O local era escuro e o cheiro fétido do galpão desorientou o detetive Reuss, pegando-o de surpresa. Não ouvia nada além do leve gotejar que vinha dos canos presos na parede do local e do eco provocado pelo pequeno salto dos seus sapatos. Estava frio, podia ver o vapor saindo pelas suas narinas enquanto respirava. Seguiu em frente, cautelosamente, com a arma junta ao corpo.

Olhava em volta atenciosamente, procurando por qualquer coisa que se movesse. Precisava achá-la, havia prometido a sí mesmo que não deixaria mais ninguém se machucar por sua causa.Subiu mais um lance de escada. Embora o frio dominasse o local, algumas gotas de suor se formavam em sua testa.

O nervosismo era grande, parecia até que era a sua primeira missão de resgate. Seu coração batia acelerado em seu peito, parecia o dia em que pediu para ir com a Phoebe ao baile do colégio. Podia ouvir agora a sirene das viaturas da polícia subindo pela avenida, mas isso não foi o suficiente para acalmá-lo

Reuss examinou o corredor escuro e caindo aos pedaços. Seguiu adiante até uma porta que exibia uma fina luz amarelada. Encostou o ouvido na porta e escutou uma pequena movimentação pelo quarto. Era ali que ela estava, finalmente poderia tê-la ao seu lado novamente.

— Encontrei ela, vou entrar. — Reus sussurrou pelo comunicador preso na sua orelha esquerda.

— Afirmativo. — Jinx respondeu do outro lado da linha. — Vou me posicionar no prédio em frente. Vamos pegar esse cara agora.

— Vamos resolver isso logo.

Respirou fundo. Toda a operação dependia apenas do seu próximo movimento. Jessica dependia do seu próximo movimento. O peso do mundo caía por sobre os seus ombros nesse exato momento. Passou a mão no rosto e deu um passo para trás. Deu um chute na porta e ergueu a arma na direção da primeira pessoa que encontrou: Angus Espinosa. Ele usava a Jessica como escudo, encostando o cano de sua pistola na cabeça dela. Ela estava amordaçada com um pano branco. Usava apenas um jeans preto uma regata branca suja de sangue na altura do abdômen. Seus cabelos castanhos estavam desgrenhados e alguns fios grudavam em seu rosto, graças as lágrimas que haviam descido por ele. Seus olhos castanhos esverdeados lhe imploravam por ajuda

— Não vai anunciar que você é da polícia de Nova York? — Angus comentou com um pequeno sorriso no rosto.

— Cala a boca e larga ela. — devolveu Reuss.

— Você sabia que a porta estava aberta?

— Cala a boca e larga ela! — bradou.

— Você está muito nervoso, rapaz. — A calma de Angus só aumentavam a fúria do detetive.

— Eu tenho ele na mira. Permissão para atirar? — Jinx chamou pelo comunicador.

— Negativo. — Reuss respondeu. — Você pode acertar a Jessie.

— É o Jinx que está no seu comunicador? — Angus se intrometeu. — Oi, Jinx.

Espinosa virou o rosto para olhar pela janela do quarto e foi nesse momento em que um tiro foi disparado, iluminando todo o local e fazendo o barulho ecoar pelo galpão.