I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, queridinhos.

Como no capítulo anterior, estive sem tempo, então, peço, antecipadamente, desculpas por erros que passaram por minha rápida revisão.

Boa leitura!



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Regina caminhou pelas ruas de Storybrooke despreocupadamente. Era o primeiro dia do ano e ele já havia começado da melhor maneira possível. De todos os anos em que viveu na cidade, aquele dia era, sem dúvidas, um dos mais felizes. Henry e Júlia não podiam ter reagido de forma mais positiva. Ela ainda sentia-se ofegante e a garganta arranhava um pouco devido às danças e cantorias sugeridas por Henry. Sentia a liberdade correr por suas veias. A liberdade que ser. De ser quem era, de ser feliz.

Minutos antes, quando deixou os filhos no loft, já que Emma precisaria trabalhar, Regina encontrou-se com Snow. Ao cruzar de seus olhos ela não viu a raiva que esperava. Não sabia dizer exatamente os sentimentos que os olhos da princesa escondiam, mas, definitivamente, não era raiva por estar namorando a filha dela. Após anos perseguindo-a, matando em nome do ódio que sentia, Regina estava preparada para todo o repúdio, mas lá estava a ex-enteada mostrando-se superior a qualquer tipo de rancor mais uma vez. Snow sorriu quando a rainha entrou no loft, sorriu enquanto recebia a bolsa com objetos pessoais de Júlia, sorriu quando a morena despediu-se. E Regina, já do lado de fora, sorriu para si.

Enquanto caminhava até a loja de Gold, como ele havia solicitado no dia anterior, Regina refletiu sobre aquele momento de sua vida. Talvez já fosse hora de encarar o passado com a maturidade de uma mulher adulta, a maturidade que lhe faltou décadas atrás. E entender que erros são cometidos, mas devem ser perdoados porque essa é a única forma de seguir em frente, e tudo que a rainha mais desejava no momento era seguir em frente com toda a felicidade que sentia. Era a primeira vez que tinha uma sogra na vida e ela estava tentada a fazer isso dar certo. Ela havia tirado a família de Emma uma vez, era chegada a hora de devolvê-la, mas completa. Onde Henry, ela e Júlia estariam presentes ao lado dos Charmings.

— Você demorou.

Rumple resmungou de costas para a porta assim que Regina entrou por ela. A rainha caminhou a passos lentos até o balcão e escorou-se nele.

— Estive ocupada.

— Brincando de casinha? – O homem virou-se para ela com um sorriso debochado nos lábios.

— Coisa que você não sabe bem como é. – Regina viu o sorriso do Senhor das Trevas se transformar em uma careta. – Por que me chamou aqui?

— Veja você mesma.

Rumple passou as mãos por baixo do balcão pegando uma caixa. Depositou-a sobre o móvel e a abriu sem suspense, revelando o que Regina imediatamente identificou como parte da asa de uma das fadas que chegaram a Storybrooke com o rei Dionísio. Semelhante à asa de um inseto, era de cor marrom e dezenas de vezes maior.

— Então você estava certo. Temos uma fada intrusa na cidade. – Regina ajustou o peso sobre o balcão, analisando o rosto do homem. – O que ela roubou?

— Não poderia ser mais óbvio. Ela roubou uma varinha.

— Uma varinha? Mas ela já não tem uma?

— A varinha que ela roubou tem poderes que até eu desconheço os limites.

— O que você sabe sobre ela?

— Que ela dispensa o uso de pó de fada, por exemplo. É uma varinha que agrega poderes dos quatro elementos: terra, ar, água, fogo. Ela só precisa de energia natural para funcionar e tudo aquilo que é natural, lhe pertence. – Rumple fechou a caixa onde o resto de asa estava guardada e a trancou no cofre. – Como você sabe, magia se encaixa nesse padrão.

— Você está dizendo que a magia lhe pertence?

— Eu estou dizendo que se essa fada quiser controlar magia, então assim será. Mas não acho que ela esteja aqui para isso. – O Senhor das Trevas passou os dedos pelo balcão caminhando para fora dele até parar ao lado de Regina. – Já ouviu falar em vingança, majestade?

— Você acha que ela quer se vingar de nós?

— Não. Eu acho que ela quer se vingar de você. Uma fada morreu naquela guerra, Regina. Você sabe o que alguém é capaz de fazer quando perde um ente querido.

