Bulletproof Wings escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 14
Nunca me deixe sozinho


Notas iniciais do capítulo

Sábado é um dia complicado pra mim. Mesmo assim, toda hora que tinha um tempinho, escrevia no celular. Foi difícil juntar tudo, mas aqui está.
Pra você ter ideia de como tá esse capítulo, pedi pra minha irmã ler de novo pra revisar, e ela disse que é triste demais pra ela ler de novo
Boa leitura. ^-^



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Jimin não sabia por que uma nova cama havia sido colocada em seu quarto. Será que tinha algum dono? Ele não sabia. Estava sentado em sua cama quando a mão mecânica mostrou a ele uma carta com um círculo preto cheio de rabiscos brancos. Apesar de não conhecer seu significado, soube que algo importante estava acontecendo. Sentiu como se alguém devesse estar naquela cama ao seu lado, e estendeu sua mão para ela, mas estava vazia.



Hoseok acordou sobre um chão macio. Abriu os olhos lentamente, e se levantou. Não olhou ao redor, não sabia onde estava. Aquilo não lhe interessava. O relógio atrás dele bateu uma hora. Duas portinholas se abriram nas paredes, uma de cada lado, e despejaram uma grande quantidade de remédios alvo-laranjas. Hoseok não se animou. Esperou que o despejo parasse para pegar um remédio e tomá-lo a seco. Ele não sabia o que era aquilo, mas remédios só poderiam fazê-lo bem.



Yoongi foi acordado delicadamente pelo doutor Sehun. Teve vontade de bater nele, já que odiava ser acordado por alguém que não fosse seu despertador, mas em respeito a tudo o que estava acontecendo, ficou quieto.

— Vamos tomar um café?

Yoongi coçou os olhos, se levantando, e viu Hoseok cercado de médicos.

— O que tá acontecendo?

— Eu vou explicar. Temos que sair, agora.

Sehun conduziu Yoongi para fora, embora ele estivesse hesitante, olhando para trás. Os dois foram para uma sala no mesmo corredor, que tinha janela de vidro através da qual era possível ver seu interior: havia uma mesa retangular e alguns outros móveis pequenos nos cantos, como mesinhas e armários. Os dois entraram.

— O que houve com Hoseok? — Perguntou Yoongi.

— Yoongi,  sente-se…

— O que houve com Hoseok? — Perguntou ele, com mais firmeza, porém sem aumentar muito o tom de sua voz.

— Não sabemos, ainda, o que realmente aconteceu, mas… Yoongi…

— Ele morreu? — Perguntou,  sem nenhuma hesitação. Dr. Sehun pressionou os lábios.

— Sim. Eu sinto muito.

Yoongi cobriu a mão com a boca e caiu na cadeira que lhe fora sugerida. Se recusou a deixar suas lágrimas caírem, de modo que se acumularam em seus olhos. Ele ficou um tempo sem dizer nada.

— Eu estava sozinho com ele?

— Estava, mas não poderia ter feito nada para ajudá-lo.

— Os outros… os outros já sabem?

— Ainda não. Mas já estão aqui, junto com o pai de Hoseok, esperando o horário de visitas.

Yoongi sabia que o pai de Hoseok tinha passado a noite no hospital.  No dia anterior, não tinha conseguido chegar antes do horário de visitas terminar, e Yoongi já tinha sido registrado como acompanhante para aquela noite.

Yoongi olhou para o relógio da sala.

— Faltam 15 minutos — constatou ele.

— Eu preciso comunicá-los. Volto logo. Fique à vontade para pegar o café.



Sehun era jovem. Não estava acostumado a ver meninos da sua idade morrendo, deixando tantos amigos para trás.  Quando entrou na sala de espera e viu a animação dos meninos, quase teve vontade de chorar. Os três estavam ao lado do pai de Hoseok, e pareceram perceber, pela expressão de Oh-Sehun, que algo não estava bem.

— Já podemos ver Hoseok? — Perguntou Namjoon.

— Infelizmente não,  meninos — o tom de Sehun era extremamente triste. — Hoseok… veio a óbito esta manhã.

Namjoon teve a mesma reação que teve à morte de Jin, pressionando os lábios com raiva. Jungkook cobriu a boca com as duas mãos e começou a chorar imediatamente.  Taehyung abriu a boca e inspirou como se tivesse lhe faltado o ar. O pai de Hoseok abaixou a cabeça e cobriu os olhos com as  mãos, escondendo suas lágrimas silenciosas.

Sehun continuou falando sobre o caso. Disse que ainda não sabia a causa da morte e que sentia muito, enquanto Taehyung se afastava do grupo com as mãos na cabeça. Parecia estar tentando acreditar. Quando Namjoon notou seus lentos passos em direção ao corredor, chamou-o.

— Tae?

Ao ouvir seu nome, Taehyung disparou pelo corredor. Sehun notou e foi obrigado a ir atrás dele, seguido pelos outros. As memórias de Taehyung levaram seus pés até o quarto que ele sabia ser de Hoseok. Sem nenhum tipo de medo, abriu a porta e correu para seu leito. Havia apenas dois médicos, que foram completamente ignorados por Taehyung. O menino não queria acordar Hoseok; tudo o que queria era ter certeza de que aquele era seu último sono. Inclinou-se sobre ele, com a mão direita em seu peito, tentando sentir seu coração bater; a esquerda em seu pescoço, tentando sentir alguma pulsação; o rosto perto do nariz dele, tentando sentir sua respiração pesada ao dormir. Mas não havia nada.

