Flores De Maio escrita por Maitê Miasi


Capítulo 35
O Triunfo Do Amor


Notas iniciais do capítulo

É o fim!! :'(



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Enfeite-se com margaridas e ternuras

E escove a alma com flores

Com leves fricções de esperança

De alma escovada e coração acelerado

Saia do quintal de si mesmo

E descubra o próprio jardim. – Artur da Távola

****

~Maria~

Na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Dessa vez, sentia e sabia que essas não eram apenas meras palavras, que seriam lançadas ao vento, e esquecidas​ na primeira discussão, mas elas seriam levadas a sério, seriam cumpridas a ferro e fogo, nós dois estávamos dispostos a cumprir o que foi dito por Deus, sermos um, uma só carne, e juramos isso diante dEle, e dos homens.

****

A festa estava perfeita, tudo aconteceu do que jeito que eu imaginei, e eu não conseguia esconder a minha satisfação, a felicidade que eu sentia naquele momento, e pra quê eu iria querer esconder? Sem sombra de dúvidas, eu era a pessoa mais feliz na face terra! Mas o que era a festa diante do que nos esperava? A noite de núpcias.

Eu queria logo sair da festa e ficar sozinha com meu San Roman, pra fazermos a nossa festinha particular, mas optamos por ficar mais um pouco, tive que segurar minha ansiedade, mas tinha certeza que valeria a pena a espera, o que a noite nós reservava valia a pena toda a espera.

Finalmente conseguimos sair da festa, depois de muitos beijos, abraços e felicitações, e fomos para o hotel. Nós dois preferirmos passar a noite em um hotel luxuoso, e viajarmos para nossa tão sonhada lua de mel no dia seguinte, afinal, nós não queríamos passar a nossa primeira noite de casados dentro dum avião.

Aquele hotel era simplesmente lindo, não consegui conter minha admiração ao ver a beleza daquele local. Fomos para o elevador, e ali estávamos nós dois, sozinhos.

— Sabe o que veio na minha cabeça agora? – Perguntei a ele com um sorriso brincalhão no rosto. Eu estava encostada na parede, e ele a minha frente, tentadoramente próximo a mim.

— Claro que eu sei, também me lembrei, aquele dia foi um tanto cômico. – Ele ria, e eu percebi que ele se aproximava lentamente de mim.

— Pois é, enquanto você estava morrendo de medo por termos que passar uma noite presos no elevador, eu me divertia com aquela situação, eu ri bastante aquele dia. – Ri, com as lembranças que me invadiram.

— Eu não estava com medo não Maria, aquilo foi pra ver você sorrir.

— Ah, claro, eu acredito! – Zombei dele. – Conta outra San Roman, eu não nasci ontem.

— OK, talvez eu estivesse com um pouquinho de medo...

— Um pouquinho? – O cortei, não ia perder a oportunidade de rir dele.

— Ah, tá bom Maria, eu estava com medo sim, satisfeita? – Admitiu. – Bom, eu acho que devemos parar de falar coisas que não são úteis, e fazer algo proveitoso. – Ele colou seu corpo ao meu, segurando minha cintura com as duas mãos, e com aquele sorriso sapeca que eu adorava.

— Algo proveitoso? Como o que, por exemplo?

Essa foi a deixa perfeita pra que ele tomasse meus lábios com fúria, como se estivesse insaciável. Quem se importa com as câmeras do elevador uma hora dessas? Ele segurava minha cintura com força, como se me quisesse fazer sua ali mesmo, eu sentia isso, enquanto eu envolvi seu pescoço com meus braços. Eu já estava perdendo o controle sobre meu corpo, minhas pernas estavam bambas, esse homem sabia muito bem como deixar uma mulher louca em apenas alguns minutos.

O elevador parou no nosso andar, mas não conseguimos nos separar, saímos ainda nos beijando, como um casal de adolescentes, ainda bem que não tinha ninguém no corredor. Entramos no quarto, ainda aos beijos, ele fechou a porta, cessamos o beijo, e com a respiração ofegante, ele me olhou de forma terna.

