I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, queridinhos!

São pouco mais de cinco horas da manhã. Eu escrevi boa parte do capítulo agora, estou morreeeeendo de sono, então, se encontrarem alguns errinhos, peço que sejam compreensivxs.

Eu demorei, né? Mas é essa vida de adulta, universitária, estagiária, dona de casa, namorada, sofredora do TCC, enfim... Sorry?!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/717482/chapter/24

Era sempre uma sensação de fôlego recuperado quando Regina cruzava a fronteira de Storybrooke. Como se ela estivesse há tempo demais submersa, com o pulmão já vazio e, de repente, fosse puxada para cima, deixando as profundezas do mar, sentindo o ar encontrar suas narinas e lhe dar a vida novamente. A falta que a magia fazia em seu corpo fora da cidadezinha era muito superior ao que ela queria assumir em voz alta. Porém, dessa vez, havia algo mais que a fazia sentir-se incompleta fora dali. Na verdade, três motivos importantes: Henry, Júlia e Emma. Ela havia passado cerca de 36 horas longe deles e fora o suficiente para deixar seu peito ardendo em saudade.

Ainda na rodovia a atenção da rainha foi capturada por flores brancas. Ela não se lembrava delas ali durante todos os 28 anos de maldição, mas elas eram atraentes demais para passarem despercebidas. Regina tentou ignorar concentrando a atenção no volante, mas seu pensamento apenas voou até a pessoa que exalava exatamente aquele aroma. Sem permissão, os lábios da morena se curvaram em um sorriso. Girando os olhos, ela estacionou e saiu do automóvel.

— Isso é ridículo. – A rainha foi até as flores e colheu uma a uma organizando-as em um buquê. – Quantos anos eu tenho?

Com mais alguns minutos a morena finalmente chegou ao seu destino. Saltou apressada do carro, após conferir cabelo e maquiagem, e subiu os degraus com rapidez, tocando a campainha. Escondeu o buquê atrás do corpo e só então se deu conta de que não sabia o que falar.

— Céus, Regina! Você já deu flores a outras mulheres antes. Apenas elogie e entregue.

Mas Emma não era “outras mulheres”. Ela era alguém incrível, que havia devolvido as cores para os seus dias e recuperado a sua vontade de viver. Não era como se qualquer elogio ou qualquer cantada fossem o suficiente. Antes que pudesse concluir seus pensamentos a porta foi aberta por uma Emma descabelada, com o rosto sujo de alguém tipo de molho que a morena não identificou imediatamente, assim como a camiseta branca.

— Tudo bem aqui? – Regina franziu as sobrancelhas enquanto a loira tentava limpar as bochechas.

— S-sim. – Emma esfregou as mãos no calção azul livrando-a daquilo que havia capturado de sua face. – Você não disse que estava chegando.

— Era para ser uma surpresa. E, de fato, foi! – A morena tentou olhar por cima dos ombros da sheriff, mas a guardiã da lei de Storybrooke mexeu-se, claramente, tentando esconder algo. – Eu posso entrar?

— Só um minuto. – Antes que Regina pudesse reagir, Swan fechou a porta e a morena pode ouvir a voz de Henry e Júlia, embora nada conseguia compreender. Dentro de mais alguns minutos a porta se abriu novamente. – Prontinho, pode entrar.

— Eu devo me preocupar com o que estava acontecendo aqui?

— Não. Não mesmo.

— Okay! – Regina abriu um pequeno sorriso e estendeu as flores para Emma. – Eu me lembrei de você. Elas têm o seu cheiro, assim como o que elas representam.

Emma apanhou o buquê, seus lábios esticando até exibir um sorriso que cortava o rosto.

— São lindos. Eu amo lírios.

— Eu também. – Regina sentiu as bochechas esquentarem e inspirou profundamente buscando algum frescor. De alguma forma aquelas palavras pareciam significar muito mais, pareceram crescer em sua mente quando saíram de sua boca como algo imensamente maior do que o literal. – Então, agora eu posso entrar?

— Claro. – Swan tropeçou nas próprias pernas até, finalmente, conseguir abrir mais a porta e oferecer passagem para a mulher. – As crianças estão na cozinha.

