Jin recebeu uma mensagem de Yumii. Ela disse que queria encontrar com ele. Sua primeira reação foi virar a cabeça e franzir o cenho. Ele não esperava por aquilo, mas logo se animou. Talvez houvesse uma solução para aquele problema que parecia não ter fim. Eles se encontraram em uma das estações de metrô. O Oppa sorriu ao vê-la. 

— Yumii... 

— Nós temos que conversar, Jin Oppa. 

A expressão fechada de Yumii fez o sorriso de Jin desaparecer lentamente. Ele percebeu que aquela esperança que havia sentido não devia ter existido. Aquela mensagem significava exatamente o contrário. 

O que Jin sentiu naquele momento foi como um relâmpago que antecede a tempestade: um sinal inevitável de que ela destruiria seu coração naquele momento. 

— Acho que sim — disse ele. Ele pensou em dizer mais alguma coisa. Em dizer como toda aquela rejeição o estava afetando, mas não conseguiu pensar em nada que fosse sólido o suficiente. Mesmo tendo a música com tudo aquilo formulado, ele não teve coragem. 

— Jin Oppa... Eu acho que cometi um erro. Acho que o que nós vivemos foi um erro. Talvez até mesmo... Uma mentira. Eu não queria ter feito isso. Não queria que você tivesse se apaixonado, mas... Eu achei que estava apaixonada. 

— Eu tenho notado que está diferente — ele finalmente conseguiu pronunciar, embora não chegasse perto de tudo o que ele sentia. Sua voz já começava a tremer. 

— Eu... Estava tentando fingir que estava tudo bem —  Yumii também parecia abalada. — Mas no fundo sabia que não estava. Eu tentei levar isso como pude, Jin, mas não dá mais, eu... — ela hesitou, ao notar as lágrimas que se  acumulavam nos olhos de Jin, que mantinha seu olhar no chão, evitando encará-la. — Eu estou indo embora da cidade. 

Jin ergueu seu olhar em direção a ela. 

— Como assim? Yumii... Por que não me disse nada? 

— Foi decidido muito rápido, na verdade. Meus pais... Enfim, não importa muito, mas acho que essa viagem veio em boa hora. 

— Por quê? 

— Porque chegou a hora, Seokjin. Nós temos que nos afastar. 

Jin piscou, e toda aquela água acumulada desceu de uma só vez. Ele tinha vontade de negar, de impedir, mas sabia que no fundo era verdade. 

Quando uma pessoa está sentindo muita dor, pode desejar morrer para que sua dor tenha fim. Assim era com Jin. Seu relacionamento com Yumii o estava machucando de tal forma que ele sabia que acabar com tudo de uma vez poderia findar sua dor. Isso era o que dizia sua razão. Mas seu sentimento por Yumii era forte demais, de um jeito que seu coração não se importava mais em não receber amor; estava interessado apenas em dar amor a ela. 

— Eu te amo, Yumii — disse ele, pondo certeza em sua voz, como se isso pudesse convencê-la. Uma lágrima única e fina escorreu pelo rosto dela. 

— Eu sei, Seokjin, e eu sinto muito por isso. Mas... vai dar tudo certo. Você ainda será muito feliz. — Yumii olhou para o relógio da estação. — Está chegando a hora do meu trem. Eu tenho que ir. Adeus, Jin. 

Yumii se virou e foi embora. O coração de Jin ordenou que ele  fosse atrás dela, a parasse e a beijasse. Mas sua razão manteve seus pés fincados no chão naquele momento em que seus olhos enevoados pelo choro desfocavam a imagem da garota e a perdiam entre as pessoas da estação de metrô. 
Jin ficou rodando a estação por algumas horas, tentando se recompor. Ele não podia acreditar que aquela quem tanto amava, aquela por quem tanto havia lutado, tinha sumido para sempre de sua vida. 

Finalmente, ele decidiu tentar esquecer tudo aquilo. Voltou pra casa e ficou deitado, tentando não pensar em nada, até que os meninos mandaram mensagens de texto perguntando como ele estava. O que poderia dizer? Estava péssimo. Destruído. Então só respondeu "ela foi embora", pois sabia que seria o suficiente para que eles compreendessem seu estado naquele momento. Os meninos não responderam, o que deixou Jin preocupado. O que eles poderiam dizer? Só mais tarde realmente compreendeu o motivo de não terem respondido. 

Estava sentado na cama olhando as fotos deles. Já não tinha mais lágrimas para derramar. Só ficava se perguntando o que tinha feito de errado. Foi quando a porta de seu quarto se abriu sutilmente. Rap Monster entrou no quarto seguido pelos cinco meninos. Suga fechou a porta atrás de si. Os seis, sem dizer nada, se acomodaram pelo quarto. Alguns sentaram com Jin na cama, Taehyung na cadeira da escrivaninha e os outros no chão. 

