Black: Conhecendo a Escuridão escrita por Heitor Magno


Capítulo 1
Que o Jogo Comece


Notas iniciais do capítulo

Desde os primórdios a guerra está sobre a face da terra, sujando e poluindo o interior dos seres humanos.
A maldade está por toda parte, consumindo, corroendo nosso ser e nos fazendo mostrar o que há de mais ruim. A inveja, o rancor, a vingança, o ódio, a soberba, a crueldade... tudo desde o início.
“No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite.
Então disse Deus: “Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança e que ele domine tudo o que há na terra”. Vendo pois, que o homem não encontrara uma auxiliar que lhe fosse semelhante, Javé fez cair um torpor sobre ele e este dormiu. Tomou-lhe, então, uma costela e fez dela a mulher e apresentou-lhe.
Após a criação, a serpente, o mais astuto dos animais, instruiu o homem e a mulher a que comessem do fruto da árvore da conhecimento do bem e do mal, mesmo sendo advertidos por Deus para que não comessem. Ambos comeram, pecando contra o Senhor e foram banidos do paraíso.
O homem e a mulher uniram-se e dessa uniam nasceram Caim e seu irmão Abel. Por inveja, o primeiro matou o segundo e este fora banido da presença de Deus e de seus pais.
Caim fora amaldiçoado com uma marca pelo Senhor a fim de que não fosse assassinado e perseguido pelos homens da terra. Sua maldição, a mais cruel de todas, viver eternamente as custas do sangue de outros. Condenado a viver para sempre nas trevas, na escuridão.
Desta necessidade nasceram três filhos que adormeceram, mas que voltariam em outros tempos, em corpos diferentes, para que se cumpra a profecia do fim dos tempos:

“Um tempo virá, quando a maldição do todo Poderoso não mais será tolerada. Quando a linhagem de Caim tornar-se-á fraca e não haverá o abraço para estas crianças da noite, pois seu sangue escorrerá como a água e o seu poder definhará. Então vós sabereis neste momento: a Gehenna em breve estará sobre vós”.
Trecho retirado do Livro Jogo Vampiro: A Máscara.


MOTE


Quem imaginaria que existe um mundo ao nosso lado?
Quem pode dizer que estamos, ou não, acompanhados?
Ficção? Realidade? Anjos e Diabo? Vampiros e Magos?

Certamente ilusão, ou será pura ignorância?
Segurança pública nacional, sem importância?
O que sentem por nós? Amor, Carinho, Rancor, Repugnância?

Está declarada uma guerra supra espiritual
Uma guerra sobrenatural. Guerra do bem e do mal
Guerra pelo poder mundial. Gravemente mortal
Está dado início duma guerra. Vejam, sem igual.

Anderson de Paula Santana.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/714859/chapter/1

Nova York, oito de agosto de dois mil e dez. Início das aulas no período da manhã.

Vemos em destaque um grupo de amigos muito agitados à porta. São eles: Júnior, Rony, Rikimaru, Jason, Raziel, Hector e Magno.

            Júnior é um rapaz alto (o maior dentre eles), extrovertido, brincalhão, mas muito diferente.

Aparentemente tem muita facilidade em se comunicar com os outros, mas chega a ser impetuoso demais, forçando a barra, muitas vezes, fazendo com que as pessoas se afastem de si.

É totalmente egocêntrico, o que dificulta ainda mais seu relacionamento interpessoal. Até mesmo seus amigos possuem uma certa indiferença com ele.

            Rony é o cara mais legal dentre todos, sempre muito amigo, sempre pronto a ajudar, bom conselheiro, apaziguador e sábio. As pessoas zombam dele muitas vezes, inclusive seus próprios amigos, por ser um pouco gago, o que o deixa muito chateado, assim como zombarem de seu relacionamento com sua namorada.

            Rikimaru é o mais engraçado e o mais espontâneo deles. Tudo lhe serve de piada.

Um cara muito amigo de todos e que apesar de ter melhores condições financeiras é o mais humilde.

Ele gosta muito de farrear, trabalho e estudo nem sequer passam por sua mente. Ficam tudo para segundo plano.

            Jason é o mais tímido e introvertido do grupo, talvez seja por isso que todos zombem dele, principalmente Júnior, ao qual carrega um enorme desprezo dentro de si.

Seu melhor amigo é Magno e que apesar de mais novo o aconselha e lhe compreende como ninguém e que sempre está ao seu lado. Ele tem um namoro extremamente conturbado com Gisele.

            Raziel é primo de Rikimaru, talvez seja por isso que queira tanto se parecer com ele. Raziel veio do interior e não aprendeu muito bem a ler e escrever, o que também é motivo de piadas para alguns de seus amigos.

            Ele gosta muito de chamar a atenção de todos e se esforça muito para fazê-lo, deixando todos constrangidos por tais atos infantis de sua parte. Ele e Magno nunca se deram muito bem, quase sempre que se encontram, discutem por qualquer motivo.

            Hector é irmão de Jason, mas se identifica mais com Magno. Ele também era muito tímido até se conhecerem. Aos poucos começou a se soltar. Hector e Magno sempre saem juntos para se divertir e azarar a mulherada, o que para eles é o melhor esporte a ser praticado e que levam muito a sério, mesmo ficando com Nicole.

            Magno é o mais novo de todos e também o mais intelectual dentre eles, gosta muito de sair com seus amigos, sempre em todo e qualquer momento, um cara para todas as horas, alguém que todos sabem que podem confiar.

É muito carismático, simpático, engraçado e tem uma incrível facilidade em fazer amigos. Ele possui um relacionamento difícil com Leila.

            Apesar de nem todos se darem muito bem, a todo o momento estão juntos. O lema de todos eles, menos de Jason é zoar e acabam se ferrando muitas vezes por isso, mas para eles, o que importa mesmo é se divertir.

            Para eles o primeiro dia de aula, já que nas primeiras semanas não foram. Eles se reúnem a porta e reveem seus colegas, ou melhor, suas vítimas, aqueles que serão zoados durante o período letivo. As garotas também, que logo os rodeiam querendo saber de tudo o que aconteceu com eles durante as suas férias de verão.

            Chegaram até eles, July, namorada de Rony, Gisele, namorada de Jason, Gaby namorada de Raziel, Nicole ficante de Hector, Maya irmã de Rony, Dayane e Leila, ficante de Magno.

            - E como foi àquela história da coxinha mesmo hein, Rikimaru? - perguntou Júnior sorrindo.

            - Estávamos Jason, Raziel, Magno e eu indo nos encontrar com Rony e July na pizzaria - começou contando Rikimaru - até que fomos parados por uma viatura da polícia. Tudo isto por culpa do Magno!

            - Tinha que ser quem também, não é! - Exclamou Júnior, sorrindo da situação.

            - Continuando - Prosseguiu Rikimaru com a história. – Eu, mesmo sabendo que iríamos para a pizzaria, havia decidido comprar uma coxinha ali por perto. No momento em que a viatura nos parou, eu estava com minha coxinha pela metade e não queria jogá-la fora, então a coloquei no meu bolso.

            - Virem-se! - disse o policial, já saindo do carro prestes a sacar sua arma - Todos então se viraram, menos Raziel, que ficou parado olhando para o rosto do policial sem saber o que fazer. Até que o policial o fez virar a força, com seu jeitinho carinhoso.

            Todos nós estávamos calmos, menos Jason que estava completamente apreensivo e trêmulo. Magno até cantarolava enquanto esperava sua vez de ser revistado. Só parou quando o policial o revistou e esmagou suas "bolas". Algo de meio estranho é que em Raziel ele o fez duas vezes, acho que foi com a cara dele.

            - Oh, o Raziel ganhou o policial, tá foda hein, ele pegou seu telefone também? - perguntou Júnior.

            - Vai se ferrar Júnior, não enche!

            - Quando chegou à minha vez, o policial começou a me revistar e notou algo no meu bolso. Ele começou a apertar até esfarelar minha coxinha, então, após ter acabado com ela, perguntou-me:

            - O que há em seu bolso, garoto?

            - Era minha coxinha! - disse Rikimaru com um triste olhar ameno e com um aperto no seu coração, mas que fez com que Magno e Raziel rissem descontroladamente, enquanto Jason se desesperava ainda mais, com medo de que algo pudesse acontecer com eles.

            - Mas tudo acabou bem, após nos revistarem, pediram nossos dados e os confirmaram. Depois nos liberaram e então fomos ao encontro de Rony e July. Lá, contamos a eles o que havia acontecido conosco, às gargalhadas, enquanto Rikimaru retirava o que havia restado de sua coxinha do bolso e Jason ainda muito sério não sorria de nada do que estava sendo falado, somente balançava a cabeça em sinal de reprovação a todos nós.

            - Um dia engraçado foi quando voltávamos do shopping, não é mesmo Hector? - disse Magno sorrindo.

            - Sim é verdade, não sei por que, mas parece que tudo acontece quanto voltamos do shopping!

            - Neste dia estávamos Júnior, Fabian, Hector, Jason e eu. Estávamos quase chegando em casa, quando ouvimos um carro derrapando. Ao olharmos, vimos um carro subindo em alta velocidade na calçada e capotando no ar, parecia cena de cinema, então alguns indivíduos muito curiosos resolveram correr para saber o que havia acontecido com as pessoas que estavam no carro, não é mesmo Júnior e Hector?  

            - Nós só fomos ajudar! - disse Júnior querendo argumentar.

            - Para ajudar o caramba, vocês foram lá pra ver se alguém tinha morrido ou se estava alguma parte fora do lugar ou qualquer coisa do tipo – retrucou Magno – mas vocês que se ferraram, porque o carro era roubado e ao verem que estavam chegando muitos curiosos as pessoas que estavam no carro saíram correndo rapidamente.

Possivelmente a polícia estava a caminho também e vocês tiveram que sair correndo com o risco de serem assassinados por besteira.

            - Teve o dia da blitz também não é Magno – disse Hector – estávamos Magno e eu voltando do shopping, quando vimos que estava tendo uma blitz em frente ao puteiro, mas continuamos andando normalmente. Um cara que estava passando de moto foi tocado por um carro ao passar pela blitz e caiu. Logo os policiais se viraram para ele e apontaram as armas.