Assim que Regina entrou no cômodo, Henry saltou da cadeira e envolveu a cintura da mãe em um abraço apertado. Ao mesmo tempo, Júlia ergueu os braços, ainda em sua cadeirinha, tentando alcançar a mãe. Emma, compadecendo-se da fofura desesperada da menina e, após repousar o buquê sobre a mesa, a pegou no colo e levou até Regina para um abraço em grupo. Um abraço em família, como não só Emma sentiu, mas também Henry.

— Eu senti tanta saudade de vocês. – Regina beijou a bochecha do filho e a testa da filha. – Acho que vocês também sentiram a minha falta, não?

— Eu morri de saudade. – Emma atropelou a resposta dos outros três, ganhando um sorriso bobo vindo da Regina, que não passou por Henry. Percebendo o fato, a loira afastou-se do abraço, ainda com Júlia no colo, e passou uma das mãos pelo cabelo, ajeitando-o. – Todos nós sentimos, não é? – Cutucou a barriga de Júlia, que não lhe dava atenção enquanto esticava os braços para a mãe.

— Todos nós. – Henry libertou a cintura da morena para que ela pudesse pegar Júlia e voltou a se sentar na mesa. – Adivinha o que estávamos fazendo e Emma pediu para que disfarçássemos quando você chegou.

— Ei, garoto! – Swan capturou um pano de prato na mesa e jogou sobre a cabeça do filho. – Não é bem assim. – Emma olhou para Regina com olhar culpado.

— Eu não posso imaginar com o que isso se parece. – Regina passou os olhos pela mesa. Havia algo que talvez, apenas talvez, fosse uma massa. Havia muita farinha espalhada por ela, assim como pelo chão. Havia, também, duas tigelas com molho vermelho.

— Pizza. – Júlia cochichou alto no ouvido da mãe, ganhando um semicerrar de olhos de Henry.

— Acho que vocês não poderiam jantar algo mais saudável. – Regina olhou para Emma com o canto dos olhos e levou Júlia de volta para sua cadeirinha. – Continuem fazendo, aposto que ficará uma delícia.

Depositando um beijo no topo da cabeça de cada filho, ela saiu do cômodo puxando Emma pela mão.

— Em minha defesa, o tomate que usamos para o molho é orgânico... – Swan apressou-se em falar enquanto Regina a guiava até se dar conta de onde estavam. – O que estamos fazendo na garagem?

— Isso!

Regina apoiou as mãos na cintura fina da sheriff e a empurrou contra a parede, capturando seus lábios entre os dentes. Subiu os braços pelo corpo magro até enlaçar o pescoço de Emma e correu a língua pelos lábios rosados. Iniciaram um beijo calmo, saudoso, carregado de todos os sentimentos que ainda não haviam sido verbalizados.

— Se sempre chegar assim, talvez eu goste que faça mais viagens.

— Oh! – Regina mordeu parte do próprio lábio e o soltou aos poucos, sensualmente. – Você não quer isso.

— Não! – Emma gemeu para o ato e girou os corpos, avançando em Regina, reiniciando o beijo, dessa vez mais quente. – Eu te quero tanto, Regina.

A morena fincou, levemente, as unhas contra o tecido fino da camiseta da loira e a afastou.

— Vem, vamos tentar fazer aquilo virar uma pizza.

Não havia passado nem mesmo 48 horas longe deles e Regina não sabia como sobreviveria quando o recesso do trabalho chegasse ao fim e ela precisasse voltar para Boston. Enquanto salvava a massa de pizza e orientava Swan no corte do recheio e Henry no molho, a morena deliciava-se com o sentimento de vazio em seu coração sendo preenchido com felicidade. Ela estava completamente apaixonada pela ideia dos quatro juntos e não havia mais um motivo sequer que a faria negar isso, tanto quando não sabia como seriam seus dias onde aquela não fosse a sua realidade.

A consciência de que aquilo não duraria mais do que alguns dias fazia o peito da morena se apertar, mas rapidamente afastou estes pensamentos focando-se apenas na alegria das conversas naquela cozinha.

