Electus escrita por Khaleesi


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, como vão?
Olha, dessa vez nem demorei tanto kkk
Desejo a todos uma boa leitura!



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Capítulo 18

 

Em algum lugar da minha mente eu sabia que estava num local aconchegante e completamente seguro, mas a ilusão que enfrentava teimava em balançar as certezas que eu possuía. Mordi os lábios para me focalizar e não divagar mentalmente, o que poderia ser um erro gravíssimo para o que estava fazendo.

— Vamos, mostre-se para mim – sussurrei, correndo os olhos pela planície nojenta do pântano.

A risada maligna de Leiftan assombrou o ar ao meu redor, mostrando a minha incapacidade de realizar uma manobra simples. Argh, como eu odiava ele ser o meu professor.

Você quem insistiu nisso.

Sua voz fez uma leve carícia em minha mente, incentivando-me a concluir a tarefa ao mesmo tempo que me repreendia. Era incrivelmente injusto que ele conseguisse os dois fatos com tanta facilidade. Ignorei-o e voltei a me concentrar nas águas fétidas a minha frente.

Respirando fundo, imaginei que o ar a minha volta fosse meu amigo e condutor. Estendendo a mão direita, idealizei que ele criasse um caminho ventoso até um local forte de concentração mágica. E pronto, ali estava o meu passaporte para fora dessa nojeira. Sem deixar que Leiftan apartasse os meus passos, corri pelo caminho todo e parei próxima a uma espécie de cratera fumegante.

— Que criativo – resmunguei, recebendo outra risada como resposta.

Reprimindo os arrepios de repulsa, pulei na cratera. Fui sugada por um vórtice negro e em vez de cair no fundo de um poço escaldante, deparei-me como uma cama macia e um par de braços fortes me sustentando.

— Se minhas intenções fossem más, você já seria minha escrava pessoal – o guerreiro me repreendeu, a voz ausente de qualquer carisma.

E bem, ele estava com razão.

Depois do maravilhoso episódio de encenar uma consumação de casamento, Leiftan me falou que se eu fosse forte o suficiente poderia plantar uma ilusão real na mente dos sacerdotes e acabar com o circo todo. Obviamente bati nele e exigi uma bela razão do por que ele não havia feito isso.

E era simples. Mentes fortalecidas.

Por mais forte que Leiftan fosse e que a magia herdada de sua mãe tivesse afinidade com ilusões, os sacerdotes eram fortemente treinados para não terem as mentes tomadas por inimigos. Entretanto, a minha herança mágica me dava uma certa capacidade de atravessar tais barreiras que as pessoas criavam para se defenderem.

E como foi provado, eu não tinha a mais pálida ideia de como fazer isso. E foi aí que tive a brilhante ideia de pedir para Leiftan me ensinar a usar magia. Acontece que para eu sequer começar a atacar precisava aprender a me defender.

— Ainda bem que você fez os votos antes de ter essa ideia – murmurei.

Ergui-me apesar de a pequena dor de cabeça que começava a latejar em mim, enquanto Leiftan soltava um suspiro resignado.

— Isso não está funcionando – ele comentou, pensativo – essa é a sexta tentativa e você ainda demora mais do que uma criança para achar a saída da ilusão.

Seu tom era prático, estava pesando todo o meu desenvolvimento, mas ainda sim senti uma leve cutucada em meu peito por ser tão ruim assim na matéria mágica.

— Aquele dia não tive problemas – pontuei, lembrando-o do ataque ao demônio que queria levar Naia.

Senti seus olhos grudarem em mim, analisando.

— Era uma situação de estresse e envolvia riscos de vida, pode ter acionado algo adormecido dentro de você – disse, levantando da cama.

O fato de estarmos no quarto não era nada romântico e sim prático, afinal na primeira tentativa de suprimir uma ilusão mental eu praticamente beijei o chão quando enfim me libertei. Depois de algumas contusões resolvemos que era mais seguro eu praticar em cima de algo macio. Além do bônus de termos privacidade nas aulas.

Só não era legal ouvir as piadas insinuativas que os demais membros do clube do mal faziam a nosso respeito. Oh, como o jovem mestre é exigente, a pobre moça nem consegue andar! Nunca imaginei que o jovem mestre poderia ser um animal entre quatro paredes! E assim ia, de mal a pior.