O rapaz que estava na moto mal tinha conseguido se levantar e os policiais gritaram para ele levantar as mãos. Ele, com medo, soltou a moto que estava em suas mãos e as levantou. Ela, por consequência, caiu em cima de suas pernas o deixando ainda mais ferrado do que já estava. Enquanto isso o rapaz que havia batido nele com o carro, e que era o verdadeiro culpado, já tinha ido embora.

            - Teve a vez que estávamos voltando do barzinho – começou Rony – e o caaara da moto parou na contra mão ao lado de um ca caaa carro e colocou a mão dentro. Agente pensou que eles se conheciam, ma...ma...ma... mas era um assalto e nem tínhamos reparado. O Ra.. Ra.. Ra...

            - Raziel! - completou Rikimaru já cansado da gagueira de seu amigo Rony e também para ajudá-lo, já que todos já começavam a dar risadinhas de sua cara por isso – deixa que eu termine de contar o resto, vai!

            - Quando percebemos que era um assalto, sem pensar começamos a correr, o Raziel burro correu para o lado da avenida, e das duas uma, ou ele seria atropelado ou o cara o pegaria facilmente. Rony, Hector e eu corremos para uma pizzaria que havia ali ao lado, enquanto o idiota do Magno ainda continuava andando como se não estivesse acontecendo nada, até que viu que nenhum de nós estava mais ao seu lado e correu atrás de nós sem saber ao certo porque tinha corrido.

Depois vimos o cara da moto passando, mas achamos que ele não havia nos visto por isso nem ligamos e continuamos o nosso caminho para casa normalmente, como se nada tivesse ocorrido naquele dia.

            - E o dia em que... – TRIM TRIM TRIM – o sinal da aula toca interrompendo o que Jason iria falar.

            - No intervalo a gente se vê pessoal – disse Rikimaru, enquanto todos iam para as suas salas.

            As primeiras aulas pareciam não ter fim. Todos ainda muito cansados pelo fato de terem que acordar cedo. Sentiam falta das férias e da possibilidade de não precisarem fazer nada.

            Como uma lesma o tempo passava e causava neles um certo desespero. Não viam a hora de poderem ir para o intervalo e relaxarem um pouco.

            Como haviam ido após os primeiros dias de aula, mal conheciam os novos professores e muito menos as matérias que teriam de estudar.

            Muitos trabalhos já haviam sido passados e teriam de correr atrás do tempo perdido, que em suas mentes pareciam pouco, contudo se revelaram como sendo um pequeno espaço da eternidade, se contado a imensa quantidade de trabalhos a serem feitos.

            O Sinal para o intervalo foi um alívio para todos eles que já não aguentavam mais estarem dentro das salas de aula.

            Um a um, eles vão chegando e se assentando a mesa que costumavam sentar. Esta era sempre a última das mesas, que dava acesso a quadra de esportes do campus. Lá podiam apreciar o ar que vinha de fora e lhe dava a oportunidade de matar a aula quando assim precisassem.

Magno e Hector chegaram primeiro. Depois Rikimaru, Júnior, Rony e todos os outros chegaram depois.

            O semblante deles demonstrava o alívio de ter chegado o momento do intervalo, momento em que poderiam relaxar mais um pouco e continuar a colocar o papo em dia.

            - E aí, como... – toc, toc, toc, zuuum! – Júnior havia começado a falar e três objetos atingiram sua nuca e um bem maior passou por sobre sua cabeça, não pegando por pouco.

            - Que merda é essa? - perguntou Júnior passando a mão na cabeça, com uma cara não muito simpática.

            Todos olharam para fora, na direção em que viram aquele objeto ter sido arremessado, mas não avistaram ninguém.

            Rikimaru foi até a porta de saída que ali havia, contudo não conseguiu ver ninguém. Quem havia arremessado aqueles objetos havia sumido repentinamente e não deixara rastro algum.

            Enquanto Rikimaru o procurava, Magno viu que o objeto grande que havia sido arremessado era um livro. Ele o pegou, assim como os três pequenos objetos, que se tratavam de três dados curiosamente diferentes. Eles possuíam em si, dez lados numerados, no formato de um polígono. O nome do livro era “Vampiro: A Máscara”.

            Todos eles acharam isso muito estranho. “Por que alguém lançaria um livro desses no meio do pátio? Só alguém sem noção poderia fazer isso e depois sumir do nada”, pensou alguns deles.

            - Quem será que fez isso?

            - Deve ter sido algum retardado para atacar um livro deste tamanho aqui dentro. A chance de ter machucado alguém é muito grande.

            - Verdade, a nossa sorte é que a cabeça do Júnior é bem grande, pudemos nos defender graças a ele – disse Rikimaru, enquanto os outros aproveitaram a piada para rirem de Júnior.

            - Verdade, é quase como um campo de força. Tudo que está ao redor é atraído por ela e destruído. Não sei como os dados não despedaçaram.

            - Se fosse o livro com certeza teria destruído.

            - Muito engraçado. Não vi a menor graça nisso tudo.

            - Não entendi, é muito engraçado ou não tem graça nenhuma?

            - Vocês entenderam o que eu quis dizer.

            - O que será “Vampiro: A Máscara”? – perguntou Magno ao ler o que estava escrito na capa do livro.

            - Ahhh, eu já ouvi falar desse livro – falou Júnior enquanto ainda coçava a cabeça pela dor que os dados lhe provocara – este livro é de um jogo chamado “RPG”.

            - Tinha que ser o estranho para saber de uma coisa estranha. – resmungou Jason em tom de reprovação.

            Vai arranjar o que fazer Jason! Sua namorada não está precisando da sua ajuda para fazer alguma coisa não?

            - Não precisa não. Prefiro ficar aqui. Estou bem.

            - Que bom para você. Como eu estava dizendo, este livro é de um jogo chamado RPG. Ele é um jogo de imaginação onde você cria uma personagem e atribuir as suas características em uma ficha já feita com esse propósito.

Depois tem um cara que inicia a história, ele é chamado de “mestre” ou “narrador”, que é quem narra a história, como um diretor numa peça teatral. Os outros participantes jogam interpretando suas personagens.

            - Quem te perguntou alguma coisa? – disse Jason em tom de desinteresse, mas Júnior o ignorou e continuou a falar.

— Quando sua personagem precisar fazer algo com alguma dificuldade, você tem que jogar os dados para saber se pode ou não fazer aquela ação desejada. De 1 á 5 indica erro enquanto de 6 á 10 indica acerto. No final de cada história as personagens ganham pontos de experiência para irem aprimorando suas características.

            - Como você sabe tanto sobre esse jogo, hein Júnior?

            - Um primo meu jogava. Agora que eu vi esse livro, me lembrei. Faz muito tempo que não o vejo, ele sumiu faz alguns anos. A mãe dele disse que ele saiu com alguns amigos para jogar, mas não voltou mais.

Um dos amigos que foi jogar neste dia enlouqueceu. Ninguém sabe o verdadeiro motivo, dizem que ele tem alucinações. Fala que é um vampiro e tudo que um louco costuma dizer.

Mas isso não tem nada a ver. Ele só não teve maturidade o bastante para perceber que isso é apenas um jogo e que não pode ser levado a sério.

— Falou o cara que é super maduro.

— Verdade. O Júnior é muito maduro. Até hoje a mãe dele prepara o lanche dele. – todos riem.

— Não me encham. É claro que eu nunca sairia por aí dizendo aos outros que sou um vampiro. Todo mundo sabe que eles não existem.

            - Mas e o seu primo? Ninguém sabe o que aconteceu com ele e com os outros?

            - Não, mas quem liga? Eu não gostava dele mesmo, e outra, ele não batia muito bem, deve ter ido embora para outro lugar. Ele não gostava da família dele. Queria que todos se ferrassem.

Ele deve estar numa boa, num lugar incrível zoando adoidado, sem ter que dar satisfações a ninguém. Isso é o que eu acho!

— Que família, um é louco o outro é retardado.

— Tem alguém que se salve na sua família Júnior?

— Claro, minha mãe.

— Será mesmo? Será que ela também não é uma bruxa aprisionada num porão?

— Vai a merda, vai! Dá pra deixar minha mãe de fora. Ela é uma pessoa realmente incrível.

— Tá bom, se você está dizendo. Quem sou eu pra falar da mamãe Júnior.

— Assim está melhor. Agora me digam, o que acha de jogarmos?

            - Eu que não vou jogar este jogo idiota nem a pau. Eu tenho mais o que fazer. – disse Jason.

            - Idiota é você – disse Júnior provocando Jason – que é mudo e fica com essa cara de tonto o tempo todo – Tá Tá Tá – disse Hector já de saco cheio da discussão dos dois e também querendo defender seu irmão – eu também não vou jogar.

            - Eu irei jogar. – disse Rikimaru.

            - Eu também irei – disse Magno – quero saber como é esse jogo. Ele me parece divertido. Vamos ver como é na prática. E você Raziel vai jogar também?

            - Não sei ainda, eu tenho que resolver algumas coisas, não sei se dará para eu ir, no final da aula eu respondo.

            - E você Rony?

            - Eu também não vou! Eu tenho que sair com a July. Ela quer ir ao shopping!

            - Que bosta Rony, quando você vai parar de ser comandado hein? - perguntou Rikimaru.

            - Eu não sou comandado, ela só quer ir ao shopping e eu irei com ela. Entendeu? Agora, não enche!

            - Tá bom, você sempre será comandado, por que você não vira homem, hein?

            - Tá Tá Tá...vamos parar com isso – disse Magno – o sinal já bateu, vamos subir para as nossas salas.

            Júnior estava ansioso para que as horas passassem rapidamente. Assim poderiam jogar.

            A dor em sua cabeça já não incomodava tanto. Bem menos do que o tempo que, para ele, custava a passar. Estava ainda mais ansioso do que no início do horário, quando não via a hora de poder ir para casa e fugir daquelas aulas cansativas e monótonas.

