Reino da Magia escrita por semita13


Capítulo 8
Quem são essas pessoas?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/714864/chapter/8

Lucius prossegue pela direção que Sassá lhe indicou. Segue em ritmo mais lento, apreciando a brisa e sentindo uma tranquilidade como se estivesse passeando pelo bosque. Mais a frente, ele encontra Nicolas, que parecia estar dando voltas, olhando ao redor. Tão distraído que nem percebe a aproximação de Lucius.

—E aí?

—AAA... Ah, é você de novo! 

—Desculpa se eu ti assustei.

—Não, não é isso. É que... Você não notou nada de esquisito não?

—Esquisito? – pergunta Lucius, desconfiado de que Nicolas passara por uma passagem mágica e nem notou. – Esquisito como?

—É... Veja bem! Eu estava correndo dos guardas, indo para o interior da floresta procurando um local pra esconder. Aí eu vi uma área com uns arbustos bem verdes, com muita folhagem. Aí eu fui até essa área, fiquei um pouquinho escondido, até que não ouvi mais o som dos guardas. Quando eu saí eu não vi mais ninguém e de repente me deu uma sensação estranha. Aí eu dei uma volta e você apareceu...

          Lucius sente vontade de rir, mas procura permanecer sério. Nicolas o observa e fica admirando o semblante alegre de Lucius.

—Que cara é essa?

—Não é nada, e não precisa se preocupar! Os guardas não vão mais incomodar a gente.

—Sei... E quem é que me garante isso, você?

—É!

             Agora Nicolas olha para ele desconfiado. Mas aquela conversa na carroça de ‘gente como nós’ e depois do que Serena fez o leva a decisão de que não lhe agradaria saber o que aconteceu com os guardas. Os dois decidem continuar e seguem caminhando lado a lado.

—Escuta! Você não tem nada pra comer aí não? Tô azul de fome, desde ontem sem comer nada!

—Não. - diz Lucius, passando as mãos pelos bolsos da calça e do casaco. - Mas nós tomamos café da manhã hoje.

—Há! Aquele pedaço de pão não deu pra tampar nem o buraco do dente. Droga! Deveríamos ter fugido depois do almoço. Você não acha?

—Agora que você falou tá me dando uma fome. Acho que é porque a correria passou e...

—Olha quem tá ali!

           Os garotos encontram Serena e os três irmãos. O grupo se reúne.

—E aí, Cabelo de Fogo? - diz Nicolas ao ver Serena.

—Cabelo de Fogo? Ah... Você quer dizer... Lá na carroça... Ah! Ah! - de repente ela fica séria. - Não gostei desse apelido, Nick!

—Tudo bem! Depois te arrumo um pior... Brincadeira!

—Hunf! Bom... Esses aqui são Gabrielle e seus irmãos Derek e Joshua. - todos se cumprimentam com um aperto de mãos ou um simples ‘oi’. Serena só não entende por que eles evitaram apertar sua mão.

—Parece que fomos os únicos que conseguiram escapar. - diz Lucius.

—Pois é! Alguém aí tem alguma coisa pra comer? - pergunta Nicolas olhando para o rosto de cada um, mas sem receber resposta. - E agora? Depois de termos fugidos vamos morrer de fome?

—Temos que ir para o castelo. - sugere Lucius.

—Castelo? No meio do mato?

—É! - confirma Serena. - Enquanto vocês dois estavam passeando, nós encontramos o muro. Vamos! Eu mostro pra vocês.

            As crianças andam em frente. Nicolas aproveita e faz planos para o grupo.

—Já que não temos outra opção, vamos ficar com o castelo mesmo. Lá a gente pode se esconder e se misturar com os garotos do burgo. Quem sabe podemos até trabalhar, auxiliando algum artesão, estalajadeiro, ferreiro...

           Serena e Lucius trocam olhares e depois comentam com espanto.

—Eu acho que não é bem esse tipo de castelo do qual estamos falando, Nick.