— Você é um nerd mimado com roupinhas sociais caras. – Emma entregou um guardanapo para que Henry limpasse uma pequena mancha de comida em sua camisa de cor vinho.

— O que posso dizer sobre o bom gosto para me vestir? – Henry deslizou o dedo indicador pelo queixo, falsamente pensativo. – Que ele não vem do sangue, talvez?

— Oh! Claro que não. Eu não te vestiria assim...

— Certo. Mamãe fez um bom trabalho. – O garoto piscou para Regina e deixou o guardanapo de lado voltando a cortar o bacon.

— Não sei como você permite que Júlia se vista como uma criança. – Swan apontou a colher para Regina, deixando cair pingos de molho no chão e recebendo um manear de cabeça negativo vindo da morena.

— Isso é porque você nunca a viu quando tenho alguma reunião ou evento onde tenho que levá-la. – Regina apanhou o rolo para abrir a massa e pulverizou farinha sobre a mesa antes de continuar, direcionando-se para o filho. – Continue se vestindo assim, querido, você fica lindo!

A morena fez um bico exagerado com a boca e franziu o nariz diminuindo o tamanho dos olhos, balançando levemente a cabeça de um lado para o outro. Henry fez igual, exatamente no mesmo momento, como se um lesse o pensamento do outro. Ou como se aquilo fosse um combinado entre eles, algo rotineiro, que sempre esteve ali, na convivência entre mãe e filho. Porém, o ato não era inédito para a loira. Ela tinha certeza de que já o vira antes, mas precisava forçar sua memória para chegar até ele e, então, lá estava o exato momento reproduzindo em sua mente como um filme. No café da manhã após a noite de Natal, Regina elogiou Júlia do modo mais mãe coruja que a loira havia visto até então e, logo após, ambas fizeram aquele mesmo bico.

A compreensão chegou cristalina para Emma. Em filmes, séries e até comerciais que passavam na televisão, as famílias sempre tinham os seus jogos. Aquele era o jogo da família Mills. Aquela adorável careta que simulava um beijo sufocado validava aquela família. O coração de Swan poderia, facilmente, derreter naquele momento, vendo seu filho integrado daquela forma, de um jeito que ela nunca esteve. Além disso, a prova de que nunca ouve uma diferenciação entre os dois irmãos, para Regina, estava escancarada a sua frente. Isso era tudo que ela desejava para o filho quando o entregou para a adoção tantos anos atrás. Isso era tudo que ela queria para si atualmente. E ela havia, enfim, encontrado a família que a fazia desejar fazer parte e que a recebia exatamente como era. Emma não desejava entrar para a família, ela já se sentia parte dela. No entanto, o desconhecido ainda a perturbava. Ela nunca teve uma conversa sincera com Regina depois que o relacionamento delas começou. Ela não sabia se ainda estavam na mesma página.

Swan foi trazida de volta para a realidade quando os dedos de Regina estalaram a frente de seu rosto. – Como anda Marte?

— Bem. – Emma sorriu de canto e fixou os olhos na bandeja onde derramava o molho. – Do que falavam?

— Eu disse que vou para casa e espero vocês lá mais tarde, com a pizza. Posso deixar o forno esquentando se você for pontual.

— Pensei que pudéssemos jantar aqui.

— Eu estou precisando de um banho e quinze minutos de sono. Como ainda faltam algumas horas para o jantar, talvez possamos transferi-lo lá para casa, como havíamos combinado inicialmente. – Regina sugeriu e viu o rosto de Emma cair um pouco. – Mas se você insistir, eu posso voltar e comemos aqui mesmo.

— Não. Tudo bem. Nós iremos. – Emma depositou a panela com a colher junto às louças sujas e escorou-se na mesa. – Você quer deixar Júlia aqui para que possa fazer tudo isso sem precisar se preocupar com ela?

— Eu agradeço, mas não precisa. Eu consigo fazer isso e ainda manter os olhos nela. – Regina aproximou-se um passo na direção de Emma para despedir-se, até que lembrou-se da presença de Henry e Júlia, voltando a se afastar, abrindo apenas um pequeno sorriso cortês. Novamente a morena pode ver o rosto da mulher cair. Regina beijou a testa do filho e pegou a filha no colo, deixando a casa.

