Um ladrão em nossas vidas escrita por Gabriel Lucena, matheus153854


Capítulo 8
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

E aí gente, é o Matheus novamente com mais um capitulo bem legal, boa leitura!



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Chaveco...

Estava sossegado em meu canto, assistindo televisão quando decidi sair um pouco de casa, mas eu queria mesmo era uma distração maior, algo que me deixasse muito mais animado, então aproveitei que havia conhecido uma moça muito linda na rua e pego o telefone dela e marcamos um encontro. Porém, tinha um problema: o lugar que marcamos de nos encontrar era muito longe e não dava pra ir de ônibus, pois eu teria que pagar duas conduções, ou melhor, quatro, duas pra ir e duas para voltar, além do trânsito que não sei se estará bom ou ruim. 

Mesmo com esses riscos, decidi aceitar o encontro, mas para isso, eu precisaria da ajuda de uma pessoa:

—Mário, poderia me emprestar seu carro essa noite? - perguntei durante o jantar.

—Posso, mas por quê? - perguntou-me ele.

—É que eu marquei um encontro com uma amiga mas ela é de outra cidade, então, pra ir até o local do encontro precisa de quatro conduções, duas de ida e duas de volta, mas para economizar dinheiro, eu pensei em ir de carro e só temos o seu.

—Amiga? Sei... - riu ele. - Bom, só por isso eu te empresto, mas não corra nem faça qualquer coisa que prejudique meu carro, ele é muito caro. 

—Claro, pode deixar, ele vai voltar inteiro, estará em boas mãos.

—Assim espero.

Então, depois do jantar, passou-se cerca de uma hora e eu me arrumei para o encontro. Depois de passar um perfume, vestir uma roupa mais confortável, descemos para a garagem do prédio.

—Olha Chaveco, aqui é para você acender os faróis, aqui você liga o rádio, aqui o som, a marcha à ré é para a direita e atrás pois o carro tem cinco marchas e não se esforce muito pra virar, ele tem direção hidráulica, dá pra fazer curvas fechadas muito fácil. - explicou Mário quando entrei no carro.

—Pode deixar, entendi tudo. - sorri ajeitando o chapéu e ele me entregou as chaves do carro. Nisso, dei a partida e saí procurando o lugar onde eu encontraria a moça. 

 Eu nunca tinha ido naquela praça onde o encontro estava marcado, mas eu sabia onde ficava e como chegar. Vez ou outra, eu olhava o relógio para ver se daria pra chegar a tempo, pois de certa forma, demoraria para chegar.

Depois de quase uma hora procurando, finalmente cheguei no local marcado do encontro e vi que o local estava muito lotado, não tinha uma vaga para colocar o carro e eu comecei a ficar aflito, se um carro não saísse logo, acabaria perdendo a hora e gastaria muita coisa do carro. Estava completamente desesperado, achando que não conseguiria encontrar uma vaga para estacionar o carro quando vi um espaço suficiente para o carro do Mário estacionar. Bom, não sei se é legal estacionar um carro na frente de um portão de saída de veículos, mas acho que à essa hora da manhã não deve ter ninguém querendo sair de casa de carro, além de que vai ser coisa rápida, dará tempo de ir e voltar antes que qualquer pessoa queira sair de lá. Então estacionei o carro na vaga que tinha encontrado e desci do mesmo indo até o local do encontro com a moça.

— Aí está você seu cachorro!. - diz a moça me dando um tabefe, agora ela me lembrou do Botijão.

— Porquê fez isso, Aninha?. - digo enquanto faço massagem no meu rosto.

— Eu descobri que você já tem um caso com outra.

— Quem te disse isso? - digo tentando disfarçar.

— Uma amiga minha te viu com outra numa farmácia.

— Como pode dizer isso, eu estava lá pra comprar alguns remédios.

— Então como me explica essa foto. - disse ela me mostrando o celular dela com fotos de eu conversando com a Dona Nachita

— Bom... Bom... ela estava me perguntando se eu estava bem, eu não tava me sentindo muito bem. - digo eu tentando me explicar.

— Como você é cínico, vá embora pois não quero mais ver sua cara de gato de armazém. - disse ela se retirando de lá. Que droga, além da Dona Nachita me perturbar todo dia, agora tá conseguindo atrapalhar meus encontros, o melhor é voltar para casa.

