Casa das Serpentes escrita por CassandraCain


Capítulo 4
Primeiro Dia


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado por Scorpius



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Fui o primeiro a acordar no dia seguinte, estava animado e ansioso, mesmo não demonstrando nada disso. Minhas aulas começariam hoje, e eu mal podia esperar para saber como eram os professores.  Antes dos outros garotos acordarem, eu já tinha dado comida e água para o Lelouch, me arrumado, separado o material e, naquele momento, estava sentado um minha cama, com Lelouch no meu colo, e lendo calmamente meu horário escolar. Pela quinta vez.

Teríamos, nesse dia, duas aulas seguidas de Poções, depois Defesa Contra Artes das Trevas, História da Magia, e, para finalizar Feitiços.

— Poções vai ser legal - comentei em um sussurro, para não acordar os outros - Não acha, Lelouch? - recebi um miado como resposta. Não que eu esperasse uma resposta diferente, conversando com um gato.

Albus logo acordou, dando-me 'bom-dia'. Henrique Rosier e Arthur Goyle também acordaram em seguida, e eu fiquei conversando com Albus enquanto os três se arrumavam.

Nós descemos as escadas e encontramos as garotas no Salão Comunal. Stella Zabini estava em pé, e parecia um pouco impaciente, enquanto as outras três estavam elegantemente sentadas nas poltronas.

— Depois dizem que garotas são enroladas para se arrumar - ela falou, em um tom brincalhão, quando nos viu.

— Bom dia para você também! - Arthur devolveu no mesmo tom - Não precisavam nos esperar.

— É claro que precisávamos. - Irina falou em tom frio - Os alunos da Sonserina devem ser vistos como uma unidade, por isso devemos descer para as refeições todos juntos. - ela explicou como se fosse algo óbvio.

— Sim, já estou sentindo a união. - Stella brincou, sem se alterar - Vamos descer logo, estou com fome.

Fomos até o Salão Principal, que servia o café da manhã. Tenho que admitir que há certa verdade no que Irina Ollivander disse. Os alunos da Sonserina desciam calmamente, todos os alunos do mesmo ano desciam juntos. Os mais velhos pareciam até ter treinado a caminhada sincronizada. E nos portávamos à mesa como pessoas da nobreza. Era bem mais impressionante que as outras casas, que desciam em grupinhos de amigos, comiam em meio a conversas cruzadas e altas risadas e basicamente se comportavam como jovens normais.

Não que o pessoal da Sonserina não conversasse, mas fazíamos isso de forma bem mais controlada. Eu estava sentado ao lado de Albus, que ainda parecia um pouco sonolento, mas sorria. Helena tinha uma expressão indecifrável, mas já me acostumei com isso.

— Primeira aula, poções - Arthur comentou.

— Como será nosso professor? - Elizabeth Midford se perguntou.

— Não sei, mas vamos dividir as aulas de Poções com a Corvinal. - Henrique comentou, depois de terminar seu chocolate quente.

— Há alguém que conheçamos na Corvinal? - Stella questionou.

— A prima do Albus, Rose Weasley, foi selecionada para a Corvinal - lembrei.

— Ah, verdade! - Albus exclamou, elevando o tom de voz por alguns instantes, o que fez com que algumas pessoas dos outros anos o encarassem. Um pouco constrangido, ele voltou a falar de forma controlada - Eu estava tão nervoso com a seleção que não prestei atenção nisso.

— Não prestou atenção na sua própria prima? - Arthur perguntou com falsa censura.

— Sangue do seu sangue. - Henrique falou de forma dramática.

— Que mancada, Potter. - Stella finalizou com um discreto risinho.

— Quem mais está no primeiro ano da Corvinal? - Elizabeth quis saber.

— Melanie River, Sofia Blankenhein, Wanda Willians, Samanta Pride, Lysander Scamander, Lorcan Scamander, Anthony White e Charles Hill - Helena recitou prontamente.

— Como consegue guardar com tanta facilidade? - Arthur olhava para Helena quase com devoção, e contive minha vontade rir.

— Você não é humana. - comentei. Helena ficou com o rosto levemente avermelhado por um segundo.

— Eu apenas presto atenção. Vocês podiam fazer o mesmo.

— Nisso eu tenho que concordar. - Irina apoiou, fazendo com que as outras três garotas virassem para ela, com expressões surpreendidas. Queria saber a razão dessa reação.