Então Hoseok se lembrou. Os remédios não haviam feito bem a ele. Ele estava morto. No mesmo momento, sentiu que havia sido influenciado de alguma forma, não simplesmente pela morte de Jin e Jimin. Havia algo a mais dizendo-o que aquilo era o certo… E Taehyung tinha tentado avisá-lo. Tinha dito a ele para ser forte. Ele conseguia sentir Taehyung tocá-lo do outro lado.

As lágrimas de Taehyung chegaram junto com os braços do médico, segurando-o. Ele se deixou ser levado como uma onda, dando passos trôpegos para trás, até sair do quarto. Sem nenhuma tentativa de fuga, pediu que o soltassem, mas os médicos só o fizeram quando Sehun pediu. Taehyung se deixou cair em uma das cadeiras de espera do corredor. Namjoon sentou-se ao lado dele.

— Taetae...

— Não se preocupa comigo — disse ele, enxugando as lágrimas, embora continuasse chorando. — Eu vou ficar bem, hyung.

Namjoon compreendeu que Taehyung estava tentando agir diferente de Hoseok. Ele sabia que Hopi tinha dado muito trabalho quando Jimin morreu, sem querer aceitar, e que Namjoon tinha sofrido para lidar com aquilo. Taehyung não queria que aquilo se repetisse, não queria fazer Namjoon sofrer. Mas Namjoon também se sentiu mal por Taehyung. Foi naquele momento que decidiu que iria ficar ao lado dele, iria protegê-lo, custasse o que custasse.



Enquanto a morte de Hoseok fortalecia a amizade de Namjoon e Taehyung, surtia efeito contrário entre Jungkook e Yoongi. Sehun mostrou ao maknae a sala onde Yoongi estava. Ele entrou, encontrando-o sentado de lado, fitando o nada.

— Hyung... — chamou, mas foi interrompido.

— Sai daqui.

— Quê? Mas...

— Eu disse pra sair, não ouviu? Eu não quero falar com você, Jungkook!

O mais novo ficou tão apavorado que fechou a porta rapidamente, como se tivesse visto um monstro. Uma lágrima fina escorreu pelos seus olhos assustados.

Pouco depois, notou o pai de Hoseok na sala em frente, também sozinho. Decidiu ir até lá, um pouco receoso. Bateu na porta e a abriu, devagar.

— Posso entrar?

— Pode. Jungkook, não é?

— Sim — respondeu, fechando a porta atrás de si. Com cuidado, sentou-se ao lado dele. O pai de Hoseok não olhou para Jungkook, mas falou com ele.

— Nós não éramos muito próximos. Desde que ela se foi, nossa relação tem sido difícil, principalmente depois que descobrimos a doença. Hoseok sempre foi muito sozinho, por isso sempre agradeci por ele ter encontrado vocês. No fundo, eu já esperava que ele fosse sair de casa, mas... — ele começou a chorar. — Mas ele era meu filho e eu o amava. Queria ter tido a  oportunidade de dizer isso a ele uma última vez.

Jungkook não sabia o que dizer, mas não precisou dizer nada, pois Dr. Sehun entrou na sala.

— Sr. Jung, acabei de dar a notícia a um casal de visitantes. Eles desejam falar com o senhor.

— Não sei quem pode ser — disse ele, levantando-se. — Não temos parentes em Seoul.



Namjoon tinha vestido a mesma roupa da semana anterior, que era a única que ele tinha para aquelas ocasiões. A pedido de Jungkook, foi ao quarto dos hyungs tentar, uma última vez, convencer Yoongi a ir, mas ele se manteve irredutível. Taehyung tentou consolar Jungkook.

— Deve estar sendo difícil pra ele, Kookie. Ele estava lá.

— Eu sei, hyung, mas... ele está muito diferente comigo. Sempre fomos tão próximos...

— Não sei o que está havendo com Yoongi Hyung, — disse Namjoon — mas não podemos fazer nada agora. O mais importante é fazermos a nossa parte e mostrar nossas últimas homenagens a Hoseok.

 

Namjoon, Taehyung e Jungkook tinham chegado no velório havia pouco tempo quando foram surpreendidos pelo Sr. e pela Sra. Park. Foram cumprimentar os meninos com tristeza, até mesmo perguntando por Yoongi, ao que responderam que estava indisposto.

— Temos uma notícia importante - disse a mãe de Jimin, esboçando um sorriso, o que deixou os garotos na expectativa. — Nós conversamos com o pai de Hoseok. Ele disse que, da família inteira, só eles vieram para Seoul. Ele queria enterrá-lo em Gwangju, mas ficaria muito caro levá-lo, e igualmente caro fazer um novo terraço. Então nós pensamos... A amizade de vocês sempre foi tão linda... Vocês sempre foram tão unidos, principalmente Jiminie e Hoseok... Por que separá-los?

Os três começaram a se olhar, duvidando se estavam entendendo direito.

— O que queremos dizer — explicou a Sra. Park — é que decidimos oferecer ao Sr. Jung um lugar para Hoseok no terraço da família Park.

— Mas... — Perguntou Namjoon, sem acreditar no que estava ouvindo. — isso é permitido?

— Não existe uma regra quanto a isso — esclareceu o senhor Park. — Apenas uma convenção, mas nada que proíba.

Os mais novos estavam boquiabertos.

— E o que ele disse? — Perguntou Taehyung.

— Bom... — começou a Sra. Park. — Depois de fazer várias perguntas... Ele disse... — A senhora Park não conseguiu terminar. Chorou com um sorriso no rosto, aninhando-se no ombro do marido, que completou.

— Ele disse que seria uma honra enterrar seu filho ao lado do nosso.


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Notas finais do capítulo

Siiim, eu sei. Muito louco.



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