Chateado, comecei a caminhar de volta para o carro quando do nada, ouvi uma sirene de polícia aparecer e levantei os braços abaixando a cabeça.

— Não fiz nada, não fiz nada, sou inocente, não me prendam pelo amor de Deus! - balbuciei enquanto ouvi o barulho dos pneus do carro se aproximando.

— Senhor, o carro está estacionado em local proibido, então eu terei que te dar uma multa. - anunciou o policial que dirigia.

— Calma seu guarda, eu juro que não fazia ideia que era proibido estacionar aqui! - me defendi.

— Então você não deve ter visto essa placa! 

Só então vi a placa que proibido estacionar que ele apontou. Eu estava ferrado.

— É que sabe... na pressa de encontrar uma moça, fiquei desatento. - proferi.

— Sim, mas violou uma lei de trânsito do mesmo jeito, me dê sua carteira de motorista. - pediu ele estendendo a mão e eu o entreguei,  mas logo havia lembrado de um detalhe: faz dois meses que eu não renovo minha habilitação. O que eu faço agora?

—Olha senhor, infelizmente sua carteira de habilitação está vencida faz alguns meses, eu não sei porquê o senhor teve a ideia de sair com a carteira vencida, sabe que isso é crime não? - disse o outro.

— Sim, eu sei, mas é que só agora eu lembrei que não renovei. - respondi.

— Então sinto muito, temos que levar o veículo. 

— Não, por favor, esse carro nem é meu, é emprestado.

— E quem te emprestou não viu sua licença vencida?

— Acho que não, porque nem tocou no assunto.

— Bom, em um caso desses, eu deveria prendê-lo por dirigir com carteira vencida ainda mais sendo o carro de outro condutor, mas como é a primeira vez que isso acontece e o dono do carro também errou, vou te deixar solto pois ele merece ter o carro apreendido por deixar alguém dirigir o carro dele com a habilitação vencida. Essa aqui é a multa que você levou por estacionar em local proibido, a do condutor do carro mandaremos depois.

Então, em poucos minutos, um reboque apareceu lá para retirar o carro, eu inicialmente tentei protestar, mas como eu sabia que poderia ser preso por contrariar as autoridades, fiquei na minha, calado, tentando pensar em uma maneira de voltar pra casa já que o dinheiro que eu tinha estava guardado dentro do carro. O que eu faço agora? Preciso de dinheiro para pagar a multa e poder ter o carro de volta, mas Mário não pode saber que o carro dele foi apreendido e ao mesmo tempo, eu não tenho dinheiro pra pagar essa multa, como vou recuperar o carro agora?

Sem pestanejar, assim que os policiais saíram peguei um táxi de volta pra casa e fui até o apartamento do Botijão, Chimoltrufia estava na lavanderia e então resolvi ser rápido na hora de resolver o assunto com ele.

— Botijão, me ajuda nessa cara. - pedi depois de explicar tudo.

— Calma Chaveco, sabe pra onde o carro foi levado? - perguntou ele.

— Ah, acho que para um pátio municipal de alguma delegacia perto de lá ou lugar assim. 

— Então acho que precisamos apenas conseguir esse dinheiro e depois vamos atrás do carro.

— Sim, mas como? Se roubarmos alguma loja ou algo do tipo agora, o Mário vai ver e pensará que eu usei o carro pra isso, sem contar que ele quer o carro para amanhã que ele vai trabalhar! 

— Então tá, eu vou te ajudar, acho que sei como podemos conseguir um dinheiro.

— E como podemos fazer isso?

Assim, Botijão nos deu a ideia de trabalharmos no aeroporto como carregadores de bagagens, porque segundo ele, isso dá muita grana.

— Onde a gente pode pedir emprego de carregador? - perguntei ao entrarmos no aeroporto.

— E quem disse que vamos pedir emprego? - riu ele sorrindo maquiavélico.

— Então...?

Botijão apontou para dois carregadores de bagagens que passavam por ali, um era bem gordinho e o outro baixo e magro assim como eu, ele então se aproximou e os chamou:

— Quero ter uma conversa rápida com vocês. - disse ele e os dois foram para uma sala estranha enquanto eu vigiava disfarçadamente. Alguns minutos depois, senti alguém me puxar.

