Red Dancing escrita por Lola Carvalho


Capítulo 3
Capítulo 2




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— Hey, Patrick! - disse Grace quando o rapaz entrou em seu quarto - Como foi seu primeiro dia?

— Meh, como todos os anos! - respondeu - E você, como está?

— Estou bem. Me encontrei com Craig ontem…

— Infelizmente, eu também. E o que você fez?

— Bem, ele tentou me dizer novamente que era minha culpa, blá blá blá… - ela respirou fundo - E eu disse para ele não falar mais comigo.

— Fez bem. Não consigo acreditar na cara de pau daquele sujeito!

— Eu também não… Se bem que, às vezes, acho que eu podia ter prevenido tudo isso de acontecer

— Grace, por favor! Como você poderia saber que ele era tão sem caráter? Você estava apaixonada, afinal de contas

— Eu sei, eu sei… Mas eu poderia ter te escutado, por exemplo - ela olhou para cima e continuou - Ele era bom demais para ser de verdade. E eu sempre sonhei em encontrar meu “príncipe encantado”.

— Uma romântica incorrigível - zombou Patrick

— Pois é… Mas o mais triste dessa história é que agora eu estou sem noivo e ainda não tenho o dinheiro para ajudar na cirurgia da minha sobrinha.

— Você devia me deixar ter uma conversa com Craig. Eu iria fazê-lo devolver tudo o que ele roubou de você.

— Deixa isso pra lá, Patrick. Não quero você envolvido em encrencas - depois de alguns instantes de silêncio - E não foi propriamente um roubo. Estávamos-

— Você estava - ele a corrigiu

— A ideia era que juntássemos dinheiro para nos casarmos. Eu cumpri com a minha parte

— E ele se aproveitou da sua inocência e paixão, e roubou seu dinheiro. Eu devia ter te impedido.

— Você não conseguiria me impedir. Até porque eu ia começar a pensar que você estava com ciúmes - brincou

— Mas eu tenho ciúmes de você - seu tom era sério

— Patrick, você sabe que eu te amo do fundo do meu coração, não sabe? Nós já tentamos namorar e não deu certo. Somos amigos demais para isso.

— Sim, sim, eu sei… Isso sem contar que eu cortaria o coração do meu primo.

— Do seu primo? Por quê?

— Ué, ele é apaixonado por você!

— Ha-ha, muito engraçado

— Mas é verdade!

— Pare de falar bobagens só para tentar fugir do assunto.

— Que assunto? Nós dois como namorados?

— Você sabe… A Angie - o rapaz permaneceu quieto - Você precisa superar o que houve, Patrick. Se ela te largou, era porque não te merecia.

— Eu sei, eu sei… Mas acho que está usando essa arma para fugir do assunto “nós dois como namorados”

— Patrick, acredite em mim. Você me ama como amiga, como irmã, talvez - ela respirou fundo - Acho que está pensando em nós como algo a mais como forma de se esquivar de seus sentimentos por Angie.

— Eu não tenho mais sentimentos por ela, esse seu pensamento é ridículo.

— Não é não. E eu estou te falando isso como amiga - ela pegou as mãos dele e o fez olhar em seus olhos - Prometa para mim que irá pensar sobre isso? Que irá tentar seguir em frente?

— Está bem - ele disse após alguns instantes.

Ele sabia que Grace estava certa, mas estava ferido demais para admitir isso para quem quer que seja.

 

Teresa, Kim e Alice estavam no quarto, arrumando-se para o dia. Peter havia prometido ensiná-las a jogar golf, depois do café da manhã.

— Então, mãe, o que achou de Craig? - perguntou Kim

— Parece um bom rapaz.

— Acho que ele irá me convidar para passar algum tempo com ele - comentou animada - Não vejo a hora de vê-lo de novo.

— E você, Teresa? Ansiosa para ver o… Qual era mesmo o nome dele?

— Walter - respondeu Teresa - E não. Não estou nem um pouco ansiosa.

— Coitado do rapaz - começou Kim - Podia ver que ele estava sofrendo em ter sido empurrado para você, ontem.

