A era de Trevas

Cap 9: Por quanto tempo eu dormi mesmo?

— Jimmy? – Consigo escutar uma voz depois de um blackout total que tive após o meu espírito de Pontifex ter sido acordado naquela batalha. Quando tento focalizar minha visão turva, vejo uma garota alta passando um pano úmido em minha testa.

— Be... Bela? – Tento dizer, mas minha voz estava muito fraca no momento, saindo como se fosse papel amassado.

Tentei me mover também, mas parece que a mesma havia me impedido, com um movimento leve do braço. Senti um arrepio frio percorrendo parte do meu braço, e escutei um cântico Lírico dela em grego antigo... pela canção era um hino dedicado a asclépio. Uma aura roxeada formou ao redor dela... ou eu estava meio “Drog” por causa dos medicamentos, mas... minha visão havia voltado imediatamente, seu rosto estava bem visível para mim.

— Bem-vindo de volta cara! Graças ao Pai você voltou! – Fafá apertou minha mão tão forte que soltei um chiado de dor por um momento. Estava sentindo meu corpo parcialmente fraco, e não era comum... visto que sempre acordava de manhã bastante disposto.

— Opa! Desculpa!

— Sem... Problemas amore – Sorri para ele – Onde... onde é que eu estou?

Bela guardou os kits de emergência, aparentando estar um pouquinho pálida, e segurou minha mão também, junto de seu namorado.

— Você está na enfermaria Jimmy. Você esteve em um coma por um mês se eu não me engano.

Meu coração perdeu uma Batida.

— Deuses... o que? Eu... em coma? Um Mês??

— Ei cara calma! – Fafá apertou minha mão com um pouco mais de força. Pelo momento dolorido, recuei um pouco. – Temos muita coisa pra te atualizar, mas... primeiro, não é muito bom você ficar desesperado. Você precisa manter a cabeça no lugar que... não sei para onde foi, pra ser mais exato.

Olhei para ele com Dúvida. Até que uma figura encapuzada entrou no local. Como para mim, eu ainda tive a experiência com Cleópatra e companhia Ilimitada, nem pensei duas vezes em usar magia.

— Incantare: Maledictum Erradi...

— Jimmy do Céu! Calma! – Bela, em um movimento rápido, tentou me conter tapando minha boca, e Fafá rendeu meus braços. Não seria necessário, visto que arquejei de dor porque estava me recuperando, e cedi novamente. – Aconteceu alguma coisa nesse seu período de coma para você agir assim? Essa moça esteve vigiando você e lhe ajudou esse tempo todinho! Além de nos ajudar a saber se você estava vivo!

Olhei para ela em dúvida também, mas decidi recuar aos poucos. A mulher tirou a capa e mostrou quem realmente era. Seu rosto caucasiano era bem adornado com figuras de pássaro em seu pescoço como colar, sua veste era uma Quítone Assimétrica Grega, sua capa negra se transformou em uma capa prateada, que tinha detalhes também de uma ave. Os adornos ao topo formavam pequenas asas e ambos seguiam a idealização de um pássaro: balançavam conforme alguém que estava começando a alçar voo. Ela trajava um elmo simples, se projetando a partir de sua tiara, e o que mais me assustava eram seus cabelos e seus olhos: eram completamente brancos, mas eram um branco puríssimo, como se fosse a rosa branca mais pura que já pudera ser visto.

— Eu sabia que ele faria isso Bela, pode ficar tranquila. Já esperava uma coisa dessas, comparado ao que o Pontífice passou...

Ela olhou para mim com um rosto sereno e feliz, e então se voltou para os dois.

—Se importam se eu tiver um minuto a sós com ele? Precisamos bater um longo papo para atualizar ele de tudo o que está acontecendo.

— Sim, minha Bela senhora. – Fafá se adiantou em uma reverência e Bela olhou para ele furiosa. Ele deu língua.

— Creio que o pequeno Lee, está precisando de atenção agora Bela. Tente dar a ele o leite com infusão de Uvas e um pouco de maçã. Ele precisa de vitaminas para crescer.

