— Black, Vega.

Só de olhar para a garota, todos sabiam que Vega não era uma primeiranista comum.

O fato de não ter sido sorteada ainda não era um impedimento para que ela manifestasse a sua real vontade, a sua casa de coração e alma, na forma de uma insígnia de leão presa à capa do uniforme.

A ideia foi de seu pai Sirius e, embora seu pai Remus tivesse se colocado contra a ideia, ela sabia que a pequena veia rebelde dele aprovava, e desejava que aquela insígnia fosse como um trevo, que a desse sorte.

Ciente da reação que causava, lançou um olhar à mesa da Gryffindor, onde Harry observava atentamente como ela dava passos calmos e calculados até o banco, deixando o chapéu escorregar das mãos da professora McGonagall até a sua cabeça.

— Gryffindor.

Ela sorriu, sabendo que o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas devia estar contendo-se para não comemorar tão efusivamente quanto os integrantes da casa vermelha e dourada.

— Reputação de professor — ela riu para seus adentros, antes de seguir caminho até os seus já conhecidos amigos.

— Boa, estrelinha! — George estendeu a mão para que ela batesse.

— Não deixe meu pai te escutar me chamando assim — Vega replicou.

— Que Hogwarts guarde na memória o dia em que a primeira marota pisou os pés aqui — narrou Fred, divertido.

Um garoto, também do primeiro ano, abriu a boca para conversar com Vega, mas calou-se diante dos olhares fuzilantes dos gêmeos e Harry.

— É um absurdo vocês quererem que a filha de Sirius Black aja como se estivesse no celibato! — comentou Vega, irritada.

— Você tem onze anos! — observou Fred, chocado com o comentário.

Ela apenas sorriu, como se estivesse debochando de todos ali, o que era bem provável.

— E quando você acha que ele começou?

E a menina falava desses assuntos com a maior tranquilidade de todas. Certamente, era isso o que surpreendia todos que tinham a oportunidade de conversar com ela, fosse quem fosse.

Talvez fosse por esse motivo que, depois de anos negando a oportunidade de emprego, Remus Lupin aceitou o cargo de professor.

Ela poderia irritar-se, mas via uma grande oportunidade de deixar todos ao seu redor com os cabelos em pé. Cartas e berradores não eram tão divertidos, afinal de contas.

— Você sabe que ele é gay, né? — Vega perguntou à sua colega, no final de uma aula, vendo como ela parecia encantar-se por seu pai.

Não esperou por uma resposta, que provavelmente não viria, antes de partir feliz para a próxima aula.

— E aí? Como foi a sua primeira semana?

Vega sorriu para o espelho, antes de ajeitar-se na cama.

— Normal — ela deu de ombros — Não é como se você não soubesse.

— Queria estar aí — Sirius reclamou.

— Se você se transformasse em um gato... Eu poderia dizer que é o meu mascote.

Sua expressão deixou bem clara a sua opinião sobre a ideia.

— Você sabe que te amo, não é, filha?

Ela sorriu.

— Eu sei.

— Só isso?

Ela riu.

— Te amo, pai.