Joan PDV

Abracei Sam e ele retribuiu.

- Ai, Sam, meu estomago!

- Desculpa. - Sam disse soltando-me.

- De onde vocês se conhecem?

- Dean, você não se lembra?

Dean parou de me olhar e passou a olhar para Sam.

- Rapazes, acho melhor irmos indo, antes que me peguem.

Saímos do hospital sem dificuldade, a segurança dele sempre foi péssima.

- Cara, você não se lembra mesmo da Joan? – Sam fitou o irmão, que nada disse, perplexo.

- Lembra quando éramos pequenos, e nosso pai veio pra cá em uma caçada?

- Ah, e nós passamos um tempo na casa de um amigo dele, um tal de Joseph? - Dean perguntou abrindo a porta do carro.

- Joan? Você é aquela Joan, irmãzinha do Joe? –  Já dentro do carro, Dean virou-se, agora me fitando surpreso.

- Sim. – Sorri.

- Uau, como você cresceu, hein... Nada mal! – Ignorei o comentário do Winchester.

- Então... Você pode nos contar o que realmente aconteceu? – Perguntou mudando um pouco de assunto e ficando em silêncio esperando pela minha resposta.

- Azazel... Azazel esteve em minha casa ontem. – Os irmãos se entre olharam rapidamente.

- Mas por quê? – Agora era Sam quem questionava.

- Não sei... Mas ele me disse que meus pais não eram boas pessoas assim como Joe e eu, e que eu devia me envergonhar deles.

Novamente se entre olharam, mas dessa vez por mais tempo como se estivessem se comunicando silenciosamente.

- Demônios mentem. – Dean voltou a me encarar. – Ainda mais aquele desgraçado de olho amarelo.

Ficamos alguns segundos em silencio nos encarando.

- Então... Aonde iremos? – O loiro virou para frente dando partida.

- Vocês podem me levar até minha casa?

- Claro.

---

- Fiquem à vontade. Ah... Tem cerveja na geladeira.

Sabia como caçadores adoravam cerveja. Lembro-me de uma vez que sai para caçar com Joe e ele me levou em um bar de caçadores. Eles bebiam litros e litros de “puro álcool” e continuavam bons de mira. Aquele pensamento me fez querer rir, mas não era momento para isso.

Subi as escadas me dirigindo ao quarto. O carpete do corredor ainda estava molhado, fazendo-me lembrar o que havia acontecido ali.  Fui até meu armário e achei uma velha mochila e a joguei em cima da cama. Peguei algumas roupas; calças, camisetas, uma jaqueta e roupas intimas, junto com um par de botas que calcei na hora. Abri a gaveta do criado mudo e peguei uma lata em qual guardava minhas economias. Somando tudo que havia na lata, dava uns seiscentos dólares. Foi tudo o que consegui juntar, por um ano, trabalhando naquele moquifo.

Agora na garagem, eu precisava da ajuda dos garotos.

- Dean, Sam! – Não demorou muito e eles apareceram à porta. Dean estava segurando uma arma.

- Calma, só quero a ajuda de vocês pra arrastar essa prateleira.

Eles afastaram bem a prateleira assim como pedi.

Apanhei uma chave de fenda e pedi uma cadeira a Sam, que perguntou o porquê de tudo aquilo.

- Joan, o que está fazendo? Não tem nada ai.

- Aparentemente não.

Subi na cadeira e coloquei a chave de fenda em uma pequena, quase imperceptível, fresta na parede.

- Segura aí, cuidado.

Forcei a chave de fenda fazendo a placa de gesso cair.

Dean a colocou cuidadosamente, encostada em um canto.

Podia jurar que os olhos do Winchester mais velho brilharam quando viu meu arsenal secreto.

- Igualzinho o de filmes não é, Sammy? Hahaha.

Não pude deixar de rir rapidamente com o Winchester.

Não sei, mas Dean me fazia rir. Mesmo em momentos como esse, que não estão nada fáceis ultimamente.

Peguei um saco pardo, que era onde Joe colocava as granadas de sal, e as joguei lá dentro.

Prendi em minha bota, a faca de prata que Joe meu deu em meu sétimo aniversário. Nela estava gravado Little Sister. Lembro-me exatamente do que Joe me disse na noite em que me presenteou com ela.

# Flash Back On #

- Feliz aniversário pirralha. – Sorriu entregando-me um pequeno embrulho mal feito.

Peguei o presente das mãos dele feliz da vida.

- Cuidado. – Alertou.

Abri, agora mais devagar, o embrulho.

Quando vi fiquei meio que... Surpresa, pois Joe sempre me disse pra ficar longe de suas armas e facas e agora estava me dando uma?

- Então... Gostou?  - Ficou me olhando aguardando a resposta.

Como eu sentia falta daquele olhar fraternal e sem maldade do meu Joseph Collins. Pra mim, o homem mais importante da Terra. O único que cuidou de mim, devido ao acidente dos meus pais quando ainda só tinha seis meses de vida. Saudade é um sentimento que não me falta ultimamente, e sei que se ficar assim, aqui me martirizando, as coisas só vão piorar com o tempo.

Novamente olhei a faca e vi algo escrito.

Little Sister

- Claro que sim, Big Joe! – Acabei com o mistério e lhe dei um abraço bem apertado que foi retribuído igualmente.

Quando era pequena apelidei Joe de Big Joe, pelo fato de ele ser bem maior do que eu.

Nosso abraço foi interrompido pelo som da campainha tocando.

Big Joe abriu a porta enquanto aguardava um pouco atrás.

- E aí John, irmão!

- Olá, Joe! - Meu irmão abraçou o homem de cabelos negros, chamado John.

De trás desse tal de John, saíram dois garotos. Um mais alto, loiro e com algumas sardas e outro mais baixo, de cabelos em corte tigela, castanhos.

- Tchau, gatinha. Cuidado, não abra a porta pra ninguém e não saia sozinha! - Joe me deu um beijo na testa e saiu com John.

Assim que a porta se fechou o garoto das sardas virou-se para mim.

- Joan, não é? Eu sou Dean e esse é o Sam. – Sam acenou rapidamente.

- Faca maneira. – Dean apontou para ela que ainda estava em minhas mãos.

Sorri mostrando a janelinha que havia em minha boca.

# Flash back off #

***

(Continua...)