O barulho do sinal batendo, foi como os sinos de natal para ele, que não pensou duas vezes ao recolher seu material e voar da sala de aula, ao encontro dos outros rapazes.

Já no portão de saída, os que chegaram primeiro aguardavam os outros para que pudessem ir embora. Os primeiros a chegar foram Júnior, Magno, Raziel, Leila e Dayane.

            - Vamos embora? - perguntou Leila a Magno e aos outros que lá estavam.

            - Não vai dar, eu vou ter que esperar a Gaby – respondeu Raziel.

            - Então não vai mais precisar – disse Dayane – pois ela passou mal e teve que ir para casa mais cedo.

            - Ah, é?

            - Então, já que não terá que esperá-la você não quer me levar pra casa hein, Raziel?

            - “Beleza” – pensou Raziel – “é hoje que eu pego ela” – Raziel sabia que há muito tempo Dayane era afim dele, mas nunca tinha oportunidade, pois Gaby sempre estava por perto.

            - Beleza, eu te levo! – disse Raziel.

            - Eu também não poderei ir agora – disse Magno – eu terei que sair com Júnior e com o Rikimaru.

            - Você vai me deixar ir sozinha para casa, Magno? – disse Leila já alterando o tom de voz.

            - É porque eu tenho que fazer algo muito importante e não vou poder ir com você, Leila.

            Na verdade, Magno não era muito afim de Leila. Estava com ela somente porque lhe convinha. Para ter com quem ficar quando não tivesse o que fazer. Por isso, sempre que podia, tentava escapar.

            - Vá junto com a Dayane e com Raziel.

            - Eu tenho outra escolha?

            - Até te convidaria para ir conosco, mas tenho certeza de que não se sentirá à vontade.

            - Tudo bem então. Vou com vocês, tudo bem meninos?

            - Tudo. - Raziel ficara furioso com a atitude de Magno. Pois sabia que isso estragaria os seus planos de ficar com Dayane.

O restante do pessoal foi chegando pouco a pouco, até que todos estavam juntos.

Um por um foi se despedindo do pessoal até que só restassem Júnior, Rikimaru e Magno.

            - Então, onde iremos jogar? - perguntou Magno – lá em casa não dá para jogarmos.

            - Não tem problemas, jogaremos em minha casa – sugeriu Júnior – assim eu já aproveito e peço para minha mãe fazer um lanche pra gente, pois eu estou com muita fome e minha mãe sempre tem alguma coisa para comer.

            - Eu também estou com fome. – responderam Magno e Rikimaru sincronizadamente.

            - Então vamos para lá. Já que tocou no assunto, o que afinal sua mãe tem de bom para comermos, hein Júnior?

            - Vocês verão. Vamos então?

            - Por mim tudo bem, vamos então? Já não aguento mais esperar, muito menos meu estômago.

            Os três rumaram em direção a casa de Júnior que aparentava estar muito ansioso por esta oportunidade. Rikimaru e Magno só não sabia porque tanta euforia.

Se devia pelo fato de estar tão ansioso para jogar? Será que estava ansioso para que seus “amigos” pudessem ir até a sua casa? O que passava pela cabeça dele era uma incógnita para os dois. Ainda assim, seguiram-no em direção a casa dele.

            Ao chegarem em casa, Júnior abriu a porta e os convidou para que entrassem. Os dois acreditavam que sua mãe viria atendê-los, mas isso não aconteceu.

            Os dois podiam jurar que a mãe de Júnior fosse uma senhora idosa, com sérios problemas mentais. Talvez criasse diversos gatos em sua casa e vivesse falando sozinha. Talvez daí pudessem compreender o comportamento do filho, que também não batia muito bem da cabeça.

            - Mãe, cheguei! – disse Júnior – Estou com dois amigos. Vamos para o escritório. Faz uns lanches para nós? Estaremos esperando aqui!

            - Está bem meu filho, daqui a pouco eu levo para vocês. – disse a mãe de Júnior.

            A princípio, sua voz, não lhes parecia de uma senhora idosa e louca, mas de uma mulher de meia idade, com uma voz doce e até mesmo sensual.

            Isso havia instigado o interesse dos dois rapazes que agora ansiavam por conhecer a mãe de Júnior e desvendar este mistério.

Os três seguiram em direção ao escritório que ficava ao lado da sala de estar, por onde entraram.

            A casa de Júnior aparentemente era muito grandiosa. A frente dela havia um jardim muito bem cuidado e com a grama aparada.

            No centro do jardim havia uma passarela pela qual as pessoas caminhavam até a porta de entrada.

            Após adentrarem na sala de estar, havia a direita um portal que aparentemente dava acesso a cozinha da casa. Já a esquerda havia também um outro portal, tão belo e grande quanto o outro que dava acesso ao escritório.

            Logo a frente havia ainda uma escada que dava acesso ao piso superior e dos dois lados da escada haviam ainda outras duas portas, as quais Rikimaru e Magno ficaram curiosos em saber o que lá havia.

            Os três seguiram em direção ao escritório. Enquanto caminhavam para lá, viram alguns retratos pendurados nas paredes, mas não sabiam eles quem poderiam ser.

            - Quem são esses Júnior?

            - Para falar a verdade não sei. Estes quadros eram do meu pai. Nunca me disseram quem são.

            - Que estranho, como alguém pode ter quadros em sua casa de pessoas que não conhece?

            - Meu pai conhece, já está bom para mim deste jeito.

            - Ok, não quis ofender.

            - Tudo bem!

            Eles chegaram a uma bela porta que dava acesso ao escritório. Ao abri-la, ficaram boquiabertos com o que viam. O que Júnior chamava de escritório estava mais para um grande salão.

            Ao centro dele havia uma grande mesa, aparentemente rústica e artesanal. Ao fundo da sala uma grande biblioteca, com um sem números de livros. Completa de um lado a outro.

            Em cada lado do fundo deste salão haviam duas armaduras medievais. Uma segurava uma grande lança, enquanto a outra segurava uma bela espada.

            Do lado direito da sala, haviam diversas cabeças de animais penduradas na parede, como troféus. Já do lado esquerdo haviam três pequenas pilastras brancas em formato grego. Sobre elas haviam cubos transparentes portando crânios de caveiras.

            - Que macabro tudo isso!

            - Que nada, são do meu pai. Ele gosta de colecionar tudo o que é diferente. Só isso. Vejam aquelas cabeças de animais, o meu pai caçou cada um deles.

            - Isso era para ser uma honra?

            - Claro!

            - Cada louco com a sua mania.

            - Por favor não toquem em nada. Se o meu pai ver que alguma coisa está fora do lugar ele me mata.

            - Seu pai deve ser sargento. Ele não te alivia não?

            - Ele só quer o meu bem, nada além disso. Sentem-se a mesa. Vou até o meu quarto me trocar e já volto. Enquanto isto vão dando uma olhada no livro. Quem sabe já não descobrem o que querem fazer.

            Passados alguns minutos a mãe de Júnior chega ao escritório onde eles estavam com os lanches em mãos e trazendo consigo um ar e um sentimento totalmente inesperado.

            Eles que até o momento esperavam ver uma velha senhora, descabelada e provavelmente com cara de louca, surpreenderam-se com a visão daquela mulher que agora adentrava ao escritório.

            Um rosto instigante e conquistador, uma pele aparentemente suave e macia, um andar sensual e avassalador faziam daquela mulher o centro das atenções.

            Seus cabelos negros e lisos caíam-lhe sobre os fartos e belos seios que ficavam caprichosamente acomodados num belo e avantajado decote. Estes chamavam a atenção dos jovens rapazes que não conseguiam desviar seus olhares.

            Além dos belos cabelos e do decote totalmente instigador, o seu andar provocante deixava-os extremamente excitados, não permitindo terem qualquer reação ao que estavam vendo até ali.

            Seus olhos verdes eram evidenciados pelos rímel de cor escura que delineavam os seus belos olhos.

            Seus instigantes lábios estavam cobertos por um batom vermelho vibrante, que os atraia, os excitava, como poucas vezes puderam ficar. O seu sorriso era ainda mais cativante. Ao mesmo tempo que sereno e amistoso, trazia um ar sensual e convidativo.

            Apesar de estranho, os garotos não se preocuparam em reparar em como ela se vestia, se apropriado para o momento ou não, mas apreciavam a vista que agora possuíam.

            Ela vestia um collant preto, com um corte em v, que descia até próximo ao seu umbigo, mostrando, em partes, os fartos e rígidos seios que possuía, além de sua barriga totalmente perfeita.

            Sobre ele, vestia uma saia com um corte na lateral, permitindo que os jovens pudessem delirar ao verem aquelas linda e maravilhosas pernas torneadas.

            Um sapato de salto preto completava aquele figurino de deixar qualquer homem subindo pelas paredes.

Tudo naquele lugar, após a sua chegada, passava a exalar um cheiro de prazer, de sensualidade.

            Ela se aproxima dos dois rapazes com aquele olhar e com um sorriso devasso em seus lábios, como quem pretende fazer algo totalmente libidinoso.

            Enquanto isso, Júnior, em seu quarto, não tinha a menor ideia do que se passava dentro do seu próprio teto, entre sua mãe e seus amigos.

            - Então, como vocês se chamam? - perguntou dona Lúcia, enquanto servia o lanche a Magno e se inclinava a sua frente, permitindo que ele pudesse ver entre o seu avantajado decote.

            No mesmo tempo em que Rikimaru, inclinava-se para tentar enxergar o que havia abaixo daquela saia.

            - Meu nome é Magno, muito prazer!

            - E o meu é Rikimaru, muito prazer! – disse Rikimaru, enquanto ela se virava para ele e da mesma forma se inclinava, permitindo-lhe ter a mesma visão apreciada por Magno.

            - Garanto-lhes que o prazer é todo meu, garotos! Vocês têm namorada?

            - Não, eu não tenho. – respondeu prontamente Magno.

            - É, eu também não tenho. - disse Rikimaru.

