Never Really Gone escrita por LStilinski


Capítulo 5
Você Foi Embora


Notas iniciais do capítulo

Helloo!!
Vocês viram o episódio da semana? Vocês viram aquilo? VOCÊS VIRAM? EU NEM SEI O QUE FALAR SOBRE AQUELE EPISÓDIO. NÃO SEI. O QUE. FALARR. (DESCULPA O CAPS EU TO NERVOSA)

Enfim. Lembram que eu prometi d-r-r-rama? LÁ VEM DRAMA UAHAHA

p.s.: also eu to procurando série nova pra ver, então se você tiver uma bacana para indicar estamos aí



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Lydia estava deitada em sua cama, encarando o teto do seu quarto. Dali a uma hora, Scott e Allison apareceriam a sua porta para levá-la ao jantar, e garota ainda não havia decidido se iria ou não. Tentava imaginar uma forma educada de declinar o convite:  talvez inventar alguma desculpa, uma dor de estômago ou uma tarefa de casa atrasada, ou simplesmente dizer que não quer ir e deixar por isso mesmo.

Uma batida na porta do quarto tirou Lydia dos seus devaneios.

— Pode entrar! – Mônica entrou no cômodo e franziu a testa ao ver a sobrinha na cama, com as roupas largas e confortáveis que usava em casa.

— Você ainda não começou a se arrumar? Seu amigos vão chegar a qualquer momento!

— Eu não diria “a qualquer momento”. Nós marcamos um horário. E relaxa, ainda tenho meia hora para me preocupar com isso – disse ela, espreguiçando-se.

— Sim, mas vocês não marcaram ás seis? – Mônica franziu a testa ao checar o relógio de punho. – Você vai se arrumar em meia hora?

— Ficaria surpresa – a garota respondeu. Sua tia ergueu as sobrancelhas, levemente impressionada, e cruzou os braços no peito.

— E o que vai fazer durante a meia hora restante?

Lydia suspirou.

— Decidir se eu vou.

— Lydia, achei que tinha resolvido isso – disse Mônica, sentando-se na cama.

— Eu sei, eu tinha dito que ia – disse a garota, sentando-se também e correndo as mãos pelos cabelos fartos e bagunçados. – Mas depois eu parei para pensar... Não sei se vai ser tão legal assim. Pelo contrário, acho que vai ser uma mer...

— Você não pode ter tanta certeza de que vai ser uma merda. Dê uma chance aos seus amigos.

Lydia suspirou novamente. Sabia que a tia tinha razão; ela não podia cancelar o jantar por ter a sensação de que a noite seria ruim. Allison não havia parado de falar do encontro desde o momento que eles acertaram tudo, era óbvio que era importante para ela.

— Você ainda tem vinte minutos da sua decisão de meia hora. Eu sugiro que você aumente seu tempo para ficar pronta.

— Você realmente não acredita que eu posso ficar pronta em meia hora?

Mônica aprenas gargalhou, beijou a cabeça da sobrinha e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Lydia pulou para fora da cama antes que mudasse de opinião, pegou sua toalha e foi para o banheiro. Depois do banho, enxugou-se, vestiu-se com o roupão felpudo e voltou para o quarto. A maior parte do tempo que tinha para se arrumar seria dedicado à escolha da roupa. Ela não conhecia o restaurante aonde iriam, então não sabia se montava um look elegante, ou mais descontraído.  Juntando essa dúvida com o nervosismo que sentia na boca do estômago e logo sua cama estava cheia de roupas jogadas. Acabou escolhendo uma saia de couro, um sweater leve e suas ankle boots. Deixou o cabelo cair em ondas pelos seus ombros, e depois que terminou a maquiagem ainda tinha 15 minutos até as seis.

Pegou sua bolsa e desceu as escadas. Encheu um copo com água e sentou-se para esperar. Poucos minutos depois das seis o carro de Allison parou em frente à sua casa. Lydia gritou um “até logo” para a tia, que a desejou boa sorte. Respirou fundo antes de sair pela porta, e foi andando até o carro.