Regina suspirou cansada pensando em tudo que poderia acontecer caso Rumple estivesse certo. Quando, finalmente, sua vida havia encontrado um caminho que ela seria capaz de seguir, mais um perigo a rondava.  E desta vez era um perigo que ela conhecia muito bem. O desejo de vingança era o sentimento mais forte que ela conheceu na vida, exceto o amor. Você sabe o que alguém é capaz de fazer quando perde um ente querido. Qualquer coisa. Se é capaz de absolutamente qualquer coisa.

— Você sabe onde essa fada está?

— Não. Acho que ela está usando a varinha para impedir ser localizada.

A morena sentiu a cabeça latejar com os pensamentos ganhando força. Levou as mãos até as têmporas e as massageou.

— Talvez um chá faça bem.

Regina ouviu a voz de Belle e um toque leve em seu ombro. Abriu os olhos e seguiu a bibliotecária até o escritório do marido.

— Mudando de assunto, nunca conversamos sobre como foi a sua vida nesses cinco anos que passou longe da cidade. – Rumple entrou no cômodo e sentou-se confortavelmente em sua poltrona. – Também não tive a chance de conhecer, de fato, a sua filha.

— Não sei se me sentiria segura com isso. – Regina brincou sentando-se a frente dele enquanto Belle lhes servia chá.

— Onde ela está agora? – Belle lhe estendeu uma xícara e sentou-se ao seu lado.

— Com Henry no loft da Snow.

— Mas e então, como foram estes anos? – O Senhor das Trevas tomou a xícara que a esposa lhe estendeu e sorveu o líquido ainda quente.

— Quando eu passei pela fronteira e minhas memórias foram substituídas, eu passei a ser uma professora de hipismo que havia acabado de perder o pai, única pessoa que tinha na vida, por complicações em uma cirurgia de coração, e estava me mudando para Boston para recomeçar.

— Irônico. – Rumple apontou descansando a xícara na mesa.

— É. – A rainha assoprou a bebida e levou aos lábios. – Acho que essa seria a minha vida se a maldição tirasse minhas memórias também. Afinal, havia sido a última coisa que aconteceu antes de eu lança-la. Havia matado o meu pai lhe arrancando o coração.

Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha de Regina, que rapidamente abandonou a xícara sobre a mesa para limpá-la.

— O que aconteceu quando chegou em Boston? – Belle serviu mais chá ao marido sem tirar os olhos da rainha.

— Chegando lá eu conheci Luna. Exatamente no mesmo dia. Ela derramou café em mim. – Uma risada abafada escapou pelas narinas da morena. – Namoramos, nos casamos, tivemos uma filha, fomos muito felizes pelos cinco anos até que ela morreu e eu voltei para cá pela primeira vez.

— Como foi quando você tomou a poção e se lembrou de tudo?

— Horrível! – Bufou. – No primeiro momento foi como despertar de um pesadelo onde eu não tinha Henry, então eu me senti muito aliviada. Quando eu o reencontrei e o abracei foi como se eu estivesse voltando à vida. Mas depois parecia mais como o despertar de um sonho bom. Lembrar de como foi a minha vida, saber tudo que aconteceu comigo e tudo que eu fiz foi absurdamente horrível. – Regina pegou e girou a xícara nos dedos antes de tomar mais um gole de sua bebida. – Eu tive uma vida maravilhosa nestes cinco anos. Não posso dizer que me arrependo de nada quando tudo que aconteceu me levou para a Luna e para a minha filha, mas eu tive uma crise de identidade que quase me enlouqueceu. – A morena riu lembrando-se dos dias que se seguiram após recordar-se de quem era.

— Mas então você voltou, recuperou seu filho e...

— E está namorando a salvadora. – Rumple cortou a esposa sorrindo de quão irônica a vida poderia ser. – Se lembra da vez em que te visitei no castelo do seu marido e você estava jantando cisne assado? – O homem gargalhou escorando-se no assento na poltrona, batendo as mãos contra os joelhos.

— Rumple... – Belle ensaiou recrimina-lo, mas parou quando viu Regina rir também, e uniu-se a eles.

— Eu não me lembro, mas é provável. Os cozinheiros daquele lugar tinham alguma coisa contra cisnes, pois eles sempre acabavam no forno.