            - Meu Deus, mas que desperdício, dois jovens tão bonitos e atraentes como vocês sem namorada. Na minha época vocês não escapariam. – disse dona Lúcia, enquanto puxava uma cadeira para trás e assentava-se, de forma que pudesse ficar de frente para eles. Ao cruzar as pernas, fez com que os dois jovens, sentissem um tesão fora do comum. Aquela visão passava em câmera lenta em seus olhos.

            Um misto de prazer e curiosidade os tomava a cada instante. Aquela perna cruzada, os fizera recordar de Sharon Stone, porém, ao vivo e a cores, com mais realismo e prazer.

            Suas pernas pareciam ainda mais belas, quando cruzadas a sua frente. O que só começou a perder a toda a importância quando dona Lúcia cruzou levemente os braços, fazendo com que seus seios saltassem do decote.

            A dúvida que lhes surgia naquele momento era para onde deveriam olhar primeiro, se as pernas ou os seios. Enquanto não decidiam, alternavam o foco, sem nem ao menos se preocuparem se ela estava incomodada ou não.

— É que gostamos de mulheres mais experientes, assim como à senhora – disse Magno, com um olhar sedento – as garotas de hoje em dia não nos satisfazem mais, só querem saber de beijinhos e abraços. Já as mulheres experientes sabem como fazer um cara chegar ao prazer de verdade.

            - É porque elas não sabem o que estão perdendo, não sabem o quanto é bom. Se eu pegasse vocês, iriam a loucura.

            - Eu adoraria experimentar a senhora. Digo, o que a senhora tem para nos oferecer – disse Rikimaru.

            - A senhora sabe realmente como excitar um cara, não é mesmo? Gostaria de saber até que ponto você o faria chegar com toda a sua experiência e com toda esta vontade e disposição que está nos mostrando.

            - Quem sabe não tenham a oportunidade de se deliciarem um pouquinho? Estou mesmo afim de saber do que são capazes. Será que teriam condições de me satisfazer?

            - Esta resposta eu só poderei dar na prática.

            - Estou ansiosíssima para tê-la.

            Júnior chega onde todos se encontravam e eles mudam de assunto, mas os olhares de desejo continuam a todo o momento e Júnior nada percebe.

            - E então, podemos começar a jogar? - pergunta Júnior ansiosíssimo para começar.

            - Espere um pouco Júnior. Eu tenho que ligar para minha mãe, para avisar que ficarei aqui. Poderia usar o telefone? - disse Magno.

            - Claro que pode. Venha comigo que eu o levo até o telefone Magno. - disse dona Lúcia para Magno.

            Enquanto ainda caminhavam em direção ao telefone, que ficava na sala, dona Lúcia para súbita e propositalmente à frente de Magno, a fim de que ele trombasse nela.

            - Nossa Magno, você tem um grande potencial, sabia? – disse dona Lúcia ao perceber que Magno ainda encontrava-se excitado após a conversa que tiveram.

            - Fazer o que não é?!

            Ao chegarem ao telefone, Magno o pega para fazer a ligação, mas é interrompido por toda Lúcia, que se aproxima do seu ouvido e sussurra algo que não foi possível compreender.

            Os pelos de Magno arrepiam-se com a leve brisa provocada pelos lábios de dona Lúcia. Ela aproveita a proximidade para dar-lhe uma mordida na orelha.

            Ela desliza a sua mão sobre o corpo dele, deixando-o ainda mais excitado.

            Ele deixa o telefone de lado e vira-se para encarar, talvez, o maior prazer da sua vida.

            Eles se beijam vorazmente, deliciando-se com cada momento e movimento feito. Sem pensar muito, Magno abre-lhe o collant, revelando o seu prêmio. Ele os acaricia como uma pedra preciosa e os beija com enorme prazer.

            Dona Lúcia, visivelmente excitada, aperta a cabeça dele contra si e se delicia.

            Ele a levanta em seus braços e a joga com força na estante. Ela derruba algo no chão, mas não se preocupa em saber o que é, apenas aproveita o momento.

            - Pronto Magno, já usou o telefone? - perguntou Júnior, que ainda continuava sem saber o que estava acontecendo e atrapalhando aqueles dois que se entregavam ao momento.

            - Não! – disse Magno querendo continuar.

            - Sim! – disse dona Lúcia – Ele já está indo.

            - Mas por que você falou que eu já estava indo? Vamos ficar aqui.

            - É melhor você ir antes que ele suspeite de alguma coisa, depois resolveremos isso!

            - Está bem, então. – disse Magno enquanto ainda segurava dona Lúcia em seu colo. Os dois já ofegantes, mas decepcionados por terem de parar.

Magno a coloca no chão e vai se encontrar com os outros, ainda com os vestígios do que aquele momento com dona Lúcia lhe provocara. Tentava diminuir no seu rosto e no seu corpo as marcas deixadas por momentos de imenso prazer.

Ainda tentando esconder o que havia acontecido no cômodo ao lado, Magno chega ao escritório, um pouco reestabelecido.

            - Pronto, agora podemos começar? - perguntou a Magno e Rikimaru.

            - Ok, vamos lá?

            Júnior pega o livro e começa a explicar aos dois como jogar. Suas regras, suas personagens, tudo mais que precisassem saber para começar, contudo, Magno ainda pensava no que havia acontecido entre ele e dona Lúcia.

Como pensar no que Júnior estava dizendo? Quem se importaria com aquilo tendo uma mulher daquela no cômodo ao lado? A sua vontade era deixá-los ali se divertindo com aquela besteira e voltar a tê-la em seus braços novamente e fazer tudo aquilo que passara em sua mente.

Era difícil entender o olhar que Rikimaru fazia para Magno, mas este parecia ter entendido o que aconteceu na sala e provavelmente queria estar no seu lugar.

            Sem prestar muita atenção no que Júnior dizia, Magno preenche a sua ficha de qualquer forma.

            - Como eu tenho mais conhecimento do jogo que vocês, eu serei o narrador. Enquanto isso vocês aprendem para que possam narrar futuramente, tá certo?

            - Tá, tá. Você está certo, Júnior. É isso aí!

            - Lancem os dados para saber quem começa.

            - Júnior! Preciso que você me faça um favor. – Eles fizeram o movimento para lançar os dados, porém, dona Lúcia chama Júnior, inesperadamente.

            - O que foi agora, mãe?

            - Eu preciso que você vá ao mecânico para pegar meu carro. Ele me disse que estaria pronto hoje á tarde e que eu já poderia ir buscá-lo, mas você terá que ir agora pois mais tarde ele fechará e eu tenho que usá-lo hoje á noite. Você pode ir buscá-lo pra mim, filho?

            - Vou não é, eu tenho outra escolha?

            - Ter não tem, mas pedi por educação! Você não sai de lá enquanto o carro não estiver com você. Por mais que demore um pouco, ouviu.

Se quiser pode dar umas voltas com ele, mas ele tem que estar aqui á noite, pois preciso dele. Está me entendendo?

            - Beleza, vamos Rikimaru e Magno, poderemos dar um role com o carro no shopping, o que acham?

            - Eu não estou muito afim não. – disse Magno – vão vocês dois, eu vou para minha casa, depois eu volto aqui pra gente jogar, beleza?

            - Beleza, então nos vemos mais tarde!

            Os três vão em direção a porta, quando Magno estava fechando a porta dona Lúcia o segura pela mão.

            - Magno, você poderia ficar aqui só um instante, por favor? – pediu dona Lúcia – eu tenho que pegar umas caixas no porão, será que poderia me ajudar? Elas estão em um lugar muito alto e eu não consigo alcançar.

            - Sinto muito, mais eu tenho que ir pra casa! – disse Magno a dona Lúcia – E outra, vai pegar mal se ficarmos somente a senhora e eu aqui, não é verdade? O que os vizinhos iriam pensar?

            - Quem liga para esses vizinhos fofoqueiros, eles não tem nada a ver com isso. Por favor, fique!

            - Fique aí logo vai Magno! Faça esse favor a minha mãe. Dane-se esses vizinhos. Ninguém liga pra eles mesmo.

            - Está bem eu fico! – disse Magno.

            - Valeu Magno, te devo mais esta, cara! - disse Júnior.

            - Você não irá se arrepender, ouviu? - disse dona Lúcia sussurrando em seu ouvido, com uma voz sedutora que fez arrepiar até o último fio de cabelo.

            “Tenho certeza que não!” – pensou ele olhando para a exuberante dona Lúcia com seu magnífico corpo e seu rebolado instigante, que deixava-o ainda mais louco para realizar até a última fantasia sexual com ela.

            Júnior e Rikimaru saem e dona Lúcia leva Magno até o porão. Magno nota que o porão era totalmente imundo e cheio de tranqueiras até a porta.

            - Sente-se um pouco Magno, eu tenho que ver quais caixas vou precisar.

            Nisto dona Lúcia pega uma escada e sobe-a. Magno aproveita a oportunidade para olhar por debaixo de sua saia. Dona Lúcia percebe, mas finge não ver o que ele fazia. Ao descer da escada finge escorregar e cai sentada em seu colo.

            - Nossa, que pegada! – disse dona Lúcia ao ser segurada por Magno.

            - Você ainda não viu nada!

            - Então por que não me mostra?

            - Não precisa falar duas vezes.

            Magno, com dona Lúcia em seus braços, começa a beijá-la freneticamente. Enquanto isso, com sua mão, acaricia o corpo dela com extrema paixão.

            Ambos haviam sido dominados pelo prazer que os tomara e se entregam de corpo e alma aquela situação.

            Dona Lúcia, enquanto ainda o beijava, tirava-lhe a camiseta. Magno, mais afoito, fez questão de tirá-la do seu colo para que pudesse arrancar, com toda a vontade, o restante de roupa que ela possuía.

            Primeiramente aquela saia, que sendo um pouco transparente o instigava deveras, depois aquele collant que cobria a maior parte daquele belo corpo.

            Vê-la desnuda, foi, para ele, uma ida ao paraíso. Agora mais excitado do que nunca, não sabia ao certo por onde começar. Tudo lhe atraia, tudo lhe dava vontade de beijar, de acariciar.