***

— Eles estavam mesmo com saudade de você. Não pararam de falar um minuto. – Emma enxugou o último prato usado no jantar e guardou no local indicado por Regina.

— E eu estava louca de saudade deles.

— Eu imagino. – Swan caminhou até a bancada, escorando-se nela e observando Regina revirar os bolsos do casaco pendurado em um dos bancos. – O que você está procurando?

— Isso. – Regina retirou um pequeno embrulho de pano preto de dentro do bolso interno do casaco. – Abra.

— O que é?

— Abra! – Regina uniu as sobrancelhas impaciente, embora bem humorada, e sorriu quando a loira capturou o embrulho e desfez o laço.

— Um par de luvas vermelhas? – Swan riu para a cor exata da sua jaqueta. – Saquei. Quer que eu saia por aí feito o Papai Noel?!

— Não, idiota. – A morena acompanhou a risada e pegou a luva encaixando-a nos dedos da loira. – É a primeira peça do seu uniforme de hipismo.

— O meu o quê?

— Uniforme de hipismo. – Regina estreitou os olhos lendo a expressão de Swan.

— Não está pensando que eu vou ter mais uma daquelas aulas, está?

— Claro que sim! – A morena apertou os dedos de Emma e subiu as mãos pelos braços magros até o ombro e descansou um cotovelo de cada lado. – Você tem talento.

— Você está me comparando com Henry, assim fica fácil. – Emma enlaçou a cintura da rainha e enterrou o rosto na curva de seu pescoço.

— Não o deixe ouvir dizer isso.

Regina puxou os cabelos de Emma para trás, revelando seu rosto e roçou o nariz pela bochecha pálida até que suas bocas estivessem próximos o bastante para que pudesse beijá-la. Logo no primeiro segundo do beijo, a morena sentiu a hesitação da loira estranhamente combinada com ousadia de toques. Imediatamente, afastou-se.

— Swan, o que está acontecendo?

— Nada. – Emma puxou Regina para si novamente, chupando seu pescoço.

— Para, Swan! – A rainha libertou-se mantendo alguns passos de distância. – Você precisa ser honesta comigo. Está chateada por não jantarmos na sua casa?

— Não. Claro que não. – Emma suspirou e guardou as mãos nos bolsos traseiros da calça.

— E então?

— Não é nada, Regina. Nós podemos voltar ao que estávamos fazendo?

— Não. – Regina lhe deu as costas e caminhou até a sala, sentando no sofá antes de se livrar dos saltos e trazer as pernas para cima do estofado. – Nós vamos conversar e resolver seja lá o que está te incomodando. Isso é estar em um relacionamento. Acostume-se, Swan.

— Nós estamos em um relacionamento? – Emma abriu um singelo sorriso e foi até a morena, sentando-se também.

— Okay! – Regina ergueu as sobrancelhas enquanto corria o olhar por todo o corpo da loira. – Você sofreu um acidente e teve uma pequena perda de memória?

— Não. Não. Por quê? – A sheriff esfregou a mão na testa como se conferisse sua integridade psicológica. – Do que está falando?

— Do que você está falando? – A rainha retrucou com os olhos espremidos, mas logo desistiu daquele tópico e suspirou concentrando-se. – Vamos falar sobre o que vem te incomodando.

— Eu não sei se eu quero falar sobre isso. Eu não quero que você se sinta pressionada a nada.

— Você quer contar para Henry sobre nós? – Regina viu os olhos de Emma arregalarem-se para ela. – Eu percebi seu semblante abatendo-se quando eu voltei atrás no beijo que te daria na sua casa, quando me despedi.

— Mais ou menos. Eu só... – Swan interrompeu sua fala puxando o ar profundamente e o soltando com uma pequena contagem mental. – Eu não sei o que você pensa sobre nós. Estamos juntas, mas até então é só isso. Digo, claro que isso é importante, o mais importante, mas nós não demos nenhum outro passo. Nós não assumimos, não transamos ou qualquer outra coisa que me diga que você está investindo em nós. Você nem mesmo me chama de “Emma”.