— Oi, gente – disse, sorrindo, ao sentar no banco de trás e fechar a porta. Scott e Allison responderam, ambos animados. Allison começou a falar do lugar onde iriam, um restaurante tipo anos 50, que foi onde ela e Scott foram em seu primeiro encontro. E durante os o trajeto de cinco minutos até o local, ela contou como tudo quase deu errado, e Scott adicionava os detalhes que a garota deixava de lado. As bochechas de Lydia doíam de tanto rir, e sorriu quando a história acabou com uma beijo de despedida.

Talvez a noite não seja tão ruim assim, pensou.

Allison estacionou o carro e os três foram para dentro do restaurante. Stiles e Malia já haviam chegado, e estavam sentados em um dos booths, se beijando. Lydia fez uma careta ao ver os dois, sentindo seu rosto ficar vermelho. Preferiu desviar o olhar enquanto Allison anunciava sua chegada, fazendo o casal se afastar.

— Isso não é um encontro romântico, podem ir mudando de lugar – ordenou a morena. Malia bufou e revirou os olhos ao se levantar, indo sentar no outro banco, em frente a Stiles. Allison sentou ao lado da loira e puxou Lydia para junto de si. Scott sentou ao lado do amigo, que colocou o braço em seus ombros.

— Mal sabe ela que nós somos o verdadeiro casal aqui – Stiles disse a Scott, que olhou para ele com uma falsa expressão de espanto.

— Stiles, o que acontece no vestiário fica no vestiário.

— Um dia eu vou aparecer lá – disse Allison. – Com uma câmera.

— Nós não nos responsabilizamos por qualquer danos – disse Stiles, levantando as mãos.

Lydia apenas ria da pequena discussão que eles estavam tendo. O clima leve e descontraído da mesa a fez acreditar que aquela noite tinha tudo para ser ótima. Estavam ali há pouco tempo e ela já havia rido de uma forma que ela não fazia há anos. Não eram tipo aquelas risadinhas curtas e secas que ela costumava distribuir para seus amigos em Nova York; eram risadas que faziam doer as bochechas e a barriga, que traziam lágrimas aos olhos e a deixavam sem ar.

Era exatamente o que Lydia precisava.

Uma garçonete veio anotar os pedidos, e todos pediram hambúrguers, batatas fritas e milkshakes. Lydia normalmente não comia aquele tipo de comida, mas aquilo era uma celebração. Pela primeira vez, celebrava o fato de que estava errada, sobre seus amigos e sobre aquele ano ter tudo para ser uma merda.

A conversa continuou enquanto esperavam pela comida. Como Allison havia prometido, o encontro não tinha nada romântico, mas quando você está namorando com alguém, não pode simplesmente deixar de ser um casal por uma noite.  Não pode deixar de perceber o jeito que Malia brincava com os dedos de Stiles por cima da mesa, ou o jeito que ele olhava para ela, como se pudesse pegá-la no colo e fugir dali a qualquer momento, quando ninguém estivesse olhando.  Aquilo incomodava Lydia profundamente, e ela não sabia porquê. Talvez o fato deles estarem obviamente apaixonados a deixava nervosa. Allison e Scott conseguiam disfarçar muito bem, já os outros dois... Esbanjavam o amor entre eles como se fossem a atração principal de um show.

Quando a comida chegou, Lydia se concentrou na refeição mais calórica que ela comia em anos. Ficou até aliviada em ver que a comida tornou-se o foco  da atenção de todos na mesa; ela jurava que vomitaria se visse mais um olhar cheio de corações. Então, enquanto comiam, a garota conseguiu relaxar novamente. Riram da forma que Stiles comia, fazendo uma grande bagunça, igual a quando era uma criança.

— Vocês lembram quando estávamos tomando sorvete e Stiles quase comeu metade da colher? – comentou Allison.

— Em minha defesa, aquelas colheres de plástico são muito frágeis e um perigo para todos...

— Que não sabem comer como gente – completou Malia, que ergueu as mãos num gesto de rendição quando o namorado a lançou um olhar de quem acabara de ser traído.

— Ele tentou convencer o gerente da sorveteria que merecia sorvete de graça para sempre por causa da experiência de quase morte – Allison disse a Lydia, que ria.

— Eu podia mesmo ter morrido – defendeu-se Stiles.

— Não me diga que você foi parar no hospital engasgado com uma colher de plástico – disse Lydia.

— Não, Malia me salvou – respondeu o garoto, e Lydia ergueu as sobrancelhas para a loira, que deu de ombros.