            Ainda levado pelo prazer remoto, levanta-a com ímpeto e a lança contra a parede. Beija-a de cima a baixo, fazendo-lhe carícias em todas as partes do seu corpo.

            Ela, tomada de prazer e tesão, arranha-o nas costas. Ele, por sua vez, parte para a consumação da sua vontade e eleva aos dois o nível de prazer.

            Os gritos e gemidos de dona Lúcia ecoavam por todo o porão.         Eles intercalavam as posições e os locais a fim de desfrutarem de um maior prazer.

            Após cansarem de ficar em pé. Magno a lança numa mesa próxima deles e lá continuam a se deleitar. Os objetos que lá estavam não foram um incomodo para eles, que, pelos ímpeto do momento, foram lançados ao chão.

            Ele aproveita a posição em que estava para sacramentar o seu poder de domínio. Deixando-a cada vez mais submetida ao seu controle.

            Os gritos e gemidos continuam. Dona Lúcia, indefesa em suas mãos e dominada pelo gozo que sentia, se entrega.

            Agora, com as suas pernas bambas, devido aos orgasmos seguidos, ela pede para que Magno encerre.

            Ele, que se esforçava para não encerrar, agradece mentalmente e encerra o seu feito.

            Ambos se assentam. Ele na cadeira, ela em seu colo. Ainda cansados e ofegantes, os dois tentam recompor suas energias.

            - Desse jeito você acaba comigo, garoto!

            - Você quem disse que queria experimentar todo o meu potencial!

            - Você não se cansa não?

            - Até me canso, mas falta muito pra isso!

            - Hum, quem vê, pensa que é um cavalo!

            - Tô quase lá, falta só um pouquinho!

            - Convencido.

            - Eu falo, mas cumpro.

            - Tá certo. Desta vez você ganhou. Quero ver da próxima vez.

            - Claro! Daqui quinze minutos podemos tentar de novo.

            - Quinze?

            - O quê? É muito?

            - Eu acho que estou perdida com você! Por que fui provocar?

            - Agora aguenta!

            - Acho que vou ligar para o Júnior. Pedir para ele voltar mais cedo. Do contrário, ele vai me encontrar largada no chão quando voltar.

            - Não se preocupa não. Vou fazer com carinho – ri. – dá próxima vez pego mais leve.

            - Não precisa não. Assim está mais do que ótimo. Só vou precisar recompor minhas energias. Quer comer alguma coisa?

            - Depende do que está me oferecendo.

            - Comida, idiota.

            - Pode ser, mas preferiria outra coisa.

            - Daqui a pouco terá muito mais.

            - Espero que o Júnior só volte amanhã. Acho que temos muita coisa a fazer por aqui.

            - Não se preocupe com ele.

            - Por que não?

            - Ele não vai chegar aqui tão cedo.

            - Como assim?

            - Eu liguei nesta manhã para o mecânico. Ele me disse que o carro não ficaria pronto hoje. Somente amanhã à tarde.

            Em todo o caso, por mais que ele consiga pegar o carro hoje, ele provavelmente vai querer dar umas voltas com ele até trazê-lo para mim.

            - Como sabe disso?

            - Ele sempre me pede para dar umas voltas, mas nunca deixo. Provavelmente vai querer aproveitar e se aparecer para as meninas na rua.

            - Bem pensado. A senhora foi genial.

            - Fazer o que né, eu faço o que posso!

            - E tem feito muito bem, por sinal. O que foi aquilo que a senhora fez?

            - Anos de experiência.

            - Realmente, as meninas mais novas precisam aprender e muito.

            - Quem sabe um dia elas aprendam.  

            - Elas precisariam fazer um curso intensivo com a senhora.

            - Talvez. Quem sabe?

            - Se quiser me coloco a disposição?

            - Vamos ver o que posso fazer. Se você se comportar, quem sabe?

            - Vou me comportar direitinho. Serei um ótimo objeto de estudo.

            - Como consegue falar tanta besteira em tão pouco tempo?

            - A senhora que me provoca este instinto libertino.

            - Por que me chama tanto de senhora e não de Lúcia?

            - Sinceramente? Um dos meus sonhos sempre foi traçar a mãe de um amigo meu. Mas ao te conhecer, a senhora excedeu todas as minhas expectativas.

            - Que garoto mais desavergonhado você, não?

            - E não deveria ser?

            - Você parece ter resposta para tudo, não é?

            - Quase tudo, talvez. Mas sou melhor no sexo.

            - Pelo visto vou ter de aturar a sua prepotência?

            - Já parei.

            - Assim é melhor. Vamos comer, porque eu estou acabada.

            - A senhora que manda.

            Os dois rumam em direção a cozinha da casa, ainda desnudos, sem a menor preocupação.

            Os dois chegam até a cozinha e Magno se assenta. Enquanto dona Lúcia anda de um lado a outro, a preparar os lanches, ele a observa com muita atenção.

            Ainda sem acreditar no que havia acabado de acontecer, se considerava o homem mais sortudo do mundo.

            Poder vislumbrá-la daquela forma, caminhando com aquele belíssimo corpo, com tudo em cima, sem defeitos, o fazia ficar excitado novamente.

            Não conseguia pensar em lanchar vendo-a daquele jeito. A única coisa que lhe passava pela cabeça era tê-la logo em suas mãos novamente.

            Mal conseguira reparar em como era a cozinha e no que nela havia. Os seus olhos continuavam fitos nela, dona Lúcia, e o seu exuberante e maravilhoso corpo que se movimentava, conduzindo os seus olhos, por onde quer que fosse. Fixos, vidrados.

Enquanto ela ainda estava a pia, cortando os frios, ele se aproxima dela, por detrás e a agarra.

            Surpreendida pelo ato, dá um leve grito. Ele a acaricia novamente e beija o seu pescoço.

            Ela fica toda eriçada ao sentir o calor da boca de Magno que vai de encontro ao seu pescoço. As suas pernas tremem com a sua presença tão próxima.

            - Calma, Magno, precisamos comer! – disse ela com uma voz, quase que sussurrando, devido ao prazer e as suas forças que começavam a se esvair.

            - Mas é nisso que eu estou pensando. Estou com fome, mas de outra coisa.

— Deste jeito eu mal vou conseguir levantar amanhã.

— Não se preocupe. Já disse que serei mais carinhoso.

— Deste jeito você acabar comigo. Como pode fazer isso com uma senhora de idade, menino?

— Ao meu ver, a senhora que me induziu. Posso até alegar corrupção de menores pelo que fez comigo.

— Neste caso, pode me acusar do que quiser.

Ela tenta se virar, mas ele não permite. Começa a beijá-la. Primeiramente no pescoço, depois começa a descer pelas suas costas, deixando-a cada vez mais arrepiada, abrasada.

Ela se inclina na pia, para poder se segurar. Mal podia se controlar, devido ao frenesi que sentia naquele instante.

Abismada com todo o prazer e disposição do garoto, mal sabia o que fazer e como corresponder a toda aquela dedicação.

Ainda fragilizada pelo prazer que ainda lhe era concedido, dona Lúcia se deleitava em tanto prazer.

— Espera!

— O que foi?

— Agora é minha vez!

Dominados pelo desejo, se entregam ao prazer. Deleitando-se com cada momento e movimento proporcionado por ambos.

            Entregues a paixão, não se preocupam com o tempo ou com qualquer outra coisa que os rodeava naquele instante. O que lhes importava agora, era satisfazerem os seus anseios, o desejo que ardia dentro deles e que precisava ser realizado a qualquer custo.

            Utilizando dos móveis que ali haviam, os dois se doavam e se dedicavam a fim de proporcionar ao outro a melhor e maior sensação possível.

            Ora na pia, ora na mesa, ora na cadeira, ambos se doavam aos sentimentos, aos desejos, a paixão. As sensações sentidas ultrapassavam as expectativas, causando-lhes ainda mais prazer, mais adrenalina, mais tesão.

            Após mais um momento de paixão, ambos encerram mais um período avassalador de amor, ocorrido naquele outro cômodo, onde ora pensavam em alimentar o corpo, mas que agora, havia alimentado o desejo carnal entre eles.       

            Visivelmente cansada, dona Lúcia solta um leve suspiro de prazer e alívio. Agora reclinada sobre ele, acaricia o seu rosto.

            - Acho que agora preciso mesmo de um descanso.

            - Mas já?

            - Não vai me dizer que estava querendo mais?

            - Eu pensei em continuar até mais tarde.

            - Você não tem mais o que fazer não menino?

            - Pra falar a verdade, não.

            - Eu vou ligar para sua mãe vir te buscar.

— Mesmo que pudesse, por que iria querer fazer isso?

— Por que não poderia?

— Poder até pode, mas não sei se conseguiria.

— Por que não?

— Nem sei se ela está em casa. Se me lembro bem, ela viajou. Só voltará hoje à noite.

— Então por que me disse que iria telefonar para ela?

— Para ficar a sós com a senhora.

— Quer dizer então, que o rapazinho estava mentindo para mim?

— Parece que os dois mentiram. Estamos quites.

— Mas foi por uma boa causa.

— Por uma ótima causa.

— Agora, falando sério. Preciso de um descanso.

— Tudo bem. Vou respeitar este momento seu. Mas descanse rápido. Daqui a pouco tem mais.

— Você tem certeza de que aguenta mais?

— Sem dúvida.

— Onde fui me enfiar?

— Quer dizer, quem deixou enfiar? – ri.

— Idiota.

— Parei.

— Melhor assim. Vou tomar uma banho. Quer vir comigo?

— É pra já!

— Vamos para o meu quarto. Lá tem uma hidromassagem. Será melhor para descansarmos e repormos nossas energias enquanto relaxamos.

— Aí sim!

Eles se levantam e rumam em direção ao quarto de dona Lúcia, que seguia logo a frente. Magno, em sua retaguarda, não deixava de apreciar sua beleza.

            Eles passam pela sala e sobem as escadas. Ela, ainda a sua frente, não se sabe se voluntariamente ou não, caminhava com uma sensualidade que o deixava louco.

