De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 9
Sesshoumaru e o festival cultural.


Notas iniciais do capítulo

Opa!
Até que esse capítulo saiu bem rápido comparado com os outros, não concordam?
E é um pouquinho maior que os outros também!!! ^^



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Fazia anos desde que Sesshoumaru pisara pela última vez em um colégio, e como não pretendia ter filhos ele não achou que iria precisar voltar a um algum dia, — claro que havia Inuyasha que, tecnicamente, estava sob sua tutela, mas isso era outra história, afinal o idiota sabia perfeitamente bem que se ele não se virasse sozinho iria se dar mal, porque Sesshoumaru não moveria um dedo para ajudá-lo — e entretanto, ali estava ele em um dia anormalmente quente de outono andando de mãos dadas com Rin entre um bando de adolescentes fantasiados e/ou carregando placas que propagandeavam e convidavam os outros a irem visitar suas salas de aula.

O pior é que a maioria estava apresentando “Maids Cafés”, Sesshoumaru girou os olhos, eles não tinham a menor imaginação!

—Sesshoumaru-Sama. — a menina apertou sua mão levemente — Muito obrigada por ter vindo comigo.

Sesshoumaru grunhiu quando um colegial carregando uma placa pisou em seu pé.

—Não agradeça. — respondeu de mau humor — Não é como se eu tivesse aceitado de bom grado.

—Mesmo assim estou feliz que tenha vindo. — ela afirmou.

E realmente parecia genuinamente feliz, o que sinceramente ele não entendia, porque se ele estava tendo problemas no meio de toda aquela gente ela nem se falava: por ser uma “pequena em meio a gigantes” quase ninguém a percebia ali e nos poucos trinta minutos em que estavam caminhando por ali Rin já havia sido amassada, empurrada, e chutada, além de também terem pisado nos seus pés três vezes mais do que já haviam pisado nos pés de Sesshoumaru, e por duas vezes quase passaram por cima dela, isso sem falar do número de vezes que a constante correnteza da multidão os levou a se separarem, o que, claro, levou-o a segurar a mão dela porque já estava cansado da sair “caçando-a” pelo colégio.

Mas, ainda assim, Sesshoumaru manteve sua expressão fechada, era tudo culpa da Domadora! Por que é que aquela bruxa tinha que se meter em tudo?!

Dias antes, quando Rin lhe pediu para levá-la ao festival escolar do colégio onde Inuyasha e sua gangue estudavam, Sesshoumaru fora curto e grosso ao lhe responder um definitivo “Não.”, mas então o que a menina fizera ao invés de simplesmente aceitar a resposta dele? Fora correndo chorar nas barras da saia de Kagome!

E no dia seguinte ela viera ao apartamento, não que já não estivesse ali todos os dias, mas naquele dia em especial parecia ter vindo especialmente com o propósito de infernizá-lo.

—Oh, por favor, Sesshoumaru! — dissera de um lado da porta — Vai ser só um dia, o que você teria a perder?

—Minha paciência. — respondeu do outro lado da porta — Eu não vou.

—Mas o que custa você ir? — ela teimou e pelo som ele teve certeza de que ela havia batido o pé no chão. — Eu já estou esgotando sua paciência agora, não estou?

—Kagome. — rosnou — Nem quando estou usando o banheiro você pode me deixar em paz?

—Diga que vai com Rin ao festival escolar e eu o deixo em paz! — prometeu.

—Odeio colégios. — afirmou enquanto lavava as mãos — Por isso ultrapassei meus colegas de classe e me formei antes deles: para me livrar logo de uma vez daquele inferno.

Porque essa é que era a verdade: Sesshoumaru amava aprender, mas detestava ir para escola.

E quando Kagome não respondeu àquilo, Sesshoumaru tolamente achou ter ganhado, ao menos por hora, à batalha, mas então ao sair a havia encontrado ainda parada em frente à porta, ele a ignorou e passou reto, mas ela obviamente o seguiu.

—Vamos lá Sesshoumaru, aceite! — ela insistira — Não é como se você fosse uma pessoa ocupada com um dia extremamente corrido, o que você tem para fazer na sexta-feira? Ver televisão, malhar e pensar em formas de se livrar de Rin?

—Sim. — respondeu secamente — Mas talvez não nessa ordem.

Ele entrou na sala onde Inuyasha, e seu inútil amigo, estavam sentados no sofá acotovelando um ao outro enquanto apostavam uma corrida no videogame e Rin assistia sentada no chão.

