Fragmentada escrita por DrixySB
Notas iniciais do capítulo
Finalmente, aí está o confronto entre Jemma Simmons e Tony Stark.
Jemma encarou Rhodes e o sujeito desconhecido e mal encarado com uma expressão inquisitiva estampada em sua face.
— Acho que já conhece o Coronel Rhodes - Tony se pronunciou, uma vez que entraram na sala de audiência.
— Como vai, Coronel? - Ela perguntou com seu sorriso mais gentil.
— Muito bem, diretora Simmons - respondeu, educado como de costume.
— Permita-me lhe apresentar meu secretário e consultor pessoal Aaron Douglas West. Todo homem importante deve ter um destes - referiu-se a um sujeito alto, de porte arrogante, óculos escuros que não fazia questão de ser simpático. Ele pareceu extremamente caricato à Jemma.
— Prazer, senhor West - ela virou o rosto na direção de Stark - tenho certeza de que ele é seu espião particular - completou, arqueando uma sobrancelha.
Um dos cantos dos lábios de Tony curvou-se em um sorriso cínico.
— Espero que não se importe, mas ambos vão me acompanhar nesta reunião.
Jemma franziu o cenho.
— Isto é mesmo necessário? - indagou, cruzando os braços em frente ao corpo.
— Tenho certeza que os seus homens também estão acompanhando essa reunião de algum lugar dessa base. Nada mais justo, diretora Simmons.
Ela sentia o sarcasmo escorrer como veneno de sua boca cada vez que Stark se dirigia a ela por aquele título.
— Ok! - ela respondeu, simplesmente, sem argumentar - queira sentar-se - continuou, indicando com a mão a mesa de vidro no centro da sala.
— Estou bem assim, obrigado! - Tony respondeu com certa rispidez - aproximando-se da mesa apenas para depositar algumas pastas para as quais a bioquímica já havia atentado e questionava em silêncio seu conteúdo.
Ela deu passos firmes em direção à mesa, posicionando-se logo a frente de Stark que se encontrava do lado oposto do móvel.
— Pois bem, qual é o objetivo dessa reunião? Deve ser algo de suma importância, uma vez que somos pessoas ocupadas, sem tempo a perder com frivolidades...
— Por certo, doutora Simmons. Isto - tornou, enérgico, apontando para a sala, ao redor - não se trata de nenhuma frivolidade. Deveriam ter contatado os Vingadores quando tomaram conhecimento acerca da S.I.L.E.N.C.I.O. - disse, sem fazer rodeios.
— Não avisamos, pois a SHIELD poderia resolver…
— Claro! Os Inumanos - ele a interrompeu de forma abrupta - até onde vi, vocês tem feito um trabalho magnífico - ironizou.
Ela manteve seu rosto duro e impassível enquanto ouvia o tagarelar incessante do egocêntrico empresário .
— Trata-se de uma célula terrorista com o intento de produzir uma arma de destruição em massa. Vocês não tinham como…
— Está julgando nossa competência, estratégia e poder militar, Sr. Stark? Até onde me lembro é a SHIELD que tem salvaguardado as costas de vocês durante todo esse tempo.
— A SHIELD não possui mais uma equipe tática preparada para lidar com isso.
— Já lidamos com ameaças piores. E fomos bem-sucedidos. Fracassamos uma vez e isso define toda a nossa história?
— Fracassaram em uma missão que não podiam ter fracassado! - Tony alteou significativamente o tom de voz, praticamente gritando as palavras e sobressaltando Jemma - deixaram com que eles escapassem, porque foram incompetentes. Agora, eles estão por aí, à solta, prontos para devastar o mundo enquanto descansamos a cabeça sobre o travesseiro.
Simmons permaneceu em silêncio, sem baixar a cabeça diante de Stark. Este calou-se por um instante, procurando se recompor, antes de continuar.