            Todo o seu jeito, o seu cheiro, os seus movimentos, tudo exalava sexo e prazer. Era impossível a Magno, conseguir controlar-se em sua presença.

            Quase que instantaneamente Magno, voltava a excitar-se com dona Lúcia, que involuntariamente ou não, o instigava a querer mais a cada instante.

            O fato de estarem indo para o quarto, despertava-lhe ainda mais fetiches e imaginações sem fim.

            Eles chegam até lá e, mais uma vez, mal consegue reparar no que ali havia. As únicas coisas que continuavam em sua mente eram a dona Lúcia e o que faria com ela naquele cômodo.

            Viu apenas uma grande cama, encostada ao fundo do quarto, no centro, mas logo desviou o olhar ao notar que ela adentrara ao banheiro.

            Seguiu-a apressadamente até lá. Ela, por sua vez, ligou a hidromassagem e colou nela sais de banho para que pudessem se lavar.

            Isso feito, adentrou nela, com todo o cuidado, ainda assim, não deixando de ser sensual.

Até mesmo este movimento de adentrar na hidromassagem estimulava Magno e a sua mente que já começava a produzir novas ideias e imagens.

Ele não perdeu a oportunidade de adentrar nela e juntar-se a dona Lúcia, enquanto a água ainda entrava na banheira.

— Nossa, como você é apressado!

— Acho que sou apenas oportuno!

— Você não acha que está indo com muita sede ao pote?

— Se estou eu não sei, mas que eu quero me lambuzar, isso eu não tenho dúvida.

— Você é besta mesmo!

— Posso ser besta, mas bobo, nenhum pouco. Por que desperdiçaria meu tempo fazendo outra coisa que não fosse aproveitar o máximo de prazer e experiência que a senhora pode me oferecer?

— Vendo por este lado, faz sentido!

— Mas não se preocupe. Já que isto a incomoda. Vou deixá-la descansar.

— Mas não disse que quero descansar!

— Não é o que me parece. Se estiver te incomodando é só me falar que eu vou embora.

— Está se sentindo magoadinho, é?

— Muito pelo contrário. Não quero que pense que sou um rapaz pegajoso e que fica correndo atrás de mulher. A senhora vale muito a pena, mas, ainda assim, esse tipo de cara não combina nenhum pouco comigo.

— Ainda bem que pensa assim. Não quero que se apaixone ou que fique correndo atrás de mim. Quero aproveitar o momento, que tem sido muito bom por sinal, mas não quero que crie falsas ilusões ao meu respeito.

— Quanto a isso, não se preocupe. Se tem uma coisa que eu não quero ser, é pai do Júnior.

— Por que diz isso?

— A senhora nunca reparou que seu filho é meio estranho. Meio diferente?

— Em que aspecto?

— Ele parece meio lento.

— Para mim ele é um garoto lindo, especial.

— Isso mesmo, ele, ao meu ver, é especial. – ri.

— Não quis dizer desta forma, seu bobo. Ele é sim um pouco diferente dos demais, mas porque teve uma infância muito solitária.

— O que a senhora quer dizer com isso?

— Além de ser filho único, o Júnior não teve a figura do pai dele para ajudá-lo a se desenvolver, para amadurecer.

— Como assim? Ele vive falando do pai dele.

— Ele criou uma imagem do pai que na verdade nunca existiu.

— Como assim?

— O pai dele desapareceu, antes mesmo dele completar cinco anos.

            - Então quer dizer que ele criou todas estas histórias sobre o pai?

            - Isso mesmo!

            - Ele é mais doente do que eu pensei.

            - Não fale isso do Júnior. Ele sofreu muito por não tê-lo ao seu lado durante toda a sua infância. Por isso se reprimiu e se fechou para o mundo.

            - Não consigo vê-lo reprimido. Na verdade, acho que ele fala até demais. Sem falar na prepotência e na presunção com que trata tudo e todos o tempo todo.

            - Acredito que isso seja um mecanismo de defesa. Ele não sabe muito bem como lidar com as pessoas, então faz isso, pois acha que desta forma, conseguirá atraí-las para perto dele.

            - Muito pelo contrário. Isso só tem afastado cada vez mais.

            - Eu sei disto. Tenho conversado com ele, além de levá-lo ao psicólogo, ainda assim, preciso muito da ajuda de vocês. Dos amigos dele, para que ele possa melhorar e amadurecer.

            - Vou te dizer uma coisa. Às vezes é muito difícil conseguir lidar com ele. Quase impossível.

            - Faça este esforço. Por favor. Se não por ele, por mim.

            - A senhora está me pedindo algo muito difícil sabia?

            - Eu sei que sim, mas você parece ser um cara bem legal. Sei que poderá ajudá-lo.

            - Vou ver o que posso fazer. Me diz uma coisa, o que aconteceu com o pai dele?

            - Como disse, o Júnior não tinha ainda os seus cinco anos quando isso aconteceu.

O pai dele inventou de sair com alguns amigos para se divertir e nos deixou em casa. Depois deste dia, nunca mais voltou. Nunca mais tivemos notícias dele ou do seu paradeiro.

Para mim, ele está mais do que morto, mas para o Júnior, o pai apenas se ausentou por algum tempo. Ele ainda sonha com o dia em que o pai voltará para o buscar e o levar para onde quer que for.

— Isso é lamentável!

— Eu sei. Como alguém pode pensar em abandonar o próprio filho para se aventurar pelo mundo afora e nunca mais voltar?

— Não. Não estou falando do Júnior. Estou falando da senhora. Como pode um cara deixar uma mulher como a senhora em casa para sair com um monte de macho e nunca mais voltar?

— Você é um bobo mesmo.

— Bobo eu seria se fizesse o que seu marido fez. Deixar o Júnior até dá para entender, mas a senhora? Ele não devia estar batendo muito bem da cabeça.

— Já disse que não gosto que fale assim do meu filho.

— Já sei, aquela conversa de amor de mãe, não é?

— Isso mesmo. Por outro lado, eu também não fazia mesmo por onde.

— Como assim?

— Quando ainda estava com o pai do Júnior, não preocupava tanto com a minha aparência. Já não me arrumava mais, vivia relaxada. Com o desaparecimento do pai dele as coisas pioraram. Entrei em depressão e engordei demais, a ponto de nem ao menos querer sair de casa.

— Mas o que houve para que a senhora quisesse mudar?

— O meu amor próprio. Parei de ficar pensando apenas no que havia feito de errado. Parei de me martirizar por ter sido abandonada pelo meu marido. Resolvi me amar novamente. Decidi que quem deveria sair perdendo nesta história não seria eu, mas sim o traste do meu marido que me abandonou.

Voltei a me cuidar. Deixei o luto e a depressão de lado e voltei a curtir a minha vida. Investi em mim e agora sou outra pessoa, melhor, mais confiante, mais satisfeita e muito mais realizada.

— A senhora fez muito bem, tomou a decisão certa. Pelo que pude ver e presenciar nesta tarde. Todos os seus investimentos valeram a pena. Falo isso, como um que literalmente gozou dele. Está mais do que aprovado. Se possível gostaria até mesmo de adquirir algumas ações e me fidelizar.

— Você não se cansa de falar tanta besteira? Os seus pais não o corrigiram quando era mais novo? Você ainda não aprendeu que deve respeitar os mais velhos e não ficar falando estas coisas?

— Na verdade ensinaram, mas, às vezes, me esqueço. Sem falar que não consigo não pensar e falar besteiras quando estou perto da senhora. A senhora exala tesão, sexo, prazer. Tudo que é bom e prazeroso.

— Isso era para ser um elogio?

— Com certeza.

— Então está precisando melhorar bastante.

— Já disse, não sou muito bom com as palavras, sou melhor na atitude, na prática. Falando nisso, a senhora já conseguiu relaxar?

— Por que a pergunta?

— É porque eu já estou pronto para outra. Queria saber se a senhora já está?

— Magno, meu filho, eu já nasci pronta!

— Desse jeito a senhora vai me fazer me apaixonar. A senhora é tudo o que eu pedi a Deus.

— Só por causa disto, vou te ensinar uns truques a mais que adquiri com a minha experiência.

— Ainda tem mais coisas a me mostrar?

— Claro seu tolinho. Achava mesmo que toda minha experiência pode ser transmitida em apenas uma tarde?

— Pelo visto eu vou ter de visitá-la com mais frequência. Quem sabe fazer um intensivão?

— Acredito que seja realmente preciso. Você ainda tem muita coisa a aprender.

— Não seja por isso. Vamos aproveitar para fazermos mais algumas aulas de reforço agora mesmo.

— Menino inteligente. É disso que eu gosto. De meninos aplicados que se esforçam para aprender.

— Vou continuar me dedicando muito. De dia, de noite, até de madrugada se for o caso. Só vou pensar em parar quando me tornar um expert em Kama sutra.

— Está mesmo pensando longe não é mesmo?

— Com certeza! Depois que eu fizer a pós-graduação, o mestrado e o doutorado, quem sabe pense em parar.

— Isso vai demorar bastante tempo, não acha?

— Com certeza, mas não estou preocupado com o tempo que vai levar. Estou preocupado em gozar ao máximo cada aula, cada posição, cada gemido.

— Cale a boca Magno e me beije.

— Não precisa pedir mais uma vez.

Novamente ambos se entregam ao prazer que os tomara naquela tarde. Ainda como dois animais no cio, os dois se acariciam, se beijam e se excitam a ponto dos gemidos de dona Lúcia poderem ser ouvidos pelos vizinhos.

Magno estava extasiado com cada movimento, com cada posição e com cada nova surpresa proporcionada por dona Lúcia, que se revelava cada vez mais devassa, despudorada, depravada.

Depois de algum tempo na hidromassagem, os dois de lá saíram e continuaram se doando, se dando prazer na cama que havia no quarto.

Os dois se deliciavam e se deleitavam com cada momento em que passavam juntos naquela tarde e só pararam quando anoiteceu.

Já cansados e exaustos, os dois banham-se e dessem para a cozinha para reabastecerem as energias.

