Bulletproof Wings escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 31
Me diga o que você quer agora


Notas iniciais do capítulo

Depois do mini intervalo, vamos continuar a treta.



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— Parece que finalmente voltou a mostrar sua valentia — disse Abraxas, com sua ironia de sempre.

— Você pode mexer comigo — Taehyung colocava raiva e coragem em sua voz, enquanto despia o roupão. Estava se preparando para tentar conseguir suas asas de volta. — Pode fazer o que quiser comigo. Mas não se meta com os meus amigos.

— Não vou nem perguntar o que vai fazer se eu ameaçá-los, porque sei que não pode fazer nada. Mas parece que seus amigos realmente tomaram o lugar de sua família.

— Ah, cale a boca! Você se acha o máximo porque acha que sabe de tudo. Você não me conhece! Não sabe nada sobre minha família.

— Será? — Pela primeira vez, Abraxas tirou o seu capuz. Taehyung deu um passo para trás. Não podia acreditar no que estava vendo. — Dizem que o bom filho à casa torna. É a velha história do filho pródigo. Ele sai de casa, comete todo tipo de erros e volta para os braços do pai. Uma pena que sua ingratidão não deixou seu retorno ser prazeroso. Seria precipitado dizer que seu pior erro foi cometido quando voltou para casa?
Taehyung não conseguia dizer nada a seu pai. Apenas encarava sua imagem superior, como sempre fora, mas era inacreditável. Era quase impossível, mas estava ali, na sua frente. Seu pai e Abraxas eram a mesma pessoa. "Eu sou filho de Abraxas" pensou Taehyung, aterrorizado.

— O que foi, meu filho? Não está feliz de ver o papai? — Abraxas avançou para perto de Taehyung, que permanecia imóvel. Ele o abraçou, colocando propositadamente as mãos sobre os ferimentos que ele mesmo havia criado. Taehyung gritou desesperadamente e tentou se livrar daquele abraço e daquela dor terrível. Murchou até cair de joelhos no chão. Só então Abraxas o soltou.

— Ah, te machuquei? Desculpe.

— Às vezes... — disse Taehyung, hesitante. Seus olhos estavam no chão. — Às vezes a dor é necessária.

— E a dor que você me causou? Era necessária?

Taehyung levantou a cabeça e sorriu, afiado.

— Eu que pergunto. — Esse foi o momento no qual Taehyung sentiu o esqueleto de suas asas começar a brotar de suas feridas. — Você sempre foi o mal da minha família. Você foi terrível para mim e para minha irmã. Ela pode estar sozinha... Mas está livre de nós dois. Posso ser aquilo do que você quer me chamar. Mas sou espelhando no meu exemplo. Posso ter sido um monstro para você, mas, embora ela não tenha reconhecido naquela hora... Eu a salvei. Eu fui bom para ela. E agora... — O nascimento de suas asas tomavam-lhe as forças, mas Taehyung não se importou. Respirou fundo quando elas se abriram completamente: negras e lindas. — Ela me salvou.
Taehyung se levantou. Sentia-se pronto para voar. Abraxas sorriu e levou a mão enluvada de branco ao seu pescoço, sufocando-o.

— Acha que isso vai te livrar? Você pode ter suas lindas asas, mas não será salvo da inexistência. Porque eu condenei você.
Mais uma vez, a flor se manifestou, brilhando no pescoço de Taehyung. Ela pareceu tomar a luva, que começou a descascar. Os pedaços de tinta seca desprendiam-se lenta e majestosamente da luva, flutuando no ar com graça. Abraxas arregalou os olhos, parecia não conseguir se mover. Aos poucos, a crosta branca foi se levantando como uma onda, tornando tudo preto.

— O que é isso? — Perguntou ele. Pela primeira vez, em vez de ironia, havia terror em sua voz.

— Isso? — A voz de Taehyung era completamente normal, embora a mão preta ainda cobrisse seu pescoço. — É a prova de que seu Juízo é falho. Você se denomina o deus-demônio, o bem e mal, mas apenas um lado tem prevalecido. E isso... É contrário às regras.