— Vou pensar em algo mais produtivo – Leiftan falou, arrancando-me dos devaneios – até lá nossas aulas estão suspensas – pensei em sorrir vitoriosamente, mas ele estreitou os olhos – somente as aulas mentais, ainda vamos praticar seu modo de luta corpo a corpo – completou, deixando-me na miséria.

— Sim senhor – resmunguei.

Leiftan sorriu travesso e me deu um beijo na testa antes de ir em direção ao closet e pegar os itens do treinamento.

— Ser uma heroína não é facil – comentou.

Dei um pequeno suspiro.

— Não me diga.

Apesar da promessa de ser implacável em meu treinamento, Leiftan ainda pegava um pouco leve comigo. E mesmo com as incontáveis aulas que tinha com Valkyon e Jamon levei uma baita surra, o estilo de luta do guerreiro era mais denso, os golpes mais elaborados, e por consequência, mais difíceis de serem parados. Ao final do treino sentia meus músculos queimarem e o corpo estava banhado em suor.

Entre meio ao cargo de ser meu instrutor e guerreiro, meu amigo ainda tinha deveres a serem feitos no QG para continuar com a farsa de traidor e continuar a gozar os benefícios de ser o favorito do Mestre. Ato que enfurecia Kreis. Por isso, mesmo com o plano que Leiftan tinha em mente, eu planejava os meus próprios.

Esperei que Leiftan saísse para uma reunião com os senhores dos quadrantes antes de me aventurar pelos corredores. Desde minha promoção a consorte do atual Rei de Eldarya eu ganhara algumas regalias. Poder percorrer os limites do QG sem ter os pulsos amarrados era uma delas. Trajando um vestido preto simples, mas que me delineava, atravessei a nova ala do nosso quarto e a próxima que continha o dormitório dos principais líderes.

Estava a meio caminho do saguão das portas quando senti uma presença me seguir. Precisei de força de vontade para não tremer ou demonstrar qualquer sinal do meu desconforto. Eu poderia ter ganhado liberdades, mas ainda não era confiável. Não depois da fuga e dos estragos que fiz aos planos dos demônios. Assim, era acompanhada silenciosamente por guardas seletos.

Além dos olhos dos vigias, sentia o escrutínio dos demais moradores do QG sobre mim. Conseguia ouvir alguns sussurros enquanto passava pelas pessoas, entre os variados tipos de pensamento o que mais me martelava era a vadia humana. Mesmo que atualmente estivesse interpretando um papel, e que soubesse toda a verdade por trás do golpe, ainda sentia meu coração ser martelado com as palavras.

Como Leiftan aguentava isso?

Desde o golpe contra Miiko e os demais, as opiniões dentro do QG passaram por uma enxurrada que acontecimentos. Os demônios foram plantando pequenos acontecimentos no decorrer dos anos, vários deles presenciei após minha chegada, como o ataque ao cristal, o rapto das crianças, o envenenamento dos cristais em Balenvia, e os ataques aos cidadãos mais simples. Tudo com intuito de ruir a imagem de protetora de Miiko.

Assim, quando Leiftan se levantou contra a Guarda Brilhante e os meninos, a mentira sobre estar protegendo todos de incompetentes e se aliando aos soturnos para que não fossemos tragados pelos perigos que corriam muro afora foi estrategicamente pincelada sobre as pessoas, para que acreditassem que os atuais moradores do QG fossem seus salvadores e não os carrascos.

Era de partir o coração ver quantos apedrejavam Miiko e apoiavam Kreis e suas mentiras. Uma raiva absurda me tomava cada vez que via aquelas mentiras serem absorvidas e a maré ser revertida ao favor dos demônios. Eles não jogavam somente com força bruta, a batalha também se estendia ao patamar mental.

E era por isso que eu estava iniciando um novo jogo nesse tabuleiro que se tornou o meu atual lar. Se eles queriam brincar com o povo, eu estava disposta a plantar algumas barreiras.

Dentro dos meus vários objetivos era reconquistar a confiança dos eldaryanos, dentro e fora dos muros do QG. Para que eu tivesse voz e ela fosse ouvida quando fosse necessário. Durante essas semanas aprendi que o poder está além da força dos punhos, o poder emana do povo e quando se tem ele nas mãos pode-se fazer incontáveis coisas. Boas e ruins.