Agora, já vestidos e cansados, não pensaram em continuar aquela maratona de sexo que permeou toda aquela tarde. As únicas forças que lhes restavam lhes permitia que apenas pudessem comer e descansar.

Após lancharem e descansarem enquanto ainda comiam. Os dois, exauridos de toda força que possuíam, caminharam até a sala e aguardavam a Júnior e a Rikimaru que ainda não haviam voltado.

            - Eu realmente tenho que reconhecer, você é demais! – disse dona Lúcia para Magno – não dá para acreditar como você ainda consegue ficar de pé após tantas num só dia, você não deve ser normal.

            - A senhora me fez querer aguentar a cada instante, a cada momento. Não poderia desperdiçar esta oportunidade. Devo a senhora o melhor e maior prazer que já senti em minha vida.

            - Tá bom Magno, para de exagerar. Você ainda não viu nada.

            - Ainda tem muito mais coisas para aprender?

            - Como disse, não dá para aprender numa só tarde.

            - A senhora deve estar de brincadeira.

            - Com sexo eu não brinco, queridinho.

            - Pelo visto vou ter de estudar a minha vida inteira, ou vou morrer estudando.

            - Talvez sim.

            - Se tiver de morrer estudando esta matéria, eu faço questão de ser o primeiro. Tudo pelo bem da ciência. E o meu próprio, claro.

            - Nossa, que dramático. Mal começamos e já está falando em morte? É tão difícil assim me acompanhar?

            - Muito pelo contrário. É um enorme prazer.

            - Continue assim. Saiba que a sua professora gostou muito do seu desempenho. Vai até ganhar um bônus no final do semestre.

            - No que a senhora está pensando?

            Neste instante, Júnior e Rikimaru chegam e dona Lúcia para de falar. Deixando Magno deveras curioso para saber do que se tratava aquele bônus.

            Júnior chega esbravejando, bufando de raiva, aparentemente pelo fato de ter ficado toda a tarde aguardando o carro no mecânico.

            - Caramba hein mãe, a senhora não havia me dito que o carro já estava pronto? Eu tive que ficar esperando até agora lá na oficina.

            - Como assim meu filho – disse dona Lúcia, cinicamente – o carro não estava pronto?

— Não! Não estava. Ainda tive de aturar o mal humor do mecânico que também já estava impaciente com minha presença lá.

— Mas por que meu filho? O que aconteceu?

— Não sei porque ele estava nervoso. Você não me disse que ele já aguardava sua ida lá para buscar o carro?

— Sim, meu filho. E ele não te disse nada?

— Não. Nem podia né? O que ele iria dizer? A culpa é dele que não havia terminado o carro no prazo.

— É mesmo meu filho. Hoje em dia é tão difícil arranjar um mecânico competente.

— É mesmo. Se eu fosse a senhora mudaria de mecânico.

— Pode deixar meu filho. Eu resolvo isso depois. Muito obrigado por ter feito este grande favor a sua mãe. Estou muito satisfeita pelo seu desempenho.

— Obrigado, mãe. Mas agora não tenho como dar um rolê com o carro. Já está muito tarde e a senhora vai ter de usá-lo, não é mesmo?

            - Tudo bem Júnior, não tem problema, pode ficar com ele no fim de semana, você merece – disse dona Lúcia, dando um sorriso para Magno que também sorria – mas no fim de semana que vem tudo bem assim?

            - Tudo bem então, eu cobrarei a senhora.

            - E vocês trabalharam muito por aqui? A senhora está com uma cara de quem trabalhou bastante dona Lúcia? – disse Rikimaru em tom irônico, pois parecia saber o que havia ocorrido na casa, naquela tarde em sua ausência – você também hein Magno, parece ter trabalhado bastante, espero que não tenha me desapontado.

            - Mas, do que vocês estão falando? - disse Júnior meio confuso, sem saber do que falavam.

            - Ahm, apenas que... que... se era para que Magno a ajudasse, que ele o fizesse bem feito. Que fizesse tudo o que sua mãe precisasse para se sentir satisfeita, realizada – disse Rikimaru com uma vontade de rir.

            - Entendi, pensei que estivesse zoando minha mãe. Bom, o que vocês acham melhor, dar uma volta por aí, comer alguma coisa ou então jogarmos?

             - Comer eu não quero, pois já comi a tarde toda, já estou satisfeito! – disse Magno sorrindo e fazendo com que Rikimaru e dona Lúcia sorrissem também, deixando com que Júnior ficasse sem entender novamente.

            - Não sei qual é a graça, mas tudo bem, o que vocês querem fazer então? Não será melhor jogarmos amanhã, acho que já está muito tarde hoje.

Não dará para ficarmos muito tempo. A não ser que vocês durmam aqui em casa, assim dará para jogarmos até mais tarde. O que acham?

            - É melhor não. Como você mesmo já disse, já está muito tarde para começarmos a jogar. Jogaremos amanhã após as aulas, assim teremos tempo de sobra. Dará para aproveitarmos muito mais, e outra, não podemos aborrecer a sua mãe, ela já deve estar cansada.

Falando nisso, é melhor já irmos, já ocupamos demais o seu tempo dona Lúcia, a senhora deve estar acabada depois dessa tarde, não é mesmo?

            - É verdade, seria um prazer se vocês viessem amanhã, assim poderíamos conversar um pouco mais, nos conhecermos melhor. Aliá, seria também um prazer fazer algo para comerem! – todos riem novamente, menos Júnior que continuava sem entender.

Mudando de assunto, vocês gostariam que eu os levasse para casa?

            - Já que a senhora insiste, eu aceito.

            - Eu também aceito.

            - Eu também gostaria muito de ir com vocês, mas eu estou morrendo de fome e ...

            - Não tem problema não Júnior, a gente entende, não precisa se preocupar, sua mãe nos fará uma ótima companhia, até amanhã, tchau! – disse Magno e Rikimaru rapidamente querendo se livrar de Júnior, pois já não aguentavam mais a sua presença e queriam ficar a sós com dona Lúcia.

            Os três saem de casa e deixam Júnior comendo.        - Posso fazer uma pergunta à senhora? – disse Rikimaru a dona Lúcia, que responde positivamente.

            - Seu filho tem algum tipo de distúrbio mental? Caiu do berço? Ou batiam na cabeça dele quando era pequeno?

            - Não, ele nem sempre foi assim, ele ficou nesse estado após o desaparecimento do pai. Ele só queria que vocês gostassem dele!

            - Por favor, pense comigo, com uma mãe como a senhora, acha mesmo que ele precisaria fazer alguma coisa para que gostássemos dele? Não precisa responder. – disse Magno olhando para as incríveis pernas de dona Lúcia, enquanto as acariciavam.

            - Estava pensando! Como ele não percebeu o que estava acontecendo aqui nesta casa a tarde toda? – disse Rikimaru.

            - O que aconteceu de mais aqui que ele não sabe? Nós apenas ficamos arrumando o porão. Nada além disso!

            - Não tentem disfarçar, vocês acham que me enganam, eu sei de tudo que aconteceu aqui e de tudo que vocês fizeram, não sou tão ingênuo quanto pensam.

Vocês ainda vão me pagar muito caro por ter tido que aguentar Júnior o dia inteiro falando no meu ouvido. Enquanto isso vocês ficaram aqui só no bem e bom, curtindo o que a vida tem de melhor.

            - Mas como você sabe?

            - Não precisa ser nenhum Bidu pra saber o que vocês fizeram aqui hoje. O que me deixa mais louco é saber que eu não pude ficar aqui para aproveitar também.

            - Quem sabe um dia você ainda não tenha a oportunidade! – disse dona Lúcia olhando para trás, onde Rikimaru estava e mandando-lhe uma piscadela.

            - Isto é, se eu não estiver é claro! – disse Magno sorrindo e beijando-a.

            - Vocês dois fiquem calmos, tem pra todos, não se afobem crianças. Quem sabe amanhã poderemos aproveitar um pouco mais?

            Eles chegam até a casa de Rikimaru, onde o mesmo ficou e despediu-se deles. Logo após, foram para a casa de Magno que não era muito longe dali.

            - Tchau, então! – disse Magno enquanto saía do carro.

            - Nos vemos amanhã gatinho, espero que possamos aproveitar assim como fizemos hoje. Fique bem disposto, ouviu?

            - Pode deixar, estou sempre bem disposto – disse Magno despedindo-se com um beijo e indo para sua casa.

            Antes de adormecer Magno pensa na sorte que teve neste dia e como seria o dia seguinte, com a companhia de dona Lúcia e seus carinhos maravilhosos, sem dizer em seu corpo exuberante que não saía de sua cabeça.  Então adormece.

            Ainda à noite, Magno acorda suando frio, não se sentindo bem. Sentia-se estranho. Nunca lhe ocorrera isso antes. Parecia estar ouvindo uma voz que o chamava a todo tempo. Essa voz estava muito distante, mas ia se aproximando cada vez mais rápido. Ele, sem saber o que fazer, se apavorar. A voz que parecia estar vindo de fora, o assusta e o faz temer, a ponto de fazê-lo correr para fechá-la.

            - Magno! Magno! Magno! Nós precisamos de você! Magno nos ajude! – a voz ia se aproximando cada vez mais e sem que Magno esperasse ouviu-se o som de um forte estrondo. Os vidros de sua janela haviam sido estourados. Um forte vento entra pela janela.

Apavorado, ele vai até ela e olha, mas não vê nada. A rua estava completamente deserta. Não havia sequer um animal que por ali estivesse passando naquele momento.

Ele se assusta ao ver, surgindo do nada, a silhueta de um homem. Não conseguia saber de onde aquele homem surgira e quem ele era. Sabia apenas que instantes atrás ele não estava onde agora está. O coração de Magno começa a bater aceleradamente. O seu nível de adrenalina supera o habitual.

O homem que estava vestido com um sobretudo longo que ia até os pés, cabelos negros compridos, pálido, olhava-o com um olhar penetrante e gélido, como se tivesse a intenção de matá-lo.