— Há pouco tempo, tomei conhecimento do grupo de inumanos que se autodenomina Guerreiros Secretos – havia uma sátira picante na forma como ele pronunciou o nome da equipe – a líder, Quake, uma estrela atualmente. Soube que entrou para SHIELD de maneira pouco ortodoxa. Costumava hackear a agência e, então, Phillip Coulson – sua vez quebrou um pouco ao pronunciar o nome do agente, a mágoa se destacando em seu timbre – que até poucos meses eu poderia jurar que estava morto, aparentemente ressuscitou e uma de suas inusitadas decisões foi acolhê-la. Sem saber nada a respeito dela, de seu passado... Mesmo assim a admitiram na SHIELD! – agora ele soava indignado – mas o pior veio depois.
Ele abriu a pasta misteriosa que tinha em mãos, tirando alguns papéis de dentro dela, aos poucos revelando sua natureza.
— Seu histórico de atitudes controversas é impressionante. Vai de roubos a bancos até ficar sob o controle e influência de um poderoso inumano, tornando-a responsável por inúmeros incidentes e desastres, nos quais machucou até mesmo os próprios amigos. Está tudo aqui, relatado nestes documentos internos – proferiu em tom severo antes de jogar as folhas de papel sobre a mesa, espalhando-as na superfície de vidro.
— Como teve acesso a esses documentos? - Jemma inquiriu, tomando-os em suas mãos e os examinando. Os olhos saltados devido ao choque.
— Não vem ao caso agora.
— Invadiu o banco de dados da SHIELD e roubou informações sigilosas. Isso caracteriza crime! Não é por ser Anthony Stark e o Homem de Ferro que tem sinal verde para fazer isso. Terá de responder por essa atitude.
Na sala de controle, não muito longe dali, Fitz a observava através da tela do monitor, inquieto e aflito. Não muito diferente do restante de sua equipe. Todos assistiam em um silêncio profundo e sepulcral. Rostos rijos, olhares firmes na tela, parecendo suspender a respiração, envoltos por uma atmosfera carregada de tensão. Daisy sentia o peso da culpa a consumir, especialmente após ouvir Stark mencionar seu nome. Coulson, por sua vez, se viu invadido pelo remorso de ter mantido em sigilo o fato de que estava vivo durante todo esse tempo.
Dos braços sintéticos de Elena, Athena acompanhava a cena transmitida pelos monitores.
— Mamã! – ela exclamou sorridente, apontando para Simmons na tela.
Naquele momento, todos invejaram a ingenuidade da menina diante daquela situação. Há momentos em que a ignorância é uma benção.
Fitz, inclinado frente ao painel de controle, as duas mãos pousadas sobre a mesa de comando, permanecia atento. Jemma tinha um comunicador com ela. Caso Stark mencionasse algo que não fosse de seu conhecimento - que, porventura, Daisy houvesse esquecido de lhe informar durante sua preparação de última hora para aquela reunião - Fitz procuraria explicar de maneira sucinta, entrando em contato através do comunicador. Até agora, não havia sido necessário. Apesar do clima tenso e da postura de ataque de Tony, Jemma estava se saindo bem.
Ela fitou Stark com um olhar ameaçador e, então, dirigiu-se a Rhodes
— Coronel, sabe que isso é ilegal.
Rhodes respirou fundo, balançando a cabeça de um lado para o outro.
— Eu não sabia disso... Tony, ela está certa. Terá de responder por essa atitude.
— Não terei problemas com isso – deu de ombros, aparentando indiferença – contanto que respondam pela irresponsabilidade de vocês. Doutora Simmons, encare os fatos! Os inumanos são uma ameaça.
— O Hulk era uma ameaça e vocês não hesitaram em integrá-lo à Iniciativa Vingadores.
— O foco, aqui, não é o Doutor Banner – ele a cortou energicamente – e, sim, a sua equipe de inumanos cuja líder é responsável por verdadeiras catástrofes.
— Catástrofes como as que ocorreram nas batalhas de Nova York e Sokovia que vitimaram inúmeros civis – ela respondeu no mesmo tom, elevando o volume de sua voz.
Stark vacilou diante daquele comentário, a perplexidade estampando sua face. Ela havia tocado em um ponto fraco. Ambos pareciam travar um duelo silencioso através daquela cáustica troca de olhares.