— Rápido, vista isso. - mandou Botijão, já com o uniforme no corpo e colocando o boné.

Não hesitei e comecei a vestir a roupa, sorte que estávamos escondido em uma sala sem câmeras, porque senão seríamos pegos pela polícia. Quando acabei de vestir a "fantasia", voltamos pra fora onde os carrinhos de bagagens estavam e começamos a ir em direção ao local onde colocaríamos as malas no avião, ou seja, o porta-malas.

— O que houve com aqueles dois carregadores? - perguntei curioso.

— Ora Chaveco, eu os nocauteei, como você não percebeu? - bufou ele.

— Não sei, talvez você tivesse colocado algum sonífero pra eles cheirarem ou quebrado o pescoço deles...

— Não sou tão cruel assim também né?

Então, antes de chegarmos ao local onde guardaríamos as bagagens, Botijão abriu uma das malas e tirou uma carteira cheia de dinheiro. 

— Olha só, é disso que eu estou falando, os que eu roubar fica comigo e os que você roubar fica com você. - disse ele.

— Não é justo, estamos juntos nessa, devíamos ficar com metade do dinheiro. - protestei.

— Tá bom tá bom, mas só porque você tem uma dívida de carro pra pagar.

Algumas malas foram impossíveis de tirar dinheiro porque estavam com os zíperes trancados com cadeado e eu não tinha nenhuma que servisse para quebrar cadeados, eu sabia que teria malas com cadeado, mas no desespero não consegui pegar nenhuma, até o Botijão também não pensou nisso. Mas mesmo assim, muitas malas estavam livres, talvez porque não costuma ter esse tipo de furto lá naquele aeroporto e então as pessoas foram bem burras em não cuidarem das bagagens colocando cadeado.

— Cuidado Chaveco, um dos passageiros é tenente da polícia. - disse o Botijão preocupado.

— Como você sabe? - digo começando a ficar preocupado.

— É que eu já vi uma foto dele uma vez quando fomos presos, mas anda logo, guarda o dinheiro que você na bagagem dele.

— Vish Boti, eu não lembro qual é a bagagem dele.

— Aí Chaveco, me permita uma coisinha - disse ele pegando o pente e me dando outro tabefe.

— E da próxima vez, eu te acerto, mas com uma dessas malas pesadas. - disse ele guardando o pente.

— Agora o que vamos fazer?.  - digo eu olhando as bagagens.

— Já sei, como o cara é tenente, provavelmente na bagagem deve ter algo da polícia, mas vamos rápido, ele não vai demorar a vir pegar a bagagem dele, vamos fazer o seguinte: Você fica de olho aí e eu vejo qual é a bagagem dele. - disse o Botijão pegando uma mala e olhando, enquanto isso eu fico vigiando para ninguém vir, depois de alguns minutos:

— Anda logo Botijão, o Tenente já está vindo pegar a bagagem dele. - digo o apressando.

— Ta tá, mas isso foi culpa sua de não ter visto as coisas da bagagem dele. - disse ele me dando uma bronca - Pronto, achei a bagagem dele, só deixa eu colocar o dinheiro dele aqui logo!. - disse ele e rapidamente ele coloca o dinheiro de volta na bagagem, espero que o Tenente não perceba.

— Melhor darmos um fora daqui logo, antes que os passageiros percebam o sumiço do dinheiro. - digo quando vejo que o dinheiro que pegamos era suficiente, guardamos tudo nas bagagens e levamos até o avião pra descarregar lá. Em seguida, fugimos pelos fundos do saguão do aeroporto e nos livramos das roupas de bagageiro.

— Nossa, aquela roupa é horrível! - reclamei.

— Sim, muito quente e grudenta. - bufou Botijão.

Quando estavamos saindo, vemos um monte de pessoas furiosas olhando pros dois funcionários verdadeiros e decidimos dar no pé antes que eles vissem a gente.

— Ufa, essa foi por pouco. - digo aliviado.

— Sim, vamos pra casa então!. - disse o Botijão.

— Espera, ainda temos que ir ao pátio municipal que está o carro.

— Aí Chaveco, nós nem sabemos com exatidão em qual delegacia esse carro está, além disso já tá ficando tarde, pois eu acho que esses pátios ficam abertos até 18h e já é 18h30, amanhã procuramos tá bom!.

— Mas o que eu vou dizer para o Mário. - digo preocupado.