Bela escutou cada palavra atinadamente, e assim saiu para fora do Local com Fafá, que a olhava de maneira furiosa. A moça, se sentou na dianteira da minha maca, e tocou gentilmente em minha mão. Pela aura dela...

— Espero que tenha descansado o suficiente Pontífice, porque há muito o que fazer por agora.

— Você... você é uma Deusa? Seu escalonamento de energia bate com a de Zeus e... o que faz aqui?

Resolvi ir direto ao ponto e isso tirou uma risada dela.

— Ainda bem que minha irmã Átropos me avisou que você perguntaria isso. Você nos orgulha em sempre ir direto ao ponto meu caro Jimmy, por isso pedi a Zeus que lhe mantivesse sempre vivo.

Átropos... esse nome me era muito familiar. Quando dei por mim, e lembrei do nome, olhei para ela mais assustado ainda. Pensei que naquela hora, eu iria morrer mesmo.

— Uma Parca... Lakhesis?? Mas...

Ela sorriu para mim. Ela recitou algo em grego antigo e logo em seguida, um fio dourado surgiu na mão dela, e vi que ele seguia até debaixo da minha coberta. Quando encostei nele, parecia que era conectado diretamente a meu coração. Presumi que aquele deveria ser o fio da vida, mas... assim que ela fez isso... senti meu peito se aquecer e minha energia retornar.

— Fico feliz em saber que os sacerdotes ainda lembram de mim, e do meu efeito. E eu acho que sabe o que fiz com você nesse momento.

Ela estalou o dedo e fez o fio sumir. Consegui me assentar com mais afinco e tirar meu cobertor. Parece que quem havia escolhido minhas roupas era o Ivo, porque tinha uma imagem de uma foto bem no centro da camiseta: Uma foto que tiramos a muito tempo e minha samba canção era do Star Wars. Olhei para a mesma sorrindo, lembrando dos efeitos que a mesma tinha.

— Você é responsável por prolongar o Fio da vida não é? Foi o que fez comigo agora a pouco...

— Exato Jimmy. Todos os seres desse universo possuem seu próprio fio. E esquecem do que ele é capaz. O quão poderoso esse pequeno item consegue causar contra a vida de um mortal, um deus... até mesmo um titã.

— mas... – eu a olhei espantado demais por um breve momento, após lembrar de algumas palavra de minha meia irmã Annabeth.

Ela percebeu.

—Sim?

— Porque você está assim e não como uma velhinha? Porque fez isso comigo? Você vai me matar se continuar conversando comigo? Me falaram que não posso te ver... isso é verdade?

Ela levantou ambas as mãos pedindo trégua para mim, rindo.

— Jimmy calma! Pela Mãe sagrada, você está altamente estabanado. Não meu querido, não sou eu quem mata as pessoas, essas características são de minha irmã Átropos, quem tem a tesoura divina. E você sabe que os Deuses e as criaturas celestes conseguem... adquirir a forma que bem desejarem né?

Eu ri afetuosamente. Devido ao meu estado de perdido no momento, acabei com agir de maneira estabanada demais. Era hora de focar no assunto.

—Então... o que tem a me dizer senhorita?

Ela sentou na beirada da maca e tirou o elmo. Seus cabelos brancos esvoaçavam na brisa suave que ali jazia.

— Bom... ainda bem que você descansou o suficiente. Porque teve muita coisa que aconteceu que eu preciso lhe atualizar sobre.

E ela começou a falar do que acontecera. Naquele dia, Por um instante, eu havia conseguido acordar o espírito de pontífice e por isso, perdi a consciência porque os doze deuses me usaram no momento, quase me fazendo morrer por combustão espontânea. Mas por um momento eu tive razão: os deuses e nós estávamos incomunicáveis devido a um feitiço de silêncio, até que unimos forças para gerar um tornado que agiu de fato como uma broca e fez um pequeno furo na barreira, o suficiente para os deuses aparecerem no acampamento e ajudarem na batalha. O feitiço de Cleópatra fora desfeito e os campistas voltaram a si.

— Nossa! – Exclamei – Isso tudo?

Ela riu

—Ah que isso menino... imagina. Com certeza que temos mais coisas a atualizar... acho que você foi amaldiçoado durante a luta.

