O ginásio da escola estava tomado por alunos fantasiados. Vampiros, bruxas, fadas, noivas e zumbis dançavam no espaço aberto. Uma mesa cheia de doces temáticos era atacada por adolescentes com garras e dentes de plástico. A música alta era contagiante.
       Marinette Dupain-Chang atravessou as cortinas escuras olhando ao redor. As pequenas bolinhas pretas no tecido vermelho pareciam dançar conforme ela de movia. A máscara no mesmo estilo parecia deixar seus olhos maiores e mais azuis.
        Procurou sua amiga, Alya pelo salão e a encontrou ao lado de Nino, seu namorado, que usava uma fantasia engraçada e estranha. Marinette andou até os dois, desviando de um grupo de garotos zumbis que dançavam animadamente, e cutucou as costas da garota.
       — Mari! — Alya abraçou Marinette, dando pulinhos. Quando a afastou, olhou para sua fantasia. — Eu adorei seu vestido! Lembra mesmo uma joaninha, só que mais estilosa!
       Marinette sorriu e girou sobre os saltos que usava.
       — Eu terminei hoje mesmo. — Sorriu mais abertamente. — Oi, Nino!
       — Oi, Marinette. — Nino abraçou Marinette e a fez girar novamente. — Realmente incrível.
       — Obrigada. — A garota olhou para os dois sem tirar o sorriso do rosto. — Suas fantasias são incríveis! Alya você parece uma super heroína e o Nino um vilão de bolhas.
       Alya olhou para o namorado e riu.
      — Nino não quis vir com algo mais... Normal. — Beijou a bochecha do garoto. — Mas ficou ótimo de toda forma.
       Marinette assentiu rindo. Distraída, ela procurou pelo par de olhos verdes que não estavam por ali. Queria muito ver Adrien. Queria poder beijar seu namorado e abraça-lo como Alya estava fazendo com Nino.
       — Ele disse que ia se atrasar. — Nino falou, tentando ser ouvido através do barulho das caixas de som. — Mas ele vem.
       Marinette assentiu e sorriu para o casal.
       — Vem, vamos beber algo. — Alya disse puxando a mão da amiga. Nino não soltou a cintura da garota em momento algum. — Tem comida temática!
       Os três seguiram para a mesa decorada com pequenos fantasmas neon. As luzes led ao redor da mesa iluminavam vagamente cada passo dado e os fantamas sorriam e fazia caretas.
       A festa seguiu e Adrien ainda não havia chegado. Em um momento, Marinette pensou ter visto uma cabeleira loira, mas as luzes piscaram e então ela havia sumido. Quanto mais o tempo passava, mais a festa perdia a graça para a garota. Só estava ali porque ele havia prometido que voltaria da viagem com o pai a tempo e queria vê-la na festa com o vestido que ela havia feito com tanto vigor.
       — Mari, eu e Nino vamos dar uma volta nos jardins. — Alya disse no ouvido de Marinette.
       Marinette não queria atrapalhar a noite dos amigos. Decidiu sentar nas arquibancadas quando o casal se afastou. Andou entre os colegas.  da escola até chegar aonde queria.
       Algumas pessoas estavam conversando animadamente, outros apenas olhando a animação na pista ali da arquibancada.  Marinette subiu dois degraus e sentou na fileira mais vazia. Cruzou as pernas e apoiou os cotovelos no degrau acima daquele em que estava. Dali ela podia ver todos que entravam na festa.
      Sozinha, ela pensou que seria melhor ter ficado em casa e esperado Adrien aparecer por lá de manhã cedo, mas ela tinha que admitir que estava ansiosa demais para ver seu namorado o mais rápido que pudesse.
       Marinette bebericou líquido colorido do copo. Não sabia bem o que era, mas o gosto era bom. Alya que havia feito o pedido para os três. Quando deu por si, Marinette havia terminado o último gole.
       Levantou, ajeitando os sapatos que havia tirado, e desceu um degrau, dando de cara com alguém.
       — Eu disse que a gente ia se esbarrar na festa, não foi, my lady? — Adrien sorriu, segurando os ombros de Marinette para que ela não caísse.
       Marinette olhava para Adrien fascinada. Seus olhos verdes brilhavam para ela. Seus lábios desenhavam o sorriso preguiçoso e lindo que ela tanto amava. A máscara preta o deixava tão sexy que ela queria beijá-lo até precisar de ar. A garota obrigou seus olhos a verem o que ele usava, antes que perdesse a cabeça. Era uma fantasia simples como a dela. Um smoking preto, a máscara e, o que ela não evitou tocar, orelhas de gatinho no topo do cabelo loiro e rebelde.
