I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 23
Capítulo 23 - Me Levar Lá


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Primeiramente eu gostaria de agradecer às leitoras Carina Darlly ecatchtherainbow pelos comentários. E eu também queria dizer que segunda minhas aulas vão começar, então talvez o cronograma de postagem mude um pouco. Mas eu vou continuar postando, não se preocupem. Bem, boa leitura e beijinhos.



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Eu sinto que algo é especial

Eu sinto que há algo especial aqui

Eu sinto que há algo especial com você

    (Take Me There)

 

POV Isa

Olho para Thomas, parado ao meu lado na frente da porta do apartamento do pai. O pai de Thomas mora praticamente na cidade vizinha, em um prédio muito chique. Thomas não parece nervoso, apenas frustrado por ter que se encontrar com o pai de novo. Ele está vestindo uma camisa branca social, uma calça jeans cinza que se ajusta bem no seu corpo e sapatos pretos. Eu coloquei um vestido preto com um pouco de volume e babados na parte de baixo, mas nada muito chamativo, além de sandálias também pretas de salto alto. Fiz com que o cabelo ficasse um pouco ondulado e passei uma maquiagem relativamente leve, e Thomas disse que eu estava linda. Bem, ele sempre diz. Thomas toca a campainha e conto quatro segundos até uma mulher jovem abrir a porta para nós. Ela tem os cabelos castanhos avermelhados como a mãe de Thomas, mas não é tão bonita quanto ela.

—Olá. –Ela nos cumprimenta com beijinhos. –Podem ir entrando.

Ela abre espaço para nós passarmos e fecha a porta atrás de nós. Nós paramos na sala de estar. As paredes são de tons escuros, um sofá baixo e aparentemente macio está encostado em uma parede. Uma mesinha de centro de vidro está na frente do sofá, e uma grande televisão está na outra parede. Há algumas estantes e prateleiras repletas de livros nas outras paredes, e do outro lado há uma mesa de jantar também de vidro com seis cadeiras bonitas, de estofamento vermelho. Um tapete estampado está embaixo da mesa de jantar, e além da mesa é possível ver uma porta que leva, imagino, para a cozinha e um corredor que leva para os outros cômodos do apartamento.

—Puxa, Thomas. Faz quase um mês que eu não te vejo. –A mulher fala, sorrindo docemente. Thomas disfarça bem a cara de repulsa. Ele disse para mim que iria se comportar.

—Pois é Marissa. Uma pena. –Ele diz, e eu capto facilmente a ironia em sua voz. Se Marissa também percebeu, disfarça.

—Eu sou Marissa, prazer. –Ela estende a mão para mim. –Você é... ?

—Isadora. É um prazer te conhecer. –Falo, sorrindo.

Ouço passos vindos da cozinha e me viro. Um homem de no máximo 40 anos aparece na porta da cozinha, e sorri para nós. Os cabelos são castanhos um tom mais escuro que os de Thomas, chegando perto do cabelo de Alex, e estão bem arrumados. Os olhos também são verdes, mas com uma pontada de castanho. Ele usa uma barba bem aparada e o sorriso é muito parecido com o de Thomas. Ele está todo social: camisa azul claro, mas com as mangas arregaçadas, calça preta de sarja e sapatos também pretos reluzentes.

—Bem vindos. –Ele caminha até nós. Dá um abraço rápido em Thomas, que não se move e aperta minha mão com um sorriso. –Sou Christopher. É um prazer.

—Essa é Isa, minha namorada. –Thomas fala, sem nenhuma emoção na voz. Deslizo minha mão pelo braço dele até encontrar sua mão quente.

—O prazer é todo meu. –Falo, sorrindo timidamente.

—Estou impressionado, Thomas. Você conseguiu uma linda namorada. –Christopher diz, ainda sorrindo. –O jantar vai atrasar um pouco. Sinto muito. Mas vocês podem ficar à vontade. Por que não mostra o apartamento para ela, filho?

