Casamento Intergaláctico escrita por BlackFlower


Capítulo 4
Capítulo 04: Família de Smurfs


Notas iniciais do capítulo

Agradeço muitíssimo a todo o carinho que estou recebendo, aos leitores que estão comentando amo muito vocês, aos fantasmas adoro seus acompanhamentos e os favoritos é uma surpresa *----*
Me desculpem ao atraso de semana passada, mas postarei agora e uma mais tarde, ou seja dois capítulos quase seguidos. Leiam as notas finais para uma surpresa :3



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Capítulo 04: Família de Smurfs

 

Planeta Kalim - 26 de Dezembro de 2017, Centro de Transportadores

O problema de ser humana, é que qualquer coisa pode ser fatal, inclusive uma simples frase de um alien azul que parecia um smurf. Depois do que Drax falou ficamos imersos no silêncio, não era tão ruim de fato, só estranhamente quieto demais, o silêncio sempre me irritava, ele foi quebrado por Leonardo e Thyna, os dois ficaram bem amigos, vindo de Leonardo tinha segundas intenções.

— Você tem que ir ao meu bar — Thyna falou para Leonardo, o mesmo deu um sorriso galante de lado, nossa aquilo me revirou o estômago — Lá temos uma variedade de bebidas que você vai adorar. Bem, pelo menos suponho, afinal nossas bebidas podem ser diferentes.

— A produção deve ser diferente um pouco, nada mais que isso — Drax limitou-se a dizer isso, seus olhos não abandonaram o cúpula.

— Assim que me familiarizar a cidade, irei com certeza — Leonardo gargalhava galante, garantiu que estaria no bar, o que foi muito devo dizer, Leonardo sempre foi...arrogante.

— E você Debby? Gosta de que? — Thyna parecia querer fazer uma amizade duradoura aqui. Passei meu peso para a perna esquerda pensando exatamente nas palavras que sairiam a seguir.

— Qualquer coisa, não sou muito de festas embora, não me sinto à vontade em multidões ou sons alto demais — sorri tentando ser gentil.

— Na verdade ela ama ler, por isso fez o Smurf ali comprar muitos livros — Leonardo cruzou os braços na frente do peito.

— O que seria um Smurf? — Thyna sorriu de lado, não pensou duas vezes antes de puxar o “celular”.

Com alguns segundos ela descobriu o que era uma Smurf, e nem me perguntem por que eles teriam essa informação, talvez ele possuíssem um banco de dados extremamente amplo, o que me fez pensar que exatamente fazia sentido pois Drax parecia saber exatamente tudo o que falava, poucas vezes o ouvi perguntar algo.

— Nossa, os terráqueos tem uma imaginação bem fértil. Olhe Drax, não é exatamente você, mas faz sentido o apelido — Thyna ampliou a tela com a ponta dos dedos, mostrando em alta definição a imagem de um pequeno anãozinho de jardim azul com gorro vermelho, com olhos divertidos e um sorriso gigante.

Drax apenas revirou os olhos bufando lentamente, certamente sabiam como testar a paciência dele, ouvimos o som metálico de aviso falando sobre um transportador chegando e avisando seu destino, quando o veículo pousou na área marcada várias pessoas saiam bem arrumadas, com gravatas e roupas de trabalho normais como na terra, além de nós 4 entrou alguns senhores engravatados que quando viram Drax arregalaram os olhos.

No começo da viagem não havia olhares, porém agora eu sentia um me olhar fixamente, não sou muito fã de olhares prolongados, eles viraram e sussurram algo que fez Drax rosnar baixo, não consegui ouvir o que eles disseram, mas o azulado andou para frente com os punhos cerrados. Ele ia brigar, tenho certeza que ia tirar satisfação seja do que fosse.

— Drax — falei alto demais atraindo atenção do mesmo que suavizou a expressão.

— O que foi Debby? Está sentindo algo? — Leonardo perguntou me olhando com medo.

— Não, é só que estou nervosa — inventei algo na hora, ok, estava nervosa mas não queria ter falado algo.

— Ninguém vai te ferir, somos um povo bem misto, Thyna estará lá caso se sinta mal — ele chegou perto e tocou no meu rosto. — Vai dar certo ta bom?

