Um ladrão em nossas vidas escrita por Gabriel Lucena, matheus153854
Enquanto os dois garotos desconhecidos jogavam o videogame, Chaveco pensava em mil maneiras de escapar de lá, será que ele rendia os garotos e corria pra janela? Não, eles chamariam a polícia depois, então ele aproveitaria um momento de distração deles e sairia correndo até entrar pelo lugar que entrou? Menos ainda, seus sapatos iam fazer muito barulho. E se tirasse os sapatos seus passos seriam ouvidos. Então, o que fazer?
Foi quando ele teve uma ideia, pegou um pano e colocou na boca para abafar um pouco a voz.
— Acho melhor parar com a partida agora mesmo viu? - disse ele tentando mudar de voz, embora tenha ficado mais rouca que o normal.
— Quem tá aí? - perguntou um dos garotos, pausando o jogo e levantando da cama.
— Sou o fantasma dos videogames, eu pego todas as crianças que faltam aula por dormir demais pois ficam até altas horas da madrugada jogando videogame e agora vim aqui para tirar de vocês. - ele disse, controlando o riso.
— Como assim? Nós não jogamos videogames até tarde. - respondeu o outro garoto.
— Mas eu amo videogames e quero muito o de vocês, é melhor darem logo senão vou falar para a mãe de vocês algo que ela não pode descobrir sobre vocês.
— E o que você sabe sobre nós?
— Oh, eu sei muita coisa, venho seguindo vocês há um tempo, agora quero ver o que vocês vão fazer pra se livrar da baita bronca que vão levar.
Nessa hora ele já estava todo aflito, torcendo pra que isso desse certo.
— Aonde você está? - perguntou o primeiro garoto.
— Embaixo da cama, vou sair daqui agora pra conseguir logo o que eu quero.
Então Chaveco tirou o seu paletó preto e o amassou um pouco na mão como se fosse uma gosma preta, quando ele exibiu um pouco dela, os garotos se assustaram.
— Ai meu deus, vamos sair daqui! - gritou o garoto que visitava.
— Socorro mãe! - gritou o outro garoto abrindo a porta do quarto.
Quando eles se retiraram, rapidamente Chaveco saiu debaixo da cama rolando, pegou a sacola e logo correu até a janela com o paletó dobrado no braço. Ele então correu até a esquina, fora da visão dos meninos da casa e colocou o casaco novamente e assim indo de volta até a casa do Botijão.
— Posso saber porquê você demorou tanto? - perguntou Botijão, o olhando.
— Eu não sabia que tinha horário definido para voltar. - disse ele colocando a sacola no chão.
— Pois tinha sim, mas você não cumpriu o horário e acho bom me dizer porquê. - disse Botijão pegando o pente.
— É que eu tive o azar de aparecer na hora que dois garotos queriam jogar videogame, então tive que dar um jeito para eles fugirem do quarto e eu poder fugir sem ser visto. - explicou ele.
— E eles não notaram o sumiço de todas essas coisas? Quem diria hein? - riu Botijão.
Logo Chaveco ficou mais aliviado e rumou de volta para o seu apartamento, esperando que nem Mário e Marcelina nunca soubesse de nada do que aconteceu.
Logo o tempo passou e de noite, quando Chaveco estava assistindo televisão na sala pouco tempo antes do jantar, logo viu um noticiário passando na mesma.
"Hoje à tarde dois garotos estão bastante assustados com um acontecimento estranho na casa deles, segundo a mãe, eles teriam visto uma coisa preta e gosmenta debaixo da cama e se assustaram. Quando voltaram ao quarto, a mãe percebeu que algumas coisas da casa haviam sido roubadas. A polícia ainda não tem pistas de quem pode ter sido o invasor."
Chaveco sentiu um frio percorrer a espinha, porque ao que tudo indica, com certeza ele deve ter sido visto saindo da casa pela janela e agora alguém que viu poderia denunciá-lo, mas ele estaria muito ferrado se isso acontecesse, não podia voltar pra prisão.
— Boa noite. - disse Mário, entrando na casa.
— Boa noite padrinho. - respondeu Jackson, passando pela sala a caminho da cozinha.
— Ah, oi... nem tinha te visto aí. - riu Chaveco, disfarçando.
— O que foi? Parece assustado com algo. - disse Mário.
— Nada não, só essas notícias que aparecem na televisão. Sabe, tudo fala só de coisa ruim. - suspirou ele.
— É verdade, então que tal esquecermos isso e irmos jantar?
— Boa ideia padrinho! - disse Jackson, indo pra cozinha.
— Eu já estou indo. - respondeu Chaveco.
Logo, ele se levantou e foi até o banheiro lavar o rosto.
— Não vai acontecer nada de mais, ninguém vai descobrir nada... - sussurrou ele.
— O que ninguém vai descobrir Chaveco? - perguntou Mário, aparecendo na porta do banheiro, o deixando meio atordoado. E agora? O que ele iria dizer? Que mentira iria contar dessa vez?
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