— Eu só apertei o peito dele até a colher sair voando.

— Aí ele foi para o hospital com uma fratura na costela – completou Scott, e a ruiva não pode conter a risada.

— Muito engraçado – resmungou Stiles, emburrado. – Vamos falar de quando Scott foi perseguido pela população canina de Beacon Hills.

— O que?! – Lydia quase gritou, rindo com as outras meninas.

— Eu não sabia que Bella estava no cio! – defendeu-se Scott.

— Meu deus, Lydia, você devia ter visto! – disse Allison, limpando uma lágrima. – Ele saiu correndo com todos os cachorros do bairro atrás dele.

— Eu tenho esse vídeo salvo no meu computador – disse Stiles.

— Tem um vídeo?

— Claro que tem, eu mesmo gravei. – Ele sorriu para o amigo, que o olhava com raiva.

— Você é um traíra.

— Ei, - disse Malia, apontando para Scott com uma batata frita. -, você ainda tem as fotos de quando Stiles foi para a escola vestido de Elsa.

— Por que...? – Lydia começou a perguntar.

— Nós perdemos uma aposta – respondeu Allison. – Eu tive que ir vestida de Capitão América.

— Você ficou bem vestida de Capitão América – acusou Stiles. – E você não virou a foto do perfil de todos os alunos do colégio. Não foi justo.

— Foi um dos melhores dias do ano – disse Scott, tomando um gole do seu milkshake. – Você devia ter visto, Lydia.

Lydia devia ter percebido que, a partir dali, a noite não seria mais tão divertida.

Os quatro continuaram a relembrar histórias embaraçosas, mas ela teria as achado bem mais engraçadas se não viessem com frases tipo “Lydia, você devia ter visto” no meio.  A garota tentou ignorar e apenas rir dos momentos hilários, mas logo ela parou de achar graça. Mesmo sabendo que eles não tinham intenção alguma de chateá-la, Lydia não pode evitar sentir-se deslocada. Ela era uma intrusa; nenhuma daquelas histórias a pertencia, havia perdido todos os melhores momentos, e os amigos pareciam fazer questão de deixar isso claro.

O pior de tudo era que, naquele momento, ela daria tudo para estar naquelas histórias. Daria tudo para não se sentir daquele jeito, para voltar a ser parte do bando. Mas tudo que podia fazer era sentar ali e ouvir sobre os momentos épicos que seus amigos viveram sem ela. Até que ela não pode aguentar mais.

— Eu achei que fosse perder minha perna – disse Allison. – Sério, Lydia, você devia...

— Ter visto, já sei – Lydia a interrompeu. – Assim como devia ter visto Scott jogar lacrosse bêbado, e Malia quase sair no braço um cara. É, eu já estou ciente de todas as coisas que eu devia ter visto, muito obrigada.

Seu tom de voz sério fez com que todas as risadas morressem imediatamente. Seus olhos ardiam com as lágrimas que ameaçavam cair, mas ela não queria chorar; queria apenas ir embora e encerrar aquela noite.

— Lydia, não foi nossa intenção... – Scott começou a dizer, mas a garota o interrompeu.

— Não, tudo bem. Vocês não podem evitar, são suas histórias, afinal. – Lydia umedeceu os lábios, ainda lutando contra as lágrimas. –São suas histórias, e eu sei que não estou em nenhuma delas, vocês não precisam ficar me lembrando disso.

Sem querer prolongar o momento, Lydia pegou sua bolsa e levantou-se, indo para a porta do restaurante e deixando seus amigos atônitos para trás. Do lado de fora, inspirou profundamente o ar frio da noite, abraçou-se e foi andando em direção a sua casa que, felizmente, não ficava muito longe.

— Lydia, espera! – Ela ouviu alguém chamá-la. Pensou em continuar andando, mas respirou fundo e virou-se, supreendendo-se ao ver Stiles correndo em sua direção. Ele diminuiu o passo e parou, olhando-a com preocupação. – Lydia, a gente não queria...

— Eu sei que não queriam. Eu sei disso. É só que... – Ela parou de falar. Stiles a olhava com curiosidade, querendo saber o que ela tinha na cabeça.

— Só que o que? – ele perguntou.