— Durante?

— Sim. Enquanto Lutava com Mariana, que estava possuída, parece que Cleópatra lançou em você alguma espécie de névoa negra, e que para sua Senhora Hécate, soou como uma maldição.

Estremeci todinho... me sentia normal, mas lidar com maldições... era complicado.

— Bela também me relatou que... você ficou uns 3 dias em uma espécie de crisálida vermelha, e acordou com uma veste gótica vermelha do século XVI... e depois sumiu...

— Sério isso?

— Seríssimo! Vamos continuar as atualizações...

E de fato ela continuou. Ela disse também o que todos fizeram após o meu apagão total. Morfeu aparecera e desfiara minhas lembranças, já que estava em estado de sono profundo, a ponto de mostrar aos deuses o que vi, e em seguida mostrar aos campistas sobre o que vi, e o que estavam passando: A corrupção era a treta encarnada, na Forma do Leo e que... eu criara ela por acidente. Muitos se revoltaram querendo me matar, até que Athena tomou a frente, e esculachou todos eles, dizendo que não tinha culpa totalmente porque a criatura era nossa forma grotesca e incluía cada um, até eu mesmo. Com o acampamento em manutenção (junto da época de carrapatos estrela que surgiram... maldição vinda das Arais que ali jaziam.), os semideuses viraram nômades e fizeram todos se moverem para novas instalações... uma delas funcionava próximo ao prédio da reitoria da UFMG e a outra... era as instalações do parque Lagoa do Nado. Porém nos dias atuais, estávamos de volta ao acampamento meio sangue no Parque Ecológico da Pampulha... menos mal e agora um pouco mais... aconchegante.

Percebi que quando Lahkesis falou sobre o parque Lagoa do Nado, ela tremeu um pouco.

— Jimmy... lá é um local bom, mas... que Ana detectou que jaziam muitos mortos, e que o campo de terra escondia alguma coisa.

— E porque então todos foram embora?

— Aconteceu algum desastre lá. Que fez com que os campistas se retirassem. Não sou autorizada a falar nisso mas... tem algo ligado ao... Obliviate.

Estremeci. Obliviate era uma runa mística ligada a Morfeu: alteração de memórias e lembranças... pensei em não começar a perguntar sobre tudo, mas como era algo envolvendo memórias, preferi relevar um pouco e não agir como um estabanado novamente.

— ok... então... o que mais tem pra eu saber?

Ela recitou algo em grego antigo. Subitamente, um pequeno colar surgiu em minha mão e um cartão também. O Colar era feito de ouro, mas não era grosso em seus ligamentos e nem era chamativo, mas... ele era no formato de um olho, e pelos pequenos detalhes que adornavam ele... era algo bem antigo, de pedra e... bastante poderoso.

— Iremos falar disso daqui mais para frente, agora eis como estamos agora:

Ela estalou os dedos e o olho de pedra emitiu uma luz estranha e Verde, mostrando lembranças e imagens sobre como estávamos agora: Mudanças drásticas no conselho, eu havia virado sátiro, muitos semideuses depois do choque de energia perderam seus poderes e foram viver vidas normais (Até mesmo a Vick, que agora... conseguiu se graduar), relacionamentos foram terminados (Minha ex para variar virou humana e resolveu pular a cerca, e eu estava solteiro), a corrupção ganhando poder e deixando Jair Bolsonaro no poder, Trump sendo controlado e fazendo os mortais criarem boatos de mais uma guerra mundial, e para variar... dos dias de hoje... o clima estava mesmo era de tensão... além de alguns semideuses novos terem surgido no local, o que era bom sim, mas que era ruim demais.

— E tem mais uma coisa também. Apolo e sua mãe Atena resolveram fazer algumas investigações do que está acontecendo no mundo dos mortais atualmente, pelo o que eles me falaram, especialmente Apolo, falou sobre alguma nova doença que precisa ser investigada. Ele destacou sobre um paciente que jaz aqui... um chamado... Paciente Zero.

O termo não me era desconhecido. Paciente Zero era o termo usado para falar sobre alguém que começa a manifestar a doença em algum local, ou basicamente... a origem da doença em si. Cursar Biomedicina tem seu lado positivo...