— De qualquer forma - Albus pousou o copo vazio na mesa. Seu prato também já estava vazio - Vamos? Não queremos chegar atrasados na nossa primeira aula em Hogwarts.

Em uma concordância muda, nos levantamos ao mesmo tempo e saímos do Salão Principal. Fomos até as masmorras onde teríamos as aulas de poções. Chegamos antes dos alunos da Corvinal e do professor. Nós nos sentamos, e eu fiquei entre Albus e Helena.

Os alunos da Corvinal foram aparecendo aos poucos e Helena, muito discretamente, nos dizia o nome de cada um. Melanie River tinha cabelos louros mais claros que os meus, quase brancos, e olhos de um azul intenso. Ela segurava os livros contra o peito e olhava para o chão. Sofia Blankenhein tinha profundos olhos negros e cabelos cacheados da mesma cor, caminhava com uma arrogância digna de uma sonserina. Wanda Willians tinha cabelos dourados curtos e olhos verdes claros, e conversava animadamente com Samanta Pride, que tinha cabelo escuro trançado. Anthony White era silencioso e tinha olhos cor de mel. Os gêmeos Scamander, ambos loiros, entraram na sala discutindo enquanto Charles Hill tentava apaziguar a discussão.

Então nosso professor entrou, e as conversas cessaram imediatamente. Era um homem jovem, aparentava trinte e poucos anos. Os cabelos escuros cuidadosamente penteados para trás. Usava vestes negras e se movia de forma majestosa.

— Sou Ivan, seu professor de poções - ele iniciou a apresentação, mas logo foi interrompido.

— Quer que chamemos você pelo primeiro nome? - Wanda Willians questionou, ganhando um olhar de repreensão do professor que fez a turma prender a respiração, e os mais próximos da garota se encolheram um pouco.

— 'O senhor', e não 'você', senhorita Willians - ele corrigiu - Não gosto do meu sobrenome, por isso me apresento apenas pelo primeiro nome. Mas não pensem, nem por um momento, que isso lhes dá alguma intimidade. Fui claro?

Maior parte dos alunos apenas confirmou com um aceno positivo de cabeça, e houve algumas vozes da Corvinal dizendo 'Sim, professor'.

— Ótimo, vamos continuar sem novas interrupções. - ele examinou a turma - Por que ainda não pegaram seus pergaminhos e penas?

Saímos da aula de Poções em silêncio e só voltamos a conversar quando tínhamos nos afastado da sala do Professor Ivan.

— Ele parece bem severo. - Henrique comentou.

— E assustador. - Elizabeth acrescentou em um sussurro.

— Devem ser pré-requisitos para professores de poções - Albus brincou, tirando risadas discretas do grupo, exceto por Helena e Irina. Severus Snape havia entrado para a história, após a morte de Voldemort, quando Harry Potter se certificou que o mundo conhecesse a verdade sobre ele e sua participação na guerra.

Subimos as escadas até chegar na sala onde teria nossa próxima aula, Defesa Contra Artes das Trevas. Nessa aula seríamos apenas nós da Sonserina.

Quando entramos, já havia na sala uma moça de corpo esguio. O cabelo castanho preso em um coque que parecia ter sido feito às pressas. Virou-se para nós com um sorriso jovial.

— Bem-vindos, turma! sou a Professora Reyna, de Defesa Contra Artes das Trevas - ela se apresentou e Stella levantou a mão - Sim, senhorita... ?

— Zabini - ela respondeu - Desculpe perguntar, professora, mas qual é a sua idade?

— Vinte anos. - ela revelou de forma despreocupada, deixando-nos um pouco surpresos - Bem, como é o primeiro contato de vocês com a matéria, vamos começar com um feitiço simples. O feitiço flipendo, que é um feitiço impactante. Tem um efeito de nível baixo, mas é ótimo para começarmos, antes de irmos para os mais avançados, vou demonstrar, prestem atenção.

A Professora Reyna demonstrou o feitiço e depois nos separou em duplas para praticar. Minha dupla foi Albus. Ao fim da aula, o único que não teve êxito foi Arthur, e a professora elogiou nosso desempenho.

Fomos liberados para o almoço, enquanto Elizabeth e Henrique tentavam animar Arthur.

— Não desanime, nem todo mundo consegue na primeira aula. - Henrique falou.

— Helena conseguiu na primeira tentativa.— Arthur lembrou, em um tom quase choroso.

— Se ficar se comparando a outras pessoas, nunca perceberá seu próprio progresso. - Helena retrucou, de forma sábia.