— Por isso você queria dormir aqui, e também queria esquentar as coisas na sua garagem e, agora, na minha cozinha? Para que, dando esse passo, eu esteja mais propensa a assumir você ou investir em alguma coisa do tipo?

— Isso. – O rosto de Emma ruboresceu e ela deixou seus olhos caírem para os seus pés.

— A coisa mais importante para uma mãe são os seus filhos. Henry é seu também, você está ligada a ele de uma forma que nada nem ninguém poderá desfazer. Mas Júlia, ela é minha. Não existe um laço eterno entre vocês. Ela não tem essa ligação inquebrável com ninguém, exceto comigo. Eu sei como é difícil perder pessoas importantes, então eu nunca seria irresponsável com Júlia dessa forma, deixando que ela se envolva com alguém que não vai estar ali para ela no futuro. – Regina tocou o queixo de Emma com o indicador e o médio, conquistando o seu olhar. – Eu deixei a minha filha com você, eu deixei ela se apaixonar por você e essa é a maior prova que eu posso te dar de que estou investindo em nós, muito mais do que assumir um namoro e fazer sexo.

— Você não vai mudar de ideia? – Emma sentiu uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha.

— Eu não vou mudar.

— Eu sou uma idiota.

— Não, você não é. – Regina puxou Emma pela jaqueta, até que a loira estivesse com a cabeça repousada em seu colo, e iniciou um cafuné. – Quando algo mais te incomodar, promete que vai conversar comigo?

— Prometo! – A loira ergueu o dedo mindinho para que Regina cruzasse ao seu antes de abraçar as pernas da morena e aproveitar o carinho.

— Nós faremos tudo ao seu tempo. – A rainha desceu os dedos, sugestivamente, pelo colo da salvadora e voltou para os cabelos. – Então, quais são os nossos planos para amanhã, o último dia do ano?

— Almoço com os meus pais e a festa a noite será na rua principal.

— Eu passo o almoço com os seus pais. – Regina interrompeu o cafuné e deitou o corpo de lado no sofá, escorando-se na barriga da salvadora.

— Poxa, você não pode simplesmente recusar o convite da sua melhor amiga.

— Há-há, Miss Swan!

Miss Swan? Acho que atingi um ponto cego. – Emma escorregou as mãos até a de Regina e as uniu. – Você odeia mesmo a minha mãe?

— Não.

— Não? – A loira levantou-se repentinamente, cruzando as pernas no sofá de frente para a morena. – Não a odeia?

— Não. Mas isso não significa que somos amigas. Eu não sei se algum dia vou conseguir olhar para a cara dela sem pensar no que ela fez, no que aquela língua que não cabe na boca fez com a minha vida e com a vida de quem era importante para mim. Eu mudei? Sim. Sou melhor? Sim. No entanto, tudo tem limite. – Regina espelhou a posição de Emma, unindo suas mãos novamente. – Mas não vamos colocar a sua mãe entre nós agora, vamos? – Regina assistiu Emma negar com a cabeça e curvou-se sobre ela. – Vamos aproveitar nosso tempo com algo mais agradável.

***

— Querida, me deixe te levar, por favor? – Regina abaixou-se para pegar a filha no colo, mas suas mãos foram empurradas.

— Não, mamãe. Gosto de andar.

— Mas você vai poder andar tanto ainda nessa vida. – A rainha manteve-se na altura da menina, que apenas a olhou com o cenho franzido. – Se eu te levar nós chegamos mais rápido. Henry e Swan estão nos esperando, não queremos nos atrasar, queremos?

— Não. – Júlia estendeu os braços para a mãe aceitando o colo e enrolou seus pequenos dedos nos cabelos da nuca da mulher.

— Você gostou de ficar com ela?

— Gostei.

— Seria legal se ela passasse mais tempo com a gente?