— Espero que você não tenha aprendido com eles.

— Eu não estou pretendendo assar a Swan.

Os três levaram alguns minutos para recuperarem o fôlego após aquela lembrança. Belle observava os outros dois com admiração. Quando Regina foi expulsa da cidade, ela se lembra de ver a tristeza nos olhos do marido, por mais que ele tenha tentando disfarça-la. Inúmeras vezes, durante aqueles anos, ela o flagrou em seu globo tentando encontrar a rainha. Suspeitava que ele havia conseguido, mas nunca entendera o porquê de não ir até ela quando essa era, claramente, sua vontade. Era uma amizade estranha, ela precisava admitir, pois os dois se fizeram muito mal. No entanto, Rumple havia sido a única pessoa que Regina tivera em sua vida durante a maior parte dela e vice-versa. Eles haviam sido rivais, mas antes disso foram aluna e metre, foram amigos e, definitivamente, eram família.

— Vocês estão mesmo juntas? – Belle perguntou quando as risadas haviam sido silenciadas.

— Sim. Estamos.

— Eu fico feliz por vocês.

— Obrigada. – Regina tomou a xícara entre os dedos e sorveu o último gole. – Rumple, eu gostaria de te pedir um favor.

***

— Eu já posso tirar a venda?

— Não, Swan. Pare de perguntar isso. Eu vou avisar quando puder tirá-la.

Regina desceu do carro e deu a volta nele para ajudar Emma a sair. Caminharam pela floresta com a sheriff agarrada nos braços da rainha enquanto era guiada pelos caminhos rochosos. Em determinado momento, elas pararam e Regina abraçou Emma de frente antes de unir seus lábios em um selinho rápido.

— Pode tirar.

Com rapidez, a loira livrou-se do lenço preto que lhe cobria os olhos e olhou em volta. Como suspeitava, ela estava no meio da floresta que cercava a cidade, a sua frente viu uma cabana conhecida, mas que lhe causava arrepios, principalmente por quem ela pertencia.

— O que estamos fazendo aqui?

— Passeando, como eu já disse. – Regina entrelaçou os dedos de Emma aos seus e a levou na direção da cabana.

— Tenha cuidado. – Emma puxou Regina para trás de si quando a morena colocou um pé sobre o degrau da varanda. – É do Senhor das Trevas, pode ter algum tipo de magia negra que nos fará mal.

— Não tem nada. – A rainha soltou-se da loira e subiu os degraus. – Ele me emprestou. – Regina revirou os bolsos do blazer para encontrar a chave e destrancou a porta oferecendo passagem para uma Emma que vinha desconfiada logo atrás. – Entre, Swan!

Quando a salvadora passou pela porta, seu queixo caiu imediatamente. No meio do cômodo, de frente para a lareira, havia um colchão coberto por lençóis vermelhos e brancos, e almofadas, também, vermelhas. Um cada lado da lareira, ainda apagada, havia um grande vaso com lírios brancos. No canto direito da cabana, havia uma mesa redonda com vários tipos de alimentos. Haviam morangos, maças, pães, frios, frutos do mar, suco e um balde com champanhe no gelo. Emma passou os olhos por todo o cômodo até pousá-los em Regina, parada ao seu lado lhe direcionando um dos mais lindos sorrisos que já vira.

— Você... – Emma tentou falar, mas sua voz saiu embargada e ela interrompeu-se.

— Eu acho que merecemos passar um tempo sozinhas. Temos o final de semana todo.

 Instintivamente, Emma enlaçou a cintura de Regina, grudando seus corpos, e beijou a morena com intensidade até que estivessem ofegantes, obrigadas a afastarem-se. Com as testas coladas, a sheriff voltou a apertar o abraço entre elas, com os lábios esticados em um sorriso.

— Você é maravilhosa.

— Você ainda não viu nada. – Regina selou seus lábios uma última vez e libertou-se, levando Emma pela mão até a mesa. – Mas nós temos tempo para isso. – Pegando uma fatia de queijo, a morena levou-a até a boca da loira.