— Enfim, sós. – Sorriu, e colocou uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha.

Ele tomou meus lábios outra vez, mas dessa vez, foi um beijo calmo, mas o mesmo ia acendendo um fogo, um desejo incontrolável dentro de mim de ser sua, por completo, como um todo. Ele se pôs atrás de mim, e beijava meu ombro, meu pescoço, e subiu até a nuca, um arrepio de prazer tomou conta da minha pele. Ele foi tirando um por um dos arranjos que prendiam meu cabelo, até que ele estivesse solto. Sua mão esquerda ficou enterrada entre meus fios negros, enquanto, com a direita, ele abaixava a alça do meu vestido, deixando beijos quentes sobre todo o ombro direito.

Meu lado esquerdo não foi esquecido, e como poderia? Ele repetiu a mesma proeza deste lado, e eu agradecia a Deus em meu íntimo por esse homem ser tão... Ele. Não demorou, e meu vestido estava no chão. Me virei, e o olhei, fiquei na ponta dos pés, e o beijei, brinquei com seus lábios, até que um sorriso se formou entre o nosso beijo.

~Estêvão~

Eu a beijei, a beijei de novo, e depois, outra vez. Sentir o gosto de sua boca era algo prazeroso demais, era melhor do que o melhor doce já inventado pelo homem. Explorei lentamente seu colo com meus beijos, e fiz com que ela sentisse um arrepio quando minha boca foi de encontro ao seu pescoço, ela já estava estremecida em meus braços.

Nós ficamos nos beijando durante algum tempo, e eu percorria suas costas com minhas mãos, apertando-a, e puxando-a mais para mim. Abri seu sutiã, uma tarefa um tanto difícil, mas logrei êxito nessa missão, e logo aquela peça estava no chão, fazendo companhia para o vestido. A olhei dos pés a cabeça, não cansava de admira-la, essa mulher, a minha mulher, era toda maravilhosa!

A tomei nos braços, e fomos até nosso lugar preferido naquele quarto, a cama. Deitei-a na cama, e me coloquei por cima. A hora parecia que havia parado, congelado, para que pudéssemos aproveitar cada instante. Deixei seus lábios por um momento, e resolvi brincar com a situação. Abocanhei seu seio direito, ela se mexia prazerosamente embaixo de mim. Desci mais um pouco, beijei sua barriga, e acariciei, me recordando que ali estava sendo gerado mais um fruto desse amor tão grande que sentimos um pelo outro. Continuei descendo, e tirei a única peça que faltava, e fiz Maria se derramar de prazer.

Subi, ainda deixando beijos em sua pele branca, até que encontrei novamente sua boca. Agora, mais que nunca, ela estava insaciável. Ela tratou de tirar cada peça de roupa que eu vestia, da forma mais sensual possível.

— Estêvão, eu não aguento mais! – Ela disse quase numa súplica.

“Seu pedido é uma ordem meu amor!” – Pensei.

Prontamente atendido seu pedido, sem protestar. Com investidas firmes, e ouvia gemer meu nome, e aquilo me dava um tesão danado. Sua pele transpirava, um calor sobrenatural invadia nossos corpos.

Deixei que ela ficasse no controle, e eu segurava segurando em sua cintura, ver minha morena tão livre, sendo ela, me excitava. Nossos corpos diziam que aquele prazer estava por vir, quando voltamos à primeira posição. Com investidas fortes, chegamos ao ápice do prazer. Ainda dentro dela, tentando controlar minha respiração, sorri, e ela me sorriu de volta.

— E então? Como tá se sentindo, senhora San Roman?

— Melhor impossível!

Com as batidas do meu coração voltando ao normal, me deitei ao seu lado, e ela em meu peito, e não demorou muito tempo pegamos no sono.

