Never Really Gone escrita por LStilinski


Capítulo 25
Me Desculpe


Notas iniciais do capítulo

HEOOO! Capítulo bem atrasado, eu sei, mas a faculdade tá uma loucura. Mas enfim, espero que gostem!



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Lydia não sabia como conseguiu dirigir até o hospital sem causar um acidente. Seu corpo inteiro tremia enquanto ela segurava o volante com força e dirigia a toda velocidade. No banco de trás, Mônica explicava a situação para alguém no telefone e fazia possível para que Stiles, deitado em seu colo, não morresse ali mesmo.

Uma equipe já as esperava quando estacionou em frente ao hospital. A garota pulou para fora do carro assim que pode. Sua tia gritava informações sobre o estado dele, mas Lydia não ouvia muita coisa. Via apenas o corpo desacordado e ensanguentado do seu melhor amigo ser tirado com cuidado do carro, colocado em uma maca e rapidamente levado para dentro. Ela acompanhou os médicos, movendo-se automaticamente. Ainda não tinha certeza se podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

— Lydia. – Mãos a seguraram pelos ombros, a impedindo de seguir em frente. Lydia olhou para Mônica, registrando fracamente a expressão de preocupação no rosto dela. – Desculpe, não pode ir adiante.

A garota assentiu, piscando

— O Xerife... E Scott e Allison – balbuciou meio ofegante. – Tenho que...

— Eu vou avisar a todos, não se preocupe. Agora eu preciso que você espere aqui enquanto eu chamo alguém para ajudar a te limpar, ok? – Lydia assentiu novamente. Sua tia suspirou e lhe deu um beijo na testa. – Vai ficar tudo bem.

Quando ficou sozinha, ela olhou para suas mãos. Estavam pegajosas, e sujas. Vermelhas. O sangue de Stiles manchava seus dedos, braços, roupas. Lydia arquejou. Sentiu sua visão ficar turva e lutou para não desmaiar, ou vomitar. Não podia esperar por ninguém. Ergueu os olhos e seguiu as placas nas paredes até chegar a um banheiro.

Após fechar a porta atrás de si, adiantou-se para a pia, onde começou a lavar suas mãos e braços com vigor. Esfregava o sabão em sua pele e a enxaguava, mas o vermelho se recusava a sair. Por fim, apoiou as mãos nas bordas da pia e parou ofegante. Fechou os olhos, tentando se acalmar, mas podia sentir que se desfazia por dentro. Desmoronava. Lydia levantou a cabeça e encarou seu reflexo no espelho. Marcas de dedos vermelhas faziam contraste com a pele clara da sua bochecha. O sangue grudava as pontas dos seus cabelos. Tanto sangue, tanto sangue... Como ficaria tudo bem?

O torpor finalmente sumiu do seu corpo, sendo substituído por uma onda de medo e desespero puros, que a deixou sem ar e fizeram as lágrimas jorrarem dos seus olhos. O coração da garota estava impossivelmente apertado em seu peito, a dor era quase insuportável. Lydia se curvou para frente, sentindo que podia partir ao meio.

Ela não entendia o que estava acontecendo. Não conseguia pensar em uma série de eventos que levou Stiles a aparecer ensanguentado em sua porta; não conseguia pensar em nada além do fato de que ele poderia estar morrendo em algum lugar naquele hospital. E que, se isso acontecesse, suas últimas palavras seriam o nome dela. Lydia não iria conseguir viver com aquilo; era pesado demais saber que ela foi a última coisa na mente dele antes de cair.

O engraçado era que tudo que ela queria naquele momento era abraçá-lo. Não só por ele estar correndo perigo de vida – como se um abraço pudesse fazê-lo ficar na terra, - mas porque o corpo da garota, trêmulo e frágil, implorava por uma dose de Stiles. Precisava da calma que ele trazia, do conforto, do remédio que era a sensação de ter os braços dele ao seu redor, do cheiro e do calor do corpo dele. A crise de abstinência a fez se perguntar o que diabos faria sem Stiles.

O que a fez pensar no que seria perdê-lo sem antes pedir desculpas. Ele precisava ouvir que ela sentia muito, precisava deixá-la pedir perdão por ter o machucado tanto. Lydia não conseguiria viver sabendo que não pode fazer nada para amenizar os estragos que já tinha provocado.