A rainha puxou uma cadeira para que Emma se sentasse e acomodou-se ao lado dela. Enquanto a morena falava, Emma perdeu-se em pensamentos. A emoção ainda presente em seu peito. Que Regina era uma mulher incrível, Emma sabia, mas a delicadeza de programar um final de semana para elas havia derrubado a loira. Ela sempre pensara que seria a única a organizar momentos como aquele, que Regina os julgava desnecessários ou menos importantes do que estar sempre com os filhos, no trabalho ou em qualquer outra atividade que seja de sua competência, mas então a mulher havia lhe surpreendido. Eu acho que merecemos passar um tempo sozinhas. Era o que Emma vinha desejando há tempos. Passar um tempo apenas com Regina. A loira amava Henry, Júlia já tinha espaço importante em seu coração e estar com eles era sempre prazeroso, mas ela desejava ficar a sós com Regina, um tempo apenas para namorar. Temos o final de semana todo. Era mais do que Emma imaginou que conseguiria com ela naquele momento. Você ainda não viu nada. Emma queria ver tudo, queria ter tudo, queria Regina e elas estavam ali, mais próximas do que nunca.

Swan sentiu o toque de Regina em sua bochecha e voltou para a realidade, encontrando as írises escuras presas a ela.

— O que foi?

— Só estou te observando pensar. – Regina desceu a mão pelo braço de Emma até encontrar seus dedos.

— Eu me perdi um pouco. – Swan confessou com o rosto corando e um sorriso tímido escapando de sua boca. – Do que você estava falando?

— Nada importante. – A morena apanhou um morango e o mordeu dando a outra metade na boca de Emma. – Eu trouxe alguns doces para te agradar também. – Regina apontou para uma caixa fechada e sorriu apertado.

— É? – O sorriso de Emma cresceu. – Você está tentando me matar de tanto amor? Porque eu poderia, facilmente, explodir agora mesmo.

— Não. – Regina gargalhou e não importava o quanto Emma pensasse, ela não encontraria em sua memória qualquer som mais bonito do que aquele. – Vamos combinar que ficaremos bem vivas este final de semana?

— Vamos!

Emma arrastou sua cadeira para estar mais próxima de Regina. Repousou uma mão na coxa da morena e a outra passou pela nuca da mulher, puxando-a para um beijo calmo. A medida que as bocas se encontravam, o calor subia pelo corpo de ambas. Emma agarrou a gola do blazer de Regina e o arrastou para fora do corpo moreno. Regina sentiu os beijos de Swan descerem por seu pescoço e, com esforço, conseguiu afastar-se, levantando-se da cadeira.

— Sei que te sequestrei do trabalho, então tem uma banheira no outro cômodo para você tomar um banho enquanto eu preparo tudo para que possamos jantar.

— Eu... – Emma tomou um momento para recompor-se. – Eu gostaria disso.

Quando a loira fechou a porta do cômodo anexado, Regina sentou-se e inspirou profundamente. Swan e ela haviam passados muitos momentos sozinhas, mas todos, exceto o jantar no píer, antes de estarem juntas. Ela sentia falta dos passeios que tivera com a loira quando voltou para a cidade pela primeira vez, sentia falta de conversar amenidades, de compartilhar experiências, de não precisar se preocupar com a hora de dormir das crianças, com os dentes bem escovados, em salvar a cidade ou qualquer outro tipo de responsabilidade. Tudo que precisava fazer era relaxar e ser feliz com aquela loira que não deixava seus pensamentos. Como uma realidade paralela onde o tempo está congelado, elas poderiam fazer o que e quando quisessem ali naquela cabana e isso enchia seu peito de felicidade. Mas também a deixava ansiosa. Ela sabia bem o que, inevitavelmente, aconteceria e ela queria, desejava isso com o todo o seu corpo e sua alma, mas, tão inevitável quanto, era estar nervosa.

Forçando-se a agir, a rainha organizou a louça para o jantar, desembrulhou alguns alimentos e conferiu o gelo no balde com champanhe. Com uma de suas bolas de fogo, acendeu a lareira, assim como velas que havia trazido na bolsa, colocando-as por toda a cabana, inclusive no castiçal sobre a mesa. Retirou alguns lírios dos jarros, cortando-os no pedúnculo e espalhando apenas a flor pelo colchão. Emma havia feito coisas incríveis por ela, havia chegado a vez da rainha tornar algo especial para a loira.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Comentários, ideia, críticas construtivas, consPIRAÇÕES, tudo é muito bem-vindo.
Beijos ♥



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