****

~Maria~

O que dizer da noite de ontem? Maravilhosa! Tudo perfeito, como deveria ser. Dormi e acordei do lado do meu marido, marido, quando é que eu poderia pensar que diria essa palavra com uma alegria enorme? Sérgio não era um marido, era uma cruz que eu carregava, mas fui presenteada com alguém que fez e faz todos meus dias valerem a pena, finalmente, não vivo só por viver, ou apenas existo, hoje me sinto imensamente feliz, porque tenho motivos ótimos todos os dias para sair da cama.

Acordamos cedo, tomamos café, e nos arrumamos pra viajar. Não demoraríamos tanto senão ficássemos nos beijando a cada dez segundos, mas conseguimos chegar ao aeroporto sem atraso.

Um mês fora, esse foi o tempo que tiramos pra nós dois. A primeira vez que ficamos sozinhos desde quando nos conhecemos. Eu já estava morrendo de saudades de todos, mas fui egoísta só um pouquinho, sabia que eles estavam bem, e aproveitei cada segundo daquela viagem. Comemos um pouquinho de cada prato típico da cidade, fomos nos pontos turísticos, e tiramos fotos, muitas fotos, pra não nos esquecermos desses dias lindos, mas eu não iria esquecer, mesmo sem foto.

Infelizmente, o mês passou num estalo, e tivemos que voltar pra casa, mas nós prometemos que íamos fazer isso mais vezes. Chegando em casa, pude matar a saudade dos meus pimpolhos, parecia que eu não os via há uma eternidade. Eu não fui tão egoísta assim, tratei de comprar um presente pra todos, até pro Fernando e Lívia.

****

Voltamos as nossas tarefas diárias. Já estava com saudades do trabalho, e inspirada, pronta pra fazer os melhores perfumes do país, quiçá do mundo. O perfume Maria, já tinha sido lançado, e foi bem aceito pelas pessoas, sendo um sucesso absoluto. Um site publicou uma nota, dizendo que esse era a maior obra prima de Aquela Essência, que seria muito difícil nós superarmos esse, bom, do jeito que eu tô inspirada, eles não deviam duvidar muito.

Quando mais os dias, os meses de passavam, ficava mais próximo o nascimento da Liz. Com seis meses, Estêvão e minha mãe não queriam me deixar ir trabalhar mais, mas consegui enrolar os dois até sete meses, mas depois disso, não deu mais, fui obrigada a ficar casa.

Nove meses, enfim nove meses. Estava tudo preparado para a chegada da mais nova herdeira, mas essa anjinha estava com pressa de vir ao mundo, dois dias antes do programado, comecei a sentir dores, e fui levada ao hospital, eu estava com dor, mas Estêvão estava numa ansiedade só, ele estava me deixando mais nervosa ainda. Chegamos ao hospital de madrugada, estávamos Estêvão, minha mãe e eu, e às 03h20min AM, Liz nasceu, linda, saudável, e eu, mais uma vez, era a pessoa mais feliz do mundo.

— Ela é a sua cara meu amor! – Ele me disse, enquanto eu amamentava aquela bezerrinha.

Como tudo aconteceu dentro do normal, dois dias depois eu tive alta, e fui pra casa. A pequena Liz e eu fomos recebidas com festa. Senti que Enriquinho ficou com um pouquinho de ciúmes, mas mostramos a ele que ele era tão amado como ela, e não demorou muito pra que ele também babasse em cima da irmãzinha. Aninha me ajudava em tudo, dar banho, trocar a roupinha, e até tirar o cocô, Estêvão sempre arrumava uma desculpa quando ela fazia cocô, só pra não trocar, esses homens. Minha mãe era um anjo, principalmente quando ela sentia cólica, ou dor de ouvido, quando ela ia no colo da avó, acho que esquecia da dor, era instantâneo, como pode?

****

~Estêvão~

Alguns meses se passaram, e Liz já tinha passado da fase de só chorar, mamar, fazer cocô e dormir, agora, além disso, ela engatinha, arrisca uns passos, e vive colocando a mão onde não deve. Aquela casa era uma total bagunça, a frase que mais se ouvia durante o dia era “Liz, não!” essa garotinha era da pá virada. Eu sentia pena de mim e do Enriquinho, dois homens no meio de quatro mulheres, estávamos em desvantagem, e quando Lívia vinha pra cá com a filha? Era pior. Mas o que podíamos fazer? Era sentar e aceitar.

