixo.

-Por que? - perguntei.

-Sabe, eu achei que você fosse se lembrar... eu... me desculpe, ok? Mas eu sempre fui muito solitário, eu só queria que você ficasse aqui. - ele disse.

-Não estou entendendo. - falei seriamente.

-Ora, Selina! Você não pode comer no mundo inferior, se esqueceu? Se você come, é obrigado a ficar para sempre. A não ser que seja filha de Hades, como eu.

Eu fiquei pasma. Joguei a banana longe e me levantei. De repente tudo se encaixava, as indiretas de Oberon, o jeito estranho dele... me lembrei da história de Perséfone, que comera algumas sementes de romã e fora obrigada a passar parte do ano no mundo inferior.

-Como. Você. Pode? - perguntei com os dentes cerrados para Oberon.

-Eu... só queria alguém para ficar aqui. Eu nunca tive amigos e... ah, tente entender! - ele disse e eu comecei a gritar um monte de palavras feias e sai correndo.

Eu nem sabia para onde estava indo. Só queria sair de perto de Oberon, ele me dava nojo agora. Até que percebi que havia me perdido. Olhei para os lados, mas tudo o que via era a escuridão de mais corredores desconhecidos.

-Grande merda... - murmurei e me sentei no chão, no momento em que uma voz nada agradável, vinda da escuridão disse:

-Está perdida, maninha?