— É, vai dar certo — sorri mostrando meu melhor sorriso. O melhor sorriso falso e isso acabou comigo. Falsidade nunca foi um dos meus pontos fortes.

Ele sorriu rapidamente, os senhores que vinham cochichando voltaram as suas atenções para Leonardo, eles eram azuis como Drax, prováveis habitantes de B’Etor, do jeito que eles encaravam a falta de educação era normal. Enquanto nos aproximávamos do planeta azul, lembrei de algo a muito esquecido, talvez fosse a cor de azul que eram iguais, a imagem se em minha mente, sacudi a cabeça para esquecer do que pretendia retornar as memórias. Mas a imagem da terra não saia da minha mente, foi impossível não lembrar da foto tirada do espaço.

Senti saudades de casa, olhei para Leo, seus olhos brilhavam, mas o brilho vinham de suas lágrimas não derramadas, olhei aquele ponto brilhante e azul, aquela pequena lua agora seria meu lar, disfarçadamente cheguei perto de meu irmão, segurei seu ombro, nos olhamos, e naquele olhar não foi preciso palavras para descrever nossa tristeza.

Lembrei da minha rua, meu bairro, doce Pedreira, lugar misto, cheio de pessoas sorridentes, meus vizinhos estavam bem? Meus amigos sobreviveram? O que seríamos? O que a terra se tornaria? As perguntas vinham e não tinham respostas, porque agora éramos ninguém.

Leonardo tinha oferecido algo para mim, focalizei a minha frente uma lata colorida, peguei tentando entender o que estava escrito, parecia ser suco pelo cheiro, tomei um gole, o gosto doce e gelado, fez-me senti calafrios, muito gostoso, Thyna sorriu confiante enquanto chegamos à estação de B’Etor.

A lua de longe era brilhante e azul, de perto eram cores bem lúdicas que se misturavam fazendo um caleidoscópio de cores que variam entre roxo e verde azulado, meus olhos no começo doeram pela intensidade delas, porém foi algo rápido e logo se acostumaram a paisagem se formava. Um sol extremamente verde brilhante estava se pondo, a esta altura eu já não sabia o que era leste ou oeste, mas aquilo, essa paisagem me fez sorrir. Eu senti pela primeira vez depois de tudo, um pouco de vida.

Não demorou muito para sairmos, o local era bem movimentado, pois eram muitas pessoas indo e poucas voltando, alguns olhavam torto para Drax, outras nos olham da cabeça aos pés, mas foi em Thyna que os homens faziam seus gracejos. O tempo na cidade estava ameno, e como Drax mostrou nas imagens, a cidade era bem normal, nada daquelas maravilhas tecnológicas que vemos em filmes, tirando o fato que havia robôs fazendo alguns serviços domésticos, não havia animais nas ruas, nem lixo no chão, não tinha sequer um sujo.

O centro de transportes aéreos de B’Etor, não inventei esse nome li numa placa,  era realmente todo branco e estéril, porém com bastante vida. Dentro da estação podia-se ver bancas de frutas, enquanto buscamos a saída havia telões holográficos mostrando mapas e forma de chegar a hotéis.

Os meios de locomoção mostrava-se interessante, era como carros normais porém sem rodas e flutuava, ficavam em filas na frente do Centro, Thyna explicava que a própria energia para os carros devia-se ao próprio eletromagnetismo do planeta, não havia combustível fóssil. Ou qualquer tipo de utilização de energia que polua o ambiente,

Leonardo fez a pergunta óbvia, como podíamos respirar aqui? Não me levem a mal, mas pelo amor de deus, apesar de me sentir bem mais ofegante, não senti que a qualquer minuto ia morrer, então lógico que a resposta seria porque respiramos o mesmo ar. Mas de acordo com Thyna, o diferencial é que havia uma diminuição do oxigênio e acrescentou um elemento que a longo prazo faria as pessoas tornarem-se azuis. Ela inclusive mostrou uma foto em que ela mesma estava com a pele roxa, disse que esse processo era demorado. Mas não sabia se funcionava com humanos.