Minha vida estava perfeitamente, perfeita. Nada a reclamar, mulher maravilhosa, filhos maravilhosos, sogra maravilhosa, uma vida de contos de fada.

****

Alguns anos se passaram, dez anos. Muitas coisas aconteceram durante esses anos. Lívia e Fernando tiveram mais duas filhas: Amélia, com sete anos, e Alice, com cinco. Eu insisti pra que Fifi arrumasse um novo amor, mas ela disse que não, que queria curtir os netos. Enriquinho e Acsa ficavam cada dia mais amigos, tô achando que isso vai se tornar mais do que uma amizade, só eles que não vêm isso. Liz estava cada dia mais linda, a cara da mãe, mas infelizmente, ela tá naquela fase de querer ir pra escola sozinha, de ir à casa de amiguinhas, tô vendo que o trabalho que não tive com a Aninha vou ter com ela, já tô vendo cabelos brancos na minha cabeça. Maria e eu nos dedicamos ao máximo à empresa, e hoje ela tá dando lucro como nunca antes, mas Maria tá pensando em parar de fazer seus perfumes, e ficar só com as flores da estufa, ela disse que vai dar lugar para os novos talentos. Aninha, seguiu os passos de Maria, se apaixonou por perfumes, e se formou em química, deixando sua mãe cheia de orgulho.

— Vocês já estão prontos? Nós vamos nos atrasar! – Maria gritava pela sala, apressando todo mundo.

— Calma meu amor, daqui a pouco você vai ficar sem voz. – Beijei sua bochecha.

— Mãe, eu tô aqui, relaxa. – Enriquinho apareceu na sala

— Até que enfim né. Cadê sua irmã?

— Aqui mãe. – Liz descia as escadas. – Não sei por que a pressa, a gente vai chegar lá, e ainda vamos ter que esperar.

— Liz, colabora, sua mãe já tá nervosa.

— Tudo bem, desculpa mãe. Tio Fernando vai?

— Não, Fernando vai com Lívia resolver outra coisa – ela me olhou, eu sabia do que se tratava – talvez ele deixe as crianças com a gente antes de ir.

— Estou pronta! – Fifi apareceu, colocando o sapato no pé. – Podemos ir.

— Vamos logo, a família da oradora não pode ser a última a chegar.

Depois que todos estavam prontos, saímos. Hoje era o dia da formatura da Aninha, e ela foi escolhida para ser a oradora da turma.

Quando chegamos, já estava um pouco cheio, mas tinha alguns lugares reservado para nós. Foi bem emocionante ver todos os estudantes ali, com orgulho de si mesmo, por terem conseguido ir até o fim, e não parar no meio do caminho, mas mais emocionante, foi ver minha filha pegando o microfone, ela estava nervosa, mas não deixou que seu nervosismo tomasse conta de si, e falou com uma autoridade que eu nunca tinha visto.

— Boa tarde – todos os presentes responderam em uníssono – bom – ela suspirou – primeiro quero dizer que pra mim é uma honra estar aqui, representando minha turma, eu não esperava ser escolhida pra ser a oradora, mas fiquei imensamente feliz. Mas hoje não é simplesmente o dia da formatura, mas é o dia da despedida – ela olhou para os colegas e alguns professores que estavam ali – o dia de pegarmos o nosso merecido  troféu, é o dia do fim, e também do  começo. Foi difícil chegar ate aqui, mas fomos fortes, não desistimos, motivos não faltaram, mas chegamos até aqui. Tenho muito a agradecer, aos colegas, professores, mas principalmente a Deus, por ter estado comigo em todos os momentos. Ao meu pai, que me ensinou o que eu precisava pra chegar aqui, meus irmãos, por fazerem silêncio quando eu tinha que estudar – Enriquinho e Liz sorriram – Lívia e Fernando, que não estão aqui, por sempre me fazerem rir, mesmo coma tensão pré prova, a minha vó Fifi, por preparar as melhores comidas do mundo pra mim, e a minha mãe – ela sorriu de forma diferente – não tenho palavras pra expressar o quanto sou grata a você, por ter me aceitado como filha, e me amado como tal. Você sempre vai ser meu espelho, e esse diploma, eu dedico a você. Enfim – ela já estava em prantos – um novo mundo se apresenta a nós agora, que nós tenhamos a mesma garra que tivemos até aqui, e persistir sempre, porque o maior segredo do sucesso, é nunca desistir, e eu sou feliz, pois tenho exemplo de insistência e perseverança bem pertinho de mim. – Ela olhou pra gente.