Nenhum dos três parecia ouvir o que se passava ao seu redor.

—Sesshoumaru! — repreendeu-o Kagome.

Ela tinha coragem, não a toa ele a havia apelidado de Domadora.

—Mesmo que você não acredite, eu tenho sim mais o que fazer do meu dia além de acompanhar uma garotinha folgada a um festival escolar. — afirmou atravessando a sala em direção à varanda para fumar.

Kagome parou ao seu lado.

—Como o que?

—Trabalhar. — Sesshoumaru encolheu os ombros acendendo o cigarro.

—Trabalhar? — ela repetiu franzido o cenho e pondo as mãos nos quadris — Sesshoumaru você é um escritor!

Sesshoumaru a olhou.

—E daí?

—E daí que a maior parte do trabalho de um escritor consiste em ficar procrastinando!

O resto da conversa fora um longo e exaustivo debate — ela insistindo de um lado ele recusando do outro — onde Kagome o seguiu e o importunou incansavelmente por horas a fio até que, por fim, o venceu pelo cansaço.

E agora ali estava ele, porque Kagome, sendo a domadora que era, sempre arrumava um jeito de curvar os outros — quem quer que fossem — à sua vontade.

Não por acaso ele a apelidara da forma que apelidara, na verdade “Kagome” era um nome que, na cabeça dele, nem sequer se associava àquela criatura.

Não importava o que ele tivesse jurado no nome de Mariko — que, aliás, devia ter ensinado à filha que a palavra dele não devia ser levada muito a sério quando tudo o que ele queria era te fazer calar a boca — ela era Domadora, sempre fora e sempre seria.

Sesshoumaru suspirou.

—De qualquer forma vamos logo achar aqueles quatro para que possamos ir embora o mais rápido possível.

—Sesshoumaru-Sama o senhor não é nada divertido. — a menina afirmou sorridente.

Mas gemeu quando um cotovelo a atingiu na lateral da cabeça, Sesshoumaru girou os olhos.

—Já chega. — resmungou cansado daquilo, e a ergueu no ar.

—Sesshoumaru-Sama, o que esta fazendo?! — A menina perguntou com os olhos arregalados de surpresa.

—Com nós dois sendo chutados e pisados o tempo todo nunca vamos chegar a qualquer lugar! — respondeu entre os dentes enquanto a colocava sobre seus ombros.

Ainda surpresa e agora com medo de cair Rin agarrou em seus cabelos.

—Não! — disse pressionando o corpo contra sua cabeça — Eu quero descer!

—Mas não vai porque assim é mais rápido. — Sesshoumaru respondeu segurando-a pelos pés.

Rin agarrou seus cabelos com mais força.

—Mas eu tenho medo de ficar aqui em cima!

—Por que está com tanto medo? — Sesshoumaru ralhou tentando, com uma das mãos, fazê-la soltar seus cabelos — Eu não vou deixá-la cair!

—Não... Não vai? — ela perguntou hesitante.

Ainda tentando fazê-la parar de puxar o seu cabelo enquanto andavam Sesshoumaru respondeu:

—Claro que não, e agora pare de puxar meu cabelo antes que o arranque. Ninguém nunca te colocou sobre os ombros antes?

Finalmente, mesmo que devagar, o aperto de Rin sobre suas madeixas começou a diminuir.

—Vovô era velho ele não tinha força para isso. — respondeu baixinho — Vovó me carregava, mas só quando eu era bem pequenininha, depois eu fiquei pesada demais para ela, às vezes mamãe me colocava nas costas dela e nós corríamos para a escola porque estávamos atrasadas, mas ela nunca me colocou sobre os ombros, acho que é porque isso é coisa que os papais fazem, só que aí fiquei pesada demais para mamãe também quando ela... Eu não sou pesada demais para você Sesshoumaru-Sama?

—Não. — Sesshoumaru respondeu. — Então aproveite bem a vista.

Por algum tempo a menina se calou, talvez realmente estivesse aproveitando a vista, até que comentou:

—É a primeira vez que vejo as pessoas assim por cima das cabeças enquanto ando. — e inclinando-se para frente para abraçar-lhe passando os braços em volta de sua testa murmurou — Eu ainda sinto falta de Mariko, mas realmente gosto de ter um pai agora.

—Eu não sou seu pai Rin. — negou franzindo o cenho.

—Claro, claro. — a menina respondeu mal parecendo tê-lo escutado.