Assim que Taehyung terminou sua fala, os homens do Juízo, que estavam espalhados por todo o terreno atrás de Abraxas, gritaram e caíram. Suas asas se desfizeram, e eles viraram pó.
Repentinamente, Abraxas começou a gritar muito alto, como nunca se ouvira antes. Ele soltou a mão da garganta e segurou Taehyung pelos braços, com desespero. No horizonte, Taehyung viu quando vários espectros voavam pelas portas e janelas, saindo da casa. Seu corpo fantasmagórico tornou-se humano, coberto por roupas pretas, e seus rostos ganharam feições semicobertas por máscaras brancas, do tipo que se usa na Coreia para evitar a proliferação de doenças. Surgiam cada vez mais espectros, atravessando as paredes e brotando do chão. O mais próximo foi com voracidade para trás de Abraxas. Tinha incríveis asas brancas abertas e uma espada na mão direita. Com a esquerda, segurou uma das asas de Abraxas e a cortou fora. Sem emitir nenhum som e sem soltar Taehyung, ele caiu de joelhos. O garoto mantinha-se, apesar de tudo, aterrorizado. O espectro se desfez da asa e arrancou a segunda. Abraxas soltou Taehyung, que deu alguns passos para trás. Abraxas fincou seus olhos no chão, e sua expressão tornou-se nula. A figura com asas brancas livrou-se da asa e da espada, enquanto se aproximava de Taehyung dando a volta em Abraxas pela direita. Por último tirou a máscara do rosto. Taehyung abriu a boca.

— Jin Hyung! — Exclamou.

O mais velho sorriu, emocionado por finalmente encontrá-lo, e o abraçou.

— Obrigado — disse Taehyung, com seus olhos fechados sobre o ombro de Jin.

— Eu que agradeço — depois de dizer isso, Jin o soltou e segurou seu rosto com as duas mãos. — Vamos embora?

— Vamos. Ah, Hoseok Hyung!

Taehyung se virou rapidamente para ver o amigo que tinha deixado caído, mas Hoseok já se levantava sozinho.

— Eu disse que ficaria bem.

Taehyung sorriu.

— Então — disse Jin — é hora de voar.

Hoseok acenou positivamente, com um sorriso sutil. Os dois se viraram para o precipício e voaram. Logo depois, olharam para trás.

— Você vem? — Perguntou Hoseok.

— Já alcanço vocês — disse ele.

Jin lançou um olhar rápido para Abraxas, e voltou-se para Taehyung.

— Tá. Só tome cuidado. E saiba… Abraxas pode assumir a forma que quiser. Ele não é seu pai.

Taehyung já suspeitava daquilo, mas Jin lhe deu a certeza. Ele acenou positivamente. Jin e Hoseok voaram para junto dos outros. Taehyung virou-se para Abraxas. Seu rosto não era mais o de seu pai; tornara-se sem feição e completamente branco. Permanecia ajoelhado com as mãos inertes. Taehyung se aproximou dele, mantendo, porém, uma distância segura. Abaixou-se e olhou para ele.

— O que você fez com meu pai?

Abraxas não se moveu, mas Taehyung quase conseguiu enxergar um sorriso em seu rosto branco. Ele esperou mais alguns segundos, mas Abraxas continuou parado. Taehyung concluiu que ele não podia se mexer.

— Espero que tenha gostado. Não é bom quando lhe tiram suas asas?

O leve sorriso de Taehyung se desfez lentamente. Sentiu que estava se parecendo demais com ele, e isso era o que ele menos queria.

— Adeus — disse, por fim, e se levantou.

Abrindo suas asas novamente, olhou para o precipício. O vento batia nas penas negras de suas novas asas. Ele sorria com determinação. Se lembrou de uma das frases de Nietzsche, que Namjoon costumava falar.

— “É preciso ter asas quando se ama o abismo”.

Finalmente, ele correu e pulou, exatamente como em seu suicídio. Caiu por algum tempo e, por fim, abriu suas asas, e elas sentiram o vento e o levaram para cima. Taehyung sorria enquanto voava pela primeira vez. Ele estava livre. Estava salvo.


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Notas finais do capítulo

"Epicou" - minha irmã sobre esse capítulo.

Digamos que acabou, praticamente, só faltam resolver os últimos poréns.



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