Entramos no automóvel, o estofado macio fez maravilhas a minha pele, era geladinho como couro, enquanto a paisagem da cidade passava em borrões, não pude ver muita coisa, só que era bem brilhante a noite, o céu agora tinha estrelas que eu não reconhecia, que mentira a minha, eu nem reconheceria as estrelas do meu próprio planeta. Mas ainda assim, um lindo espetáculo no céu roxo.

Drax estava inquieto, hora ou outra me olhava preocupado, Thyna desceu primeiro ficou num bar, ela tinha dito que era de família, então quando ela terminava seu serviço como militar voltava para os negócios, nos convidou para o baile que ela daria pelo seu retorno. Prontamente aceito por mim e Leonardo, Drax só acenou entendimento.

— O que tanto te incomoda? — questionei o olhando pelo vidro. Seu reflexo agora franzia a testa.

— Não avisei para meu pai que estaria chegando — respondeu pensativo, virei para ele agora encarando-o surpreendida.

Não quis entrar nos detalhes, talvez fosse melhor assim, continuei a apreciar a bela visão das árvores ao redor, tão diferente, as folhas eram azuis e vermelhas, os troncos amarelos, era tão vivo, tão belamente diferente, algumas só tinham flores de variadas cores, havia os pássaros diferentes, teve um que me pareceu uma arara só que com bico de beija-flor, pelo menos pensei ser, a escuridão dificultava a visualização exata. A fauna e flora devia ser magnífica, a família de Drax morava no interior da metrópole, tinham terras, ricos pela venda de suprimentos para a GSGU e cereais para cidade.

— Odeio interior — Leonardo gemeu vendo aquela quantidade de árvores.

— Não é tão longe da capital, logo se acostumará — Drax disse ainda disperso.

E realmente não demorou muito, logo entramos pelos portões enormes e dourados, Drax então virou ajeitando sua roupa, minha atenção nunca estava focada no que as pessoas vestiam, não vi que o azulado tinha seu uniforme do exército com algumas medalhas no peito esquerdo. Havia uma gravata vermelha no seu pescoço jogada, ele não acertava ajustar.

— Posso? — apontei para a gravata.

— Claro, nunca me dei bem com gravatas — deu de ombros.

— Certa vez, entrou em nossa loja uma dupla de mulheres, elas eram bem vestidas, bonitas, tinham os cabelos dourados, andaram por toda a loja a procura de roupas para uma festa, entravam e saiam do provador, vestiram tudo que tinha no estoque, e no final não levaram nada. — peguei a atenção dele com a história enquanto ajeitava a gravata o fazendo ficar relaxado — Meu chefe ficou possesso, gritou, me fez contabilizar cada tempo perdido papeando as mulheres que não tinham levado nada da loja. No outro dia…

— Chegamos a mansão Zol-Thiren, agradecemos o uso do transporte, desçam devagar e boa noite — a voz mecânica declarou abrindo as portas.

Leonardo suspirou aliviado e desceu do carro, foi pegando as poucas bagagens, isso se podemos chamar sacolas de bagagem, sai do carro vendo a grande casa cinza, as janelas em dourado, o caminho que ia até as escadas era de ladrilhos, haviam árvores roxas que se mexiam sem ter vento em cada lado da casa. O nervosismo tomava conta de mim, a respiração ofegante, com certeza uma grande casa pertencia a uma família com grande fortuna para cuidar de todo o espaço que vimos até chegar aqui.

— Definitivamente uma belíssima casa meu amigo Smurf — assobiou Leonardo com os olhos brilhando. Para um arquiteto ele estava gostando bastante.

Virei a tempo de ver Drax passar a palma da mão na tela a frente dele, e apareceu um retângulo verde com algo escrito. Então o veículo foi embora sozinho, um vento frio e leve bagunçou os fios do meu cabelo. Drax virou, ficamos nos encarando por um tempo, tempo suficiente para meu coração dar uma batida diferente. Apenas uma batida. Não era nada. Foi nisso que me agarrei aquele momento.

— DRAXFOT!!! — ouviu-se a porta da casa abrindo fortemente.