—De qualquer forma, quero acabar rápido com isso aqui. — afirmou empurrando com o ombro algum colegial qualquer para conseguir abrir passagem no apertado corredor — Preciso voltar logo para casa, tenho muito trabalho a fazer.

Ele sentiu Rin cruzar os braços sobre sua cabeça e inclinar-se um pouco mais para frente, como se colocasse o queixo sobre os braços, agora já completamente livre do medo, antes de comentar:

—O senhor fica dizendo que tem que trabalhar... Mas já não acabou de escrever seu último livro? Está escrevendo um novo assim tão depressa? É uma sequencia?

—Eu não escrevo sequencias, apenas volumes únicos. — respondeu-lhe — E também não estou escrevendo nem um livro novo.

—Mas então...?

—Rin, se eu me sustentasse unicamente com o que ganho como escritor de livros eu não teria carro e ainda estaria morando com minha mãe ou no mínimo vivendo em um apartamento pequeno e seria relativamente faminto.

—Mas o seu apartamento é pequeno. — ela observou. — E até eu chegar o senhor e tio Inuyasha se mantinham basicamente a base de porcarias.

—É mesmo? — ele arqueou a sobrancelha — Bem, imagine o apartamento ainda menor, e não eram porcarias eram itens práticos, assim era melhor por causa da falta de tempo para cozinhar.

—Falta de tempo! — a menina bufou — Eu chamo de preguiça!

—Chame do que quiser. — girou os olhos.

—E também, eu já sei que seu trabalho de escritor não é sua única renda, também tem o dinheiro que vovô e vovó te pagam por ficar com tio Inuyasha.

—É. — assentiu — Mas, além disso, também há o dinheiro que eu ganho fazendo resenhas para revistas, jornais, e às vezes alguns blogs, sobre livros e filmes, vez por outra meus comentários até aparecem na capa de algum deles.

—Por isso que o senhor tem todos aqueles DVDs. — a menina refletiu — Mas eu nunca o vi ler um livro... E isso é meio estranho para um escritor.

—Eu estou sempre lendo no meu quarto, tenho uma estante cheia deles, sabia? Fora isso os editores me enviam a maioria dos livros em PDF, e eu leio-os todos pelo notebook. — explicou — E nesse momento estou com a entrega da resenha de um livro de 352 páginas agendada para segunda-feira e mal passei das primeiras cento e cinquenta páginas.

—Por isso que o senhor está com tanta pressa para voltar para casa! — ela, finalmente, compreendeu. — Mas por que te deram tão pouco tempo para isso? Um fim de semana é muito pouco!

Na verdade haviam dado mais de uma semana para Sesshoumaru realizar esse trabalho, mas, como dissera Kagome, a maior parte do trabalho de um escritor consistia, basicamente, em ficar procrastinando.

Quando se vivia de sua criatividade era preciso esperar que lhe viesse inspiração.

Sesshoumaru parou de caminhar já próximo às escadas, em seus ombros Rin agitou-se:

—O que foi? — quis saber — O que foi Senhor Sesshoumaru? Por que parou?

Sesshoumaru franziu o cenho.

—É que não tenho a menor ideia de para onde estamos indo. — admitiu — Aquele idiota ao menos te disse onde a turma dele estaria?

—Senhor Sesshoumaru veja! — Rin exclamou, ao invés de responder-lhe — Aquele garoto!

Sesshoumaru olhou a volta com ar cansado.

—De que garoto está falando Rin? — suspirou — E o que é que tem o tal garoto?

Rin agitou-se ainda mais sobre seus ombros, e um braço esticou-se ao lado da orelha direita de Sesshoumaru, apontando a direção correta para olhar:

—Ali! Ali! Ele está usando um vestido!

O mais velho franziu o cenho:

—E daí? Isso não é nada tão estranho assim. — afirmou, ele mesmo já havia visto algumas coisas bem bizarras em seus vinte e cinco anos de vida. — Se ele gosta de se vestir assim deixe-o, e pare de apontar!

Repreendeu afastando a mão dela para o lado e continuando a procurar sem rumo em busca da sala do inútil do Inuyasha, mas ele sequer sabia o que eles estavam apresentando!

Provavelmente seria só mais um Maid Café, mas qual?

Saindo para o pátio — quase tão sufocante e quente quanto o lado de dentro — Sesshoumaru olhou a volta e deparou-se com dezenas de alunos fantasiados passeando com placas, das quais oito em cada dez anunciavam Maid Cafés.