Magno ouve um uivo como o de um lobo e desvia o olhar. Ao retomar seus olhos para aquela presença sinistra, que o atormentava e o fazia tremer só de pensar, já não o via mais. Aquele homem que o ameaçava com o olhar, assim como havia aparecido, também havia sumido, deixando Magno ainda mais preocupado.

            Ele retoma seu olhar para o quarto e espanta-se novamente ao ver uma mulher à beira da sua cama. Vestida também com um sobretudo preto e um vestido vermelho curto, cinco dedos acima do joelho, apertado, delineando seu belo corpo, mostrando suas incríveis e linda pernas. Usando um decote totalmente atraente e excitante, cabelos longos e negros, usando batom vermelho e seu belos olhos negros que o faziam pensar ter sido mergulhados no mais negro piche, pálida e fria, como o gelo, ela o olhava com um olhar de desejo.

            Ela vai ao encontro de Magno, o beija e acaricia o seu rosto com suas mãos que mais pareciam garras muito bem afiadas.

            Ela então sorri. Em seu sorriso, algo de diferente, de muito estranho. Seus caninos surpreendentemente crescem, tornando-se grandes presas como a de um animal selvagem.

Magno se afasta indo em direção à janela. Eles então ouvem novamente aquele uivo estarrecedor. Magno olha para fora da janela, mas nada vê. Ele volta seu olhar para seu quarto e a mulher que lá havia já não mais estava. Deixando apenas uma névoa negra que parecia estar saindo por debaixo da porta.

            Ele resolve seguí-la para ver aonde ia. Acha estranho, pois ela parecia ter vida em si mesma, vontade própria que a conduzia para onde quer que fosse.

Ela desce pelas escadas lentamente, como se quisesse que Magno a seguisse, atravessa a sala e continua o seu caminho.

Magno percebe que vários outros vultos caminhavam ao redor de sua casa, inexplicavelmente. Não sabia o que estava acontecendo e muito menos quem eram aquela mulher e aquele homem que aparentemente estavam a sua procura.

Não sabiam de quem eram aqueles vultos e muito menos o que poderia ser aquela nuvem que agora transitava livremente dentro de sua casa. Ainda assim, resistiu a tentação de fugir e continuou a seguir aquela sombra que ia em direção a cozinha.

            Ele ouve agora outras vozes. Essas dizendo com imponência e voracidade, introduzindo ainda mais temor em Magno.

            - Não venha! Se você vier será pior para você. Será o seu fim!

— Não venha, pois não precisamos de você, acabaremos contigo seu neófito maldito, fique aqui, não avisaremos mais, pare por aqui. – Magno fica intrigado. Ir aonde? Fazer o quê? Essas perguntas não saíam de sua cabeça, não faziam sentido para ele.

            - Não venha! Não venha! É melhor que você fique aqui! Ouça-nos, fique, será melhor!

            - Ir aonde? Quem são vocês? O que vocês querem de mim? Eu não consigo entender o que estão dizendo, por favor, fiquem e me expliquem o que está acontecendo. – pergunta Magno sem obter alguma resposta.

Continua a seguir a névoa que já estava na cozinha. As vozes param de ser ouvidas, um grande silêncio toma conta do lugar. O medo de Magno se eleva de tal modo que ele começa a tremer, mas isso não o impede de querer saber o que era aquela névoa e de quem eram aquelas vozes e vultos que estavam rondando sua casa.

Ele continua seguindo a névoa que agora passara por debaixo da porta. Ele hesita em continuar por um só instante, até que toma coragem e vai até a porta e a abre.

Ao abri-la, encontra-se face a face com aquela moça que dantes estava em seu quarto. Atrás dela, mais precisamente na parede, sua sombra transformara-se na figura de um grande morcego com as asas abertas, prestes a levantar voo. Magno apavorado, começa a recuar, mas é segurado por duas sombras em formas humanas, com uma força sobrenatural.

            Magno fica aterrorizado com aquela cena. Sem saber o que fazer, ele tenta, mas não consegue gritar, muito menos se desvencilhar das garras das sombras.         Eis que surge aquele outro rapaz que o encarava pela janela. Ele passa por detrás daquela linda moça e lhe fala algo em seu ouvido. Ela apenas acena com a cabeça dizendo “sim”.

Magno tenta gritar por socorro, mas é inútil. Aparentemente ninguém mais, além dele mesmo poderia ouvi-los e vê-los.

            - Socorro! Socorro! Alguém me ajude! Por favor, alguém pode me ajudar! Estou sendo atacado por aberrações...

            - Não adianta gritar, ninguém irá te ajudar. Pobre criança. Você não tem escapatória. Agora será o seu fim – disse a moça com um sorriso em seu rosto.

            - Não sei por que tivemos que vir para cá matar este lixo. Ele não nos demonstrou ter nenhuma força e resistência. Acho que até Sibérius, aquele pobre Caitiff acabaria com esse traste facilmente.

Por que nós, vampiros de alto escalão, tão próximos de Caim como somos, uns dos mais fortes de nossa seita, tendo que sair de nossa casa, para matar um neófito que é mais fraco do que um dos meus carniçais?

Como poderei me gloriar perante a alta sociedade vampírica por ter vencido um mero e infame mortal sem alguma reação? Pode matá-lo. Não será honra nenhuma para mim – disse aquele rapaz.

            - Seu tolo, você não percebe que o poder dele está adormecido por ter ficado, todos estes séculos, inerte, sem poder usá-los. Garanto-lhe que se não o matarmos agora ele poderá tomar conta do poder que tem e aí sim estaremos perdidos. Não sobraria nenhum pó vampírico abaixo da quinta geração. Você, Shyshyo e eu seremos levados como pó na tempestade. Pode deixar que eu mesma faço as honras de exterminá-lo.

            - Então acabe logo com isso, pois quero ir para minha casa descansar em minha jacuzi, enquanto me divirto com minhas carniçais. Apenas me faça um favor, faça-o sofrer bastante para que tenha valido a pena termos vindo para cá, está bem?

            - Tudo bem, farei com todo prazer Vic! - disse a moça já olhando para Magno que ouvia toda a conversa atentamente, mas não tendo ideia alguma do que falavam.

Ele pensa que isso possa ser irreal, um sonho. Seria demais para sua cabeça. Ele fecha os olhos e o abre novamente, mas nada havia mudado. Eles continuavam ali. O rapaz parado olhando em sua direção com um leve sorriso de satisfação. Aquela linda moça vindo em sua direção com aquelas garras otimamente afiadas. Suas presas crescendo, saindo pelos seus lábios que expressavam um belo sorriso.

Seus olhos negros mudaram para um azul oceânico num sol de pleno meio-dia, mas que apesar de ameno, parecia ameaçador e paralisou a Magno. Não se sabe se pelo medo ou pela beleza incrível daquela moça.

Ela continua a se aproximar ainda mais de Magno, que, com o coração acelerado, parecia ter dentro de si um verdadeiro turbilhão de pavor e estarrecimento. Seu coração parecia querer sair pela boca. Se desespera e começa a suplicar pela sua vida.

            - Por favor não me mate! Eu não fiz nada. Eu nem sei quem vocês são e nem de onde vieram. Por favor, deixe-me viver.

Afinal, vocês acham mesmo que eu teria essa força que vocês tanto dizem? Vocês acham que eu seria capaz de matar todos vocês? Eu sou um inútil. Esse tal de Vic tem razão, eu não faria mal a uma mosca. Por favor não me mate!

            - Que pena que não tenha consciência do poder que tem. Ficaria espantado com a magnitude deles, nem mesmo nós sabemos qual a proporção, mas adoraria vê-lo ao extremo, contudo, isso decretaria a minha morte.

Chega de enrolação! Vamos acabar logo com isso. Quero sair um pouco para aliviar meu stress. Sem mais delongas. Foi um prazer te conhecer filho de Caim.

Ela o beija e, sem que Magno perceba, arma suas garras e as encrava em seu peito. Magno alucina-se com a dor e grita horrivelmente, enquanto ela rasgava todo o seu peito e seu sangue jorrava como uma cachoeira. Sentia sua força se esvaindo enquanto seu vitae era tirado de seu corpo. A dor era demasiada para ele. Ela estava consumindo-o.

Ele já não tinha mais forças para ficar de pé. As suas pernas trêmulas já não se mantinham firmes e não podiam suportar o peso do seu corpo. As sombras o soltam e ele cai no chão duro e maciço, o que aumenta ainda mais a sua dor. Sua visão fica turva.

            Ele ouve, ao longe, vozes e gargalhadas. Começa a se lembrar de toda sua vida, pensa em sua família, nos seus amigos, em dona Lúcia até mesmo em Leila. Se entristece, já sentindo que seus últimos segundos de vida se esvaiam.

Pensa em todas as coisas que poderia ter feito e sente seu estômago embrulhando. A dor que sentia pelo ataque, somada a dor da perda de sua vida e da presença de seus entes queridos o afoga num mar de tristeza e lamento.

Ele sente que uma mão o segura pelo colarinho de sua camisa. Ela o levanta vagarosamente a ponto de deixá-lo em pé.

Abre os olhos, sua vista pior do que nunca, completamente turva pela perda de sangue, vê a silhueta daquela bela moça, que parece dizer algo, mas que é difícil compreender.

            - Tchau, benzinho!

            Logo em seguida, encrava suas presas no pescoço de Magno, sugando o restante do seu vitae e arrancando boa parte da pele do seu pescoço. O sangue lhe escorre pelo corpo fazendo-o agonizar e suspirar pela última vez.

Na sua boca sentiu-se ainda um gosto de sangue, até que a sua boca ficasse ressequida e os seus batimentos cardíacos ficassem descompassados e desacelerassem a ponto de não poder ouvi-los.

O pânico e a falta de sangue faz com que ele perca o restante de energia que possuía em seu corpo então desmaia.

Ele já não mais podia ouvir ou falar. Os seus sentidos se despedem dele, não permitindo-o fazer ou tomar qualquer atitude.

Tudo se fora, a energia, os sentidos, o sangue, a vida.

Tudo estava no fim. Magno morre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Black: Conhecendo a Escuridão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.