Assim, deixei o manto de consorte cair sob meus ombros e passeei pela Guarda de Eel, deixando ser vista e ouvida, notando como os soturnos agiam e onde se enraizavam com mais força. Deixei que meu rosto mostrasse gratidão por ter sido a escolhida por Leiftan, conduzi a ideia de que tinha certo prestígio dentro da liderança e que ainda sim vinha até a parte mais baixa do QG.

Apesar das mentiras plantadas, reparei que Kreis e os demais jamais desceram além dos locais mais privilegiados da Guarda. Mas eu continuei além, adentrei nos subúrbios, visitei aqueles que ainda eram resistentes a mudança e ouvi suas reclamações. Os guardas que me acompanhavam firme como minha sombra, não deram nenhum indício de surpresa quando solicitei rações extras aos necessitados, nem pestanejaram ao passar moedas para outros, ou se abalaram com meu trajeto entre os pobres.

Eu sabia que estava correndo riscos com a empreitada, pois para os líderes eu não era mais do que uma prisioneira sob correntes sofisticadas, mas essas pessoas não sabiam disso e seria a crença deles nessa farsa que manteria a corda longe do meu pescoço.

E era a isso que eu me apegava quando dava os últimos passos de volta ao saguão das portas e era avistada por Kreis, ladeado por seu melhor amigo, Skovan, e por Leiftan. Não sabia se era a adrenalina por estar realmente fazendo algo, mas mantive o rosto impassível e bloqueei os sinais que Leiftan tentava mandar pelo laço.

— Ora, ora. O que temos aqui? - a voz de Kreis atravessou o saguão e me fez parar aonde estava – Acho que o seu marido gostaria de saber onde esteve nas últimas horas, não? Realmente nos preocupou ao sumir assim – ele falou, com uma falsa inocência de interesse para Leiftan.

Aí estava um dos motivos por começar a agir por conta própria. Notei o modo invejoso que Kreis olhava para o meu guerreiro, como cobiçava seu status e tudo o que lhe pertencia. Jamais perdia uma oportunidade de tentar sujar a imagem perfeita que ele passava para os demônios e para o Mestre. Eu precisava ter meios de combater essa cobiça, e um bom jeito disso era voltar os olhos de Kreis para mim.

Leiftan respondeu a indireta de Kreis olhando para uma figura atrás de mim. Não precisei esperar muito para saber quem era, pois o indicado avançou alguns passos e entrou em meu campo de visão.

Darius.

Merda. Merda. Merda.

Tinha me esquecido completamente de uma determinada sombra do arsenal dos vigias de Kreis e companhia. Era para essa sombra em particular estar em uma missão fora da Guarda de Eel, e foi somente por isso que me aventurei mais que o normal hoje.

Além da sua inegável habilidade de ser um vigilante discreto e um incrível lutador, Darius tinha uma especialidade a mais que o tornava mais perigoso. Não conseguia mentir. Nunca. Fiquei sabendo através de Leiftan que Darius havia sido amaldiçoado por uma bruxa-demônio quando pequeno após roubar um item de seu estoque pessoal, e por conta das suas negativas sobre ter feito o crime ela o condenou a falar a nunca mais mentir pelo resto de sua vida.

Com isso Darius era um excelente vigia. Garantindo que o Mestre, Kreis e os demais sempre saberiam dos meus movimentos, sem medo de serem enganados pelos meus olhos bonitos. Palavras de Kreis.

Ainda era estranho para mim olhar para o guarda, pois a sua natureza não era visível em sua aparência. O rapaz era alto e com bom condicionamento físico. O cabelo era de um acobreado como a maioria de sua raça, mas a tonalidade era mais escura quase chegando ao preto, os fios desciam até sua nuca onde se enrolavam de leve, tornando sua imagem um pouco menos pesada. Mas eram a cor seus olhos que me deixavam inquieta, de uma prata quase líquida e cristalino, parecia imaculado pela escuridão de seus iguais.

Os demais olharam para o guarda com expectativa, esperando pela oportunidade de me punir ou afetar ainda mais os rebeldes que ainda estava presos aqui no QG.

— A jovem dama gosta de passear para passar o tempo – foi a resposta do vigia.

