Dakota: 

Ficar muito tempo sozinha nunca foi um problema para mim, desde os quatros anos de idade que não sei o que é ter minha família ao meu lado, no fim das contas fiz das meninas do Blue Light -internato onde moro –minhas irmãs, minha diretora Samantha -ou Sam para os íntimos- uma espécie de tia, o papel de meus pais foi assumido por nossa coordenadora pedagógica Erica e meu professor de literatura Nial, eles foram as únicas pessoas constantes ao longo dos últimos quatorze anos da minha vida.

Mas está chegando o momento de dizer adeus a eles também, uma das principais regras do internato é o prazo limite de permanência,-apenas seis meses após completar a maioridade,- como hoje é meu decimo oitavo aniversário, o relógio está começando a correr contra a meu favor. O que fazer de agora em diante, a quem recorrer? Esse é um dos preços de se crescer sem saber quais suas origens.

À muito até mesmo os presentes em datas comemorativas pararam de chegar, não sei onde meus pais moram ou se ao menos estão vivos, em todo caso prefiro pensar que sim, já é ruim o bastante não os ter por perto, imagina-los mortos seria uma verdadeira tortura.

A única coisa que ainda me alegra nesse lugar, que por enquanto ainda posso chamar de lar é a visão dos céus que tenho todo fim de tarde. Jamie –bem, eu acho que esse é seu nome , já que não se pode confiar muita nas história de Bella, ela tem mania de colocar se mesmo e a mim em enrascada, por não conseguir controlar sua mente criativa, e foi ela quem  disse que seu nome era esse, - ele está como toda tarde, lindo de viver na sua Haley Davidson preta, seu cabelo bagunçado pelo vento deixando-o ainda mais desejável, minhas mãos formigam com a vontade que sinto de sentir a textura deles, assim como sinto um desejo terrível de sentir seus lábios, que mesmo a distância tenho quase certeza que são extremamente macios e viciantes, um beijo, um único e mísero beijo Seu hoje fariam desse dia sombrio o mais especial de todos, porém  não irá acontecer, ele nem se quer sabe que existo, sempre o observando por entre as grades do nosso muro, que na verdade nem temos autorização para ficar assim tão perto, devido os inúmeros casos de fugas das internas, com várias gravidezes indesejadas num passado não muito longe. 

Ele desce da moto e olha para a garota que estava até esse momento agarrada à ele, -hoje definitivamente não é o meu dia, além da contagem regressiva para minha partida ter começado, agora isso, tenho que ver o cara com quem venho sonhando quase todas as noites nos últimos seis meses com uma loira de nariz arrebitado agarrada às suas costas, sinto uma vontade inumana de arranca-la de lá, mas nada posso fazer, ele não é meu pra que o possa reivindicar.

Ahhhhhh Jamie, se um dia fosse meu... -Balanço minha cabeça para dissipar esses pensamentos, sei que eles são apenas efeito dos meus hormônios enlouquecidos assim como eu, é claro que um cara como ele não iria reparar numa garota simplória. Dou uma última olhada no meu sonho de consumo e sigo para a área interna da escola onde sei que Bella está tentando fazer-me uma surpresa, coloco minha melhor cara de paisagem e entro no refeitório sendo recebida com um coro de parabéns pra você das minhas colegas mais próximas...

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Jaime:

Sinto aquela sensação novamente, assim que estaciono a minha Haley junto ao meio fio, é como se alguém estivesse a me observar, olho ao redor...nada, acho que estou começando a ficar paranoico com essa sensação, não tem muitas pessoas na rua onde moro, na verdade além da casa dos meus pais há apenas o Blue Light, -Colégio interno de garotas, - olho naquela direção e também não há ninguém, além do mais as garotas são todas adolescentes, nunca devem ter conhecido um cara na verdade, sorrio internamente pensando que eu bem que poderia ensinar um pouco da anatomia masculina à elas, afinal tenho bastante conhecimento na área, como estudante de medicina tenho meus próprios métodos, tenho certeza que minha carreira como patologista está garantida, não apenas por ser filho da diretora chefe e do dono do grupo que comanda vários laboratórios de pesquisas e os hospitais de grande prestigio pelo mundo.

"Do que você está rindo? " Eloise olha-me curiosa, não percebi que estava deixando transparecer meu sorriso bobo, ela me conhece bem, como prima e melhor amiga sabe que sorrir não é meu forte. 

"Não estou sorrindo! " tento me manter firme.

"Estava sim, eu estou perdendo alguma coisa, alguma nova conquista?"

"Não Elo, nem vou atrás disso, e você sabe bem o porquê!" não preciso dizer que é um assunto proibido, ela entende bem a situação e não força a barra, melhor assim. "Como é? vamos estudar ou não? "

"Vamos senhor birrento, estou com muita fome e se me lembro Lauren sabe fazer o melhor sanduíche do mundo! "

Passo um braço ao redor de seus ombros e a trago para perto de mim, sou grato por sua amizade sem questionamentos, o que não encontro em mais ninguém, nem mesmo no meu pai que insiste em querer controlar minha vida, mesmo nunca perguntando como me sinto sobre.

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Dakota:

A 'festa' surpresa foi como era esperado, sorrisos, brincadeiras e alguns presentes, mas por dentro estou um fiasco de gente, a incerteza do que esperar do futuro me atormenta. E se não conseguir sobreviver ao mundo lá fora?

Sendo que o que conheço do mundo se resume a quatro quarteirões do internato, -salvo as poucas excussões que fizemos ao longo dos anos, mas sempre com medo de arriscar-me, me mantinha por perto dos instrutores, sempre pensando que poderia ser esquecida novamente.

Olho para a casa da frente através da janela do meu quarto e vejo a silhueta dele na janela do segundo andar, como de costume está sozinho olhando o céu em pé na sua varanda, sem camisa -deixando a vista seu belo abdômen definido-, apenas um jeans pendendo em seus quadris, cabelo bagunçado, uma verdadeira tentação e bênção para os olhos das garotas com hormônios enlouquecidos, sinto um calor se formando no meu interior, com as várias imagens que minha mente conjura só em vê-lo, saio em disparada para o banheiro, um bom banho frio se faz necessário essa noite.