Thomas enrijece ao meu lado, mas acena com a cabeça. Ele espera até o pai e a namorada dele entrarem na cozinha para me levar para o corredor.

—Relaxe. –Eu falo, colocando as mãos sobre seus ombros tensos. –Ele é seu pai.

Thomas faz uma careta e acende a luz do corredor, que ilumina quatro portas.

—Ele é meu pai, mas é muito desagradável.

—Não fale assim. Ele foi simpático. E Marissa também. –Eu digo calmamente. –E você disse que ia se comportar.

—Eu estou me comportando. Eles devem estar discutindo o quanto eu fui educado até agora.

Thomas abre uma das portas, revelando um banheiro branco e azul perfumado. A segunda porta é o escritório de Christopher, onde há uma mesa extensa e uma cadeira preta confortável, além de vários livros, mapas e papéis espalhados em todo o lugar. A terceira é o quarto de casal, e ele não abre a porta, só explica. E por último, tem o quarto de Thomas. Ele acende a luz, revelando um quarto grande (maior que seu quarto na casa da mãe), com as paredes brancas e verdes, bem do tom de seus olhos. Tem uma cama de casal arrumada e estantes com livros e enfeites em cima. Um tapete preto macio está no meio do quarto, e há uma mesinha apenas com uma luminária acesa nela. Os armários são brancos com espelhos na frente e também há um banheiro com uma banheira luxuosa.

—Não sabia que você tinha um quarto aqui. –Eu falo, passando a mão pelo cobertor verde da cama de casal. Eu me sento na cama e ele se senta ao meu lado.

—Eu nunca dormi aqui. Não sei por que esse quarto existe. –Ele soca o travesseiro branco da cama repetidas vezes, extremamente frustrado. Parece que esse é o único sentimento que ele tem em relação ao pai: frustração.

—Seu pai está apenas tentando fazer você se sentir... Filho dele. –Abraço Thomas com carinho e ele para de socar o travesseiro para me abraçar com força.

—Isso é ridículo. Olhe esse quarto. Ele esperava o que? Que eu viesse aqui morar com ele? –Ele passa o dedo na estante, como se para certificar de que não há pó nela.

—Você não passa alguns fins de semana com ele?

—Claro que não. –Ele resmunga e se deita na cama macia. Fico ajoelhada ao seu lado, passando a mão por seu cabelo.

—Vamos ser simpáticos hoje, certo? –Eu falo depois de um tempo. Ele parece mais calmo agora.

—Certo. Vou fazer isso por você. –Ele pisca para mim e abre meu sorriso favorito. Mas o sorriso se esvai como fumaça quando Christopher aparece na porta.

—O jantar está pronto.

 

O jantar ocorre bem. Quer dizer, Thomas não foi grosso, mas não demonstrou muito entusiasmo. Eu dei o meu melhor e os dois adultos pareceram felizes por eu estar lá. Depois de terminar de comer, Thomas se levantou e disse que precisava ir ao banheiro. Sozinhos, Christopher solta um suspiro profundo.

—Essa foi a refeição mais agradável que eu já tive com ele. –Marissa diz, rindo. –Até agora ele não me xingou.

Arregalo os olhos e ela sorri para mim. –Obrigada, Isa. Você tornou tudo mais fácil.

—Sim. Thomas pode ser um pouco... Difícil. –O pai diz, passando a mão pelos cabelos.

—Eu sei. Mas ele é um bom garoto. Muito gentil. –Falo, sorrindo para os dois sentados na minha frente.

—Gentil com você, sim. Eu percebi. Um cavalheiro. –Marissa diz. –Me fez perguntar como ele age normalmente, quando não está na nossa companhia.

—Ele... Bem, é normalmente gentil e educado. Mas com as pessoas que ele simpatiza.

—É. Ele apenas nos odeia. –Christopher diz, afrouxando um pouco a camisa social. –Mas ninguém pode dizer que eu não estou tentando.

Dou uma risada. –Sim.

—Desculpe perguntar, mas qual é o seu nome completo? A senhorita me parece familiar... –Ele diz, terminando de comer e limpando a boca com um guardanapo.