— Fala que o carro quebrou no meio do caminho e você levou num mecânico.

Passadas uma hora mais ou menos, chegamos no prédio e eu com receio vou pro apartamento.

— E aí Chaveco, cuidou bem do carro!. - pergunto o Mário.

— Bem... Bem... - digo gaguejando.

— O que foi?.  - disse ele me olhando estranho.

— O carro teve um problema no motor no caminho e eu tive que levar num mecânico. - digo rezando pra ele acreditar e não me matar.

— Bem que eu estava estranhando o som do motor nesses dias. - fala o Mário. Ufa ele acreditou.

— O mecânico disse que o carro vai estar consertado amanhã, eu busco tá bom. - digo mentindo e ele assenti.

No dia seguinte, eu acordo bem cedo e eu fico na cama pensando em maneiras de conseguir recuperar o carro do Mário sem que ele desconfiasse de nada, mas não conseguia pensar em nenhuma solução, não sabia mais o que fazer, até que ouvi a campainha tocar e fui atender.

— O que foi Botijão? - perguntou ele bocejando.

— Eu já sei como podemos recuperar o carro do Mário, mas preciso que você me ajude. - respondi.

— Ajudar como? 

— Preciso que me dê os documentos do carro e os do Mário junto com o dinheiro, assim podemos ir lá e tentar recuperar o carro.

— Acha que vai dar certo?

— Temos que arriscar Chaveco. Anda! 

Mesmo assustado, peguei tudo que ele pediu e o entreguei.

— Muito bem Chaveco, bora lá. - falou ele ajeitando o boné e saindo. Segui-o indo para o local, assim que chegamos, fomos até o segurança.

— Olá. - disse Botijão, firme.

— Olá senhores, em que posso ajudar? 

Olhar para aquele segurança me deu um pouco de nervosismo, ele não era o policial da viatura que havia apreendido o carro, mas que tinha um aspecto muito assustador, tinha. Engoli em seco até que o Botijão me deu um soco nas costas.

— Desembucha Chaveco! - mandou ele.

— Eu vim aqui pegar meu carro que foi apreendido ontem, já trouxe até o dinheiro da multa. - respondi.

— Deixe-me conferir. - pediu-me.

 Botijão...

 Então entreguei o dinheiro e ele contou atentamente e me olhou com uma cara como se tivesse achando que eu tinha roubado todo o dinheiro para consegui-lo em tão pouco tempo.

— Ok, me dê seus documentos para eu conferir. - pediu ele e eu entreguei todos os documentos. - Olha senhor, sinto muito mas essa habilitação venceu à meses.

— Sim, mas é como eu disse, o carro não é meu, então eu trouxe o dinheiro da multa...

— Então de quem é? - perguntou o policial.

— É meu seu guarda, eu entreguei o carro a ele pois ele disse ser uma emergência. - eu digo fingindo ser meu.

— Mesmo o carro sendo seu, a habilitação dele está vencida. E poderei também aplicar uma multa no ao senhor por deixa-lo dirigir com licença expirada. - disse o policial.

— E como eu ia saber que ele estava com a habilitação atrasada, e como ele disse ser uma situação da emergência, eu pensei que não teria problema. - eu digo fingindo chorar pra convencer o policial.

Depois de um tempo, tudo pareceu ter ficado bem, pois ele assentiu e me entregou as chaves do carro.

— Espero que isso não se repita. - advertiu o policial.

Quando saí do estacionamento, respirei aliviado por ter conseguido e tudo ter dado certo, agora é entregar o carro para o Mário e torcer pra ele não fazer mais nenhuma besteira com ele.

— Obrigado Boti, te devo uma. - ele fala a mim.

— E deve mesmo, você viu o que me fez ter que passar pra recuperar esse bendito carro. - digo a ele que aparentemente entendeu o recado.

— Então como eu vou ter que pagar, se nem dinheiro eu tenho. - disse ele.

— Mas não precisa ser desse método, existe outras formas, como me ajudar a limpar casa nos dias que a Chimoltrúfia não está. - digo a ele.

— Ah vai sonhando... - disse ele resmungando.

— O que você disse? - Digo mostrando o pente a ele.

— Nada, tá bom eu faço. - disse ele bufando.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Por enquanto é só pessoal, logo postaremos mais!



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