Senti meus nervos se esticarem, segurando as minhas reações a inusitada situação a minha frente. Posso mal ter notado sua presença, porém eu sabia que Darius viu e ouviu cada passo que dei, e ele era inteligente o bastante para perceber pelo menos um pouco da minha real intenção.

E a omitiu para Kreis.

O que ele falara ainda era uma verdade, mas não era exatamente o que estivesse fazendo.

O que foi isso? Leiftan finalmente penetrou pela minha barreira mental.

Eu não tinha resposta para sua pergunta. Pois, eu sabia pelo modo como Darius me olhou depois que Kreis saiu, satisfeito com a resposta, que ele queria que eu notasse o que fizera por mim. Que me protegera.

 

(…)

 

Ouça-me.

A súplica ecoava pelo vale enevoado, chegando até mim como um abraço carinhoso e pedinte. O pedido era carregado por uma urgência que beirava um aviso de perigo, fazendo com que os pelos de meu braço se arrepiassem.

Ouça-me.

Eu girava e girava ao meu redor e nada via. Eu a ouvia, mas onde estava?

— Apareça! - bradei, agitando os braços na tentativa de aliviar a neblina.

Estou onde reside sua magia, na sua origem.

A frase veio mais baixa que o pedido incessante de antes. E sua resposta me causou mais desconforto do que alívio. Quem estava em minha magia e onde diabos ela ficava?

Mas apesar da estranheza da situação eu me sentia copilada a encontrar o tal local, descobrir quem me solicitava em meu sono, arrancando-me de um sonho colorido e ensolarado com minha família na Terra.

Então andei e andei. Atravessei o vale que me encontrava, tropeçando nas raízes que por vezes eram expostas pela terra, como se sangrassem sua vida fora do chão. Segui sem um rumo definido, guiada pelo que parecia ser uma estrada no fundo de minha mente.

Quando já não conseguia mais andar e meus pés realmente sangravam neste mundo imaginário, deparei-me com um portal feito por árvores de cerejeira, floridas em sua grandiosidade. E atrás dos galhos floridos, erguendo-se em toda sua glória, havia uma estátua de dragão.

Ao dar o primeiro passo em direção a estátua fui fustigada por vários espinhos, nascidos do chão do túnel, impedindo minha passagem. Recuei e os espinhos desapareceram. Quando tornei a pôr meus pés além do limite das raízes, alguns espinhos cortaram profundamente minhas pernas.

Trinquei os dentes, irritada. Primeiro essa bendita voz me perturbava ao me tirar do sonho, depois me fazia correr e andar por um caminho tortuoso e quando finalmente encontrei o local era impedida de acessá-lo. Ao inferno com esses espinhos, eu sou a dona desse local! Respirando fundo, de cenho franzido, voltei a andar no túnel.

Ignorei os espinhos e a dor de cada passo, continuando como se fossem pétalas inofensivas. Ah, como eu esganarei essa assombração!! Então, mais cedo do que eu esperava, passei pelas árvores e, finalmente, fiquei de fronte a estátua.

Dando tímidos passos para perto, reparei que era a mesma estátua que vira nas lembranças de Leiftan, quando o mesmo me contara tudo a respeito de sua família e minha própria herança mágica. Consegui chegar perto da escultura e reparar nos detalhes ricamente impressos na pedra dourada, ilustrando cada escama e cada cicatriz que a criatura parecia ter adquirido.

Você me encontrou.

Retirei a mão da estátua apressadamente e me encontrei próxima a uma mulher diáfana me fitando com extrema atenção. Aspirei fortemente a respiração ao reparar nos traços da mulher, em como seus cabelos tinham a mesma tonalidade que os meus, a estrutura parecida e os olhos lilases que herdei de minha avó.

— Quem é você? - sussurrei.

— Peço desculpas por isso – ela falou, a voz assemelhando-se a uma brisa.

A figura abanou a mão em minha direção aos cortes, fazendo todos sumirem. Abaixei a vista e reparei que minha pele havia ficado até mais macia após isso e notei um certo brilho emanando dela. Ergui uma sobrancelha para a mulher, questionando.

— Não podia deixar você acessar esse local sem testá-la antes – respondeu com um leve sorriso.

Bufei, descrente.

Me deixar acessar a minha magia? Era só o que me faltava – rolei os olhos.