Sobre seus ombros Rin voltou a se agitar.

—Sesshoumaru-Sama, Sesshoumaru-Sama!

Ele suspirou.

—O que foi dessa vez Rin?

—Estou com fome. — afirmou — Podemos parar um pouco para comer?

Sesshoumaru franziu o cenho, para falar a verdade ele também estava com um pouco de fome porque de manhã a menina estivera tão ansiosa para sair logo de casa que nem sequer o deixara comer direito.

—O que acha de alguns crepes? — sugeriu já se dirigindo a uma das barraquinhas.

Mas, como se ele fosse um cavalo e os cabelos suas rédeas, Rin puxou seus cabelos e cabeça para trás, obrigando-o a parar, parece que ela havia se acostumado bem rápido a estar sobre seus ombros.

—Não Sesshoumaru-Sama!

—Então bolinhos de polvo? — sugeriu girando os olhos.

—Não! — respondeu — Não podemos ir a um dos Maids Cafés?

Frente a essa sugestão Sesshoumaru fez uma careta.

—Esses lugares só vendem doces cafés e chás. — afirmou — E isso não é comida que vá saciar a fome de um homem.

—Mas talvez seja comida que possa saciar a fome de uma garotinha? — sugeriu docemente.

—Sim e lhe dar caries também com certeza. — replicou voltando a se dirigir para a barraquinha de lula no espeto.

Mas ela voltou a puxar seus cabelos.

—Por favor, Sesshoumaru-Sama! — insistiu — Eu prometo que escovo os dentes assim que chegarmos a casa.

Sesshoumaru suspirou.

—Sabe como os doces desses lugares são caros? — reclamou voltando a caminhar, mas ela voltou a puxar seus cabelos — Tudo bem, eu te levo até um desses Maids Cafés! — cedeu finalmente — Mas primeiro me deixe comprar alguma coisa que eu possa comer!

Talvez ela devesse passar um pouco menos de tempo ao lado da Domadora.

Ele comprou dois espetos de lula e uma lata de refrigerante antes de voltar a se direcionar para dentro da escola, já sem se preocupar em segurar Rin, pois agora ela estava mais do que acomodada sobre seus ombros com as mãos bem apertadas em seus cabelos.

—Eu nunca tinha brincado de cavalinho antes! — ela comentou alegremente agarrada aos seus cabelos.

Ele sabia que ela estava mesmo pensando que ele era um cavalo! Mas não disse nada porque estava ocupado tomando seu refrigerante e equilibrando seus dois espetos — um já meio comido — numa das mãos.

—E então, a qual deles você que ir? — perguntou engolindo mais uma porção de lula.

—Naquele! — ela apontou a direção, puxando um pouco mais seu cabelo com a outra mão — Quero ir ao Maid Café daquele garoto vestido de garota!

Sesshoumaru girou os olhos, então era isso que ela queria desde o começo.

O rapaz de vestido — que tanto chamara a atenção de Rin — pareceu a Sesshoumaru extremamente infeliz e constrangido enquanto lhe dava as coordenadas para chegar ao “Maid-Invertido-Café” quando ele aproximou-se para pedir informações.

—Por que você está vestido de garota? — Rin perguntou antes que Sesshoumaru pudesse se afastar — Não me parece que goste.

—Quieta Rin. — disse entre os dentes virando-se para ir embora.

Uma lula já havia se ido completamente, a segunda já estava quase na metade e o refrigerante já estava no final quando os dois pararam em frente ao tal “Maid-Invertido-Café”.

—Segure isso.

Disse entregando a ela a lula meio comida e a lata já quase vazia de refrigerante, para poder ter as mãos livres para tirá-la dos ombros.

—Feche os olhos! — ela reclamou enquanto ele a passava por cima da cabeça, afinal estava usando saia.

Sesshoumaru só voltou a abrir os lhos quando a menina já estava no chão, pegou a lata de refrigerante e o espeto de lula das mãos dela e a seguiu para dentro do “Maid-Invertido-Café”.

Do outro lado da porta havia um bizarro mundo de tristes homens de vestido e alegres garotas de gravata.

Sesshoumaru parou e olhou a volta, confuso por um segundo.

Havia em torno de três garotas trabalhando ali, todas usavam calça e gravata e pareciam felizes, e seis rapazes também trabalhavam ali, todos usavam vestidos, mas, diferente das garotas, pareciam ainda mais infelizes e incomodados do que Sesshoumaru andando no meio daquele bando de adolescentes, com exceção de um que sorria e saltitava alegremente por ali em seu vestido.