~Maria~

Chorei tanto vendo minha filha falando daquele jeito, tão adulta, tão independente.  De formatura só seria no dia seguinte, então decidimos fazer um piquenique, na beira do lago. Nós fomos na frente, e organizamos tudo, e ficamos a espera de Fernando e Lívia.

— Caramba, cadê a tia Lívia e o tio Fernando mãe?

— Calma Liz – olhei para o relógio – eles já devem estar chegando.

Eu estava ficando preocupada, eles realmente estavam demorando, mas não passei minha preocupação para eles, e fiz parecer que estava tudo sob controle. Quando olhei para o lado, vi Fernando estacionando o carro, e suspirei aliviada. Vi quando ele, Lívia e uma terceira pessoa saíram do carro, os outros também olharam, Estêvão, minha mãe e eu sabíamos de quem se tratava, mas as crianças ficaram a se perguntar quem seria a terceira pessoa.

— Boa tarde a todos!

Todos se calaram diante daquela saudação.

— Cecília? – Minha mãe não acreditou quando a viu, ela não sabia que ela ia sair da prisão.

— Oi Fifi – ela sorriu, mas estava visivelmente sem graça – espero que eu não esteja atrapalhando.

— Claro que não Cecília, é que minha mãe não esperava você aqui.

— Vocês deveriam ter dito a ela, Fifi, se te incomoda minha presença, eu vou embora, não quero estragar à tarde de vocês. – Ela ia se retirando.

— Não, Cecília, espera! – Ela disse, sua voz tinha certa intensidade. – Fique conosco, estamos comemorando a formatura da Aninha, e vamos ficar feliz... Com sua presença.

Fiquei tão feliz com as palavras da minha mãe, não esperava essa atitude dela, bom, eu concordei com Fernando quando ele sugeriu em trazer Cecília pra cá, mas confesso que temia por uma possível reação contrária da minha mãe, mãe que bom que ela não agiu de forma rude, agiu como a boa e velha Fifi.

— O que estamos esperando pra comer? Estou morrendo de fome! – Disse Fernando atacando alguns biscoitos amanteigados.

Tudo seguia tranquilamente​ bem. Cecília não se importou em responder algumas perguntas, principalmente de Enriquinho, Acsa, Liz, Amélia e Alice, pois não faziam ideia de quem era ela, e o porquê de ter ido para prisão. Embora ​estivéssemos fazendo o possível para que ela se sentisse a vontade, ela ainda ficou um pouco sem graça no começo, mas conversa vai conversa vem, ela se soltou, e acho que ela já se sentia em família.

— Então Maria – dizia Fernando com uma vara de pesca na água – quando nós vamos sair pra saltar de asa delta? – Ele perguntou sorridente.

— Nunca né Fernando, que pergunta. – Não acreditei que ele havia me perguntado aquilo.

— Ué, pensei que você fosse doida pra fazer esse tipo de coisa meu amor! – Disse Estêvão.

— Minha mãe? – Liz deu uma pequena gargalhada. – Eu duvido.

Dei uma olhada para Liz com rabo de olho, ela riu mais ainda.