Saindo da escuridão apareceu quatro seres totalmente azuis como Drax, uma família de Smurfs, o primeiro era um macho, possuía a barriga grande, os orelhas mais finas que o normal, os olhos eram totalmente vermelhos sangue não havia íris ou pupila apenas o vermelho, as pálpebras acima e abaixo dos olhos eram como olheiras vermelhas, vestia uma roupa de tecido fino, calça azul marinho, blusa branca com as mangas enroladas, colete azul com um relógio de bolso no lado esquerdo, o cabelo exatamente dar cor de Drax, azul fortíssimo quase preto se não fosse os reflexos azuis, a sobrancelha bem grossa, o rosto marcado pelo tempo e só apenas isso marcava sua idade.

Ao lado esquerdo havia duas mulheres, uma pequena, cabelos longos, lisos e bagunçados, vestia uma calça de couro, regata preta e casaco leve que ia até seus pés, os olhos e orelhas iguais ao homem barrigudo nos olhava curiosa, percebi uma ligeira diferença de cor de pele, um azul mais claro e que destacava a tatuagem no meio da testa, algo boleado floral com um pingo caindo ao meio, usava uma maquiagem leve, os lábios pequenos e roxos. Já a segunda mulher, alta e esguia, tinha o semblante sério e imponente, o vestido que usava devia ser muito caro, pois a cada movimento era como ver a própria galáxia no tecido. Seus olhos eram roxos cálidos e sombrios, a boca carnuda rosada, nariz fino e possuía uma tatuagem bem no meio da testa e abaixo dos olhos na cor roxa.

E então o segundo homem, me olhava fascinado, sua roupa era mais casual, bermuda bege, blusa verde escura o tecido lembrava linho, um colar de couro adornava seu pescoço grosso, o pingente era uma enorme pedra verde, o cabelo ia até os ombros e diferente dos outros era totalmente preto e sem reflexos azuis. Olhos iguais aos de Drax, havia a tatuagem em seus pescoços e braços.

— Pensei ter sido bem específico na última vez que nos vimos — rosnou o Sr. Barrigudo, ele falava arrastado e com forte sotaque.

— Sim pai, lembro de nossa última conversa — Drax disse suavemente e curvou a cabeça levemente.

— E então? — disse a mulher pequena ao lado do Senhor Barrigudo.

— Essa… isso… é sua esposa? — indagou a outra mulher sorriu debochada.

— Ela é sua noiva?  Sua escolhida? — o senhor assumiu agora um sorriso amigável — Ora vejam só, uma coisinha admirável.

— Entrem, logo a chuva cairá e devemos estar protegidos — a pequena estava agora alegre e entrava na casa.

— Venham, venham, estou curioso para conhecê-los  — o mais velho acenava com as mãos para entrarmos.

Leonardo me olhou, olhou para o céu vendo agora nuvens se formando, deu de ombros e começou a andar para a mansão. Então comecei a andar, senti algo segurar meu pulso, virei vendo Drax me olhar curioso.

— O que aconteceu no final da história? — indagou olhando para mim curiosamente.

— No outro dia aparecemos numa revista de moda conceituada, nos elogiavam pelo bom atendimento e paciência. Sabe, não é fácil lidar com clientes, no final eles sempre tem razão. O ser humano, digo, as pessoas elas só precisam de um pouco de fé — sorri de lado e segurei sua mão o puxando para irmos para dentro.

Ele segurou fortemente minha mão, sentir o calor dele, era bom, acho que foi a primeira vez que sentir a mão de alguém na minha despertava minha total atenção, entramos na mansão, no começo a penumbra me atrapalhou, enxergava apenas silhuetas, logo minha vista acostumou-se, a mansão por dentro era maravilhosa.

O casarão, era todo pintado em cinza claro, um ambiente calmo e aconchegante, havia muito detalhes em dourado, janelas altíssimas que deixavam a luz de fora entrar, porém como era noite a pouca luz que entrava fazia apenas penumbras. Devo dizer que fiquei maravilhada com a escada, era de madeira lustrosa e podia-se ver reflexos das imagens de tão limpinha que era.