Franziu o cenho, mas afinal o que é que estava acontecendo ali?

Ainda estava observando o ambiente em volta quando, para sua surpresa, um dos infelizes garotos de vestido postou-se a sua frente.

—Olá, sejam bem vindos ao Maid-Invertido-Café. — ele disse de forma tensa por entre os dentes que estavam arreganhados numa grotesca imitação de sorriso enquanto fechava, cada vez com mais força, os punhos ao lado do corpo — Eu sou Kouga e vou servi-los. Posso mostrar-lhes a mesa?

Rin olhou com curiosidade para o rapaz.

—Sim, faça-nos esse favor. — respondeu antes que a menina dissesse alguma idiotice inadequada.

O garoto infeliz, Kouga, arreganhou ainda mais seu sorriso grotesco.

—Claro, sigam-me. — ele virou-se e saiu andando de forma rígida e desconfortável.

Aliais, todos os rapazes — com exceção daquele único saltitante — daquele lugar estavam agindo da mesma maneira, enquanto as garotas moviam-se aos risinhos como se compartilhassem algum tipo de piada particular.

—Rin venha. — chamou jogando a lata vazia e os espetos sujos no cesto de lixo que encontrou no caminho.

—Por favor, queiram sentar-se aqui. — Kouga apresentou a eles uma mesa vazia no canto da sala, seu sorriso estava cada vez mais feio e, enquanto Sesshoumaru observava, uma veia começou a pulsar em sua testa. Aquilo bem poderia tornar-se um tema interessante para um conto seu. — Querem fazer seu pedido agora?

E entregou um cardápio a Sesshoumaru, que ele passou para Rin sem pensar duas vezes, afinal não iria comer nada ali mesmo.

Sem dizer nada Rin olhou do cardápio para seu estranho garçom, baixou novamente os olhos para o cardápio... E os ergueu para o garçom novamente quase na mesma hora.

—Precisa de alguma ajuda mocinha? — Kouga perguntou, mas os dentes a mostra e a veia pulsando em sua testa lhe davam um ar mais irritado do que solicito.

—Hum... — fez Rin movendo os lhos pelo cardápio. — Que tipo de jogo é esse?

—Como disse? — perguntou Kouga.

Sesshoumaru lançou um olhar de aviso à menina, mas ou ela não o viu ou apenas fingiu que não, e concentrando toda sua atenção no garçom de vestido ela perguntou:

—Por que todos os meninos estão usando vestidos coloridos e as meninas calça e gravata?

Enquanto Sesshoumaru observava uma segunda veia começou a pulsar na testa de Kouga, e seu “sorriso” quase se transformou em um rosnado.

—Porque esse aqui é o Maid-Invertido-Café, mocinha, aqui as coisas são desse jeito mesmo: tudo invertido. — respondeu de forma ensaiada.

—Então se eu pedir algo doce você vão me servir um salgado?

Kouga fechou os olhos, como se contasse silenciosamente até dez, voltou a abri-los, grudou novamente seu “sorriso” na cara e respondeu:

—Não.

A menina suspirou aliviada:

—Ah, que bom.

—Mas você já decidiu o que vai querer mocinha? — Kouga quis saber.

Olhando a volta Rin ignorou a pergunta e, ao invés de responder, devolveu outra pergunta:

—Mas por que quiseram fazer algo assim? Não parece que estejam felizes, bem, com exceção das meninas... E daquele cara.

—Rin. — Sesshoumaru a chamou — Chega.

Mas Kouga ergueu uma mão, indicando que não havia problema.

—Não, tudo bem. — disse.

Em seguida olhou para trás para ver se ninguém os observava, mas os meninos estavam ocupados demais sendo infelizes e as meninas rindo deles, então puxou uma cadeira e sentou-se também.

— Na verdade nós, os rapazes, não queríamos isso, o que nós queríamos mesmo era fazer um lual. — confessou.

—Um lual? — repetiu Rin.

—Sim. — Kouga confirmou assumindo um ar sonhador — Para a gente poder ver as meninas usando apenas saias de capim e sutiãs de coco... E talvez uns colares de flores, mas essa parte não fazia diferença.

Sesshoumaru girou os olhos, será que ele também havia sido assim tão imbecil em sua própria época de colégio? Duvidava muito disso.

Mas Rin parecia cada vez mais interessada na história:

—Então o que aconteceu? Por que isso não deu certo?