—Isadora Ferrarz. –Eu falo depois de uma pequena hesitação.

—Ah! –Ele sorri. –É filha de Nathaniel! –Ele se vira para Marissa. –Ela é filha daquele casal que nós conhecemos naquele jantar no Rio de Janeiro.

O olhar dela brilha com o reconhecimento e ela sorri para mim. –Ah, sim.

—Vocês conhecem meus pais? –Eu falo, surpresa.

—Sim, fazemos negócios. Que ótima surpresa. Thomas arranjou um ótimo partido. –Ele diz, rindo. –Terei o prazer de dizer para seus pais que conheci a encantadora filha deles.

Limpo a garganta e tomo um gole de água. Ok. Thomas vai me matar. –Eu poderia pedir para vocês não contarem? –Vejo a confusão em seus olhos. –Bem, meus pais ainda não sabem que eu estou namorando Thomas.

—Ah não? Há quanto tempo vocês estão namorando? –Marissa pergunta, mas nenhum deles parece zangado com o pedido. Na verdade, os dois parecem ser extremamente compreensivos. Thomas aparece no corredor.

—Não nos conhecemos há muito tempo. –Ele diz, se sentando ao meu lado. Bem, pelo menos ele não diz que nós começamos a namorar ontem mesmo.

—Certo. –Ela acena com a cabeça e toma um pouco de vinho.

—Você é a primeira namorada de Thomas que eu conheço. –Diz Christopher, se levantando lentamente.

Dou uma risada. –Parece que Thomas não namora muito... –Falo, ironicamente. Claro, só o próprio Thomas capta a ironia. Ele sabe mais que ninguém a quantidade de garotas que ele já teve. –A mãe de Thomas disse a mesma coisa.

—Você a conheceu? –Marissa pergunta. Ela não parece com ciúmes da mãe de Thomas, apenas curiosa.

—Sim. E se minha mãe não conhece as minhas namoradas, não é para vocês que eu vou apresentá-las primeiro. –Thomas diz, aparentemente irritado com o fato dos dois terem se metido em sua vida pessoal.

—Thomas... –Eu falo, segurando seu braço. Ele olha para mim e se levanta também. Christopher vai até e cozinha em silêncio e Marissa abaixa a cabeça. O clima fica tenso até Christopher aparecer segurando uma belíssima torta de chocolate.

—Isso parece bom. –Eu falo, ainda segurando o braço de Thomas, que volta a se sentar. Ele leva minha mão até seus lábios e deposita um beijo nela.

—Eu que fiz. –Marissa diz, se recuperando da grosseria de Thomas. –Você gosta de doces?

—Eu gosto. –Digo, pegando um pratinho com um pedaço da torta das mãos do pai de Thomas. –Minha irmã quer ser confeiteira.

—Você tem uma irmã, então? –Christopher pergunta, oferecendo um pratinho para Thomas, que recusa com um gesto de cabeça.

—Tenho três irmãos. Um mais velho e um casal de gêmeos mais novos. Somos uma família grande. –Falo, oferecendo uma garfada da minha própria torta para Thomas. Ele aceita.

Marissa coloca mais um pedaço de torta em meu prato discretamente, após ver que Thomas só aceita o que eu dou para ele. Como uma criancinha mimada. Como um pedaço também.

—Está delicioso. –Falo. –Não é, Thomas?

—Hum. –Ele diz, meio que concordando.

Marissa sorri orgulhosa e Thomas apoia a cabeça em meu ombro.

 

Depois do jantar, eu me ofereci para ajudar com a louça, mas Marissa disse que cuidaria de tudo, então eu fiquei com Thomas e Christopher na sala.

—E como está a escola? –Ele pergunta, sentado em uma cadeira estofada, enquanto eu e Thomas estamos no sofá.

—Normal. –Thomas diz e olha para mim. –Isa é a garota mais inteligente do segundo médio.

—Verdade? –Ele pergunta, olhando surpreso para mim.