— Sim, eu queria, mas acho que não tenho mais coragem. Não aproveitei antes, agora descartei isso definitivamente da minha vida.

— É melhor assim, não quero ver você lá no alto, com o risco de cair no chão toda espatifada. – Disse minha mãe preocupada.

— Ai mãe, que horror.

Fernando e Lívia ficaram insistindo nessa ideia de esportes radicais, Liz ficou debochando, e minha mãe ficou rezando pra que eu não mudasse de ideia, e com certeza, eu não mudaria, me sinto muito bem com os dois pés no chão.

À tarde que passamos juntos não poderia ser mais agradável. Fiquei imensamente feliz por, pela primeira vez, ver minha mãe e Cecília conversando de forma amigável, como duas irmãs, que brigam de vez enquanto, mas que não deixam de se amarem, tomara que uma bela amizade surja entre elas, Cecília vai aproveitar essa chance, esse novo começo, e ela tem tudo a seu favor.

— Como você tá se sentindo?

Aposto que Estevão me perguntou isso, por causa da minha cara. Nós estávamos numa canoa, e eu olhava pra eles, que estavam na beira do lago, com um sorriso, e uma alegria enorme no peito.

— A mulher mais feliz do mundo! Não sei se você tá sentindo isso, mas parece que meu coração vai explodir de tanta alegria. – Eu não conseguia conter um sorriso.

— Eu sei o que você tá sentindo, acho que somos uma família de sorte, não? – Ele parou de remar, e ficou a me olhar.

— Pois é. – Me calei por alguns segundos, novamente olhando para eles. – Obrigada San Roman.

— E por que você tá me agradecendo? – Ele me olhou confuso.

— Por ter aparecido na minha vida, por tê-la virado do avesso, por insistir em nós, por me dar as melhores coisas que eu poderia ter, por sempre estar do meu lado em todos os momentos, e principalmente, por me amar.

— Eu faria tudo de novo por nós meu amor. – Ele se aproximou, e tocou meu rosto.

— Eu te amo...

— Repete isso, por favor.

Como num impulso, eu fiquei de pé, e abri os braços, e busquei forças dentro de mim, para gritar o quanto eu o amava.

— Eu te amo Estêvão San Roman! – Creio que minha voz saiu um pouco alta demais, os que estavam na margem, viraram-se de imediato para nos olhar.

— Maria, você vai cair na água!

— Eu te amo!

Repeti com todas as minhas forças, e por um descuido, me desequilibrei, e caí na água. Fiquei alguns segundos submersa, o que fez Estêvão se jogar na água a minha procura.

— Maria, cadê você? – Ouvi sua voz meio embaçada, mas notei preocupação na mesma.

Depois de não conseguir mais ficar debaixo d'água, retornei, e o vi de costas, ainda chamando por mim, dei mais um mergulho, e fui até ele.

— Eu tô aqui. – Disse abraçando-o por trás, com uma voz suave.

— Maria – se virou para mim – você me assustou.

— Desculpa meu amor – envolvi seu pescoço com meus braços – não queria assustar você.

— Claro que eu te desculpo, eu você acha que eu conseguiria ficar chateado contigo.

— Ah é? Vou começar me aproveitar mais disso. – Roubei um selinho seu.

— Bom, acho que no final, vai ser favorável pra nós dois. – Ele sorria com uma cara maliciosa.

— Sempre.

— Eu te amo Maria, mas do que a mim mesmo. – Sua voz era intensa.

— Eu também te amo San Roman.

Ele tirou alguns fios molhados do meu rosto, e tomou meus lábios para si. Nos beijamos como na primeira vez, quando estávamos descobrindo aquele sentimento lindo, que hoje, aprendemos a fazer crescer um pouquinho mais todos os dias, e nos beijamos como se aquela fosse a última vez, era assim que nos amávamos todos os dias, como se não houvesse mais amanhã, como se aquela fosse a última oportunidade que a vida nos dava, uma oportunidade de recomeçar a cada manhã, fazer desse novo dia, melhor que o anterior.

FIM!


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