Kouga suspirou.

—Todas as salas resolvem o que vão fazer para o festival cultural da seguinte maneira: alguns alunos dão sugestão e então todos votam, a sugestão mais votada vence.

—Sim, isso eu sei. — Rin concordou.

—Bem, na nossa classe nós temos a vantagem de onze garotos para dez garotas e, algumas semanas antes de precisarmos escolher o tema de nossa sala para a feira cultural desse ano, nós estávamos no vestiário e nos combinamos de usar essa vantagem a nosso favor.

—Como?

Kouga colocou um cotovelo sobre a mesa e apoiou o rosto na mão.

—Um de nós iria sugerir algo que nos agradasse, e aí, no dia todos votariam nessa sugestão, e mesmo que as meninas não gostassem, elas iriam ter que fazer, porque éramos onze contra dez, e acabamos decidindo por um lual, só que aí... Fomos traídos.

Rin exclamou surpresa, arregalando os olhos e colocando as mãos sobre a boca.

—Por quem?!

Sesshoumaru desviou os olhos de forma desinteressada, e avistou o único rapaz alegre em estar usando um vestido... Ele certamente conseguia imaginar quem os havia “traídos”.

—Jackotsu. — Kouga respondeu com um suspiro, e apontando com o polegar por cima do ombro, indicou o rapaz alegre — Ele contou às garotas sobre os nossos planos, e elas, para se vingar, se combinaram de sugerir para a feira cultural a proposta mais vergonhosa possível para nós, isso não teria dado em nada claro... Se Jackotsu não tivesse se virado contra nós e votado a favor das meninas, agora nós temos que ficar nos revezando em grupos para que possamos trabalhar e aproveitar o festival cultural. Mas se nem no nosso horário de folga nós podemos tirar essas roupas ridículas, como é que vamos aproveitar o festival?!

Os olhos de Rin se arregalaram um pouco mais.

—Oh puxa! — exclamou.

Mas Sesshoumaru limitou-se a suspirar entediado.

—Cá para nós, já estava na cara que ele acabaria traindo vocês. — afirmou.

Kouga limitou-se a encolher os ombros e levantou-se.

—E então, já decidiu o que vai querer mocinha?

—Sim! — Rin sorriu alegremente, e apontou para um doce do cardápio. — Eu quero torta de chocolate e suco de laranja!

—Claro... — Kouga anotou o pedido e virou-se para Sesshoumaru. — E o senhor?

—Para mim nada. — respondeu.

—Como quiser. — ele assentiu guardando o bloco de notas e se afastando.

Tão logo ele se foi, Sesshoumaru percebeu que Rin o estava observando.

—O que foi? — quis saber.

—Eu só estava pensando que o senhor realmente deveria ingerir um pouco de açúcar de vem em quando. — respondeu.

Sesshoumaru franziu o cenho.

—Por quê?

—Por nada. — Rin deu de ombros — É só que o senhor é muito amargo.

Sesshoumaru arqueou as sobrancelhas diante aquilo, mas não respondeu nada.

Pessoalmente ele não se achava uma pessoa amarga, ele apenas gostava de viver sua vida com tranquilidade — coisa que a chegada de Rin havia lhe tirado, como se a presença de seu irmão e os amigos dele não fossem o suficiente — mas também pouco lhe importava o que os outros pensavam de si, ele só queria sair de uma vez daquele inferno colegial.

Assim permaneceu quieto quando o lanche da menina chegou e enquanto a observava comer, secretamente contando os minutos para poder ir logo embora dali, ele virou-se e olhou a volta de forma inconformada, pois sabia que nunca iriam embora sem antes visitar a tal sala de Inuyasha, mas nem sequer sabia qual era a sala ou o que estavam apresentando!

Sesshoumaru olhou para Rin pelo canto dos olhos, ela provavelmente sabia essas informações, mas estava as mantendo para si só para mantê-los ali por mais tempo.

—Já acabei. — a menina anunciou limpando os dedos e a boca com guardanapos de papel — Aonde vamos agora?

Sesshoumaru virou-se para ela, pronto para responder “Para casa”, quando de repente avistou alguém entrando no café, uma garota usando uma fantasia bege com detalhes negros de gata — maiô, botas, orelhas neko, duas caudas e luvas — que havia parado para falar com Kouga, ela estava segurando uma grande placa onde a frase “Labirinto do Terror da Sala 2-3!” destacava-se com letras brancas e “sangrentas” sobre um fundo negro, mas aquela gata não era qualquer garota era...