Quando entramos na sala é que notei o quanto Drax poderia ser rico, os sofás sofisticados e brancos puríssimos sem nenhum sujo, fiquei sem graça de sentar. Todos na sala ficaram calados olhando uns para os outros, exceto Drax que olhava diretamente para o pai. Sentamos todos nos sofás ultra macios, parecia feito de nuvem, o clima estava tenso, me sentia como o bichinho novo de estimação.

— Então… — Drax começou.

— Você realmente casou? — o pai olhava para mim. — Qual seu nome? Da onde você é? O que você faz?

— Meu nome é Débora, sou terráquea e era gerente de uma loja antes de tomarem meu planeta — respondi calmamente.

— Então o que ouvi é verdade — a mulher mais baixa colocou os dedos no queixo pensativa.

— Débora, este é meu pai Calisto, minha irmã Jami, meu irmão Dnyarlennlas e Roxye, minha madrasta — Drax apresentou todos que sorriam exceto Roxye.

— Espero que Drax não tenha agido tão rudemente com você — Jami sorriu e levantou chegando perto de mim tocando nos meus cabelos.

— Pois é, ela tem o cabelo bonito — Drax olhava para irmã.

— Sim, são de uma cor tão bonita — Jami passou os dedos devagar e não parava de sorrir — São sedosos e cheiram bem.

— Ela tem a cor dos olhos bonitos também — o irmão disse piscando para mim.

— Então deixa ver se entendi — Roxye levantou lentamente e seus olhos não deixavam Drax. — Seu pai lhe deu um ultimato para casar, então você foi chamado para servir, e logo depois traz… a refugiada, que por meus bons deuses, pode ser uma ladra e mentirosa para dentro de nossa casa e diz que vai casar com ela?

— Correção: já estamos casados — disse levantando do sofá. Minha mão pulsava para bater na jovem senhora. —Não preciso aturar esse tratamento. Irei para casa de Thyna caso estejas incomodada com minha presença.

— O que? Não. Lógico que não. — Jami levantou e virou-se enfrentando o pai. — Ela é uma de nós agora. Drax… pouco vem aqui, e droga, dessa vez é especial.

— Pai, é melhor que faça Roxie baixar sua altivez e respeitar minha mulher, podemos morar na mesma casa, por pouco tempo, mas quero respeito — Drax cruzou olhares com o pai.

Estava de repente um calor, pai e filho se encaravam, Roxye agora sentava sua bunda maldita no sofá, um sorrisinho de lado, olhos “dissimulados de cigana oblíqua”, me desculpe a referência a Capitu, mas nossa que mulherzinha sem noção, agia como… namorada de Drax.

Então voltei meus olhos para o que ela olhava, e realmente seus olhos não desgrudaram de Drax, me atacava como concorrente. Deus onde fui me meter? Estou aqui vivendo uma novela mexicana intergaláctica? E no fundo, bem lá no fundo, algo sussurrou para manter meus olhos bem abertos para com a alien.

Cruzei os braços, minha mãe teria dito que estava na defensiva, meu pai diria para ela parar de me analisar. Mas isso não importava mais, nada mais importa, porque eles estão mortos. Leonardo tinha o semblante calmo, ele sempre foi o mais compreensivo de nós, mas neste momento sua calma se devia não por ele ser calmo, e sim porque sua mente não estava ali, estava em outro lugar, tão distante e vagando por memórias que não nos deixaria esquecer do que aconteceu com nosso mundo.

— Sinto muito Roxye mas devo concordar com meu irmão, isto não lhe compete, sendo refugiada ou não, ela agora é uma de nós — Dny levantou e abraçou-me, fiquei sem reação, primeiro enrubesci e depois retribui o abraço.

— O-Obrigada?! — balbuciei confusa.

— Você pode largar ela? Não perde uma seu safado? — Drax levantou e seu irmão bufou contrariado.

— Só estou colocando as cartas na mesa, não me culpem por não adora-la, só porque Drax a trouxe para casa, todos sabemos que qualquer uma serviria — Roxye levantou e subiu as escadas.

Ela virou de novo mirando seus olhares entre mim e Drax, o mesmo não viu nada pois conversava com Jami e seu pai. Dny ainda permanecia ao meu lado, parecia contente demais, e fiz uma nota mental de não ficar muito tempo perto dele. Mas ali estava, mais uma vez, mais perguntas que respostas. O que aconteceu entre Drax e Roxye?