—  Sentimos muito, Hyung — disse J-Hope. O silêncio permaneceu no quarto por muito tempo. 

— Aquela garota não era para você, Jin Hyung.— Disse Namjoon, finalmente, tentando consolá-lo. — Ela era muito... estranha. Se ela te deixou, ela não merecia. 

— Talvez esteja certo, Namjoon. 

— A melhor coisa que o Hyung tem a fazer agora é esquecê-la. Ainda tem seus amigos. 

Jin sorriu. 

— Acho que deixei vocês de lado por ela, não é? 

— Não, Jin Hyung, era um direito seu. E um dever, como o bom Oppa que era pra Yumii. Mas ela não soube dar valor. Por mais doloroso que seja essa despedida, só quero lembrá-lo, Hyung, de que estamos unidos. E de que, ao contrário dessa coisa que o Hyung teve com ela, nossa amizade é à prova de balas. 

— Estamos aqui com você, Hyung — disse Jimin. — Vai dar tudo certo! 
 

Os meses passavam ferozmente enquanto a formatura se aproximava. Jin tentava inibir sua vontade de procurar Yumii pelos corredores, pois mesmo que soubesse que não iria encontrá-la, ele estava acostumado a isso. Mesmo ela tendo ferido seu coração, ele continuava a sentir algo por ela, mas também tentava esquecê-la, porque sabia que ela não voltaria. Demorou, mas ele estava melhorando aos poucos. Rap Monster continuava chamando sua atenção quando notava que ele a estava procurando, e isso estava ajudando Jin a esquecê-la, ao menos em parte, colocando tudo o que havia sentido em seu subconsciente. 

Os meninos continuavam mantendo conversas em seus ensaios. Perguntavam como Jin estava, e ele era franco: as coisas estavam melhorando para ele. Ao menos, era o que ele achava, porque vinha se sentindo extremamente triste nos últimos dias. Não sabia o motivo, já que achava que estava resolvido com seu coração. Ele escondia sua tristeza como podia, mas os meninos sempre notavam, mesmo que não falassem. V também confidenciava os problemas que vinha tendo em casa, com o pai chegando bêbado em casa e descontando nos filhos sua raiva pela vida horrível que levava sem a esposa.  

— Vocês querem saber? — Perguntou Rap Monster. — Tudo está uma droga, mesmo. Sabem o que devíamos fazer? 

— O quê? — Perguntou V, sem entender aonde Rap Monster queria chegar. 

— Devíamos deixar tudo pra lá. Estamos prestes a nos formar. Devíamos morar juntos. 

— Quê? — Jungkook não conseguia entender de onde Rap Monster tinha tirado aquela ideia. 

— Ora, pensem comigo: nós já fazemos tudo juntos. Estamos aqui ensaiando, mas não parece suficiente. Temos que parar o ensaio pra conversar. Nem sempre podemos estar perto como eu gostaria. Imaginem agora, sem o Colégio? Vamos ter que ficar nos dobrando pra dar conta. Temos apoiado uns aos outros, temos estado juntos, e tudo tem sido tão ruim… 

— Acho que Moni está certo — disse J-Hope. — Não podemos fingir que está tudo bem. Todos nós estamos com problemas, principalmente V e Jin Hyung. E aqui, com vocês, tudo parece tão simples… Os problemas parecem sumir. 

— Então, — disse Jimin — o hyung acha que devemos ficar juntos para esquecer os problemas? Mas ignorar os problemas não pode piorá-los? 

— Não no meu caso — esclareceu Jin. — V? 

— A verdade é que eu não aguento mais… Não dá nem pra chamar aquilo de casa. Mas eu penso na minha irmã… 

— Bom… — Rap Monster coçou a cabeça. — Tem isso, né… Não dá pra ela vir com a gente… 

— Acho que V Hyung não deveria deixar a irmã sozinha — opinou Jungkook. 

— V não precisa ficar conosco todo o tempo — lembrou Suga. — Pode ficar na nossa casa e ter um lugar para dormir, mesmo que continue frequentando sua casa. 

— Parece uma boa solução —  concordou V. — E o Jungkook? Os pais dele vão deixar ele morar com a gente? 

— Se eu disser que é pelo Bangtan, eles vão entender. Tenho certeza. 

— Então, está decidido? — Perguntou J-Hope, surpreso e, ao mesmo tempo, sorrindo com a novidade. — Vamos morar juntos? 

Rap Monster sorriu. 

— Vamos morar juntos.