Eu e Jacque caminhavamos pela grama molhada da praça que ficava em frente a casa dela.Eu pegava a mão dela e a levava pelo gramado, os dois absortos em uma conversa que estava longe de ser sobre coisas importantes ou de segurança nacional, conversavamos apenas sobre amor.

-Eu não conseguia ficar sozinho lá. Acho que eles sabiam que se eu ficasse sozinho podia ficar meio depressivo...

-Ah Bieber, pare de ser dramático! - ela falou, rindo de mim.

-Não estou sendo dramático, é sério! Eles tinham medo de que eu pudesse fazer alguma besteira para te encontrar de novo.

-Bom, eles estavam certos.

-Mas eu não ligo para eles. Só ligo para você.

Ela apenas sorriu, e baixou a cabeça.

-Não sabia que eu era tão... Importante.

-Você é. E sabe disso. E eu faço cada besteira por você...

-Ah é? Então vir aqui foi uma besteira? - ela falou, irônica, fingindo estar brava comigo.

-A maior.

Jacque me deu um tapa no ombro, e eu segurei sua mão e trazendo novamente para meu abraço.

-Eu te amo garota. Te amo muito.

-Pare de ficar tentando me fazer derreter!

-Eu não tento eu consigo.

Ela me derrubou no chão, fazendo as costas de minha camiseta ficar molhada e também minha calça jeans, e ela caiu em cima de mim. Jacque ficava me olhando com aquela cara de amor. Era tão diferente estar com ela. Era como estar em outro mundo, era como se eu não fosse mais Justin Bieber, era como se eu fosse apenas um garoto com sua namorada a amando incondicionalmente sem a mínima interrupção. Mas as coisas não eram assim tão fáceis para o meu lado. Ficava me perguntando quanto tempo minha mãe e Usher iam demorar para dar falta de mim. Ficava me perguntando o que é que eles iam fazer quando percebecem que eu não estava mais lá.

Com certeza iam culpar a Jacque. Mas eu tentei não pensar nas concequências de meus atos... Tentei apenas relaxar e curtir a garota que estava comigo, apenas fingir que era de fato normal.

-Que tal a gente comer naquela sorveteria ali? - ela falou, apontando para uma doceria na rua da frente.

-Isso me lembra daquela vez em que fomos a uma sorveteria na Califórnia... Aquelas meninas ficaram loucas...

-Ai você é tão metido! - ela deu um suspiro de derrota. - Eu senti tanta falta disso.

-Vamos.

Caminhamos até a doceria e ao entrar nos deparamos com o lugar quase vazio, exceto pelas vendedoras e por um casal. Fariamos compania a eles.

Puxei a cadeira da mesinha mais próxima a janela, e pela primeira vez não tive medo de me expor ao lado de fora do lugar; a chuva tinha feito com que todos ficassem dentro de suas casas.

-O que você vai querer?

-Chocolate. Meu preferido.

-Igual ao meu.

Fui ao balcão e pedi os sorvetes para uma atendente sonolente, que fitava a televisão com um interesse descomunal. Servi o dela, e nós começamos a tomá-los, com as mesmas gracinhas de sempre, como passar o sorvete no meu nariz. Eu não me queixava pois ela dava um beijinho no local que sujava.

Estavamos nos divertindo muito, e eu me sentia renovado, me sentia alegre como não tinha ficado por um mês inteiro. Ela me rejuvenecia, simplesmente me fazia ficar bem e melhor do que tudo o que eu ja tinha sido. Afinal, tinha sido ela que tinha me mudado no começo de tudo, e tinha sido ela que tinha me feito ser uma pessoa feliz novamente. Minha Jacque, minha Jacqueline Mason.

Fitei seus olhos coloridos por um tempo, com a colher suspensa no ar, só contemplando o quanto ela era bela, e o quanto ela era necessária.

-Que foi? - ela perguntou com a boca cheia de sorvete.

-Nada.

-Como assim nada?

-Nada, eu só estava olhando a minha maior conquista.

-Você é tão...

Jacque foi interrompida pela televisão, que fora bruscamente aumentada pela atendente sonolenta, que agora estava pilhada, absorvendo cada palavra que a apresentadora do programa de "fofocas" dizia. E nós fomos forçados a ouvir também, porque a cada palavra que a mulher dizia, meu pânico crescia descontroladamente.

-E essa manhã Usher disse algo muito suspeito aos repórteres que estavam em frente ao Hotel. Era do nosso saber que ele viajava junto com o astro teen Justin Bieber e toda a sua equipe, porém quando sairam do Hotel as fãs ansiosas deram por falta de uma coisa: Justin Bieber. Sobre esse acontecimento Usher só teve uma coisa a declarar.

A apresentadora calou-se, e a imagem foi substituida pela de Usher, que passava pela multidão de fãs, um nó se formou na minha garganta ao ver o rosto aflito de minha mãe atrás dele ela que se agarrava ao seu braço como se sua vida dependesse disso, ainda estavam juntos. Então um repórter perguntava à eles onde eu estava, porque não estava com eles. E ele dizia apenas uma coisa:

-Se estiver ouvindo garoto, isso foi uma baita irresponsabilidade! E sabemos onde você está!

Dito isso ele virou o rosto e entrou na van estacionada em frente ao Hotel.

Baixei a cabeça e meu cérebro começou a trabalhar com uma rapidez sem igual. Eles enfim perceberam que eu não estava mais no meu quarto. E eles enfim estavam atrás de mim. Usher disse que sabia aonde eu estava, eu não duvidava nada que ele soubesse. Se eu fosse fugir, iria fugir para ficar com a pessoa que eu queria ficar, com a Jacque. E agora eu poderia encrencá-la por causa disso.

-Justin...

Eu não ouvia a voz dela, porque eu tinha que dar um jeito de driblar essa situação. Usher sabia ficar furioso quando queria, ele sabia o que fazer. E eu não queria causar confusão, ainda mais quando todo mundo provavelmente ia saber disso.

-Hey, você não é o Bieber?

Levantei a cabeça e vi duas atendentes olhando para mim como se fosse uma zembra num zoológico. Peguei a mão de Jacque e a levei daquele lugar.

-Precisamos sair daqui, precisamos pensar em um plano melhor...

-Justin!

Ela pegou meu rosto com as mãos me parando, e parando meu desespero por um minuto.

-Você sabia que isso ia acontecer uma hora ou outra, agora temos que enfrentar.

-Eu não quero. Não quero, ainda tenho que ver ele e minha mãe juntos... Jacque eu odeio isso, detesto! Queria poder fugir disso para sempre, e ficar com você...

-Vem aqui.

Ela me puxou, e quando vi, estava me levando para dentro do bosque que ficava por trás do parque em que estavamos mais cedo. Fomos adentrando no meio das árvores e da umides do local, foi escurecendo, e iamos cada vez mais fundo.

Avistei então o que parecia ser um cais. Tinha um pequeno bariquinho de madeira com um motor atrás.

-Quando eu era pequena minha mãe me levava para passear de barco aqui. Isso sempre me acalmava. Que tal uma voltinha? E daí pensamos no que fazer.

Passei a mão pelo rosto, e fiz que sim. Afinal, era uma boa idéia. E podia ficar um tempo sem me extressar.

Entramos no barco, e ela deu a partida, sabia de tudo sobre como fazer aquilo funcionar. Então estavamos deslizando pela água, e eu nunca tinha visto nada mais lindo. A água bonita e azul refletia o céu nublado lá em cima. Ia chover.