Não é culpa sua se você se sente assim. Talvez o melhor fosse mesmo falar tudo que sentia e acabar com aquele teatro.

— É só que vocês não percebem que o tempo passou! Ou pelo menos fingem que não percebem. Isso aqui não é um jogo, que você pode pausar e voltar a jogar de onde parou. Não, Stiles, o tempo passa, e as coisas mudam...

— Do que você está falando? – o garoto perguntou, franzindo a testa. Lydia passou a mão pelos cabelos, frustrada.

— O bando não existe mais, Stiles – ela quase gritou para ele. – E se existe, eu não faço mais parte dele. Vocês viveram uma vida sem mim, e eu vivi uma sem vocês. Acha que uma amizade sobrevive tanto tempo e distância?     

— Lydia, claro que sim...

— Para de ser ingênuo, Stiles! Para que fingir que nossa amizade continua a mesma? Sabe como eu me senti lá dentro? Uma intrusa. Alguém que nem deveria estar ali, ouvindo aquelas histórias. E vocês deixaram bem claro que eu devia ter visto muita coisa. Bem, adivinha só, eu não vi porra nenhuma porque estava muito ocupada morando em outro estado. Esfregar na minha cara todos os momentos tããão importantes que eu perdi não faz com que eu me sinta acolhida, se era isso que vocês estavam pensando!

As últimas palavras de Lydia ecoaram pela rua vazia enquanto ela recuperava o fôlego. Não havia planejado gritar para o garoto, mas não pode controlar o tom do seu desabafo. Stiles olhava para algum ponto distante, esperando ela acabar.

— Então é tudo nossa culpa? – ele perguntou com a voz baixa. Lydia suspirou, fechando os olhos por um segundo.

— Não, só estou dizendo que...

— Você foi embora, Lydia – ele disse, virando o rosto para ela. A raiva em seus olhos castanhos sempre tão gentis a fez perder as palavras e desejar nunca ter aberto a boca. – Você foi embora, e tudo bem, você não teve opção. Nós sentimos sua falta, Lydia, eu senti sua falta. E então você sumiu. Trocou de número, parou de responder os emails. Desapareceu. Sabe qual é a sensação? De perder alguém e saber que essa pessoa está por aí, fazendo o possível para te tirar da vida dela? Não? Bem, eu sei, e é horrível. A pior sensação do mundo.

— Talvez isso que você esteja sentindo seja culpa – ele continuou, e Lydia desejou que ele gritasse. – Você escolheu sair do bando. Você escolheu nos deixar. Talvez tenha feito isso porque era mais fácil. Eu não posso te culpar por querer seguir em frente, eu fiz a mesma coisa. E, ok, depois de tanto tempo a amizade pode não ser a mesma, mas, droga Lydia, você não sabe o quanto você é importante para nós? O quanto o bando é importante?

Lydia sem se deu o trabalho de impedir as lágrimas de cair. As palavras de Stiles a atingiam como tapas, machucavam de uma forma que ela nem sabia que era possível. E machucavam porque ele tinha razão. Aquela era a verdade que ela preferia não aceitar: ela havia dado as costas aos amigos. E ter Stiles, sempre de bom humor e despreocupado, dizendo isso a ela fez com que tudo ficasse ainda pior, como se ela tivesse cometido um crime. Lydia sentiu uma onda de tristeza e vergonha tomar conta dela.

A expressão dele suavizou-se ao ver a garota chorando, e ele deu um passo para perto dela.

— Nós não estamos fingindo que nada mudou. Só queremos que tudo volte a ser como era antes – ele terminou, com a voz mais baixa.

Lydia mantinha seus olhos no chão; não queria a pena, ou a simpatia que encontraria no olhar do garoto. Não quando ela era a grande vilã da história. Stiles sempre foi muito bom com ela, e naquele momento, ela não merecia isso.

— Lydia – ele a chamou, colocando a mão em seu braço. A garota deu um passo para trás, abraçando-se.

— Preciso ir embora – ela murmurou, a voz rouca por conta do choro.

— Ahn, tudo bem, eu te levo...

— Não precisa, eu vou andando – ela o interrompeu, e deu as costas antes que ele dissesse mais alguma coisa. Ignorou o chamado do seu nome e foi andando pela rua escura.


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