Nos poucos milésimos de segundos que Júlia levou para responder a essa pergunta, Regina sentiu todo o trabalho do seu corpo paralisar em antecipação. Ela se deu conta de que estava mais nervosa sobre o que Júlia pensa sobre Swan do que imaginava. Isso a surpreendeu, pensar sobre Emma sempre a surpreendia, porque a cada vez ela percebia que a loira estava conquistando mais e mais espaço em seus pensamentos e em seu coração. Quando pensava em programas para fazer em família, ela, inconscientemente, incluía a sheriff neles. Programar um passeio no parque em família, incluía a Swan. Programar os almoços familiares durante a semana, incluíam Swan. Apesar disso, a opinião de Júlia era de extrema importância. Se ela estava mesmo entrando em um relacionamento com alguém, essa pessoa, inevitavelmente, estaria sempre em contato com a menina e, sendo a primeira de suas prioridades, Júlia precisaria estar confortável e feliz com isso.

— Sim. – A menina respondeu, simplesmente, levando Regina a acompanhar seu olhar para as barracas montadas mais adiante na rua.

— Talvez você queira falar mais um pouco sobre isso? – A rainha sugeriu tombando a cabeça para analisar a filha e ler cada uma de suas expressões. – O que você acharia se a Swan fosse ao parque com a gente ou participasse dos nossos almoços, quem sabe também o café da manhã? Você iria gostar?

— Sim. Emma é legal. Ela é boa comigo – Júlia falou mais alto abrindo um largo sorriso em seguida e apontou o pequeno indicador para a figura loira escorada na base de uma das barracas. – Eu posso ficar com ela de novo?

Regina sorriu para a pergunta e para a evolução na pronúncia das palavras que a filha estava conseguindo. Apenas balançando a cabeça positivamente, a rainha apertou os passos até a salvadora.

— Você quase se atrasou.

— Eu não sei se preciso explicar. – Regina retribuiu o sorriso que Emma lhe dava.

— Eu posso imaginar pelo rostinho vermelho de esforço que essa mocinha tem. – Emma beijou a bochecha de Júlia a pegando no colo. – Como está a minha melhor amiga?

— Estou bem. E você?

Emma riu para a resposta educada e olhou para Regina, culpando-a.

— Eu estou bem, Regininha!

Júlia sorriu satisfeita e estendeu os braços para quem quer que estivesse vendo do outro lado da rua. Quando Regina girou o tronco, viu Snow sorrindo para a menina e caminhando até elas.

— Veja só de quem ela gosta. – Emma ergueu as sobrancelhas fitando Regina, friccionando os lábios na tentativa de contar uma risada.

— Uma clara influência dos espermas de um desconhecido. – Regina girou os olhos e observou a ex-enteada pegar a menina.

— Oi, princesa. – Snow beijou a testa da criança e a apertou em seus braços. – Eu senti saudade. Você quer comer algo? – A mulher perguntou vendo os olhos da menina vagando pelas barracas. – Eu posso levá-la, Regina?

— Eu acho... – A morena preparou-se para negar, mas não havia como ir contra os olhos pidões que a filha fazia. – Tudo bem. Apenas não lhe dê muito doce nem qualquer coisa que contenha maracujá.

— É, eu me lembro da intolerância. Pode deixar. – Snow sorriu brevemente para a filha e afastou-se com Júlia no colo.

— Talvez ela vire cinzas antes que possa pegar algo para Júlia. – Swan usou os dedos para simular um tipo de visão de calor, que poderia desintegrar a princesa caso Regina tivesse algum poder semelhante ao do Superman.

— Não posso fazer isso com os olhos, mas... – A rainha formou uma pequena bola de fogo nas mãos, mas apagou assim que Emma arregalou os olhos para ela. – É brincadeira. Eu jamais faria mal para alguém que está com a minha filha no colo. – A morena ergueu uma sobrancelha debochadamente e girou nos calcanhares em direção às outras barracas. – Vai me mostrar o que prepararam para hoje?

— Tenho certeza de que nada perto do que você faria. – Emma chutou uma pedra no caminho e alcançou Regina, lhe oferecendo um sorriso que representava exatamente o nível de intimidade que ela gostaria de estar experimentando com a morena se estivessem sozinhas.

— Oh! Snow não tem o que é preciso para isso. – A rainha falou com seu tom monárquico, empinando o nariz, e puxando o braço de Emma para entrelaçar ao seu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Cliquem em gostei, se inscrevam no canalPERA, TÔ LOUCA!

Comentem, me deixem saber o que estão achando. Ideias continuam sendo bem-vindas. Beijos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Will Survive" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.