       — Oi. — Arfou ela, se perdendo em seus olhos quando encontrou seu olhar novamente.
       — My lady. — Respondeu Adrien, segurando em sua mão e curvando-se elegantemente numa mesura.
       Marinette sorriu, anuindo delicadamente com a cabeça uma resposta ao cumprimento.
      — Demorei, não foi? — Perguntou Adrien sorrindo meio sem jeito.
      — Sério? — Respondeu a garota fingindo desinteresse. — Eu nem reparei.
       Adrien riu e balançou a cabeça. Puxou a outra mão de Marinette para a sua.
       — Eu tive um problema com a fantasia. — Olhou para cima, tentando ver as orelhas de gatinho. — Difícil achar alguma coisa legal assim, sabia? Algo que combine com meu jeito de ser?
       — Gato? — Marinette riu. — Eu adorei. Estou surpresa de você ter vindo com algo que combinasse com minha fantasia sem eu falar nada.
       — Eu sou um gato e você uma joaninha, o que está combinando? — Perguntou Adrien quase gargalhando.
       — Adrien! — Marinette bateu em seu braço. — Você fez isso de propósito!
       — Você me mostrou seu vestido. Eu não queria aparecer, não sei, de pirata e você assim, linda com esse vestido, usando essa máscara... — Ele desceu os olhos pelo rosto dela, se distraindo no formato da boca que sorria para ele.
       — Eu amei. Você está lindo. — Marinette disse, apertando os dedos de Adrien nos seus.
       Sem esperar mais um segundo, Adrien se inclinou até sua boca tocar na dela. Seus lábios eram perfeitos para os dele e a saudade foi espremida até não existir mais. Suas mãos soltaram as de Marinette apenas para seguirem até a cintura fina da garota e puxá-la para mais perto. Todos os espaços entre eles devia acabar.
      — Chat Noir e sua Ladybug. — Alya bateu palmas, assustado os dois. — Opa, desculpa
      — Alya! — Marinette reclamou constrangida, baixando o rosto para o peito de Adrien, que mantinha os braços ao redor da garota.
      — Alya, oi. — Adrien tinha o rosto vermelho, mas sorria abertamente para Alya e Nino, seu melhor amigo.
      — Eai, Adrien. — Cumprimentou Nino com um sorriso cúmplice para o amigo.
      — Queria ver se estava tudo bem com a Mari. — Alya parecia querer saltitar.
      — Estou bem, Alya. — Marinette olhou para ela e sorriu timidamente. — Adrien chegou quase agorinha.
       — Tudo bem. Vocês não querem descer e dançar um pouco? — Nino perguntou.
       Adrien e Marinette trocaram olhares. Uma dança não faria mal, depois eles podiam escapar e andar um pouco pelos jardins. Sozinhos e cheios de saudade.
      — Aceita uma dança, my lady? — Perguntou Adrien se curvando novamente numa referência.
      — Com todo prazer, meu Chat Noir. — Respondeu a garota aceitando a mão de Adrien.
       Os quatro desceram da arquibancada e seguiram para a pista de dança. Os garotos zumbis ainda dançavam, alguns deles agora acompanhados de alguém. Uma múmia dançava com um egípcio, uma abelha rainha dançava com um pintor, uma raposa com um homem-bolha. E um gato dançava com uma joaninha.
      Enquanto Adrien girava Marinette pelo salão seus olhos não perdiam um único detalhe, uma única expressão. O sorriso da garota, as bochechas coradas quando ele sussurrava algum elogio, o piscar de olhos quando ele a puxava para mais perto.
       — Senti sua falta. — Ela disse, com a boca próximo a ouvido de Adrien para que pudesse ser ouvida através da música.
       — Senti sua falta. — Disse ele olhando nos olhos da garota.
       A música não era lenta, mas os dois dançavam juntos num ritmo único e diferente de todos ali. Os olhos azuis de Marinette se encontravam presos no brilho verde dos de Adrien. Totalmente perdidos um no outro.
       Adrien girou Marinette. Seu corpo de afastou do dela por um segundo e depois a puxou de volta, mais perto que antes. Com as mãos em suas costas, Adrien a beijou, permitindo a música que tocava em sua cabeça guiar seus passos junto aos dela.
       — Eu amo você, Adrien.
       E então Marinette acordou. Seu coração batia com força no peito. A respiração era arfante. Seus lábios formigavam com a sensação do beijo.
       Não, aquilo tudo não podia ser um sonho. Ela não queria que fosse.
       — Está tudo bem, Marinette? — Tikki perguntou sonolenta.
       Marinette balançou a cabeça. Não estava nada bem.