A ruiva passou a mão pelas bochechas, enxugando as lágrimas, e apressou-se para a porta do banheiro. Saiu correndo pelo corredor por onde tinha vindo, refazendo seus passos para que pudesse descobrir aonde tinham o levado. Ela só precisava pedir desculpas. Precisava de um minuto com ele para pedir desculpas. Esquivava-se de tudo e todos em seu caminho, até não poder mais se livrar dos enfermeiros que a seguravam.

— Eu preciso falar com ele! Por favor! – gritava enquanto se debatia. – Só preciso falar com ele!

— Senhorita, acalme-se!

— STILES! – ela gritou mais alto. Será que ele podia escutar? Onde ele estava afinal? O que estava acontecendo com ele?

— Lydia! – A garota virou a cabeça e viu Allison correndo em sua direção. – Eu cuido dela, obrigada.

Os enfermeiros se entreolharam, mas soltaram a ruiva, que correu para os braços da amiga, que a abraçou com forma.

— Ally, eu preciso falar com ele – disse Lydia contra o ombro da morena. – Eu preciso... pedir desculpas.

Allison suspirou pesadamente, acariciando os cabelos da amiga. Seu corpo também estava trêmulo e o choro era evidente em sua voz.

— Você pode falar com ele depois.

— Não, tem ser agora. – A ruiva se desvencilhou do abraço e virou o corpo. – Preciso vê-lo agora... Precisa ser antes...

— Lydia, olha pra mim. – Allison segurou a garota pelos ombros e se inclinou para que pudesse ficar no mesmo nível dela. – Stiles vai ficar bem. Mesmo sem saber direito o que aconteceu, eu sei que ele vai dar um jeito de sair dessa. Você também sabe como ele é. Stiles sempre dá um jeito. Só precisamos... esperar, ok?

— Ok – ela concordou em voz baixa. A morena assentiu e limpou as lágrimas do rosto.

— Eu trouxe algumas roupas pra você. Mônica disse que precisava. – Seus olhos escuros focaram no estado das roupas de Lydia por um segundo. Ela pigarreou.

— Obrigada. – As duas foram em silêncio ao banheiro. Não trocaram mais palavras de conforto; essas não faziam diferença, não ajudavam.

Xxxx

Lydia olhou para suas mãos. Ainda via vermelho, mas sabia que estava apenas imaginando; sua pele estava limpa. Talvez a mancha continuasse ali para sempre, assombrando-a. Talvez ela fosse ter o sangue dele literalmente em suas mãos para sempre.

Incontáveis horas haviam se passado, e a garota já sabia o significado de tanta demora: Stiles havia morrido, e ninguém tinha ido avisar. Talvez Lydia devesse se levantar e se afastar das expressões cansadas e desesperadas da sua família, sair daquela cena horrível, mas duvidava que conseguisse. O grande buraco que crescia dentro dela a deixava estranhamente leve e fraca. Seu coração parecia ecoar, pulsando no vazio. Ela precisava se manter ali, encolhida naquela poltrona, porque sentia que iria se desfazer em centenas de pedaços se mexesse.

Lydia tinha vivido sem Stiles por um bom tempo. Anos sem nem pensar nele. E nos poucos meses que se passaram desde que voltou para Beacon Hills, ele conseguiu voltar a ser uma das pessoas, se não a pessoa, mais importante para ela. Stiles era exatamente o tipo de pessoa que você não sabia que precisava ter em sua vida até conhecê-lo. De repente, ela não sabia mais como viver em um mundo em que ele não existisse. Ela conseguia sentir aquilo a destruindo.

 Lydia nunca disse a ele que o amava, nem tinha certeza se havia deixado isso claro. Stiles dizia coisas como “Eu não sei ser alguém que não se preocupa com você”, e ela nunca via exatamente o que elas significavam. Bem, aquele era um clássico caso de “você não dá valor até perder”.

A ruiva se arrependeu de não ter se apaixonado por ele. Já havia se perguntado mil vezes, e sabia que aquilo não a levaria a lugar algum, mas qual era o problema dela? Envolveu-se com tantos garotos grosseiros, que a tratavam mal e não ligavam para ninguém além de si mesmos – envolveu-se com Theo, o pior de todos -, e não pode se apaixonar por Stiles? Ela teria sorte se encontrasse alguém que cuidasse dela como ele; talvez já tivesse perdido a chance dela de ficar com o homem perfeito.

A voz do Xerife soou distante enquanto ele exigia notícias sobre o filho. Ele ainda não tinha percebido que algo havia dado terrivelmente errado. Lydia se sentiu mal por ele; primeiro, ele perdeu a esposa de forma lenta e terrível, agora, perde o filho de uma hora para outra. Quando era criança, considera o Xerife como um segundo pai, e detestava que uma pessoa tão boa tivesse que passar por tanta coisa ruim.