— Kim! - repreendeu sua mãe, mas antes que pudesse continuar, uma batida à porta as interrompe

— Só um momento - disse Teresa e foi abrir a porta - Walter! - exclamou

— Teresa! Que bom te ver! - ele sorriu - Estava passando por aqui perto e… - ele colocou as mãos nos bolsos da calça, sem graça - Bem, na verdade minha cabine fica do outro lado do resort, eu vim aqui de propósito mesmo para te chamar para dar uma volta comigo. Você aceita?

— Walter eu…

— Se não estiver ocupada, claro.

— Claro que ela aceita - Peter intrometeu-se na conversa, sorrindo.

Walter olhou para a moça esperançoso, esperando uma confirmação dela.

— Vou apenas calçar meus sapatos - disse sorridente.

Era estranho tudo aquilo que estava acontecendo nos sentimentos de Teresa. Ontem ela se irritou quando as pessoas diziam que ela era namorada de Walter e hoje, mesmo sabendo que eles andarem juntos pelo resort faria mais e mais as pessoas terem esse pensamento, ela não se importou. Inclusive, ela achou bom o fato do rapaz ter vindo até ela para convidá-la.

Após calçar os sapatos, Walter ofereceu seu braço para que ela segurasse e ambos saíram andando, com tímidos sorrisos nos rostos.

 

— Está gostando do resort? - perguntou Walter

— Estou sim. É um lugar bem aconchegante.

— Já foi à praia?

— Não, ainda não.

— Era isso que iriam fazer hoje e eu interrompi seus planos?

— Não, na verdade meu pai ia nos ensinar a jogar golf.

— Ah! Bom passatempo, é realmente relaxante.

— Bem, já tentei jogar golf outras vezes e, honestamente, não gostei muito - ela torceu os lábios - afinal, é só acertar uma bola no buraco. E as pessoas ficam o dia inteiro nisso. Você me livrou do tédio de praticar esporte de riquinhos - Walter gargalhou - O que foi?

— Sou campeão de golf por três anos seguidos - respondeu ele

— Oh, meu Deus, me desculpe. Eu não queria…

— Relaxe, Teresa - ele riu - Achei engraçado. Gosto de mulheres com opinião própria - ele disse olhando para os olhos dela - e quanto ao ser rico, qual o problema nisso?

— Nenhum problema, na verdade. Mas acho ruim a forma com que algumas pessoas ricas vivem.

— Como assim?

— Bem, como em um pedestal, não descem para nada, só se importam com o próximo carro que irão comprar, ou com a próxima viagem que irão fazer.

— E onde as coisas ruins começam? - perguntou em um tom sedutor, inclinando-se para ficar mais próximo de Teresa.

Os rostos se aproximaram mais e mais e Teresa não continha o sorriso, sabendo o que estava prestes a acontecer.

— O desfile das perucas começou, Senhoras e senhores! - gritou Wayne no alto falante, assustando Walter e Teresa que se afastaram abruptamente - Aproveitem para se divertir, o vencedor ganhará um super prêmio.

Envergonhados os dois, disfarçaram o que havia acontecido e prosseguiram com seu passeio.

 

Kim esquivou-se de sua aula de golf para ir até o desfile de perucas.

— Ficou bonita de cabelos loiros - comentou alguém atrás dela e ela, então, virou-se para ver quem era

— Craig! Que surpresa vê-lo aqui.

— Uma surpresa boa, eu espero.

— Sim, ótima surpresa! - sorriu

— Estava pensando… Você por acaso tem algo de importante para fazer hoje, no jantar?

— Talvez… - respondeu de forma evasiva

— Bem, se não tiver nada planejado, tiraria um tempo para dar uma volta comigo?

— Me busque antes do jantar, então - o rapaz sorriu com a resposta e saiu.

***

Walter e Teresa caminharam a manhã inteira, conversando sobre nada e rindo das coisas mais estranhas possíveis.

Eles estavam agora sentados lado a lado em um banco, à frente de um pequeno lago.

— É sério - dizia o rapaz - e ainda tive de ficar lá o resto do jantar!

— Você é hilário - disse Teresa rindo - Impossível essas histórias que me conta.

— Tudo verdade!

— Mesmo? - ele assentiu - Até aquela história de Paris?

— Bem, posso ter exagerado um pouquinho nesta.

— Aham, sei.

— Está com fome? - perguntou Walter, mudando de assunto

— Um pouco.

— Almoça comigo?

— Não sei… Talvez meus pais estejam esperando por mim.