— Deixe Roxye de lado pequena, ela tem suas loucuras — alegou Calisto levantando da poltrona e me abraçou fortemente, o que me causou uma dor nas costelas — Seja bem vinda a família. Espero que possas aturar Draxfot, pois uma vez casado com um Zol-Thiren, só a morte pode separar.

Logo o Sr.C, sim ele queria ser chamado assim, pediu para saber tudo sobre o que eu e Leonardo éramos, o que tínhamos de diferente da Terra para B’Etor, foi uma conversa longa e cansativa, isso me fez reativar memórias esquecidas, como o dia que caí da bicicleta e nunca mais quis andar, mas isso não vem ao caso. Achei interessante o Sr.C nos contar como conheceu Roxye, quer dizer, eu não queria saber que os dois se encontraram através do filho numa boate de striper, Drax parecia querer morrer de vergonha.

— Juro que meu filho é alguém muito ativo, espero que dê conta mocinha — Sr.C gargalhou batendo na costa do filho.

Nessa hora todos na sala explodiram em riso, apesar de ter rido eu queria mesmo era me enterrar como um avestruz, apesar de nem o avestruz fazer isso, foi então que conversa vai e conversa vem, Jami apresentou-se timidamente, ela era a mais nova, formada em agronomia e estava feliz, Dny foi mais longe, disse que estava atrás de uma noiva, ele era hiperativo e não consegue ficar quieto um minuto, era um policial de cidade, assistente sênior do delegado, de acordo com ele haviam outros tipos de delegados: os intergalácticos que davam conta de contrabandistas e os planet que gerenciava o planeta inteiro. Havia coisas totalmente diferente na justiça, não havia juízes, era uma câmara de julgamento.

— Sua vida deve ser cheia de aventuras — falei com os olhos brilhantes.

— Diferente de alguns planetas, B’Etor é pacífica. Não existem muitos problemas como assassinatos. Mas é bom estarmos preparados — ele sorriu de lado.

Incrivelmente me senti mais familiar com Dny, ele tinha um jeito com as palavras, bem diferente de Drax, que estava tenso, batucava os dedos no braço do sofá, aquilo já estava me dando nos nervos. Leonardo contou para todos que era casado, n0 caso viúvo, Jami começou a chorar, ficamos um pouco perplexos, mas Drax explicou que os habitantes de B’Etor tinham um dom especial, alguns podiam sentir de forma intensa os sentimentos que era quase como ler a mente.

Isso explicava algumas coisas sobre Drax, Jami pediu desculpas, o que nem foi necessário, comentamos sobre como a Terra apesar de primitiva ainda detinha boas pessoas, e como nós enxergávamos os aliens, o Sr. C explicou que os aliens que tínhamos contatos eram reais, porém entravam ilegalmente no espaço da Terra, pois ela era vista como ambiente Primitivo Neutro.

— Então vocês irão mudar Drax? Quer dizer, você sabe que hora ou outra terás que vir para esta casa — o homem gesticulava com um charuto na mão, pelo menos acho que era charuto ou algo semelhante.

— Débora precisa de espaço, conhecer seu novo lar, ela nem sabia que aliens existiam, a Terra era primitiva — respondeu o homem levantando — Inclusive acho que é melhor ela dormir um pouco mais. Foi um dia agitado. Amanhã podemos conversar mais. Leonardo ficará no quarto junto de Dny.

— Por mim tudo bem — Dny colocou os braços ao redor do pescoço de Leonardo.

— Obrigado, será que podes me levar ao quarto? Estou cansado também- Leo comentou com a voz fraca. Seu rosto agora pareceu cansado. Me preocupei com sua saúde mental e física.

Dny acenou entendimento, e seguiu com meu irmão pela escada,  vi que Dny continuou a falar com ele, Leo sorria um pouco, era mais pela cortesia do que felicidade, agora que a agitação passou a realidade pesava. E não só nele, em mim também. Drax e Calisto levantaram, ambos abriram o braço para um abraço cheio de sentimento, o abraço apertado e cheio de significado, talvez pai e filho não tivesse tido contato por um longo tempo.