Não muito tempo depois, a ruiva sentiu mãos frias tocando-a nos braços. Ela levantou o rosto e deu de cara com Allison, cujos olhos escuros estavam levemente arregalados e lábios curvados em um sorriso. Lydia franziu a testa, sem entender.

— Mônica trouxe notícias. Stiles ainda está na sala de cirurgia, mas definitivamente fora de risco – disse ela. A ruiva encarou a amiga, ainda mais confusa.

— O que? – ela murmurou. – Stiles está... vivo?

Allison achou graça da reação dela.

— Sim, está. Não sabemos os detalhes, mas um dos médicos vem falar conosco em breve. – A morena suspirou e apertou os braços da amiga. – Ele vai ficar bem, Lydia.

—Ai meu deus – ela arquejou. Abraçou a amiga ajoelhada na sua frente, que retribuiu com o mesmo entusiasmo. O alívio atingiu Lydia como uma balde de água fria, deixando-a tonta. Sua cabeça girou e ela sentiu sua consciência quase escapar pelos seus dedos. Allison, percebendo que segurava todo o peso da amiga, a recostou delicadamente na poltrona

— Ei, você está bem? – perguntou, olhando para ela com preocupação. A ruiva fechou os olhos e respirou fundo. Aquela não era a hora de desmaiar.

— Sim, é só que... – Ela engoliu a seco. – Eu achei que tinha perdido ele, e isso me fez perceber que... Eu não sei o que faria sem Stiles. Não sei mais quem eu seria, ou como a vida funcionaria. Entende o que estou falando?

A morena olhou a encarou em silêncio por uns segundos, mordendo o lábio para esconder o sorriso enquanto tentava manter uma expressão séria.

— Entendo – disse, por fim. – É assim que me sinto em relação a Scott.

— Isso não te assusta?

— No começo me assustava um pouco. Isso foi antes de saber que ele sentia o mesmo por mim, então é... perfeito. Não é como se eu vivesse inteiramente por ele. Eu ainda sou minha, ainda posso ser minha própria âncora. Mas é bom poder dividir o peso de tudo com alguém, ter alguém em quem se apoiar. É reconfortante, sabe?

Lydia assentiu; sabia muito bem do que ela estava falando. Foram incontáveis as vezes em que Stiles fora sua âncora. A diferença era que Allison e Scott estavam perdidamente apaixonados um pelo outro.

— Fico feliz que esteja percebendo isso, Lydia – disse a morena. A ruiva franziu a testa, mas a amiga apenas sorriu e levantou-se, voltando para o seu lugar ao lado do namorado.

Xxxx

Meia hora depois, uma médica aproximou-se. Todos se levantaram e foram até ela, ansiosos por mais notícias.

— São a família de Stiles Stilinski? – ela perguntou.

— Sim. Sou o pai dele – o Xerife adiantou-se. Dra. Grey sorriu educadamente.

— Bem, vou começar dizendo que seu filho passa bem e já está sendo levado para o quarto. Como sabem, ele foi perfurado por um objeto pontiagudo, provavelmente uma faca. Ela tingiu o fígado, causando uma hemorragia. Conseguimos salvar a parte machucada do órgão e controlar o sangramento, mas ele já havia perdido um grande volume de sangue antes de chegar aqui, portando a transfusão foi inevitável.

— Ele ficará com alguma sequela, doutor? – perguntou o Xerife.

— Além da cicatriz, ele deve se recuperar totalmente – ela respondeu. – Mas ainda precisará ficar sob observação por duas semanas no mínimo aqui no hospital.

Noah suspirou aliviado e pegou a mão da médica.

— Obrigado, muito obrigado por ter salvado meu garoto – disse com a voz emocionada. Dra. Grey sorriu.

— O prazer foi meu – disse. – Stiles ainda está sob o efeito dos sedativos, mas pode vê-lo.

O Xerife assentiu e seguiu a seguiu, olhando para trás e levantando os dedões para os amigos do filho.

— Graças a Deus – disse Scott, passando a mão pelo rosto. Colocou os braços ao redor das garotas e os três se abraçaram, aliviados além do explicável.