—Ele não tem tanta gente assim como você pensa. É um castelo muito antigo.

—Você quer dizer abandonado? Vixe! Lascou-se! Bom... Mas pode servir de abrigo contra a chuva, pra gente passar a noite... Não é?

          Novamente Serena e Lucius se olham, deixando Nicolas sem resposta. Não demora muito e eles chegam até o muro. E o estranho é que ele parece ser bem curto para proteger um castelo, apesar de ser alto e de cor escura. Nicolas se aproxima dele, olha de um lado para o outro, vira-se para os companheiros e tira suas conclusões.

—Esse muro protege um castelo? Tá parecendo mais o muro de um orfanato, casa... Sei lá! Uma propriedade pequena qualquer. Olha! Acho que vocês se confundiram!

—Isso deve ser só uma parte do muro. Vamos até lá no fundo. - propõe Serena.

—Nós JÁ estamos no fundo, Cabelo de Fogo! - rebate Nicolas.

—Então vamos até LÁ na frente! GRRR...

—Tá bom, tá bom...

          Caminhando mais um pouco, eles começam a ouvir vozes. Ao dobrar a esquina, eles encontram o que consideram ser a entrada do castelo, mas não havia portão ou qualquer abertura no muro, apenas várias crianças e alguns adultos próximos a ele. Os garotos permanecem bem juntos e, curiosos, observam aquelas pessoas. Elas formavam grupos distintos, alguns só com crianças, outros com crianças e adultos e outros só com adultos. Todos estavam bem vestidos, uns melhores que outros. Em um canto, uma mulher discutia com uma garota. Pela intimidade da conversa, os garotos julgaram de que se tratava de mãe e filha. Aliás, os poucos adultos existentes ali eram mulheres. A mãe brigava com a filha por causa da roupa.

—Por que você veio com esse vestido escuro? Eu falei para você por o azul. - A mãe olha enfezada para a garota, de pele pálida e um olhar triste.

—Mas esse é azul... escuro. - responde a garota com displicência.

—Munique Lane! Você é uma ‘lady’ e deve se comportar como tal. Não quero ti ver com essa aparência triste e sem graça.

              A mãe levanta o braço direito e faz um movimento circular com a mão. Os garotos esperam ver um tapa ou algo parecido, mas de repente o vestido da garota muda de cor instantaneamente, se torna azul claro. Eles se assustam ao ver a cena. A bronca continua.

—Não quero ver você encolhida nos cantos escuros, nem esse visual ‘dark’ que você teima em usar. Se continuar assim, tiro você daqui! Passará a ter aulas em casa. Deveria tê-la mandado para Dracônia, pelo menos lá eles têm classe.

—Não mamãe, por favor! Eu prometo que vou me comportar. Eu... Farei o que a senhora mandar.

—Ótimo! Então ponha um sorriso nessa cara.

             A garota de olhos esverdeados e cabelo preto, curto e ondulado, que cobria suas orelhas mas mostrava seu pescoço branco como uma vela, se esforça e faz um sorriso sem graça. Os garotos trocam olhares e depois voltam a observar aquelas pessoas. “Nossa! Será que é a fome?”, pensa Nicolas, concluindo que o que houve com o vestido da garota foi apenas um delírio seu. Uma risada estridente chama a atenção para um grupo com muitas garotas que cercavam um garoto de cabelos castanhos e jeito aristocrático. Havia outro garoto no grupo, mas as meninas pareciam mais interessadas nesse. Três estavam à sua frente, observando ele ser paparicado pelas outras. A conversa estava animada.

—É o que eu digo, meninas! Não existe melhor lugar para se passar as férias do que as praias quentes de Cornwell. - diz o garoto de cabelo castanho liso e bem aparado, com olhos da mesma cor e de fisionomia refinada. - Nem as belezas naturais além-mar do Paraíso Tropical ou os oásis de Alakazam se comparam ao aconchego do lar inglês. Ah! Ah! Ah!