Fomos até o Salão Principal, onde já se encontravam os alunos dos outros anos, que nos cumprimentaram brevemente.

— Próxima aula, história da magia. - Stella lia o horário escolar, que segurava com a mão esquerda enquanto o garfo estava em sua mão direita.

— Segundo o meu pai, essa aula é um tédio. - Albus suspirou.

— É mesmo? - Helena pousou o garfo no prato e ergueu o olhar para Albus, com certa curiosidade - Pareceu-me uma matéria fascinante quando li os livros.

— Você leu os livros antes de vir para... ? Bem, não importa. O problema não é a matéria, e sim o professor. - Albus explicou - Segundo o que meus pais e tios contaram, o Professor Binns é um fantasma. Diz a lenda que ele não percebeu que morreu e apareceu normalmente para dar aulas no dia seguinte. Papai disse que o tom de voz dele é extremamente tedioso.

— Foi o que eu ouvi também - Arthur falou - Meu pai sempre dormia nas aulas dele.

Apesar das previsões sobre a aula ser tediosa se mostrarem verdadeiras, conseguimos chegar ao final dela sem que nenhum de nós dormisse. Por fim, nos dirigimos à ultima aula do dia, Feitiços.

A professora era a diretora da nossa casa, Pansy Parkison. Como era a tradição não oficial da escola, começamos o ano com o feitiço Wingardium Leviosa. No final da aula, os alunos a realizar o feitiço com sucesso tínhamos sido eu, Albus, Helena e Irina. Parkison se despediu de nós dizendo para que os que não conseguiram realizar o feitiço treinassem mais, como dever de casa, até a próxima aula.

Estávamos nos dirigindo ao Salão Principal, quando James Potter passou por nós, seguido de outros alunos da Grifinória.

— Parece que meu irmãozinho se enturmou bem rápido com as serpentes - ele comentou em deboche.

— Ignore - Helena aconselhou, segurando levemente o ombro de Albus.

— Nossos pais devem estar muito orgulhosos. Tenho certeza que o sonho deles era vê-lo usando verde e prata. - James continuou, claramente provocando-o para testar os limites de Albus.

— Você não tem nada melhor para fazer, Potter? - questionei. Estava realmente irritado com aquele ser inconveniente que só estava ali para incomodar Albus.

— Um Malfoy, Albus. Você agora é amigo de filhos de Comensais da Morte? Sabe que a família dele não presta. - sim, isso me irritou profundamente. Meu pai nunca desejou ser um Comensal da Morte. Sei que o que ele viu e fez na época da guerra o atormenta até hoje. Cheguei a dar um passo a frente, no limite do meu auto-controle. Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, vi Albus avançar contra o irmão mais velho, empurrando-o contra a parede.

— Você não tem o direito de falar assim dele! - Albus falou em tom ameaçador, puxando sua varinha e apontando-a na direção de James.

— O que vai fazer, Albus? Vai atacar seu irmão? Para defender ele? - James perguntou em tom de desafio.

—  Peça desculpas a ele - Albus ordenou

— O que está acontecendo aqui? - uma voz severa fez com que nos virássemos, vendo o professor Ivan que se aproximava - Uma briga, já no primeiro dia de aula? Menos dez pontos para cada casa - ele decretou sem querer ouvir explicações - Agora sigam seus caminhos antes que tenha que lhes dar detenções. - ele ordenou.

Contrariado, James começou a se afastar, seguido de sua 'gangue'. Pouco antes de se virar, ele lançou um olhar de desagrado a mim e disse a Albus,

— Desculpe por ofender seu namorado.

E foi embora antes que pudéssemos responder qualquer coisa. Senti meu rosto corar levemente com essa última palavra, mas Albus não pareceu notar. Ele tomou a liderança no caminho até o Salão Principal, e nenhum de nós falou nada até nos sentarmos para jantar.

— Que sujeito desagradável - foi Helena quem quebrou o silêncio, enquanto se servia.

— Eu achei que ia ter briga. - Stella fingiu decepção.

— Não ligue para o seu irmão - Henrique aconselhou.

— Sim, ele é um babaca - Arthur concordou.

— Eu sei - Albus respondeu, já parecendo mais calmo - Eu só não gostei de ele ter falado mal da família de Scorpius.

— Não se preocupe com isso - sorri para ele - Eu já estou acostumado a ouvir esse tipo de comentário - era verdade, ainda assim me sentia grato por Albus ter me defendido.


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