— E que doença é essa? Ebola? HIV em massa igual na década de 80? Peste Negra?

Lakhesis coçou a cabeça em sinal de confusão.

— Não sei... mas creio que não seja algo assim... que possa ser entendido no momento. Acho melhor perguntar para Apolo ou Atena diretamente porque... bom... eu sei lá.

Um trovão fora ouvido por mim e por ela ao mesmo tempo. Era sinal que Zeus devia estar fazendo algo, e queria que ela não falasse mais comigo, porque ela se levantou imediatamente.

— Bom... nossa reunião por ora acabou Pontífice. Seus amigos virão logo e peço para que os ajude com a criança nova. Sobre o Paciente... sugiro começar a procurar algumas coisas ali na região dos hospitais... tente a santa casa talvez... e cuidado com as coisas brilhantes ok?

Vi que ela se arrumara apressadamente, e voltou a ter o look completo de antes: como uma velhinha.

— Espere Senhorita.

— Sim?

— E Sobre esse cartão e esse... colar?

Vi que ela estava querendo sair correndo da enfermaria, mas ela parou um pouco e respirou fundo.

— Esse cartão... deve ser usado assim que você chegar no local. E sobre esse colar... ele é apenas seu Pontífice! Ninguém mais deve ter ele! Como mestre das artes místicas do acampamento... digamos que sentimos um novo destino fluindo através de você, e isso... poderá ajudar a lutar contra a corrupção. Assim que dominar os poderes do olho das Parcas... procure minha irmã Clotho!

Outro trovão Rimbou para fora e então... ela começou a brilhar querendo ir embora. Usei minha coberta para tapar meus olhos e a Parca sumiu.

Bela entrou no cômodo uns 10 segundos depois, me olhando atentamente.

— Uai? Cadê a Curandeira?

— Não era curandeira amore... era... Uma Parca.

— O QUE?? COMO ASSIM JIMMY?

Eu a olhei bem assustado.

— Deuses... Ta tudo bem?

— EU PENSEI QUE ELA ERA UMA SIMPLES AJUDANTE DO OLIMPO! PENSEI QUE NÃO FOSSE UMA PARCA! DEUSES... VOCÊ...

­Estalei os dedos e apontei para ela.

— Incantare: Abaviatto Sonorus!

Bela instantaneamente se calou. Totalmente calou porque sem querer minha magia afetara suas cordas vocais e ela estava literalmente sem voz. Quando havia lançado isso no Ivo uma vez... ele falou para mim depois que eu o livrei disso, que era conhecido como o feitiço do “Engolir Sapos. ”

Ela pestanejou querendo a voz dela de volta, mas levantei o dedo em protesto.

— Bela, eu sei que você também consegue se comunicar mentalmente comigo, mas... agora... deixa eu te explicar o que aconteceu.

E expliquei para ela sobre nossa conversa, bom... não totalmente porque havia partes que ela não entenderia. Bela gesticulou querendo a voz de volta e olhei fundo para ela... sentindo meus dedos formigarem.

— Incantare: Finite!

— Ufa! Graças ao Pai! – Ela me olhou nervosa – Nunca mais, faça isso de novo!

— Só se me prometer ficar calma!

Ela respirou fundo.

— Ok... vou te explicar mais coisas também Jimmy. Agora... teria como você vir comigo? Consegue caminhar?

Me levantei rapidamente. Ela abriu o armário e me jogou algumas roupas.

— Venha comigo por favor... sobre o garoto novo que Lakhesis falou... é uma pessoa bem específica...

Estalei a língua em tom de malícia e sentia minha energia fluir levemente.

— Incantare: Fac me! Mutata Vesta!

Então uma névoa branca me cobriu e mudei de roupa... calças jeans azuis e uma blusa simples verde indiana. Também veio incluso o par de sapatos All stars pretos.

— E quem seria essa criança Bela?

— Meu filho... Lee Christian... o nascimento resultado de um estupro, do meu Pai e de Zeus... e que tem traços de magia... Acreditamos que possa nos ajudar com ele...

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