—Acho que você está exagerando, Ricardo! - discorda uma das três garotas, muito bonita, de longas madeixas loiras e olhos verdes, trajando um belo vestido púrpura. - Você não conhece o mundo para afirmar isso. Depois que me formar, viajarei pelo mundo e, quem sabe, poderemos voltar a ter essa conversa.

—Concordo com a Margot, Dick! - diz a garota de cabelos pretos ao lado da outra. - Também não gosto muito de sol, resseca a minha pele.

—Ora, Michelle! Você é uma hidrólita. Qualquer coisa resseca sua pele. Ah! Ah! Ah!

—Continue Ricardo! Suas férias parecem ser sempre tão emocionantes. Quem sabe um dia, se for o desejo do destino, possamos passar férias juntos? - comenta uma bela garota de longos cabelos loiros e olhos azuis, ao lado de Ricardo, segurando seu braço direito.

—Alice, tenha modos! - responde a garota do outro lado de Ricardo, com cabelos longos e cacheados e olhos castanhos, segurando o braço esquerdo do garoto - O destino não será tão complacente com você e cruel conosco. Não é, Ricardo?

—Alice, Clara, minhas queridas! No dia em que eu passar férias ao lado de garotas tão lindas e graciosas terei certeza que o paraíso existe. Isso pode ser um sonho... Mas, como dizem, sonhos podem se tornar realidade.

           As meninas suspiram e se aproximam mais dele. As outras fazem cara feia ou viram o rosto fingindo não ligar, nem mesmo para o outro garoto de cabelos pretos que estava no grupo e parecia não existir para elas. Nicolas não entendia algumas palavras que eles falavam e por que Ricardo ria daquele jeito. “Alakazam, hidrólita, do que é que essa gente tá falando? Quem são essas pessoas? E aquele cara, por que ele ri tanto? Parece um bocó!”. Ele passa a prestar atenção num grupo mais modesto, formado por três garotos e uma garota, que estavam fazendo comentários sobre o primeiro grupo. Estavam bem vestidos, mas não se comparavam ao grupo anterior.  

—Dick e sua conversa mole. Não sei por que essas garotas sempre caem na lábia desse conquistador barato. - diz a garota, de olhos e cabelo castanho como o de Serena, porém mais bonito e sedoso.

—Que é isso, Paula? Garanto que você também gostaria de estar lá junto com elas. - comenta um dos garotos de cabelo castanho-escuro e olhar penetrante, expressivo.

—É mesmo, Sidney! Mas você sabe que a Paula gosta de animais. Por isso ela tá aqui. Eh! - fala um garoto de cabelos pretos olhando para Sidney com um sorriso sarcástico.

—Você quer dizer que eu sou o animal? Grande dedução, Alisson! Típica de um asno.

             Outro garoto loiro ao lado se manifesta e dá um soco no braço de Alisson. Ele parece ser o mais robusto dos três.

—Quer dizer que eu também sou um animal por que estou no grupo? Como você é burro, Alisson.

—Aí! Não é nada disso, Renan. Eu estava me referindo ao Sidney, foi uma piada.

—Piada? Se seu humor for tão bom como sua magia tenho até dó do grupo do qual você fizer parte nos combates. - diz Sidney.

—Ah... Meninos... - reclama a garota.

               Nicolas sente alguém tocar seu ombro. Era Lucius.

—E agora, o que a gente faz?

—Bem... É melhor alguém ir lá falar com eles, né? Eles devem saber onde fica esse castelo que você e Serena tanto falam.

—Eu já disse! Eu só ouvi falar desse castelo, mas não sei onde fica ou se realmente existe... - se justifica Serena.

—Eu também não! - complementa Lucius.

—Quem vai falar com eles? - pergunta Gabrielle.

              Todos ficam apreensivos, um olhando para o outro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reino da Magia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.