Scott se adiantou para ir visitar o amigo – irmão,- assim que o Xerife voltou. Lydia esperou ansiosamente por sua vez, roendo a unha do dedão. Já planejava ir até o quarto onde ele estava e arrastar Scott para fora quando ele apareceu no corredor, gesticulando que ela podia entrar. A ruiva respirou fundo e andou em passos largos até a porta do quarto, mas parou antes de entrar. Ver Stiles deitado naquela cama de hospital, pálido e desacordado, com uma aparência frágil, foi difícil. Lydia queria ter a chance de olhar nos olhos cor de âmbar do rapaz e ter certeza de que ele estava bem, mas teria que esperar mais.

Ela se aproximou lentamente da cama e segurou a mão fria do amigo. Ele não se mexeu, como esperado, mas ela desejou que ele sentisse que ela estava ali. A mão livre da garota pousou no peito do rapaz, e ela passou alguns segundos só sentindo-o respirar sob a sua palma. Lydia sentia-se mais forte a cada batida do coração dele. Aproximou-se mais e deu um beijo demorado em sua bochecha, deixando seus rostos encostados.

— Eu te amo, ok? – murmurou perto ao ouvido dele. – Me desculpe.

Lydia se afastou e passou a mão pelos cabelos negros do rapaz, afastando-os dos seus olhos. Acariciou as maçãs definidas do seu rosto enquanto o admirava. Nunca queria experimentar a sensação de perdê-lo de novo, nunca mais em sua vida. Podia ficar ali até que ele acordasse, só assistindo-o respirar calmamente. Lydia suspirou, deu-lhe um beijo na testa e saiu relutante do quarto, dando a vez para Allison poder visitá-lo.

Mônica ignorou os pedidos da sobrinha para poder dormir no hospital e a levou para casa. Estava de madrugada, a garota estava acordada havia quase 12 horas e quase não tinha se alimentado durante esse meio tempo. No carro, Lydia começou a sentir os efeitos da noite agitada. Quase não se aguentava em pé quando chegaram. Tomou um banho demorado e sua tia exigiu que ela comesse antes de dormir. Com a barriga cheia, seus olhos já fechavam antes mesmo de chegar até a cama. Lydia acordou no final da manhã depois de um sono sem sonhos. Era segunda-feira, mas ela não se importava nem um pouco. Arrumou-se, pegou sua bolsa e voltou com Mônica para o hospital, parando apenas em uma pequena cafeteria no caminho. O coração da garota parecia uma bateria em seu peito enquanto ela andava pelos corredores brancos, segurando um copo de café e um pequeno saco de papel. Encontrou o Xerife sentado em uma das poltronas junto ao quarto do filho, cansado e abatido, provavelmente muito receoso para sair dali.

 - Bom dia - disse ela ao se aproximar. Noah deu-lhe um sorriso cansado.


 - Bom dia, Lydia.

 - Trouxe para o senhor. - A ruiva entregou-lhe o copo e o saco. - Minha tia imaginou que tivesse passado esse tempo todo aqui, e um novo dia não começa antes do café da manhã.

O homem aceitou a comida, seu sorriso crescendo.

 - Não precisava... Mas obrigada. - Ele tomou um gole do café preto, que também era o preferido do filho, e suspirou. - Ah, eu precisava disso. Agradeça a sua tia também.

Lydia assentiu e mordeu o lábio, olhando ansiosamente para a porta do quarto.

 - Ele está acordado? - perguntou.

 - Estava, mas agora deve estar dormindo. – Ele notou o desapontamento no rosto da garota e completou: - Stiles perguntou por você hoje. Ficou feliz quando eu disse que você tinha ficado a noite esperando notícias.

As bochechas da ruiva coraram e ela sorriu timidamente

— Allison e Scott estão a caminho. Nós ficamos com ele enquanto o senhor vai descansar um pouco. – Noah pareceu indeciso, e a garota deu um sorriso que o fez ceder rapidamente.

— Duvido que vá conseguir dormir, mas eu preciso de um banho – disse ele, e ela riu. – Obrigado, Lydia.

A garota assentiu novamente e foi para a porta do quarto. Entrou quase nas pontas dos pés para não acordá-lo. Stiles dormia pacificamente, um pouco menos pálido do que na noite anterior, mas definitivamente não saudável o suficiente. Seus lábios estavam levemente separados, fazendo um biquinho, e seu cabelo estava mais bagunçado que antes, apoiando a teoria de Lydia de que eles tinham vida própria.

Sorrindo, a ruiva sentou na cadeira posta bem ao lado da cama. Pegou a mão dele, ainda fria. Stiles tinha calmas calejadas e dedos longos, habilidosos. Era um grande contraste da mão pequena e macia da garota, mas ela gostava de vê-las juntas. Pousou sua palma na dele para medir a diferença de tamanho, entrelaçou seus dedos nos deles.