—Gata Selvagem! — Sesshoumaru chamou pondo-se de pé, e Rin virou-se imediatamente para vê-la também. — Aqui!

Reconhecendo o apelido, e a voz da única pessoa que a chamava assim, Sango virou-se surpresa na direção da mesa deles de onde, agora, Rin acenava loucamente, algumas pessoas nas outras mesas chegaram a virarem-se, curiosas em saber o que se passava, mas nenhum deles se importou.

—Sesshoumaru, Rin! — exclamou vindo em direção a eles, logo atrás vinha Kouga também — Então vocês estavam aqui, e eu cheguei a pensar que não tinham vindo!

Sesshoumaru voltou a sentar-se.

—Quem me dera. — resmungou.

Gata Selvagem — de que outra forma ele poderia chamá-la com ela vestida daquela forma? — Parou de pé ao lado da mesa deles.

—Eu achei que já tinha parado de me chamar assim Sesshoumaru.

 —É força do hábito. — Sesshoumaru encolheu os ombros.

—Afinal o que estão fazendo aqui?

—Oh Sango-chan, nós nos perdemos! — contou Rin.

Quando Gata Selvagem olhou de forma confusa para a menina Sesshoumaru soube que havia algo errado.

—Se perderam? Mas Rin, bastava ter perguntado a alguém, Inuyasha te disse que seria na quadra de basquete, eu estava lá. — afirmou.

—Sim, mas...

Rin olhou nervosa para Sesshoumaru, ele estava certo afinal, ela realmente só o estava enrolando para ficarem mais tempo do que o necessário ali.

Aparentemente percebendo a “mancada” que tinha dado Gata Selvagem tentou concertar:

—Ele disse, não disse? Eu podia jurar que tinha dito... — e, rindo sem graça, bateu de leve na cabeça com a ponta da placa — Puxa. Essa minha cabeça... E olha que eu ainda sou jovem.

Sesshoumaru obviamente não caiu nesse truque, mas ao invés de dizer alguma coisa ele virou-se irritado para Kouga.

—A conta. — pediu sombriamente — E Gata Selvagem.

Era difícil se lembrar de chamá-la pelo nome quando ela estava vestida daquele jeito — principalmente quando ele não fazia o menor esforço para isso.

—Sim? — respondeu com um sorriso amarelo.

—Nos leve até o labirinto do terror. — ordenou, em seguida olhando diretamente para Rin e acrescentou — Assim evitamos nos perder de novo.

Quando os três saíram do Maid-Invertido-Café, Sesshoumaru voltou a erguer Rin para cima de seus ombros e para longe do sufoco da multidão, ela pareceu gostar de ver todos de cima ainda mais da segunda vez do que da primeira, ela sabia que ele estava zangado com ela por ter omitido a informação sobre onde e o que a turma de Inuyasha estava apresentando para poder passear por mais tempo pelo festival escolar, e que só a havia colocado novamente sobre os ombros para poder caminhar com mais rapidez, mas nem por isso estar ali parecia deixar de ser divertido para ela, então, da mesma forma que havia feito antes, ela levou as mãos às laterais de sua cabeça e segurou em seus cabelos ali.

Logo a frente deles Gata Selvagem ia mostrando o caminho a eles — aproveitando também para divulgar o “Labirinto Terror” erguendo sua placa bem no alto — e vez ou outra lançando um olhar para trás para ter certeza de que eles não haviam se perdido dela naquela maré de pessoas, mas isso seria algo difícil de acontecer porque, determinado a voltar logo para casa, ele a seguia com passos largos atropelando, se preciso, tudo e todos que entravam em seu caminho, gerando assim várias respostas grosseiras e gestos irritados em direção a eles, aos quais ignorava solenemente.

Depois de algum tempo Gata Selvagem parou em uma das saídas laterais do colégio.

—É logo ali. — indicou apontando pra um prédio não muito distante.

—Sim, obrigado. — ele lhe respondeu secamente enquanto tirava a menina de cima de seus ombros, pois ali a multidão não era tão pesada quanto dentro da escola...

... Mas não se moveu do lugar.

Havia algo que o estava incomodando.

A criança o olhou parecendo não entender por que ele estava imóvel.

—O que foi? — Gata Selvagem perguntou quando também percebeu isso.

—Se isso é um Labirinto do Terror, por que você está vestida de gata? — respondeu com aquilo que estava em sua cabeça — Por acaso o apelido que eu te dei subiu a cabeça?