— Quarto de sempre. Boa noite e não façam barulho estranhos. — Sr.C sorriu faceiro, meu rosto ficou vermelho e Drax não me olhou nos olhos. Apenas pegou minhas sacolas e foi subindo.

A parte de cima da casa era de tirar o fôlego, havia muitas portas, corredor em ambos os lados, no centro havia um sala com piano branco, muitas telas de obras que eu desconhecia, mas a do centro, aquela mulher eu reconheceria mesmo no inferno, Leonardo Da Vinci ficaria orgulhoso ao ver sua obra sendo reconhecida até no espaço.

As janelas extremamente limpas, era bem mais iluminado que o térreo, Drax seguiu virando para a esquerda, seguimos passando três portas e na quarta Drax abriu, ele me deu passagem, sorri agradecida, meu coração na boca quando ouvi a porta fechar, estava tão nervosa que comecei a tremer.

— Você está nervosa que eu vá fazer algo? — ele perguntou confuso.

— Não. Mais ou menos. Me desculpa, sei que você não faria isso, mas dentro da minha mente está tudo um bolo só — expliquei sentando na beirada da cama.

— Bolo? Na sua cabeça? — ele perguntou colocando as sacolas em cima da cama.

— Quer dizer que muita informação ao mesmo tempo é confuso — especifiquei cerrando os braços à frente do meu corpo. — Belo quarto.

— Não gosto dessa cor — ele afirmou dando de ombros.

— Sério? Qual você gosta? — questionei não surpresa, se eu fosse azul minha cor eu odiaria ver azul no meu quarto.

— Antes era vermelho, minha mãe tinha os cabelos vermelhos. Agora é verde-musgo — ele caiu com o corpo na cama. Seus olhos vieram até mim, me encarava tentando decifrar o que estava pensando.

— Por que agora verde-musgo? — indaguei sorrindo.

— São a cor de seus olhos Débora, eles são incrivelmente belos e astutos — ele proferiu as palavras devagar.

E de repente o quarto ficou pequeno demais, meu coração bateu rápido, as bochechas esquentaram, isso foi uma cantada ou algo assim? Levantei indo até a janela, ela dava para frente da piscina, pelo menos pensei ser uma piscina, não era pro meu coração bater assim, não, não, não era pra ter este tipo de sentimento. Mas na minha cabeça passava apenas uma pergunta: Era assim tão errado?

— Qual sua cor preferida? — perguntou ele agora abrindo o guarda-roupa grande.

— Na verdade é ausência dela, gosto de preto — afirmei com um sorriso. — É tão bonito, calmo, e qualquer cor em cima dela é um destaque.

— Na verdade, preto é mórbido — ele refutou meu pensamento com um sorriso prepotente. — Claro, gosto é gosto. Espero que não se importe de usar uma blusa minha como pijama por hoje, sinto que Jami esteja dormindo a essa hora.

— Tudo bem — declarei pegando a blusa que ele oferecia. De cor preta, e sorri com o fato.

— Pode usar o banheiro, irei arrumar suas coisas aqui — ele proferiu apontando para a porta transparente. Olhei para ele não acreditando na situação. — Prometo não olhar. Desculpe nunca imaginei que estaria nessa situação. Tome a toalha.

Engoli em seco, acenei entendimento e peguei a toalha oferecida, a porta abria automaticamente, o banheiro era ladrilhado com escalas de branco ao cinza, a pia tinha um chuveiro que parecia automático, bancadas altas, espelho na frente da pia, e uma próxima ao box, as lâmpadas faziam muito bem ser serviço de iluminar, era capaz de ver um micróbio se tivesse no chão.

— Por favor, que ele seja um cavalheiro e não venha bisbilhotar — sussurrei tão baixo que nem eu ouvi direito.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo a narração será de Drax :3 Estou ansiosa por isso.

Caso alguém não saiba o que é um smurf: https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjP8sb31fzQAhVEHpAKHfcoCw4QjRwIBw&url=http%3A%2F%2Fsmurfs.wikia.com%2Fwiki%2FPapa_Smurf&psig=AFQjCNGC4q6NU_S1iYFA0jtxmbuMLBm7uA&ust=1482113698963572



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