— Não foi isso que o fez ser um defensor fervoroso do Tratado de Sokovia, Sr. Stark? O fato de conhecer a mãe de um jovem morto durante uma batalha dos Vingadores?
Tony retorceu os lábios, contornando a mesa e aproximando-se a passos lentos de Jemma, a fim de ficar cara a cara com a diretora da SHIELD.
— Está tentando justificar? Porque se for isso, está fazendo da pior forma possível - rebateu, olhando dentro de seus olhos.
— Não. Estou sendo justa. – ela tratou de emendar – Desastres podem ocorrer.
— Devo lembrá-la dos princípios que regem o Tratado de Sokovia? Os inumanos assinaram, estou correto? O acordo traz à luz a responsabilidade sobre os próprios poderes. Deveriam fazer o possível para evitar desastres.
— O que estou dizendo é que há coisas que não podemos antever. Acha mesmo que não fazemos o possível para evitar calamidades? Acha que queremos isso?
Ele manteve o rosto apático diante daquela pergunta.
— Sabe que não – Jemma inalou profundamente, tomando fôlego para prosseguir – O Tratado de Sokovia funciona muito bem em tese, mas é imperfeito na prática. Perdoe-me, mas devo salientar que o anúncio do tratado e a posição de cada membro dos Vingadores trouxeram à tona conflitos de ordem pessoal bem no meio de uma discussão política. Algo que prejudicou e alterou o foco da equipe. Você fala em responsabilidade, mas muito mais do que ideológico, o embate foi por protagonismo e liderança, o que resultou em uma batalha infame e infantil do time em um aeroporto – a indignação e exasperação tomaram conta de seu tom de voz e expressão enquanto se dirigia a Stark, citando momentos que ele gostaria de esquecer.
— Está mesmo tentando transformar esse impasse em uma guerra? – indagou, sentindo-se ultrajado ao ter a verdade que ele relutava em admitir sendo despejada diante de si.
— Não. Muito longe disso. Na verdade, tenho uma proposta. – respondeu, mantendo uma postura firme e resoluta, a cabeça erguida – Essa não é a hora de duelarmos, Sr. Stark. Devemos agir em equipe. Nos unirmos. Não ficarmos uns contra os outros. Juntos, trabalhando em harmonia, seremos menos inconsequentes, ao invés de gerar mais caos. O senhor já teve seu grupo dividido... – ela pausou por um momento, espiando a reação de seu interlocutor – Enquanto os poderosos lutam, os verdadeiros inimigos comemoram as rupturas nas equipes, a dissonância de interesses, a desarmonia, a desestrutura... Isso apenas nos torna vulneráveis. E lhes dá abertura e tempo suficiente para engendrarem seus planos ardilosos e vencerem. Os inimigos não podem ser mais unidos do que nós. Não devemos ficar uns contra os outros e, sim, formar uma aliança firme e sólida, cujos interesses comuns antecedam qualquer desavença de ordem pessoal que possamos vir a ter. No final das contas, nós dois, Os Vingadores e a SHIELD queremos a mesma coisa. Temos o mesmo propósito.
O silêncio tomou conta do recinto por um breve instante, mas que pareceu durar uma eternidade. Especialmente para aqueles que assistiam na sala de controle, aguardando a réplica de Stark consumidos por uma expectativa angustiante. Rhodes e West, em contrapartida, permaneciam rijos, os semblantes indistintos.
Jemma, no entanto, estava segura de si. Ela viu o rosto endurecido de Tony se diluir em uma expressão hesitante e reflexiva, dando-lhe a certeza de que ele estava ponderando suas palavras.
— O que me diz, senhor Stark? – Jemma perguntou, já saturada daquele silêncio.
Ela o observou assentir vagamente com a cabeça, antes de finalmente se pronunciar.
— Temos um acordo! – proferiu a sentença sem vacilar em seu tom, soando decidido e estendendo a mão a fim de firmar aquele pacto.
Com um sorriso contido e auspicioso, Jemma tomou a mão dele na sua, em um aperto firme que selava a harmonia entre suas respectivas equipes.
Na sala de controle, todos puderam, enfim, respirar aliviados.
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O próximo é, provavelmente, o último capítulo.