— Oi. – Lydia deu um pulo na cadeira, reprimindo um grito. Olhou com olhos arregalados para Stiles, que a observava com um sorriso calmo no rosto.

— Meu deus – ela arquejou, colocando a mão no peito.

— Nah, ainda o bom e velho Stiles.

A ruiva riu, balançando a cabeça. O susto foi esquecido e ela olhou para ele, feliz em vê-lo acordado e sorrindo. Stiles não desviou os olhos, pelo contrário, apertou a mão da garota.

— Oi – ela murmurou. - Como está se sentindo? Está doendo?

— Só um pouco. Os remédios que estão me irritando um pouco, minha cabeça está pesada. Fora isso, eu não podia estar mais vivo. Sabe, dadas as circunstâncias. – Lydia assentiu. – Você não precisava ter passado a noite.

— Tecnicamente, eu não passei a noite porque fui embora antes de amanhecer. E precisava sim. Onde mais eu estaria? Mesmo se você não tivesse aparecido na minha porta naquele estado, eu iria para onde você estivesse – disse ela, olhando-o nos olhos. Stiles apenas a encarou de volta, sem falar nada, hesitando em dizer algo que ela sabia muito bem o que era.

— Lydia, eu sinto muit...

— Não. Hun-hun. Não mesmo.

— Que?

— Não vou deixar você pedir desculpas.

— Mas...

— Não, xii. Eu preciso falar. – Lydia umedeceu os lábios e respirou fundo. – Eu tenho me sentido muito mal desde aquela noite. E eu não quero que se desculpe porque o que você disse... Eu precisava escutar aquilo. Precisava saber de tudo, do que você sentia e o que eu te fiz passar...  – A garota começou a sentir as lágrimas ameaçando aparecer e respirou fundo novamente. – Eu fui a pessoa mais ignorante e egoísta do mundo e eu sinto muito. De verdade, eu... Queria poder voltar no tempo e consertar tudo, mas tudo que posso fazer é me desculpar.

Stiles balançou a cabeça.

—Pare com isso – ele disse. Ela abriu a boca para contestar, mas ele a interrompeu. – Eu escolhi não te contar, ok? Não tive coragem. Eu... tinha medo que você fosse pirar ou ficar puta comigo, ou algo do tipo. Não quis arriscar sua amizade e mantive o segredo.

— Mas e se eu tivesse descoberto? As coisas poderiam ter sido tão diferentes – disse ela. - Talvez eu não teria me afastado tanto. Ou talvez teria, nunca vou saber. E nós seriamos uma possibilidade, outro talvez. Eu queria ter visto esse talvez antes.

O rapaz a encarou com a testa franzida, sem entender exatamente o que ela dizia.

— Eu achei que você tinha morrido – ela continuou, lutando contra as lágrimas. – Achei que tinha perdido você e foi... horrível. Doeu tanto, Stiles. E eu precisei disso para perceber que a minha vida não parece certa sem você. Você é meu melhor amigo, sempre foi, mas eu nunca deixei claro o quanto você é importante para mim. Ás vezes você é tudo que eu preciso, porque você melhora tudo. Você me faz bem, cuida de mim mesmo quando eu digo não. Por isso agora eu sei que nós sempre fomos um talvez. Sempre estivemos perto de algo a mais, nunca cruzamos essa linha porque eu não via que você... era tudo. É tudo.

Stiles olhou para Lydia como se nunca tivesse a visto antes. Ouvir aquelas palavras era muito irreal para fazer sentido, então ele esperou para que elas se encaixassem pouco a pouco em sua mente. O rapaz esperava que ela brigasse com ele, não que se desculpasse daquela forma. Ou que abrisse seu coração. Definitivamente não esperava escutar que eles dois, juntos, não só como amigos, era uma possibilidade.

Ele não perdeu mais tempo. Colocou uma mão na nuca da garota e a puxou para si, beijando-a. A ruiva arquejou, mas não afastou o rosto; pelo contrário, colocou a mão no pescoço dele e entregou-se ao beijo. A sensação dos lábios de Lydia contra os dele era bem melhor do que ele se lembrava. O coração dele parecia tentar explodir em seu peito, e a garota sentia isso sob sua palma. Ela sorriu.

— Acha mesmo que somos um talvez? – ele sussurrou. Lydia afastou seu rosto alguns centímetros para que pudesse olhá-lo nos olhos ao assentir.


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