Sem se incomodar com meu tom, a mulher sentou-se aos pés da estátua.

— De fato ela é sua. Mas, ela tem origem em outro local, assim como os seus antecessores – respondeu, erguendo uma sobrancelha numa perfeita imitação minha – e isso me permite guardá-la para que não seja mal utilizada. Agora, poderia se sentar? Temos muito o que conversar e pouco tempo para isso.

— Então você é uma espécie de guardiã mágica? - pedi.

Ela concordou, acenando, mesmo que apressada ao gesticular o chão a sua frente.

— Pode-se dizer que sim.

Sentei-me a sua frente, vendo que não sairia dali tão cedo.

— E então? - indaguei, querendo saber o motivo do seu chamado.

Esperei ela ajeitar a saia do vestido, fingindo ser uma pessoa paciente apesar da minha curiosidade.

— Vim lhe observando desde bebê, sabia? Era uma coisa tão pequena e inocente que fiquei contente em apenas te olhar. E também era tão parecida com alguém que amei e ao mesmo tempo diferente que não quis interferir – ela começou, os olhos vagando para o horizonte – até que um dia senti as forças contrárias a paz se mexerem e ameaçarem tudo o que existia e destruir o que foi feito com sacrifícios. Não queria te jogar no meio da confusão, mas não tive escolhas, não depois do que o oráculo me mostrou.

Com suas palavras um pequeno aviso soou em minha mente, e pelo modo como ela falava…

— Foi você quem me trouxe para Eldarya – sussurrei, impactada.

Ela, pelo menos, teve a decência de parecer envergonhada ao assentir, admitindo sua interferência.

— Entretanto, tive o cuidado de te mandar para um lugar seguro.

Soltei uma risada amarga.

— Oh, sim. Tão seguro que a primeira coisa que fizeram foi me jogar na prisão – retruquei.

— Admito que te deixar no Salão do Cristal possa ter criado inconveniências a você – ela fez uma careta – porém, eles tinham o coração puro e os mesmos objetivos que os meus e do oráculo. Proteger Eldarya e as pessoas do mundo humano também.

Estreitei os olhos e deixei o fogo em meu peito morrer aos poucos. Eu já tinha abraçado a causa a de Eldarya a tempos, lutando por essas pessoas mesmo que fossem tão diferentes de mim em alguns aspectos.

— Apesar da minha intenção e da sua importância aqui, você não poderia acessar sua magia logo após chegar. Não até que estivesse disposta a lutar, a ser uma pessoa ativa aqui, e acreditar em si mesma. Foi somente a poucas semanas que pude te tocar em sua mente, dando a fagulha necessária de seus poderes para que pudesse vir até aqui e finalmente pegar sua herança mágica.

Eu conseguia sentir a verdade em suas palavras, aprendi muito com Miiko e Huang Hua sobre magia. Ela não era dada sem um preço e nem podia ser roubada totalmente por outro. Se essa guardiã guardou meus dons era porque eu ainda não estava pronta. Porém eu ainda tinha uma dúvida, a mais importante.

— Por que eu?

Ela sorriu, triste.

— Isso eu ainda não posso te contar, querida – a mulher ajoelhou-se e colocou as mãos em meus ombros – e precisa partir para seu sono logo, ou mal aguentará ficar de pé amanhã. Teremos outras oportunidades para conversarmos. Agora, receba o que lhe é seu por direito e te foi negado por um longo tempo.

Seus lábios tocaram minha testa suavemente, e eu senti uma descarga aterradora descer por meu corpo inteiro, espalhando-se por todos os cantos, ocupando-se de cada milímetro meu. Podia jurar que agora eu era radiante e que meus cabelos cresceram absurdamente.

Então meus sentidos foram ficando mais lentos, o corpo mole e os olhos pesados. A última coisa que ouvi antes da escuridão da inconsciência me reivindicar foi a antiga canção de ninar que minha avó costumava cantar para espantar meus medos.


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Notas finais do capítulo

E então, temos apostas sobre quem é essa mulher?
E o que diabos Darius está aprontando?

Quero agradecer a todos que não desistiram de Electus e continuam aqui firme e forte, amo vocês!
E desejar a todos um feliz natal atrasado e um próspero ano novo!
Beijão e até o próximo.



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