—Ah, não sei. Eu sou esforçada. –Falo, sorrindo. Thomas passa os braços ao redor de meu quadril. Ele parece mais a vontade agora. –Mas Marcos e Matt são melhores que eu.

—Bom, que eu saiba, eles não são garotas. –Thomas responde, beijando minha cabeça. Christopher sorri de lado.

—Está ficando tarde. –Thomas diz, olhando para o relógio perto da televisão. Já passa das onze. –Amanhã nós temos aula, então é melhor nós irmos, não é? –Pergunta para mim.

Faço que sim com cabeça e me levanto, arrumando o vestido. –Tudo bem.

Thomas se despede do pai primeiro, dando batidinhas em seu ombro. Quando eu vou me despedir, ele sussurra um ‘obrigado’ para mim sem que Thomas perceba. Sorrio para ele e vamos para a cozinha nos despedir de Marissa.

—O que achou? –Eu pergunto para ele assim que entramos no carro de Thomas. Ele dá de ombros.

—Foi melhor que o normal só porque você está aqui.

Ele sorri e eu dou um peteleco fraco em sua testa. –Ei.

—Pare de tratar seu pai assim. Ele é muito esforçado.

Ele faz uma careta e liga o carro.

—Ele pode ser esforçado longe de mim e de minha mãe.

Suspiro, pensando se eu devia ou não me meter mais nesse assunto. Mas já que estou aqui, é melhor chutar o balde. –Eu sei que você e sua mãe sofreram muito com a distância dele, mas não acho que ele tenha simplesmente ignorado vocês todos esses anos. Ele não tinha como saber que você era filho dele ou mesmo como entrar em contato.

Thomas desvia os olhos da estrada e olha para mim. –Ele é rico e poderoso. Sim, ele tinha como saber. –Sua voz soa um pouco irritada e eu me arrependo um pouco de ter falado.

—Mesmo assim, você não precisa tratá-lo desse jeito. Até sua mãe já o perdoou.

Consigo ver os nós de seus dedos brancos com a força que segura o volante do carro. –Eu queria que ele e a namoradinha dele sumissem. –Ele fala baixinho.

—Não, você não queria. –Eu dou um beijo em seu ombro. –Eles te tratam tão bem. Você deveria tentar retribuir um pouco. Sei que é difícil para você, mas não acha que já guardou mágoa por tempo o suficiente?

Ele não fala nada por um longo tempo e eu me encolho em meu assento, triste por ele não ter me respondido. Quando chegamos na frente da minha casa, ele para e olha para mim.

—Você tem razão. Mas eu não consigo perdoá-lo. –Ele diz, e eu vejo o quanto ele está sofrendo por causa disso. Jogo meus braços ao redor de seu pescoço, envolvendo-o em um abraço caloroso.

—Você não precisa perdoá-lo agora. Vamos aos poucos. Eu sei que você consegue. Eu posso até te ajudar com isso. –Falo, tocando em seu rosto. Ele abre um sorriso triste.

—Acho que foi um erro. –Ele diz, a voz um tanto transtornada. Do que ele está falando? Foi um erro me levar para conhecer seu pai?

—O que foi um erro?

—Ter aceitado namorar você. –Ele olha em meus olhos e sinto meu coração bater um pouco mais rápido (de preocupação talvez?). Eu falei algo tão errado a ponto de ele ter se arrependido de namorar comigo?

—Como assim? –Pergunto nervosa.

—Você é muito boa para mim. –Ele fala, sorrindo. Suspiro e me seguro para não dar um tapa no rosto dele.

—Idiota. –Falo, revirando os olhos. O sorriso dele se expande um pouco e ele se inclina em minha direção para me dar um beijo. Ficamos nos beijando apenas alguns instantes, até ouvirmos o som de uma porta se abrindo. Me viro e vejo, pela janela, minha mãe parada na frente da casa, os braços cruzados na frente do corpo.

—Merda... –Eu falo e Thomas arregala os olhos. –Acho que estou em uma encrenca.


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