— Teresa, não se preocupe, eles sabem que você está comigo - ele sorriu - Não sou nenhum lobo mau.

— Não foi isso que eu quis dizer, Walter.

— Eu sei, eu sei… - ele respirou fundo - Desculpe, tenho essa mania de ir rápido demais - ele voltou os olhos para a menina - Mas irei no seu ritmo.

— Obrigada.

— Sabe de uma coisa? - ele a fez olhar em seus olhos - Gosto mesmo de você.

— Obrigada - respondeu Teresa, sem saber o que mais dizer.

Ela também gostava de Walter, mas era muito cedo para admitir isso a ele, já havia passado por uma situação como esta anteriormente, com Greg (um amigo que ela conhecera na escola) e havia falhado por ter sido rápida demais em dizer que gostava dele.

Não cometeria esse erro novamente.

Walter fez questão de acompanhá-la até sua cabine, e quando estavam já bem próximos, Teresa avistou Grace, a garota que ela vira com Patrick, na noite anterior. Ela chorava e estava sentada no chão, encolhida em um canto.

Logo quando a ruiva percebeu quem estava ali, espantou-se, imaginando a bronca que levaria por não estar onde deveria.

— Walter, acho que vi minha irmã ali daquele lado - Teresa disse ao rapaz, forçando-o a olhar para a direção contrária, já que ele ainda não havia visto VanPelt

— Mas não quer ficar na cabine? Já estamos tão próximos - ele fez menção de voltar

— Não! - interrompeu ela - Vamos por aqui

— Ok - respondeu ele, sem perguntar mais nada

Após chegarem ao outro lado e não encontrarem Kim (ou ninguém da família, diga-se de passagem), Walter quis levá-la de volta à cabine.

— Não, pode deixar que eu irei procurá-los. Você disse que estava com fome, não quero te atrasar - antecipou-se

— Não tem problema, Teresa - respondeu ele

— Eu insisto. Nos veremos mais tarde, talvez.

— Está bem - concordou o rapaz - Até mais tarde.

Logo que Teresa se viu livre dele, saiu correndo até o salão de jogos, onde havia visto Wayne pela última vez.

— Wayne! - gritou a menina, vendo que Patrick estava logo ao lado do rapaz - Vem! É a Grace.

Com medo do desespero em que Teresa lhes falara, os dois saíram correndo atrás dela, até encontrarem a ruiva, ainda chorando.

Patrick a pegou no colo e a levou para o alojamento dos funcionários. Teresa seguiu-os.

— O que houve, Grace? - perguntou Patrick

— É a minha sobrinha. Parece que a situação dela piorou e minha irmã não tem como pagar pela cirurgia ainda - respondeu após recuperar o fôlego

— Se ao menos Craig não tivesse… - começou Wayne

— Wayne! - interrompeu Patrick - Não diga na frente dela!

— Ela não contará para o Walter - disse Grace - Se ela quisesse, já o teria feito quando me encontrou

— Craig era noivo de Grace - Wayne tomou a frente - eles estavam juntando dinheiro para se casarem.

— Mas ao invés dele contribuir com as economias de Grace, ele usou o dinheiro dela - continuou Patrick

— E nós descobrimos recentemente que minha sobrinha precisa de uma cirurgia, e eu iria adiar o casamento e usar minhas economias para ajudá-la - disse Grace

— E foi quando ela descobriu o roubo

— E quanto é a cirurgia? - perguntou Teresa

— Duzentos e cinquenta dólares.

— Mas se dinheiro é o problema, sei que Craig pode te pagar.

— E você acha que ela já não tentou isso? - perguntou Patrick, irritado, levantando-se e caminhando até ela - Não sei se já te falaram, mas o mundo não é o conto de fadas que você vive. O mundo é feio e é feito por pessoas feias e essa ilusão que você tem de querer salvar e ajudar todos ao seu redor é inútil!

— Patrick! - interrompeu Grace

Teresa aproveitou o momento para se retirar, sentindo-se intimidada pelo rapaz.

— Ela só estava tentando ajudar - Teresa pôde ouvir do outro lado da porta


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Notas finais do capítulo

No Próximo Capítulo...
Teresa consegue dinheiro para ajudar Grace, e ganha uma confusão de brinde que a fará duvidar de tudo o que acreditava sobre si mesma.



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