Também parecendo curiosa, Rin olhou para a mais velha a espera de uma resposta.

—Não Sesshoumaru, isso é apenas uma coincidência, na verdade era para eu estar vestida como uma boneca deteriorada, e com maquiagem a caráter, mas as meninas acabaram errando minhas medidas e a roupa ficou apertada, não tínhamos tempo para confeccionar uma nova então eu coloquei esta aqui do ano passado mesmo. — explicou apoiando a placa de divulgação sobre o ombro — Eu não vejo problema nenhum em me vestir como um Nekomata, já que muitas das atrações de nosso labirinto são baseadas em lendas do Japão e do mundo, além de que... — fez um gesto amplo em direção as pessoas que transitavam pela passarela, saindo e entrando do labirinto — Dessa forma eu atraio muito mais visitantes, especialmente garotos que vem aqui pensando que todas as garotas estarão vestidas iguais a mim. Há! Idiotas!

Ao seu lado Rin fez uma careta confusa, com certeza não havia entendido o que a outra quis dizer com aquilo, Sesshoumaru resolveu deixar as coisas daquele jeito mesmo.

—Compreendo. — disse achando estúpido, mas ao mesmo tempo divertido, de certa forma, o quão idiotas podiam ser os adolescentes. — É realmente uma boa forma de marketing para atrair todos esses pervertidos adolescentes até aqui.

Novamente ela apoiou sua placa de divulgação sobre o ombro.

—Realmente. — concordou, e dando um sorriso maldoso continuou: — Mas todos esses olhos em cima de mim já estão deixando Miroku louco, ele já se ofereceu umas três vezes para ir fazer a divulgação no meu lugar... Mas eu disse a ele que fico melhor num colam do que ele.

Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha e, dando a conversa por encerrada, pegou aquela menina pela mão.

—Venha Rin.

E puxou-a consigo, não fazendo nada para disfarçar que estava ansioso para acabar com aquilo de uma vez. Mas, por alguma razão, Rin ainda assim pareia feliz com aquilo.

—Porque você está sorrindo assim de maneira tão contente? — Sesshoumaru perguntou-lhe quando ambos pararam na entrada do labirinto.

—Por nada. — Rin respondeu-lhe — Apenas estou feliz Sesshoumaru-Sama.

Sesshoumaru girou os olhos e fez menção de entrar o labirinto, mas Rin, agarrando sua mão com as duas mãos dela, puxou-o de volta, ele virou-se impaciente.

—O que é?

—Temos que assinar Sesshoumaru-Sama. — e apontou para o cartaz feito por Inuyasha e Domadora, que agora estava grudado à parede, inclusive já contendo várias assinaturas e, por alguma razão, o que pareciam ser números de telefone, logo acima de uma pequena mesa escolar com uma vasilha contendo várias canetinhas coloridas — Tio Inuyasha e Kagome-chan tiveram muito trabalho para fazer o cartaz, o mínimo que podíamos fazer seria assinar.

—Eu já vim até aqui, que é muito mais do que eles podiam esperar de mim.

Respondeu mal humorado, mas queria acabar logo com aquilo então mesmo assim largou sua mão e pegou da pequena vasilha uma canetinha colorida qualquer — no caso, a canetinha azul — e rabiscou seu nome no cartaz em um ínfimo espaço vazio que encontrou depois de passar alguns segundos procurando, em seguida entregou a canetinha a ela para que fizesse o mesmo, o que Rin fez alegremente.

—Pronto? — ele questionou impaciente.

—Pronto! — ela confirmou sorrindo e pegando novamente sua mão justificou-se: — É um labirinto, seria muito fácil nos perdermos um do outro.

—Com a sorte que eu tenho, duvido muito disso. — Sesshoumaru resmungou.

Mas não largou sua mão.


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Notas finais do capítulo

A Rin tem razão mesmo, Sesshoumaru é muito amargo, ele precisa de um pouco de açúcar. :D
Mas e agora? Rin e Sesshoumaru afinal entraram no Labirinto do Horror! O que será que eles vão encontrar lá dentro?
Ah! E antes que eu esqueça, eu só gostaria de dizer que na semana passada eu publiquei uma história nova, ela é original, mas se passa no Japão, e está cheia de curiosidades e referências folclóricas que eu amo ♥
Então quando tiverem um tempinho deem uma passadinha lá também:
https://fanfiction.com.br/historia/776602/A_Lenda_da_Raposa_de_Higanbana



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